Medicamentos não recomendados em pacientes idosos: O problema da racionalidade da prescrição geriátrica no contexto hospitalar
Rilva Lopes de Sousa-Muñoz, Heloísa Maria Borges e Borges, Camila de Oliveira Ramalho, George Robson Ibiapina, Roberto Luis Pereira Matias, Renato de Andrade Ramos, José Luis Simões Maroja
Departamento de Medicina Interna, Centro de Ciências Médicas - Universidade Federal da Paraíba (UFPB), João Pessoa-PB.
Trabalho apresentado no I Fórum Internacional sobre Saúde e Envelhecimento - 26 a 28 de agosto de 2008, em João Pessoa - Paraíba
INTRODUÇÃO: São poucos os estudos sobre experiências bem ou mal sucedidas na farmacoterapia do idoso em ambiente hospitalar no Brasil, inexistindo pesquisas sobre o problema na Paraíba. A prescrição inadequada (PI) é atualmente uma importante questão na área da Saúde do Idoso. O objetivo deste estudo é avaliar a prevalência do uso de PI e polifarmácia na clientela idosa hospitalizada nas enfermarias de clínica médica do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), Universidade Federal da Paraíba.
METODOLOGIA: Estudo transversal e descritivo, de abordagem quantitativa, com análise das prescrições geriátricas realizadas no serviço de clínica médica do HULW. Os dados foram colhidos mediante análise das prescrições, assim como entrevistas realizadas com os pacientes antes da alta. A amostra analisada foi composta pela totalidade dos pacientes idosos internados entre os meses de maio de 2007 e maio de 2008. Para definir PI foram adotados os Critérios de Beers-Fick. Considerou-se polifarmácia como o uso de mais de cinco medicamentos por prescrição.
RESULTADOS: Avaliaram-se as prescrições de 61 pacientes de 60 a 87 anos (69,4±7,2), 62,3% do sexo masculino, que receberam um total de 268 medicamentos, compreendendo 61 princípios ativos diferentes. O número médio de medicamentos prescritos por paciente foi de 6,1 (± 2,0). As classes terapêuticas mais prescritas foram as relacionadas aos aparelhos digestório (83,6%), cardiovascular (63,9%) e nervoso (49,2%), enquanto os princípios ativos foram metoclopramida, ranitidina e dipirona. Mais da metade dos pacientes (54,1%) recebeu ao menos uma PI, com maior freqüência de nifedipina, seguida pela butilescopolamina e o diazepan. A maioria dos pacientes apresentou polifarmácia (59%).
CONCLUSÃO: Identificou-se uma alta prevalência de PI, polifarmácia e excesso de prescrições de antiulcerosos e anti-eméticos na amostra estudada. Os resultados indicam que um maior cuidado deve ser dado à prescrição para idosos em enfermarias de clínica geral. A difusão do conceito de uso inadequado de medicamentos para idosos para médicos generalistas poderia facilitar a adoção dos critérios de Beers-Fick, ainda não conhecidos por toda a comunidade médica. A divulgação destes dados deve sensibilizar gestores de saúde quanto à importância da revisão dos catálogos de medicamentos dispensados à população idosa no meio hospitalar, buscando uma adequação que permita uma prescrição geriátrica racional entre os clínicos generalistas.