Estudante de Graduação em Medicina da UFPB, Monitor do Módulo de Semiologia Médica
O envelhecimento populacional é, hoje, motivo de preocupação em todo mundo. A previdência social e os gastos com saúde do idoso são temas capitais para qualquer estado democrático e economicamente estável. A tendência da baixa taxa de natalidade mundial implica em mudanças inevitáveis nas mais diversas áreas do comportamento humano, assim como em cultura, saúde e economia. A Medicina é uma área importante neste processo de mudança e os profissionais de saúde devem estar preparados para lidar com essa crescente população de idosos, os quais apresentam modificações anatômicas e funcionais que devem ser consideradas em qualquer abordagem propedêutica.
Uma das principais preocupações que devemos ter no exame clínico do paciente idoso são as modificações estruturais e funcionais produzidas exclusivamente pelo processo do envelhecimento (o que chamamos de senescência) daquelas causadas pelas doenças que podem acometer o idoso (definidas como senilidade). Essa tarefa, na maioria das vezes, é quase impossível, pois esses dois fenômenos relacionam-se, o fisiológico e o patológico, de modo que o processo de envelhecer modifica e é modificado pelas doenças.
Distinguir entre senescência e senelidade não é muito clara, logo distribuímos os idosos entre dois lados do envelhecimento: o bem sucedido, quando predominam as modificações provocadas pelo envelhecimento fisiológico ou natural, e o mal sucedido, no qual predominam as alterações provocadas pelas doenças. No meio desses dois extremos estaria a maioria dos idosos, em que as doenças interagem com as perdas funcionais, o que se convencionou chamar de envelhecimento usual.
Envelhecimento é definido como a perda progressiva da capacidade de manter a homeostase em condições de sobrecarga funcional (PORTO, 2005). Este processo é comum aos seres de reprodução sexuada, podendo ser representado simbolicamente como o castigo pelo prazer do ato sexual e do potencial de variação genotípica dos indivíduos de uma mesma espécie.
Todas as funções orgânicas diminuem depois de finalizado o desenvolvimento. Porém essa perda funcional dificilmente será a causa de insuficiência absoluta de um órgão ou sistema, mesmo que esse indivíduo seja extremamente idoso. As exceções à regra são o timo e os ovários, que se tornam insuficiente precocemente, depois de completado o período de maturação e reprodução.
Lembramos que o envelhecimento é um processo gradual e heterogêneo. As modificações decorridas deste processo guardam pouca relação com a idade cronológica e variam de órgão para órgão e de indivíduo para indivíduo. Elas se iniciam a partir dos 30 anos, evoluem com o tempo, porém são quase imperceptíveis ao longo dos anos até se tornarem bem evidentes em idades mais avançadas.
Referências
CARVALHO, F.E.T; PAPALÉO, N.M. Geriatria: Fundamentos, Clínica e Terapêutica. Editora Atheneu, São Paulo, 1994.
BERQUÓ, E. Algumas Considerações Demográficas Sobre o Envelhecimento da População no Brasil. Anais do I Seminário Internacional de Envelhecimento Populacional: Uma Agenda para o Final do Século. MPAS/SAS, Brasília, 1996, p. 16-34.
PORTO, C.C. Semiologia Médica. Editora Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2005.
Crédito da imagem: A foto desta postagem foi retirada da seguinte página-web: http://www.jhsph.edu/bin/v/b/26old_man.jpg