É importante que estudantes de Medicina vivenciem a experiência de “autor”, escrevendo textos de diferentes gêneros. Escrever textos, seja de natureza técnica ou geral, é abrir caminho para a divulgação de idéias e saberes.
A leitura e a escrita frequentes constituem modos realmente efetivos de desenvolvimento pessoal.
Observa-se atualmente uma nova valorização da palavra escrita com o advento da Internet, e este é um fenômeno interessantíssimo. Carlos Seabra descreveu muito bem isso em um artigo para “Carta.com” n. 3, suplemento da revista Carta Capital, de novembro de 2000. Transcrevo um trecho abaixo:
"O que a humanidade criou – e nos deu de Shakespeare a Fernando Pessoa – parecia a muitos que a informática iria matar, a palavra escrita seria substituída por cliques no mouse, a literatura trocada por ícones. O que se vê não é isso, mas sim uma nova importância do escrever. [...] Agora, com a Internet, quem não sabe escrever está isolado – como alguém que olha a estrada diante de si e não sabe usar os pés para andar. Claro que ainda falta muito para que os escritos na rede não sejam apenas um reflexo da enorme 'ingnorância' do escrever, que é o que mais se vê hoje, mas, como disse o poeta, “o caminho se faz ao caminhar”…"
Escrever não é uma tarefa fácil. Entretanto, para escrever, não se precisa de um talento especial, mas são necessárias dedicação e persistência, além do conhecimento de algumas regras simples. A arte de escrever exige também inspiração, além de raciocínio lógico, disciplina mental, domínio de algumas regras essenciais e dedicação numa base de prática diária. E tempo. Escrever dá trabalho.
Além disso, para escrever é preciso ler muito também. Os jovens leem pouco atualmente. Menos da metade dos universitários brasileiros (43,6%) estuda entre uma e duas horas por semana além do horário de aula, 34% leem no máximo dois livros por ano, excetuando os escolares, e 41,3% se informam mais pela televisão. Essa conclusão, divulgada pela Agência Brasil, faz parte dos resultados do questionário socioeconômico aplicado aos estudantes que participaram do Exame Nacional de Desempenho (Enade) de 2006.
Por outro lado, escrever também é uma obsessão. É paixão. É preciso ter paixão pela Ciência e pela escrita. É nesse hábito quase diário de registro, na paixão que toma e possui quem escreve, nesse voo livre, que muitos escritores se transcendem e se revelam. Ou não.
O certo é que quanto mais desenvolvida for a sua capacidade de pensamento e a qualidade da escrita, mais produtivo se pode ser. Escreve-se também para divulgar o próprio trabalho. Se não se escreve sobre o que se faz, quem saberá o que se está fazendo?
Por fim, escrever, acima de tudo, ajuda a pensar e a observar. Escrever também é um ato de liberdade.
Agora, alguns pensamentos de grandes mestres sobre a arte de escrever:
"Para mim, o ato de escrever é muito difícil e penoso, tenho sempre de corrigir e reescrever várias vezes. Basta dizer, como exemplo, que escrevi 1100 páginas datilografadas para fazer um romance no qual aproveitei pouco mais de 300." (Fernando Sabino)
"Reescrevi trinta vezes o último parágrafo de Adeus às Armas antes de me sentir satisfeito." (Ernest Hemingway)
"Que ninguém se engane, só consigo a simplicidade através de muito trabalho." (Clarice Lispector)
"Há quem fale do prazer da escrita. Confesso que não tenho nenhum prazer. Para mim escrever é trabalho." (José Saramago)
"Somos todos escritores. Só que uns escrevem, outros não." (José Saramago) "Escrever é ter coisas para dizer." (Darcy Ribeiro) "Escrever é um ato de liberdade." (Martin Amis) "Escrever é fácil: você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca idéias." (Pablo Neruda) "Você irá escrevendo, irá escrevendo, se aperfeiçoando, progredindo, progredindo aos poucos: um belo dia (se você aguentar o tranco) os outros percebem que existe um grande escritor." (Mário de Andrade)
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