Por Joyce Freire Gonçalves de Melo
Estudante de Medicina da UFPB (V Período); Monitora do Módulo de Semiologia Médica
Outro ponto importante que merece ser investigado é a história familiar do paciente, devendo-se averiguar doenças de caráter hereditário ou familiar que possam desencadear tal sintoma. Ainda nesse contexto, devem ser sempre pesquisados os chamados “sinais de alerta” que apontam para uma etiologia orgânica, dentre os quais se destacam o sangramento por via retal e a ocorrência de dor abdominal ou anal relacionada à evacuação (2).
O exame físico deve ser dirigido à exclusão de doenças que possam estar relacionadas à obstipação. Deve-se analisar especialmente o abdome, períneo, reto e ânus. O abdome deve ser inspecionado, a fim de designarmos se a obstrução é total ou localizada, deve-se também pesquisar a presença de cicatrizes, visto que cirurgias prévias podem resultar num quadro obstrutivo; na ausculta, podemos sugerir se há obstrução ou íleo paralítico; à palpação, devem ser pesquisadas a presença de massas, visceromegalias e a sensibilidade dolorosa; por fim, a percussão será útil na diferenciação de uma distensão por gases de uma por líquido ascítico.
No exame do períneo, deverão ser pesquisadas lesões que sejam causa ou conseqüência da constipação. Já no exame do reto, o objetivo é pesquisar a presença de fezes e sua consistência, sendo também investigadas alterações esfincterianas. Também deve ser feito a análise da região anal a fim de identificar possíveis irregularidades (2).
Os exames complementares são utilizados também na intenção de exclusão de doença orgânica. Inicialmente, devem ser solicitados exames a fim de excluir endocrinopatias e, em áreas endêmicas, a sorologia para Chagas deve ser solicitada. É recomendado realizar uma colonoscopia ou, ao menos, uma retossigmoidoscopia, em todos os portadores de constipação crônica, a fim de afastar lesão endoluminal (2).
Fica evidente, portanto, a importância da história clínica na construção da suspeita diagnóstica de constipação funcional, uma vez que tal distúrbio constitui uma condição clínica definida por seus sintomas. Restando ao exame físico e aos exames complementares o papel de assegurar o diagnóstico, afastando, para isso, possíveis causas orgânicas.
Referências
1. AMBROGINI JÚNIOR O, MISZPUTEN SI. Constipação Intestinal Crônica. Rev Bras Med 2002; 59:133-39. Disponível em http://www.cibersaude.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=1079. Acessado em 26/08/09.
2. MAGALHÃES M. F.; LACERDA-FILHO, A. Constipação Intestinal. In: Castro LP, Coelho LGV. (Org.). Gastroenterologia. Rio de Janeiro: Medsi, 2002, v. 1, p. 159-172.
3. CUNHA, G. H. ; MORAES, M. E. ; OLIVEIRA, J. C. Condutas terapêuticas no manejo da constipação crônica. Revista eletrônica pesquisa médica (UFC. Online), v. 2, p. 11-17, 2008. Disponível em http://www.fisfar.ufc.br/pesmed/index.php/repm/article/view/212/201. Acessado em 26/08/09.
4. DANTAS R. Diarréia e constipação intestinal. Medicina, Ribeirão Preto 2004;37, 262-266. Disponível em: http://www.fmrp.usp.br/revista/2004/vol37n3e4/8diarreia_constipacao_intestinal.pdf. Acesso em 26/08/09.
5. LOPES, Adriana Cruz; VICTORIA, Carlos Roberto. Ingestão de fibra alimentar e tempo de trânsito colônico em pacientes com constipação funcional. Arq. Gastroenterol. [online]. 2008, vol.45, n.1, pp. 58-63. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0004-28032008000100011&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em 26/08/09.
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