Estudante de Graduação em Medicina da UFPB (VII período), Monitor de Semiologia Médica e Extensionista do Projeto Continuum PROBEX/UFPB (Ano II)
O método hipotético-dedutivo é uma das formas mais clássicas e importantes do método científico. Foi consagrado pela filosofia e pela ciência ocidental e fixou-se no cotidiano de muitas pessoas que se dedicam à produção do conhecimento científico.
Este método tem suas raízes no pensamento de Descartes, que buscou estabelecer um método universal com bases na razão e na matemática. Ainda é preciso destacar a figura de Karl Popper, filósofo Austríaco, no século XX, que sofreu influência do Círculo de Viena, onde esta escola buscou recuperar a discussão do que é científico a partir da linguagem da matemática, utilizando-se da linguagem cartesiana e também melhorando a doutrina positivista.
Popper definiu o método científico, em 1975, como o modo sistemático de explicar um grande número de ocorrências semelhantes. Nesse contexto, estabeleceu o método hipotético-dedutivo como um método que procura uma solução, através de tentativas (conjecturas, hipóteses, teorias) e eliminação de erros, sendo também chamado de “método de tentativas e eliminação de erros”.
De maneira simplista, o método hipotético-dedutivo aparece como uma variante intuitiva do método científico em que o cientista formula hipóteses para determinado problema e as verifica continuamente objetivando definir sua validade na explicação de tal problema.
Tal esquema é logicamente válido e tem o grande mérito de simplificar muitos aspectos do método científico. Portanto, a base da metodologia hipotético-dedutiva se assenta em reunir observações e hipóteses ou fatos e idéias.
O processo é cíclico (figura 1) e evolui por meio do aperfeiçoamento das técnicas usadas para realizar observações e do reexame das hipóteses. O aperfeiçoamento das observações pode ser conseguido com experimentos previamente planejados que utilizem os meios técnicos mais modernos e eficientes.
As hipóteses se aperfeiçoam quando se tornam mais simples, quantitativas e gerais. No entanto, é preciso deixar claro que estes aperfeiçoamentos não levam a verdade absoluta, mas a conhecimentos progressivamente melhor fundamentados das ciências factuais, mais especialmente, das ciências biológicas.
O mesmo Popper propõe três etapas para o método-hipotético dedutivo. A primeira é a criação do PROBLEMA, para qual se formula uma ou mais hipóteses a partir das teorias já existentes. A segunda é o estabelecimento da SOLUÇÃO, a partir da dedução de conseqüências na forma de proposições. Por fim, a terceira é a realização de TESTES DE FALSEAMENTO, onde se testam as proposições levantadas para solucionar o problema por meio de testes que objetivam refutar ou aceitar hipóteses.
Uma importante característica do método hipotético-dedutivo é que ele não coloca nenhum problema inicial nas hipóteses a serem testadas, encarando-as, em um primeiro momento, como igualmente testáveis e válidas. A validade e a caracterização das hipóteses dependem exclusivamente dos resultados da própria verificação, inerente à etapa três do método.
Em geral, o método hipotético-dedutivo é utilizado para melhorar ou precisar teorias prévias em função de novos conhecimentos, nas quais a complexidade do modelo não permite formulações lógicas.
Sendo assim, o método hipotético-dedutivo tem caráter predominantemente intuitivo e necessita, não só para ser rejeitado, mas também para impor a sua validade, a verificação das suas conclusões. Esse mesmo caráter intuitivo torna-o também muito dependente do pesquisador, pois a intuição e a capacidade de predição das hipóteses precisam ser suficientemente brilhantes para induzir resultados válidos.
Referências
MOLINA, M. J. T. O método científico global. 2009. Disponível em: <
http://www.molwick.com/pt/metodos-cientificos/524-metodoscientificos.html>. Acesso: 23 jul 2009.
www.fag.edu.br/estagiosadm/.../metodologiacientificaestagio MOLINA, M. J. T. O método científico global. 2009. Disponível em: <
Crédito da imagem: Figura 1 -