29 de novembro de 2008
Perfil de morbidade hospitalar por doenças respiratórias do adulto no HULW/UFPB
As doenças do trato respiratório respondem por uma grande parte dos atendimentos prestados por médicos generalistas e muitas vezes essas doenças requerem atenção ao nível secundário ou terciário. Nesse aspecto, os registros de morbidade obtidos de estatísticas hospitalares são úteis para fornecer dados mais precisos sobre os tipos de doenças mais prevalentes ou como estudos exploratórios para pesquisas e programas de atenção médica à população atendida.
A pneumologia constitui capítulo importante no âmbito hospitalar dada a diversidade da patologia respiratória e o peso epidemiológico que as doenças respiratórias podem atingir. Apesar dos esforços existentes em prevenir doenças ao nível primário de atenção à saúde, a demanda pelos escassos recursos ao nível hospitalar é cada vez mais importante. Nesse contexto, o conhecimento das patologias respiratórias mais freqüentes na nossa instituição pode contribuir no sentido de desenvolver capacidade de desempenho na área de promoção da saúde, da prevenção, do diagnóstico precoce, da terapêutica e da reabilitação destas situações.
Em um levantamento epidemiológico das doenças respiratórias como causa de internações hospitalares no serviço de clínica médica de referência para o Sistema Único de Saúde, o nosso hospital universitário, localizado no litoral da Paraíba, verificamos que as doenças do trato respiratório responderam por um percentual significativo do total de internações internações no intervalo de 01 de janeiro de 1998 a 01 de janeiro de 1999 na Clínica Médica do HULW (SOUSA-MUÑOZ et al., 1999).
O Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) é considerado um hospital de base, que desenvolve, além das ações de hospital regional, procedimentos mais complexos, de tecnologia mais avançada, constituindo serviço terciário de referência na região. A população atendida se caracteriza por ser de baixa renda, vivendo em condições geralmente precárias no que concerne a indicadores de qualidade de vida. A enfermaria de Clínica Médica do HULW dispõe de 70 leitos onde são atendidos anualmente cerca de 700 pacientes, procedentes da capital, de cidades do interior da Paraíba e de cidades de estados vizinhos.
Verificamos que no intervalo de 01 de janeiro de 1998 a 01 de janeiro de 1999, houve 127 internações por doenças do trato respiratório na Clínica Médica do HULW, o que correspondeu a 17,8% do total de internações no setor nesse período. A idade dos pacientes variou entre 15 e 93 anos, com média de 51,1 ± 19,7 anos. Observou-se que 76,5% dos pacientes encontravam-se na faixa etária da meia-idade ou velhice.
As doenças mais freqüentes foram pneumonias (28,3% dos casos) e doença pulmonar obstrutiva crônica agudizada (20,5%), seguidas por tuberculose pulmonar (16,5%), derrames pleurais de várias etiologias (9,4%), bronquiectasia (7,1%), sinusobronquites (7,1%), asma (6,3%) e câncer de pulmão (2,4%). As queixas que motivaram a internação foram relacionadas ao trato respiratório em 82,8% dos casos, e o restante foi constituído por sintomas gerais (17,2%). O período de permanência hospitalar variou de um a 75 dias (21,6 ± 15,8), havendo antecedente de internação em 33,1% dos casos, dos quais apenas 19,7% por doença respiratória.
Esses resultados concordaram com os dados da literatura e reiteram a importância de doenças como pneumonia, DPOC e tuberculose pulmonar na clientela do HULW. Conclui-se pela importância da determinação do perfil epidemiológico de pacientes portadores de doença do aparelho respiratório atendidos no HULW a fim de melhor direcionar programas de saúde a essa clientela. Dez anos depois, estamos verificando o mesmo perfil no nosso serviço, para avaliar alterações de morbidade na nossa clientela (Perfil clínico-epidemiológico do adulto hospitalizado na clínica médica do HULW: Subsídios para ações de ensino, pesquisa e extensão; projeto de pesquisa da Monitoria de Semiologia Médica, 2008).
Referência:
SOUSA-MUÑOZ, R. L. et al (1999). Perfil de morbidade por doenças respiratórias em pacientes acima de 15 anos na clientela do HULW. XX Congresso Médico da Paraíba, João Pessoa-PB, 1999.
27 de novembro de 2008
Comunicação do diagnóstico ao paciente com doença grave
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Semiologia Baseada em Evidências
21 de novembro de 2008
Alexander Fleming e a Serendipidade
Imagem: Alamy Stock Photo
Osteoartropatia Hipertrófica
20 de novembro de 2008
O Estudante de Medicina e o Paciente
Referências LIMA, M.C.P. O psicodrama e o ensino médico: reflexões a partir de uma experiência inédita. Rev. Bras.Psicodrama, v.5, n.1, p.11-9, 1997. KAUFMAN, A. Reflexões sobre educação médica: uma abordagem socionômica. São Paulo, 1998. Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. ROCCO, R.P. Relação estudante de Medicina-paciente. In: MELLO FILHO, J. Psicossomática hoje. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992. p.45-56. BOMBARDA, José Manoel. O Universo Psicológico do Futuro Médico: Vocação, Vicissitudes e Perspectivas. Rev. Bras. Psiquiatr. , São Paulo, v. 21, n. 2, 1999 .
12 de novembro de 2008
Pesquisa científica e ensino médico (2)
11 de novembro de 2008
O estudante de medicina e o "currículo paralelo"
Dentro deste contexto, solicitamos a um dos nossos alunos de graduação em Medicina para escrever o que pensa sobre a "compatibilização" de múltiplas atividades acadêmicas. Ele preferiu manter o anonimato quando da publicação do seu texto, transcrito abaixo:
Como se sabe, o curso de medicina por si só, consome uma grande parcela de tempo diário, que, se não bem organizado, pode mesmo vir a se utilizar de todo o tempo disponível. A despeito desse fato, as atividades extra-acadêmicas são necessárias, tanto para a complementação do aprendizado para a atuação profissional, quanto mesmo para a produção de um currículo respeitável, tendo em vista o acesso a uma residência futura em um bom hospital. Nessas circunstâncias, organização e bom senso são essenciais para um bom desenvolvimento do curso paralelamente aos projetos extra-academicos. De início, a desorganização ou mesmo a falta de hábito com o curso impede muitos de desenvolverem projetos. Contudo, com o passar dos períodos, o hábito vai tornando o tempo mais acessível e estruturado, ingressando-se assim o estudante nas diversas áreas de complementação curricular, bem como de aprendizado como a extensão, a pesquisa e a monitoria. A necessidade de tempo, a partir desse momento, passa a ser aviltante, e de muito vale a capacidade de estabelecer horários e metas desde o início. Contudo, alguns problemas, embora previsto pelo regimento da faculdade que não poderiam suceder-se, se sobrepõem a isso e trazem transtornos diários para a vida do acadêmico. Não é infreqüente a presença de estágios, projetos de extensão e monitorias os quais cobram a presença durante o horário das aulas, o que traz conseqüências diversas em vários eixos, desde à reprovação por faltas e à subtração de matérias importantes do aprendizado, até atritos envolvendo o estudante e o professor da disciplina, bem como o coordenador do projeto. Dessa forma, o acadêmico, como elo mais fraco e no embate entre essas duas frentes, sempre acaba perdendo de alguma forma, independente, às vezes, até do seu esforço, visto que nem sempre há como responder às duas partes satisfatoriamente. Os horários das diversas atividades extra-acadêmicas, logicamente, não devem entrar em choque, sob pena de não cumprimento de ambas. É bem verdade, porém, que nem sempre isso é possível, dessa forma, a melhor resolução, é tentar mudar o dia de um dos projetos. O bom senso por parte dos alunos, em retificar seus horários e selecionar suas atividades com a compatibilidade necessária a um bom rendimento nas diversas esferas de atividades que se atribui ao estudante de medicina; e principalmente dos coordenadores, em face de moldar minimamente seus projetos pelo bem-estar de todos, visto que, partindo do pressuposto de que haja boa vontade, há sempre como adequar os envolvidos com mínimos consentimentos, desde que exista alguma empatia em relação às dificuldades encontradas pelo estudante. Sendo assim, para se compatibilizar as atividades é necessária, por parte dos acadêmicos, alguma organização para com o tempo disponível, bem como colaboração, por parte dos professores e coordenadores em fornecer condições para que as ações sejam possíveis.