19 de abril de 2008

Interação aluno de medicina-paciente: o ponto de vista do paciente

PERCEPÇÕES DO PACIENTE INTERNADO EM UM HOSPITAL DE ENSINO SOBRE SUA PARTICIPAÇÃO NO TREINAMENTO CLÍNICO DE ESTUDANTES DE MEDICINA
Bruna Nadiely Victor da Silva (2), Mariana Honório de Azevedo (1), Adenylza Flávia Alves de Paiva (2), Luana Dias Santiago (2), Pâmela Valyssa Pacheco (2), Djalma Felipe da Silva Menéndez (2), Rilva Lopes de Sousa Muñoz (3), Isabel Barroso Augusto Silva (4), José Luis Simões Maroja(4)
(1)Bolsista, (2)Voluntário/Colaborador, (3)Orientador/Coordenador, (4)Prof. Colaborador
Trata-se de um trabalho de pesquisa em andamento, conduzido por monitores e professores da disciplina de Semiologia Médica (Centro de Ciências Médicas / Departamento de Medicina Interna / UFPB), buscando-se apreender os pontos de vista de pacientes internados em enfermarias de Clínica Médica do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), da Universidade federal da Paraíba (UFPB), com a hipótese de pesquisa de que tal participação pode ser percebida de forma negativa por eles que, entretanto, tendem a não se queixar.
É um estudo observacional e transversal, com aplicação de questionário semi-estruturado de 21 itens, elaborado pelos autores e pré-testado, abordando as percepções de pacientes sobre sua participação em aulas práticas para estudantes de medicina durante sua hospitalização no HULW. Os resultados foram interpretados com base no referencial teórico adotado por Rocco (1992).
Resultados preliminares: A idade dos 35 pacientes entrevistados variou de 20 a 77 (47,7±15,7) anos, 51,4% do sexo masculino e 5,3 (±3,3) anos de escolaridade. Vinte e oito pacientes (80%) declararam não se sentir incomodados em participar das aulas práticas, 77,7% sentiram-se bem ao conversar com os alunos sobre suas doenças, 74,3% relataram benefícios nessa participação, 88,8% perceberam que o estudante parecia realmente interessado em sua melhora. Contudo, 19 (54,3%) referiram que aceitariam participar dos treinamentos dos alunos mesmo se estivessem momentaneamente indispostos, resposta que não se relacionou com idade, gênero ou escolaridade. Trinta pacientes (85,7%) consideraram necessário o pedido de concordância pelos alunos e professores antes dos exames clínicos, embora 45,7% tenham afirmado que isso não ocorria na prática.
Concluiu-se, a partir destes dados preliminares, que a percepção dos pacientes sobre sua participação no treinamento dos estudantes foi positiva, porém tais respostas pareceram ambivalentes em alguns aspectos, corroborando parcialmente a hipótese inicial do presente estudo. Os dados encontrados podem relacionar-se à passividade dos doentes e à idéia de obrigatoriedade de participação nas aulas práticas em um serviço público universitário. Diretrizes que norteiem a participação do paciente nesse treinamento são necessárias para que se preserve seu papel didático sem prejuízo para o paciente.
REFERÊNCIAS
Rocco, R. P. Relação estudante de Medicina-paciente. In: Mello Filho, J. Psicossomática Hoje. Porto Alegre (RS): Artes Médicas, p. 45-63, 1992.
Dados preliminares da pesquisa estão no poster publicado no link abaixo, elaborado pela monitora de Semiologia Bruna Nadiely Victor da Silva e apresentado no X Encontro de Inicação à Docência da UFPB, em abril de 2008: