Por Charles Saraiva Gadelha
Estudante do quarto período do Curso de Medicina / Centro de Ciências Médicas / Universidade Federal da Paraíba
Estudante do quarto período do Curso de Medicina / Centro de Ciências Médicas / Universidade Federal da Paraíba
O termo amaurose refere-se à cegueira, especialmente à perda da visão não relacionada a um erro de refração ou outra afecção do próprio olho.
A amaurose fugaz é um ataque isquêmico transitório da retina, resultando em perda da visão monocular transitória; geralmente devido a embolismo das artérias da retina.
A perda da visão poderá desenvolver-se de forma súbita (em 12 horas), rápida (até 2-3 dias), lenta (superior a 3 dias) ou progressiva (em meses ou anos).
Classificação da amaurose quanto ao modo de evolução:
- Aguda e dolorosa: úlcera de córnea; uveíte; glaucoma agudo; endoftalmia.
- Aguda e indolor: hemorragia vítrea; deslocamento de retina; oclusão arterial ou venosa da retina; degeneração macular exsudativa; neurite óptica; infarto cerebral; funcional.
- Crônica: erros de refração; catarata; glaucoma de ângulo aberto; degeneração macular atrófica; tumor cerebral.
- Monocular e transitória: tromboembolismo (aterosclerose, êmbolos cardíacos); vasoespasmo (enxaqueca, crise hipertensiva); vasculites (arterite temporal).
Causas não-neurológicas de amaurose
· Córnea: trauma, infecção, hipercalcemia
· Câmara anterior: glaucoma
· Cristalino: catarata, subluxação do cristalino.
· Humor vítreo: hemorragia, amiloidose
· Íris/corpo ciliar: uveíte por citomegalovírus, toxoplasmose, linfoma.
Causas neurológicas de amaurose
· Lesão isquêmica da retina: oclusão de artéria central da retina; oclusão de veia central da retina
· Deslocamento de retina
· Degeneração macular
· Infecção (AIDS, toxoplasmose, sífilis)
· Retinopatia diabética.
Aspectos do diagnóstico diferencial das perdas de visão por lesões da retina
- A oclusão da artéria central da retina (ou seus ramos) causa perda súbita da visão devido à oclusão por êmbolos ou trombos (pode estar associada a doença da carótida ou doença vascular cardíaca); a oclusão das arteríolas pré-capilares associa-se, por exemplo, a retinopatia diabética, retinopatia hipertensiva, leucemia e AIDS.
- A oclusão da veia central da retina geralmente é unilateral, frequentemente idiopática, mas hipertensão, diabetes e glaucoma são fatores de risco proeminentes; policitemia, trombocitopenia e outros estados de hipercoagulabilidade devem ser corrigidos.
- O deslocamento de retina geralmente ocorre em indivíduos com miopia ou após cirurgia ou trauma no olho; o início pode ser precedido por sintomas como flashes ou fotopsias.
- A degeneração macular relacionada à idade ocorre em idosos (acima de 60 anos), e está associada com metamorfopsias; a fase exsudativa, que corresponde a 10% dos pacientes, causa complicações responsáveis por 90% dos casos de perda de visão grave.
Aspectos do diagnóstico diferencial das perdas de visão por lesões da retina
- A oclusão da artéria central da retina (ou seus ramos) causa perda súbita da visão devido à oclusão por êmbolos ou trombos (pode estar associada a doença da carótida ou doença vascular cardíaca); a oclusão das arteríolas pré-capilares associa-se, por exemplo, a retinopatia diabética, retinopatia hipertensiva, leucemia e AIDS.
- A oclusão da veia central da retina geralmente é unilateral, frequentemente idiopática, mas hipertensão, diabetes e glaucoma são fatores de risco proeminentes; policitemia, trombocitopenia e outros estados de hipercoagulabilidade devem ser corrigidos.
- O deslocamento de retina geralmente ocorre em indivíduos com miopia ou após cirurgia ou trauma no olho; o início pode ser precedido por sintomas como flashes ou fotopsias.
- A degeneração macular relacionada à idade ocorre em idosos (acima de 60 anos), e está associada com metamorfopsias; a fase exsudativa, que corresponde a 10% dos pacientes, causa complicações responsáveis por 90% dos casos de perda de visão grave.
b) Lesão do nervo óptico
· Desmielinização (neurite óptica): esclerose múltipla; neurorretinite viral e pós-infecciosa.
· Isquemia: arteriosclerótica; arterite temporal; arterite sifilítica; para-infecciosa; trombose de seio cavernoso; infecção dos seios paranasais
· Drogas e toxinas: metanol, etambutol, cloroquina, estreptomicina, cloranfenicol, clorpropamida.
· Carenciais: deficiência de vitamina B12; deficiência de tiamina (“ambliopia tabaco-álcool”); tipos nutricionais epidêmicos
· Doenças hereditárias e do desenvolvimento: atrofia óptica juvenil dominante; atrofia óptica de Leber; falha no desenvolvimento do disco óptico; lesões compressivas e infiltrativas; metástases no nervo óptico; glioma de nervo óptico; tumor de hipófise; oftalmopatia da tireóide; sarcoidose; linfoma; granulomatose de Wegener
· Outras: lesão do nervo óptico induzida por radiação; papiledema.
Aspectos do diagnóstico diferencial da amaurose por lesão do nervo óptico
- A neurite óptica causa prejuízo agudo da visão unilateral ou bilateral (simultâneo ou não), e dor aos movimentos oculares pode estar presente; a causa mais comum de neurite unilateral é esclerose múltipla (aproximadamente metade dos pacientes desenvolverá outros sintomas de esclerose múltipla em 5 anos); em geral acomete adultos jovens, tipicamente inicia com escotoma central e tem progressão subaguda, ocorrendo, em geral, uma remissão espontânea em duas a oito semanas, mas com alto índice de recidiva.
- A neuropatia óptica isquêmica anterior ocorre em pessoas acima de 50 anos, sendo a causa mais comum de perda de visão monocular persistente; tem início abrupto e indolor e o outro olho é acometido em aproximadamente um terço dos pacientes, sobretudo naqueles com hipertensão e diabete melito; a forma mais comum é a não-arterítica (angioesclerótica).
- As neuropatias ópticas tóxicas e nutricionais evoluem com perda da visão simultânea, bilateral e lenta com escotomas centrais é causada geralmente por causas tóxicas ou nutricionais; neste último caso, com tratamento precoce, as alterações visuais são reversíveis. - As neuropatias ópticas hereditárias são geralmente bilaterais. - Outras causas de neuropatia do nervo óptico cursam com papiledema de longa duração de qualquer causa pode levar a atrofia do nervo óptico e cegueira.
- A neurite óptica causa prejuízo agudo da visão unilateral ou bilateral (simultâneo ou não), e dor aos movimentos oculares pode estar presente; a causa mais comum de neurite unilateral é esclerose múltipla (aproximadamente metade dos pacientes desenvolverá outros sintomas de esclerose múltipla em 5 anos); em geral acomete adultos jovens, tipicamente inicia com escotoma central e tem progressão subaguda, ocorrendo, em geral, uma remissão espontânea em duas a oito semanas, mas com alto índice de recidiva.
- A neuropatia óptica isquêmica anterior ocorre em pessoas acima de 50 anos, sendo a causa mais comum de perda de visão monocular persistente; tem início abrupto e indolor e o outro olho é acometido em aproximadamente um terço dos pacientes, sobretudo naqueles com hipertensão e diabete melito; a forma mais comum é a não-arterítica (angioesclerótica).
- As neuropatias ópticas tóxicas e nutricionais evoluem com perda da visão simultânea, bilateral e lenta com escotomas centrais é causada geralmente por causas tóxicas ou nutricionais; neste último caso, com tratamento precoce, as alterações visuais são reversíveis. - As neuropatias ópticas hereditárias são geralmente bilaterais. - Outras causas de neuropatia do nervo óptico cursam com papiledema de longa duração de qualquer causa pode levar a atrofia do nervo óptico e cegueira.
c) Lesão quiasma e pós-quiasma
· Lesão do quiasma óptico
· Lesões do trato óptico
· Lesões das radiações ópticas
· Lesões do córtex cerebral
Aspectos do diagnóstico diferencial de amaurose por lesão quiasmática:
- Quiasma óptico: a causa mais comum é o adenoma de hipófise.
- Pós-quiasma: as lesões vasculares no território da artéria cerebral posterior são responsáveis por 90% das hemianopsias homônimas isoladas; outras causas são enxaqueca, trauma e tumores primários ou metastáticos.
- Quiasma óptico: a causa mais comum é o adenoma de hipófise.
- Pós-quiasma: as lesões vasculares no território da artéria cerebral posterior são responsáveis por 90% das hemianopsias homônimas isoladas; outras causas são enxaqueca, trauma e tumores primários ou metastáticos.
Referências
ROSA, A. A. A.; SOARES, J. L. M.; BARROS, E. Sintomas e sinais na prática clínica: consulta rápida. Porto Alegre: Artmed, 2006.
MACHADO, A. Neuroanatomia Funcional. São Paulo: Atheneu, 2006.
Imagem: a foto desta postagem foi extraída de http://flickr.com/photos/22221054@N00/14870159
MACHADO, A. Neuroanatomia Funcional. São Paulo: Atheneu, 2006.
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