Por Rodolfo Augusto Bacelar de Athayde
Estudante de Medicina da UFPB (sétimo período)
No trato com idiomas, podem-se encontrar termos considerados sinônimos, mas que, na verdade, têm diferentes significados. Um simples equívoco pode mudar o sentido da mensagem e, com isso, invalidar, total ou parcialmente, a idéia que se apresenta em determinada afirmação. Isso ocorre também na linguagem médica.
Aliados a este fato, a necessidade de uma “unidade universal” na "globalização" do conhecimento científico, fazem com que o acadêmico precise conhecer nuances semânticas. A língua inglesa, principal idioma do meio científico, apresenta um exemplo dessa questão, quando se vai traduzir para o português. Por exemplo, quando se fala em doença, usa-se o termo Disease ou Illness em Inglês?
Disease e Illness são considerados sinônimos, assim como Sickness, Syndrome e Infirmity. Mas ainda assim, estes termos apresentam sutilezas semânticas no contexto clínico. Disease é a presença de um processo fisiopatológico definido, que pode afetar o organismo ou qualquer sistema, com um rol de sinais ou sintomas, tendo suas etiologia, patogenia e prognóstico conhecidos ou não. Illness é a percepção subjetiva do paciente diante de um processo patológico definido, ou seja, a sensação de estar doente.
Logo, podemos dizer que Illness é a dimensão subjetiva do processo de adoecer, enquanto Disease é o temro usado para denominar a definição médica, científica, da enfermidade. Segundo Jennings (1986), há uma distinção entre os dois termos: “One patient can be seriously diseased without being ill, as with silent hypertension and one can be seriously ill without being diseased as with severe depression".
Pode-se, então, fazer a seguinte analogia: “Um paciente pode estar severamente diseased (doente) sem estar ill (se sentir doente), como na hipertensão arterial silenciosa, e outro pode estar severamente ill (se sentindo doente) sem a disease (doença), como na depressão grave”.
O termo “doença” (illness), utilizado para o paciente, denota o que este sente quando procura auxílio médico. Trata-se de uma interpretação subjetiva dele e de todos os que o cercam, incluindo a importância atribuída ao agravo, bem como suas conseqüências. A pessoa entra no consultório com uma doença (illness) e sái com uma enfermidade (disease) (HELMAN, 1994).
Portanto, médicos e pacientes vêem os problemas de saúde de maneiras diferentes. Suas perspectivas estão baseadas em premissas diferentes.
Referências
JENNINGS,D: The confusion between disease and illness in clinical medicine. CMAJ. 135 (8): 865–870, 1986.
EMSON, H. E. Health, disease and illness: matters for definition. Canadian Medical Association Journal. 136 (8): 811–813, 1987.
MERCK. Dorland's Medical Dictionary. Disponível em: < pg="/ppdocs/us/common/dorlands/dorland/three/000030493.htm">.
LONGMAN: Dicionário escolar para estudantes brasileiros. Inglaterra: Longman, 2004.
HELMAN, C. G. Cultura, saúde e doença. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
Crédito da imagem: A foto desta postagem foi retirada de www.chitheshaman.com/