Da discussão sobre a análise do artigo científico no seminário III em MCO2 hoje (referência neste weblog em postagem de 26.07.09) resultaram as seguintes observações críticas apresentadas pelos alunos da turma 2008.2 e registradas sinteticamente pela monitora Tâmata Tarcila Sousa:
Título- Sugestão para o subtítulo: Estudo observacional analítico.
- Não se trata de um estudo transversal, no sentido estrito do termo.
Introdução
- Introdução extensa, tem mais de 400 palavras (460).
Métodos- Não se excluiu nenhum tipo de acidente vascular encefálico isquêmico (chamemos de AVCI por enquanto), como antecedente de ataque isquêmico transitório.
- O grupo de casos incluiu pacientes como alguma sequela motora, considerando o local de recrutamento, mas esse aspecto não foi mencionado no estudo;
- Não se estabelece um ponto de corte para os níveis elevados de homocisteína;
- O grupo paciente é composto com 104 pessoas e o grupo controle por 98. Em um estudo caso-controle é recomendável uma proporção de, no mínimo, dois controles;
o objetivo é verificar se os casos diferem significantemente dos controles ... este número pode ser por exemplo 0,5, ou seja, 1 controle para cada 2 casos
- Não ficou explícito como aconteceu a seleção do grupo controle, entende-se que foi uma amostragem não-probabilística, mas não ficou clara a forma de seleção;
- Não foi calculado o tamanho da amostra para analisar o problema de pesquisa em questão;
- Nos subgrupos de idades o número da amostra não é equivalente nos grupos controle e paciente;
- O modelo do estudo foi descrito como transversal analítico, embora tenha sido caso-controle; o estudo caso-controle é um estudo epidemiológico observacional, longitudinal, geralmente retrospectivo (nem sempre!), analítico, em que um grupo de casos, isto é, indivíduos com a doença, é comparado, quanto a exposição a um ou mais fatores, a grupo de indivíduos semelhante ao grupo de casos, chamado de controle (sem a doença).
- A classificação do consumo alcoólico não incluiu detalhes sobre o consumo;
- O mesmo acontece na classificação de de fumantes, não-fumantes e ex-fumantes. Em que os autores se basearam para considerar como ex-fumante o sujeito que tivesse fumado até um ano antes?
- O critério de exclusão de ingestão de ácido fólico e vitamina B12 até três meses antes do estudo não tem uma referência em que os autores se fundamentaram;
- A seleção dos controles deveria ter sido feita na mesma comunidade, pessoas com as mesmas características do grupo paciente; no entanto, o autor mostrou que as características das variáveis avaliadas eram semelhantes entre o grupo controle e o grupo paciente no ínicio da seção de resultados, indicando que a amostra era homogênea no que concerne às características consideradas relevantes para a pesquisa;
- Mencionam-se "grupos independentes e não pareados", que são sinônimos em estatística;
- O grupo controle foi composto por doadores de sangue, portanto, este é um grupo muito selecionado (viés de seleção).
Resultados
- Não foi feita a descrição da procedência da amostra: De onde eram os casos? E os controles? Pacientes atendidos no serviço referido no trabalho podem ser procedentes de diversos estados do país;
- As tabelas não estão auto-explicativas e têm títulos incompletos;
- As tabelas 2 e 5 têm dados confusos;
- As porcentagens referentes à hipertensão estão incorretas.
Discussão
- “Nos últimos anos (...)”, expreessão do início da discussão, está mal colocada, uma vez que na revisão feita na introdução há referências dos anos 60;
- Os idosos foram um subrupo pequeno, resultando, provavelmente, na falta de poder estatístico para análise; talvez o tamanho do grupo de idosos tenha sido pequeno levando ao resultado indeterminado quanto a uma relação dos níveis de homocisteína e AVCI;
- A afirmação “Isto pode ter ocorrido devido ao formato de estudo de prevalência, que não é o mais indicado para avaliar relação temporal (...).”: Não se trata de um estudo de prevalência.
- "O estudo entre homocisteína e tempo decorrido...": a palavra estudo deveria ser substituída por análise de correlação;
- Frase falaciosa: "...reforçam a teoria de que a homocisteína é aterogênica": teoria não, hipótese.
Conclusão- Não foi comentada a baixa validade externa do estudo como limitação metodológica.
Aspectos gerais
- Foram identificados vários erros de concordância verbal: "Ao se analisar os resultados..."; "Ao se comparar as médias..."; uso do verbo no presente na discussão nas referências a outros estudos;
- No texto usam-se as formas impessoais juntamente com a terceira pessoa do plural (nós), quando ceveria ter sido usada apenas uma forma, a impessoal ou a terceira pessoa, não as duas.
Conceitos não conhecidos existentes no texto
Título- Sugestão para o subtítulo: Estudo observacional analítico.
- Não se trata de um estudo transversal, no sentido estrito do termo.
Introdução
- Introdução extensa, tem mais de 400 palavras (460).
Métodos- Não se excluiu nenhum tipo de acidente vascular encefálico isquêmico (chamemos de AVCI por enquanto), como antecedente de ataque isquêmico transitório.
- O grupo de casos incluiu pacientes como alguma sequela motora, considerando o local de recrutamento, mas esse aspecto não foi mencionado no estudo;
- Não se estabelece um ponto de corte para os níveis elevados de homocisteína;
- O grupo paciente é composto com 104 pessoas e o grupo controle por 98. Em um estudo caso-controle é recomendável uma proporção de, no mínimo, dois controles;
o objetivo é verificar se os casos diferem significantemente dos controles ... este número pode ser por exemplo 0,5, ou seja, 1 controle para cada 2 casos
- Não ficou explícito como aconteceu a seleção do grupo controle, entende-se que foi uma amostragem não-probabilística, mas não ficou clara a forma de seleção;
- Não foi calculado o tamanho da amostra para analisar o problema de pesquisa em questão;
- Nos subgrupos de idades o número da amostra não é equivalente nos grupos controle e paciente;
- O modelo do estudo foi descrito como transversal analítico, embora tenha sido caso-controle; o estudo caso-controle é um estudo epidemiológico observacional, longitudinal, geralmente retrospectivo (nem sempre!), analítico, em que um grupo de casos, isto é, indivíduos com a doença, é comparado, quanto a exposição a um ou mais fatores, a grupo de indivíduos semelhante ao grupo de casos, chamado de controle (sem a doença).
- A classificação do consumo alcoólico não incluiu detalhes sobre o consumo;
- O mesmo acontece na classificação de de fumantes, não-fumantes e ex-fumantes. Em que os autores se basearam para considerar como ex-fumante o sujeito que tivesse fumado até um ano antes?
- O critério de exclusão de ingestão de ácido fólico e vitamina B12 até três meses antes do estudo não tem uma referência em que os autores se fundamentaram;
- A seleção dos controles deveria ter sido feita na mesma comunidade, pessoas com as mesmas características do grupo paciente; no entanto, o autor mostrou que as características das variáveis avaliadas eram semelhantes entre o grupo controle e o grupo paciente no ínicio da seção de resultados, indicando que a amostra era homogênea no que concerne às características consideradas relevantes para a pesquisa;
- Mencionam-se "grupos independentes e não pareados", que são sinônimos em estatística;
- O grupo controle foi composto por doadores de sangue, portanto, este é um grupo muito selecionado (viés de seleção).
Resultados
- Não foi feita a descrição da procedência da amostra: De onde eram os casos? E os controles? Pacientes atendidos no serviço referido no trabalho podem ser procedentes de diversos estados do país;
- As tabelas não estão auto-explicativas e têm títulos incompletos;
- As tabelas 2 e 5 têm dados confusos;
- As porcentagens referentes à hipertensão estão incorretas.
Discussão
- “Nos últimos anos (...)”, expreessão do início da discussão, está mal colocada, uma vez que na revisão feita na introdução há referências dos anos 60;
- Os idosos foram um subrupo pequeno, resultando, provavelmente, na falta de poder estatístico para análise; talvez o tamanho do grupo de idosos tenha sido pequeno levando ao resultado indeterminado quanto a uma relação dos níveis de homocisteína e AVCI;
- A afirmação “Isto pode ter ocorrido devido ao formato de estudo de prevalência, que não é o mais indicado para avaliar relação temporal (...).”: Não se trata de um estudo de prevalência.
- "O estudo entre homocisteína e tempo decorrido...": a palavra estudo deveria ser substituída por análise de correlação;
- Frase falaciosa: "...reforçam a teoria de que a homocisteína é aterogênica": teoria não, hipótese.
Conclusão- Não foi comentada a baixa validade externa do estudo como limitação metodológica.
Aspectos gerais
- Foram identificados vários erros de concordância verbal: "Ao se analisar os resultados..."; "Ao se comparar as médias..."; uso do verbo no presente na discussão nas referências a outros estudos;
- No texto usam-se as formas impessoais juntamente com a terceira pessoa do plural (nós), quando ceveria ter sido usada apenas uma forma, a impessoal ou a terceira pessoa, não as duas.
Conceitos não conhecidos existentes no texto
- Definição de variável dummy. A moderadora também não identificou este conceito. O termo foi buscado para esclarecimento do seu uso em bioestatística. As variáveis dummy são usadas na análise de regressão múltipla para examinar se classes de observações se relacionam diferentemente às variáveis independentes.
Aspectos a discutir
- O número de casos (grupo pacientes) e o número de controles deveria ser de 2 controles para um caso. O estudo caso-controle permite estimar o risco pelo cálculo da odds ratio. Para cada odds ratio varia o comportamento do poder do teste, variando a proporção de expostos no grupo controle e o número de controle por caso. O poder estatístico maior ou igual a 80% só é observado a partir do valor de odds ratio igual a 3 e proporção de expostos no grupo controle igual a 30%.