Por Bruno Melo Fernandes
Estudante de Graduação em Medicina (VIII Período), Monitor de Semiologia Médica e Extensionista do Projeto Continuum (PROBEX/UFPB)
As alterações de fluxo sanguíneo são determinantes na gênese de numerosas condições de significativa morbimortalidade, estando comumente envolvidas na explicação de sinais e sintomas característicos de determinadas doenças, assim como de suas complicações.
É nesse rol de eventos clínicos que se enquadra a síncope: a perda súbita e transitória da consciência e do tônus muscular postural. Popularmente conhecida como desmaio, a síncope em geral é causada por uma redução aguda, mas efêmera, do fluxo sanguíneo cerebral, podendo ter ainda uma causa neurogênica (impactos emocionais, medo intenso) que determine alterações na perfusão encefálica. A maior parte dos episódios de desmaio ocorre quando o indivíduo está de pé e são acompanhadas de queda da pressão arterial.
A síncope pode ocorrer por alterações quantitativas da circulação cerebral, como consequência, por exemplo, de arritmias cardíacas, déficit sistólico grave, queda do retorno venoso e hipovolemia. Em outros casos é causada por desordens metabólicas, como a hipoglicemia, ou refletem uma disfunção cerebral, como na síndrome do seio carotídeo.
A síncope pode ou não ser precedida de pródromos (fraqueza, tontura, palidez, sudorese) e, geralmente, tem um caráter benigno, evoluindo rapidamente para a recuperação da consciência e da perfusão cerebral adequada. A não melhora dessa perfusão acarretaria a morte do indivíduo em pouco tempo.
O diagnóstico de síncope é iminentemente clínico, e sua propedêutica básica deve ser do conhecimento de todo médico. A investigação diagnóstica realizada em um paciente que teve um episódio de síncope compreende a análise do episódio em si, assim como de eventuais sintomas precedentes e manifestações surgidas após a recuperação da consciência. É preciso registrar o tempo de duração do desmaio, a presença de incontinência fecal ou urinária, a ocorrência de mordedura da língua, e a presença de sudorese e palidez.
Também é imperativo pesquisar as condições gerais do paciente e os possíveis fatores causais para o desmaio, devendo-se perguntar sobre o tempo desde a última alimentação, a execução de esforço físico prévio, mudanças de temperatura do corpo, a atitude do indivíduo no momento da síncope e o grau de tensão emocional do paciente.
Sendo assim, a anamnese é pedra fundamental no diagnóstico da síncope (MANO, 2004). O interrogatório deve incluir as circunstâncias que precipitaram o episódio sincopal, sendo fundamental o relato de testemunhas do evento. Sintomas como palpitações, náuseas, delírios diaforese e visão turva devem sempre ser pesquisados. A história do uso de drogas deve ser correlacionado quanto a possíveis efeitos iatrogênicos.
O médico, e o estudante de Medicina, devem, ao abordar um paciente vítima de síncope, enquadrar esse evento como de causa cardíaca ou extra-cardíaca, o que pode ser feito a partir de uma acurada anamnese. Depois, saber de possíveis desordens metabólicas, neurológicas ou cardiovasculares que possam ter acometido o paciente. A junção dessas características com a análise do episódio em si será suficiente para o direcionamento na conduta com este paciente.
Referências
PORTO, C. C. Semiologia Médica. 5a. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
MANO, R. Manuais de Cardiologia. 2004. Disponível em: http://www.manuaisdecardiologia.med.br/Semiologia/Anamnese/anamnese_Page476.htm. Acesso em: 25 out 2009.
Fonte da Imagem: A.D.A.M. Medical Encyclopedia: http://adameducation.com/mie.aspx