Por Camila de Oliveira Ramalho
Estudante de Medicina da UFPB (nono período), ex-monitora de Semiologia Médica
É uma experiência pela qual todo estudante de medicina deveria passar. Assim defino a participação na monitoria da disciplina de Semiologia Médica. É a partir da iniciação ao exame clínico que o estudante de medicina sente, de fato, a realidade do curso médico. Nesta etapa da formação temos os primeiros tímidos contatos com os pacientes e, com isso, sentimos o peso da responsabilidade de lidar com pessoas.
Seres humanos, que neste caso, estão frágeis, sensibilizados pela sua condição de doente, e que por esse motivo recebem as nossas visitas à beira de seus leitos através das mais diversas reações, as quais, nem sempre são tão agradáveis. E isso representa um dos grandes desafios que o graduando em medicina terá de enfrentar, o que também pode lhe despertar diferentes sentimentos que oscilam entre estimulo e desestímulo.
É aí que entra o papel do monitor, que por também ter passado há tão pouco tempo pela mesma situação, é capaz de entender, como ninguém, e orientar os alunos diante dessas circunstâncias, fazendo-os superar seus medos e inseguranças, para que possam seguir tranquilos pelo universo da Semiologia.
A monitoria é um dos primeiros passos na participação do processo de formação médica. Pois, em especial, nesta disciplina, além de interferir na adaptação do aluno a esta etapa mais prática do curso, temos a oportunidade de melhorar e aprender cada vez mais a buscar o elo de ligação entre a “arte médica” e a “ciência médica”. É uma atividade que nos abre os olhos para a associação entre medicina e docência, e desperta o desejo de uni-las em nossa futura vida profissional.
Além disso, é capaz de suscitar um misto de sentimentos, como a alegria de passar em uma prova tão concorrida ao lado do medo de não ser capaz de saber tudo; faz-nos sentir “mais médicos” por estarmos mais próximos aos pacientes, mas também há a insegurança de não ter todas as respostas requeridas pelos alunos ou mesmo pelos pacientes; nos torna mais sérios e éticos, ao mesmo tempo que desinibidos o suficiente para sermos mandados embora da enfermaria por aquele doente portador dos melhores achados clínicos e ainda termos a persistência de voltarmos no outro dia para tentar convencê-lo a ser examinado. Faz-nos conviver com a falta de tempo, mas nos faz sentir felizes e até mesmo realizados quando alguém diz: "Ahh... Agora eu entendi como se faz a Manobra de Schuster!"
Enfim, foi uma experiência ímpar, um contínuo acúmulo de aprendizado e responsabilidades que só engrandece todos aqueles que dela participam. Um grande incentivo e, ainda, um ótimo guia na escolha do tipo de profissional que pretendemos ser, valorizando e lembrando sempre os detalhes da relação médico-paciente que sempre tendem a serem esquecidos no decorrer da graduação e, em especial, no cotidiano do médico.