Por Antônio Edilton Rolim Filho
Estudante de Graduação em Medicina da UFPB; Extensionista do Projeto Continuum (PROBEX/PRAC/UFPB)
A síndrome de Meigs é uma síndrome rara, descrita pela primeira vez em 1866 por Spiegelberg (1). Mas foram Demons em 1903 e Meigs em 1937 que a descreveram de forma mais completa e despertaram a comunidade científica para a importância desta entidade clínica. Os referidos autores afirmaram a benignidade do quadro e o diagnóstico diferencial com os tumores malignos do ovário cujo quadro clínico pode ser muito parecido com o da síndrome de Meigs, porém o tratamento e o prognóstico são muito diferentes (Op. Cit).
A síndrome de Meigs é definida como a presença de derrame pleural e/ou ascite associado a um tumor benigno do ovário. O fibroma e o tecoma os tipos histológicos mais frequentes, com resolução espontânea do quadro clínico logo após remoção do tumor (1, 3). Outros tumores do ovário foram associados à síndrome de Meigs: cistadenoma mucinoso, adenofibroma, síndrome de Brenner e cistos dermóides.
Em relação à patogênese dessa síndrome, existem várias teorias. Na teoria secretória afirma-se que a existência de um epitélio secretório que reveste o tumor teria a capacidade de secretar fatores vasoativos, como o fator do endotélio vascular, o fator de crescimento dos fibroblastos, e a interleucina 6. Estes fatores estariam associados à formação de ascite e derrame pleural também em outras entidades patológicas como na síndrome da hiperestimulação ovárica e no carcinoma de ovário. Já na teoria endócrina, avanta-se que o hiperestrogenismo estimularia a hipófise anterior por via nervosa e/ou hormonal (1).
Para o diagnóstico das pacientes com suspeita da síndrome de Meigs, ao exame ginecológico, pode-se observar na região anexial uma volumosa formação dura, pouco móvel, melhor definida por uma ecografia transvaginal. Também é necessária a dosagem sérica pré-operatória do marcador tumoral CA-125 que, na maioria das vezes, encontra-se aumentado. Esta elevação parece estar relacionada com a quantidade de líquido ascítico e não com o tamanho do tumor, sofrendo normalização após ressecção do tumor (1, 2).
Quanto ao tratamento desta síndrome, a paciente deve ser submetida a uma anexectomia ou por laparotomia exploradora ou por via laparoscópica, levando em seguida a peça extirpada para estudo anatomopatológico. Logo após a retirada do tumor, há regressão total do derrame pleural e da ascite, confirmando o bom prognóstico desta síndrome (1, 3).
Referências
1. CUSTÓDIO A.S. et al. Síndrome de Meigs: a propósito de um caso clínico. Revista de Ginecologia e Obstetrícia. 85: 109-114, 1999.
2. VIEIRA S.C. et AL. Síndrome de Meigs com CA 125 elevado: relato de caso. Revista Paulista de Medicina. 121 (5): 210-212, 2003.
3. SIMÕES, P.M.; OLIVEIRA, H.C.; SOUZA, J.W. Síndrome de Meigs: apresentação de caso. Jornal Brasileiro de Ginecologia. 94 (4): 211-214, 1982.
Fonte da Imagem: www.netterimages.com/image/10409.htm