21 de novembro de 2008

Osteoartropatia Hipertrófica


Por Francisco Fellipe Claudino Formiga e Homero Medeiros de Oliveira Júnior
(Curso de Graduação em Medicina, Centro de Ciências Médicas, UFPB, quarto período) 
A osteoartropatia hipertrófica (OAH), ou paquidermoperiostose, é uma alteração sistêmica que acomete os ossos, articulações e partes moles, sendo, na maioria das vezes, secundária a alguma doença, geralmente intratorácica. A maioria dos casos descritos atualmente está associada a carcinomas broncogênicos, outras neoplasias intratorácicas e doença de Hodgkin mediastinal.
A OAH é uma entidade que deve ser diagnosticada precocemente, já que esta enfermidade serve como indicadora de possível afecção grave em outra parte do organismo. É muito raro a OAH surgir sem uma doença primária aparente.
A síndrome caracteriza-se por baqueteamento digital, neoformação óssea no periósteo (em 97% dos casos), especialmente nas diáfises distais dos ossos longos (antebraço e perna), fácies de aspecto áspero, com pele grosseira, enrugada e oleosa na região frontal, cutis verticis gyrata (em 98% dos casos), "pés de elefante" (em 24% dos casos) (Figura acima) e seborréia (em 33% dos casos).
A OAH pode ser classificada em primária, com provável herança autossômica dominante, de penetrância variável, e na forma secundária (muito mais frequente que a primária), como conseqüência de doenças pulmonares crônicas, cardiopatias congênitas cianóticas, doenças hepatobiliares e síndromes paraneoplásicas. As alterações afetam articulações e tecidos periarticulares, mais comumente nos tornozelos, joelhos, punhos e cotovelos; há espessamento do tecido subcutâneo nos terços distais dos braços e pernas e alterações neurovasculares nas mãos e pés, incluindo eritema crônico, parestesia e sudorese aumentada. Os pacientes frequentemente procuram o auxílio médico por causa da intensa dor nas extremidades.
O envolvimento das membranas sinoviais comumente leva a dor, rigidez e edema nas articulações acometidas (joelhos, tornozelos, punhos e cotovelos); a pele acima das áreas afetadas possui aspecto brilhante, podendo estar edemaciada e com temperatura aumentada. Pode haver hipersensibilidade nas extremidades distais dos ossos longos. O baqueteamento digital geralmemente está associado à OAH e pode persistir indefinidamente.
Do ponto de vista radiológico, demonstram-se sinais de periostite difusa. A fisiopatologia da paquidermoperiostose ainda é pouco conhecida. Sugeriu-se que poderia haver um defeito primário intrínseco das plaquetas, que poderia facilitar a degranulação e liberação de fatores de crescimento. Também têm reportado um aumento da atividade fibrinolítica em pacientes com afecção de pele e têm sugerido que o aumento da atividade do plasminogênio ativador funcionaria como um estímulo ao crescimento do tecido conjuntivo. Uma alta concentração de receptores esteroides nucleares e ausência de receptores de fator de crescimento da epiderme podem indicar um comportamento específico do sistema receptor do fator de crescimento e esteroide na paquidermoperiostose. No entanto, até o presente momento, apesar das várias propostas sugeridas para explicar a fisiopatogenia da OAH, não há relatos ou dados conclusivos para explicar os achados clínicos dessa enfermidade. 
Figura: Extraída de MOREIRA et al. (2002). 
Referências
MOREIRA, M. B. L. et al. Osteoartropatia hipertrófica associada a tuberculose pulmonar-relato de caso. Radiol Bras v. 35, n. 1, p. 183-186, 2002.
BATISTA, P. A. A. et al. Osteoartropatia hipertrófica primária: relato de caso e revisão da literatura. Radiol Bras v. 36, n. 3, 2003.