Por Raissa Dantas de Sá
Estudante do sexto período do Curso de Medicina da UFPB
Extensionista do Projeto Continuum - PROBEX / UFPB
Tristeza, melancolia, medo, insegurança, dúvida: são todos sentimentos que pairam no pensamento dos pacientes com doenças crônicas.
Sofrimento e doença, assim como o processo de envelhecimento e a morte, fazem parte da existência humana. Os significados e os sistemas de explicação com relação a esses fenômenos naturais não se reduzem a evidências orgânicas, mas estão intimamente relacionados às características de cada sociedade e cada época, não apenas expressando a dinamicidade desses processos, mas condicionando também as próprias práticas de saúde. A permanente presença da doença e do sofrimento no cotidiano das pessoas tem gerado a tendência natural de pensar a saúde em termos de “ausência de doença”, ou seja, como ausência de sinais objetivos de que o corpo não está funcionando adequadamente, e/ou de sintomas subjetivos de mal-estar, doença ou lesão.
A interação entre os aspectos orgânicos, psicológicos e sociais do adoecer e do recuperar-se tem sido permanente preocupação dos médicos desde a época de Hipócrates. Apontava-se especialmente para os efeitos da exposição prolongada a situações de estresse e para as reações do organismo, permeadas sempre pela subjetividade da pessoa. Os resultados sempre mostraram a estreita conexão entre o sistema imunológico, o sistema endócrino e o sistema nervoso central.
Os pacientes com doença crônica sofrem não só pela doença, mas também pelas conseqüências que, na maioria das vezes, a enfermidade acarreta à sua vida. Eles temem uma doença desconhecida, sofrem com a debilidade e com a dependência muitas vezes causada por ela. De repente, pessoas independentes, tornam-se dependentes em todos os aspectos. Param de trabalhar, passam a necessitar de ajuda financeira de familiares e até de terceiros. Às vezes precisam de ajuda até para as suas necessidades básicas, como vestir-se, comer e até tomar banho. Tudo isso provoca uma confusão de sentimentos na mente dos pacientes, que passam a levantar uma série de questionamentos, como: ‘‘Por que isso está acontecendo comigo? Será que eu vou morrer? Viverei o restante dos meus dias sobrecarregando os meus amigos e familiares?Será que eu não vou ficar bom nunca mais?’’
À medida que a doença avança, a auto-estima dessas pessoas paulatinamente se esvai principalmente quando começam a perceber que não estão obtendo o sucesso desejado com o tratamento realizado.
Por essa razão é de fundamental importância o apoio e a compreensão dos familiares, que devem atuar como adjuvantes nesse processo de tratamento, para que esses pacientes venham a se sentir úteis e importantes na vida de seus entes queridos, ganhando um estímulo a mais, além da sua própria vontade de viver para superar todas as dificuldades que as enfermidades crônicas impõem.
Crédito da imagem: a foto desta postagem foi extraída de www.davita.com/kidney-disease/living-with/a/2109