Por Natália de Andrade Costa
Estudante de Graduação em Medicina (IX Período); Extensionista e bolsista do Projeto Continuum (PROBEX/PRAC/UFPB)
O termo diagnóstico provém do grego diagnostikós, que significa conhecimento ou determinação de uma doença pelo (s) sintoma (s). Para um médico da escola fisiológica e anatômica, a enfermidade orgânica seria a lesão orgânica e, portanto, o diagnóstico consiste no conhecimento dessa lesão.
Para Samuel Hahnemann, criador da Homeopatia, o diagnóstico da verdadeira essência da enfermidade é fundamental; segundo o mesmo, “não existem enfermidades, mas enfermos”. Essa escola acredita que a doença resulta do princípio vital (força dinâmica que dá a vida) perturbado, tanto nos transtornos funcionais quanto estruturais. O único dever do médico seria curar o enfermo e, quando a saúde fosse restabelecida, a harmonia se instalaria em seus órgãos e funções.
A alopatia baseava-se na crença de que a indução de uma nova doença expulsaria a enfermidade existente, assim as doenças eram tratadas com a produção de uma condição divergente do estado patológico a ser solucionado. Era praticada sob a forma de purgativos, sangria , sudorese e vômitos. Não é correto usar o termo alopatiapara indicar a medicina ortodoxa científica (SILVA, 2006).
A farmacologia surgiu da necessidade de melhorar os resultados das intervenções terapêuticas pelos médicos, tendo caráter científico, objetivo e experimental. Nesse “modelo biomédico”, acredita-se que a doença é decorrente de um desequilíbrio das funções estruturais e bioquímicas detectado por meios objetivos e influenciado beneficamente por intervenções físicas ou químicas apropriadas.
Samuel Hahnemann não excluiu as lesões orgânicas no seu diagnóstico nem as considerou inúteis. A diferença entre a medicina científica e a homeopatia é que a primeira considera o diagnóstico descoberto quando distingue a lesão ou doença específica. Na segunda, ao se reconhecer essa lesão orgânica não se estabelece o diagnóstico da enfermidade, sendo necessário agregar os sintomas que mostram o caráter peculiar da natureza da enfermidade.
Profissionais homeopáticos e usuários da terapia homeopática relatam benefícios e obtenção de cura em algumas situações, principalmente em processos alérgicos.
Apesar da ausência de explicações científicas referentes ao mecanismo de ação dos remédios homeopáticos, esse tipo de medicina alternativa vem conquistando espaço na população. Profissionais da medicina científica (“alopatia”) questionam se os remédios homeopáticos não exerceriam uma espécie de efeito placebo nos pacientes. A medicina científica trabalha com dados experimentais que comprovam a eficácia e os possíveis efeitos colaterais e adversos, fornecendo maior segurança no seu uso.
É inquestionável a importância do estado emocional na integralidade da saúde de uma pessoa, assim como a sua influência no restabelecimento e manutenção do seu bem-estar. Diante de um quadro patológico é válido buscar formas alternativas que restabeleçam a saúde do paciente caso formas convencionais não sejam eficazes.
É válido conhecer e explorar outras alternativas diagnósticas e terapêuticas, reconhecendo o valor e eficácia de cada uma delas e então avaliar e seguir a melhor conduta para o paciente, não deixando que preconceitos influenciem na descoberta de novas formas de tratar.
A complexidade da relação entre saúde/doença enseja, muitas vezes, extrapolar os limites de uma determinada abordagem. Parece que é preciso admitir que podem existir vários modos de olhar o paciente e seu sofrimento. “Um sintoma pode ter muitos níveis de significados. Ao se adentrar nas profundezas do sintoma e seguir sua natureza simbólica, o indivíduo é guiado para a camada arquetípica da psique, onde transformação e renovação são possíveis” (ROTHENBERG, 2004, p. 20).
É o que muitas vezes se pode ver no caleidoscópio semiótico do diagnóstico de um paciente.
Referências
NASSY, MARIA REGINA. Compêndio de Homeopatia. 2. ed. São Paulo: Robe Editorial, 1997.
RANG E DALE. Farmacologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007, 3-5p.
ROTHENBERG, R-E. A jóia na ferida: o corpo expressa as necessidades da psique e
oferece um caminho para a transformação. São Paulo: Paulus, 2004. 237p.
SILVA, PENILDON. Farmacologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006, 8.p.
Crédito da imagem: educadormatematico.wordpress.com/2009/04/29/172/