Concluindo residência em Clínica Médica no Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a médica Géssica Christine de Carvalho e Martins finaliza sua monografia de conclusão de pós-graduação latu sensu com a temática "delirium no paciente hospitalizado no âmbito da clínica médica".
Esta postagem refere-se ao resumo da monografia ora apresentada à Comissão do Residência Médica do HULW/UFPB por Géssica. Na oportunidade, aproveitamos para parabenizá-la pela dedicação e excelente desempenho na realização do trabalho. Agradecemos também à colaboração da médica residente Leila Coutinho Taguchi e das alunas do Curso de Graduação em Medicina da UFPB Katyara Mylena S. R. Lima e Mara Rufino de Andrade na coleta e processamento dos dados da pesquisa.
Monografia apresentada ao Programa de Residência Médica em Clínica Médica do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), Centro de Ciências Médicas, Universidade Federal da Paraíba, para obtenção do título de Especialista em Clínica Médica
Pós-graduanda: Géssica Christine de Carvalho e Silva Martins
Orientadora: Profa. Rilva Lopes de Sousa Muñoz
Coordenador da Residência em Clínica Médica do HULW: Prof. Alexandre Henriques
Coordenador da COMISSÃO DE RESIDÊNCIA MÉDICA do HULW: Ricardo Antônio Rosado Maia
RESUMO
Introdução: Delirium é uma síndrome neurocomportamental causada pelo comprometimento transitório da atividade cerebral, secundária a distúrbios sistêmicos, aparecendo no curso de diversas doenças, principalmente no âmbito da Clínica Médica e Geriatria.
Objetivos: Verificar as taxas de prevalência e incidência, assim como a apresentação clínica e os principais fatores de risco associados ao desenvolvimento do quadro de delirium em pacientes clínicos internados nas enfermarias de clínica médica do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW).
Metodologia: O presente estudo seguiu um modelo observacional, do tipo coorte (prospectivo e restrospectivo), longitudinal, em que o paciente foi acompanhado desde o período de admissão hospitalar, com ou sem detecção do episódio de delirium, até sua alta. O instrumento de pesquisa para detecção de delirium foi o Método de Avaliação de Quadros Confusionais (Confusion Assessment Method, CAM).
Resultados: A taxa de prevalência de delirium foi de 5,7% e a incidência foi de 2,1% em uma coorte de 140 pacientes internados consecutivamente nas enfermarias de clínica médica do HULW. Todos os pacientes com delirium segundo o CAM (n = 8) apresentaram início agudo do quadro e distúrbio da atenção. A maioria apresentou alteração do ciclo sono-vigília (6/75%), alteração do nível da consciência (6/75%), pensamento desorganizado (5/62,5%), e retardo psicomotor (5/62,5%). Os três tipos presentes de alteração do nível de consciência foram proporcionais: letárgico-estupor (6/75%), letárgico-vigil (6/75%) e vigil (6/75%). Verificou-se uma associação significativa entre idade e delirium detectado pelo CAM (p=0,03), observando-se que a idade média dos pacientes com delirium foi de 58,6 (±15,6) anos, enquanto a dos pacientes que não apresentaram delirium foi de 46,6 (±15,5) anos. A duração da permanência hospitalar não diferiu entre os pacientes que apresentaram delirium (18,9±12,6 dias) em relação aos que não tiveram este transtorno (22,2±14,4 dias). A imobilização no leito por contenção mecânica associou-se significativamente com a presença de delirium, chegando a 33,3% a ocorrência desta condição em pacientes que se encontravam contidos mecanicamente ao leito (p=0,0001). Foi estatisticamente significativa (p=0,006) a associação entre comprometimento cognitivo prévio, presença de déficit sensorial (auditivo e visual), antecedente de internação psiquiátrica e mau estado geral com a ocorrência de delirium. A ocorrência de delirium no início da internação apresentou uma associação estatisticamente significativa com a taxa de mortalidade hospitalar (p=0,03), observando-se maior mortalidade entre os pacientes que apresentaram esse transtorno.
Conclusões: A prevalência geral de delirium na internação hospitalar foi de 5,7%, taxa menor que a encontrada em outros estudos, enquanto a incidência foi de 2,1%. A ocorrência de delirium foi maior em pacientes idosos que nos pacientes adultos jovens e não-idosos, verificando-se que o antecedente de comprometimento neurológico e psiquiátrico prévio foram fatores predisponentes para ocorrência desta condição. Delirium e mortalidade hospitalar associaram-se significativamente. A partir desse estudo, foi possível verificar quais são os fatores de risco relevantes para o desenvolvimento de delirium entre os pacientes atendidos nas enfermarias de clínica médica do HULW, conhecer a evolução desses pacientes e, assim, poder apresentar à comunidade médica a necessidade de maior atenção às formas de prevenção primária e ao diagnóstico de delirium no serviço. Portanto, o reconhecimento deste transtorno deve ser considerado na rotina da enfermaria de clínica médica do HULW, onde são atendidos pacientes com múltiplas doenças crônicas.
Palavras-chave: Delirium. Hospitalização. Fatores de risco. Mortalidade.
Crédito = A foto desta postagem foi obtida em: http://neurology.jwatch.org/cgi/content/full/2005/803/6/DC1