A história e o exame físico continuam a ser a espinha dorsal da prática médica. No entanto, os muitos avanços na tecnologia médica, de exames de laboratório e de imagem, assim como do ritmo da medicina moderna, já resultaram na abreviação e subvalorização do exame físico, considerado, muitas vezes, como "redundante". Embora poucas pesquisas tenham tido como objetivo estudar competências de diagnóstico clínico ao longo de várias gerações de médicos, a habilidade e familiaridade com certas manobras semiológicas de beira de leito parecem ter diminuído.
O aluno de medicina logo constata, ao observar a prática médica, que as competências em informática no sentido de obter dados, são muito valorizadas, mais que aprender a percutir bem o tórax ou auscultar um atrito pericárdico.
As razões para esta tendência são complexas. O médico passou a ser remunerado por volume de atendimentos, com pouca ou nenhuma recompensa financeira para a sua habilidade no exame físico, tendo cada vez menos tempo para esse tipo de exame detalhado.
Geralmente vemos hoje o hábito do residente de ordenar uma série de testes diagnósticos, percorrendo diversos algoritmos. A maior sensibilidade e especificidade oferecidas por testes laboratoriais e radiológicos torna mais provável que um médico residente fique relutante em fazer um diagnóstico clínico que poderia ser facilmente feito à beira do leito (verificando aumento do tamanho do baço, ou sinais de sinais de estenose aórtica ou de derrame pleural), até que o ecocardiograma ou ultrassonografia ou tomografia cheguem.
O resultado é que vemos poucos médicos fazendo percussão do tórax, e menos ainda fazendo a pesquisa do frêmito tóraco-vocal. Foi o que observamos na prática de uma residência em clínica médica de um hospital universitário (SOUSA-MUÑOZ et al., 2002; SOUSA-MUÑOZ et al. 2001).
Referências:
SOUSA-MUÑOZ, R. L. ; CRUZ, C. B. ; LIMA JÚNIOR, Z. B. Aplicação da semiotécnica pulmonar por médicos residentes e internos de um hospital de ensino. Revista Brasileira de Educação Médica, Rio de Janeiro, v. 20, n. 1, p. 255-260, 2002.
SOUSA-MUÑOZ, R. L. ; CRUZ, C. B. ; LIMA JÚNIOR, Z. B. ; BRANCO, B. P. C. . Valorização do exame físico do tórax em prontuários de clínica médica. Pulmão RJ, Rio de Janeiro, v. 10, n. 4, p. 19-24, 2001.