23 de novembro de 2009
Imagem semiológica: Erupção bolhosa
19 de novembro de 2009
A propósito da prova de MCO2 em 16/11/09: Resolução comentada
15 de novembro de 2009
"Bufê delirante" (Bouffée Délirant)
Imagem: Foto de "The Shining" ("O Iluminado", no Brasil), filme de terror psicológico lançado em 1980 e baseado no livro homônimo de Stephen King (dirigido por Stanley Kubrick e estrelado por Jack Nicholson, que aparece na foto acima). Foto: www.web-libre.org/dossiers/delire,1559.html
Determinantes sociais da saúde: O modelo de Dahlgren e Whitehead
O conceito de determinantes sociais de saúde (DSS) refere-se aos fatores relacionados com as condições de vida e de trabalho da população que influenciam seu estado de saúde. O modelo de Dahlgren e Whitehead descreve as relações entre os fatores sociais e a saúde coletiva e individual. Este modelo organiza os DSS em diferentes camadas que se relacionam, permitindo identificar pontos de intervenção.
Palavras-chave: Doença. Saúde. Epidemiologia. Meio ambiente e saúde pública.
Os determinantes sociais de saúde (DSS) são os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população (CNDSS, 2006). Este conceito surgiu na década de 1970 com a preocupação de melhorar o sistema de saúde vigente, centrado em cuidados agudos, apesar de inúmeras evidencias consistentes já demonstrarem o enorme impacto na saúde das circunstâncias sociais e dos serviços de prevenção (WILDE, 2007).
A maior dificuldade dos estudos sobre as relações entre determinantes sociais e saúde é estabelecer uma hierarquia de determinações entre os fatores mais gerais de natureza social, econômica, política e meios pelos quais esses fatores incidem sobre a situação de saúde de grupos e pessoas, já que esta relação não se resume a um processo de causa-efeito (BUSS; PELLEGRINNI, 2007). Um dos principais modelos que procuram esquematizar a trama de relações entre os diversos fatores sociais e a saúde coletiva e individual é o modelo de Dahlgren e Whitehead. Este modelo inclui os DSS dispostos em diferentes camadas, desde uma camada mais próxima dos determinantes individuais até uma camada distal, onde se situam os macrodeterminantes (DAHLGREN; WHITEHEAD, 2007). Apesar de bastante didático, este modelo não pretende explicar com detalhes as relações e mediações entre os diversos níveis (Op. cit).
Segundo Dahlgren e Whitehead (2007), neste esquema de camadas, os indivíduos estão no centro, com suas características individuais de idade, sexo e fatores genéticos influenciando suas condições de saúde. Na primeira camada estão os fatores relacionados ao comportamento pessoal e modos de vida que podem promover ou prejudicar a saúde - por exemplo, a escolha por fumar ou não. Nesta camada, chamada de social, os indivíduos são influenciados por amizades e família, além de normas e cultura de sua comunidade, tendo seus hábitos fortemente condicionados por determinantes sociais - como informações, propaganda, pressão dos pares, possibilidades de acesso a alimentos saudáveis e espaços de lazer etc.
Desta forma, o modelo de Dahlgren e Whitehead permite identificar pontos para implementação de políticas públicas, no sentido de atenuar as desigualdades de DSS originados pela posição social dos indivíduos e grupos.
Políticas de abrangência populacional que promovam mudanças de comportamento e acesso facilitado a serviços essenciais, fortalecimento de redes de apoio e da participação de indivíduos e comunidade em ações coletivas para a melhoria de suas condições de saúde e bem-estar, além da instituição de políticas macroeconômicas visando um desenvolvimento sustentável são medidas fundamentais na abordagem dos DSS.
Referências
BARATA, R. C. B. A Historicidade do Conceito de Causa. In: Textos de Apoio: Epidemiologia I. PEC/ENSP/ABRASCO. Rio de Janeiro, 1985.
BUSS, PM; PELLEGRINI FILHO, A. A Saúde e seus Determinantes Sociais. Physis: Rev. Saúde Coletiva, 17 (1):77-93, 2007.
COMISSÃO NACIONAL SOBRE OS DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE (CNDSS). Carta aberta aos candidatos à Presidência da República, 2006. Disponível em: www.determinantes.fiocruz.br. Acesso em: 05 nov 2009.
DAHLGREN, G; WHITEHEAD, M. Policies and strategies to promote social equity in health. Arbetsrapport/Institutet för Framtidsstudier, 2007. Disponível em: http://www.framtidsstudier.se/filebank/files/20080109$110739$fil$mZ8UVQv2wQFShMRF6cuT.pdf. Acesso em: 05 nov 2009.
WILDE, J. The Social and Economic Determinants of Health For discussion at Health and Human Rights: Setting the Priorities. Institute of Public Health in Ireland, 2007. Disponível em: www.publichealth.ie. Acesso em: 05 nov 2009.
"A Dama Branca"
"representa uma era de avanços, tanto na área do conhecimento científico sobre a doença quanto na compreensão do papel do Estado na luta contra o mal, essas imagens nos mostram um momento de transição entre o mórbido sensualismo predominante no passado e a visão social da tuberculose que prevalecerá por todo o século XX. Apesar do conteúdo didático implícito no cartaz que adota a linguagem dos quadrinhos, sugerindo uma nova postura de vida orientada por formas de conduta 'saudáveis', notamos que a influência romântica na descrição da doença situa-se no centro da composição, área estratégica, onde um grupo de mulheres simboliza a luta entre o mal, indicado por corpos que despencam em torpor, e sua prevenção, outro corpo feminino em postura ascensional, portador dos emblemas do conhecimento e da ação: o fogo e a espada." (SOARES, 1994, p. 128)
13 de novembro de 2009
O Homúnculo de Penfield e a Semiologia
No homúnculo motor, a região correspondente à boca e à língua ocupava uma área muito grande do córtex motor, assim como a do polegar e dos dedos da mão (regiões de movimentos complexos e muito finos), ao passo que a região correspondente às nádegas, pernas etc., ocupavam uma área relativamente muito menor (por terem movimentos mais grosseiros). No homúnculo sensorial, os lábios e as bochechas e as pontas dos dedos eram as que apareciam com maiores áreas, uma vez que são as mais sensíveis do nosso corpo, por terem mais sensores por centímetro quadrado que qualquer outra área do corpo, e ocupando, portanto, uma área desproporcionalmente maior do córtex.E qual a importância do homúnculo de Penfield para a investigação semiológica? Ora, se há uma correspondência de regiões do córtex motor e sensitivo com áreas do corpo, fica mais fácil diagnosticar a topografia de lesões/distúrbios cerebrais a partir da anamnese e do exame físico. Assim, é necessário conhecer a disposição do homúnculo no córtex para que, diante de um exame físico alterado, possa ser feita a correlação clínico-semiológica. Na figura 1 é possível ver a disposição do homúnculo, tanto no córtex motor, quanto no sensorial.
Fig. 2. Irrigação arterial do cérebro dividida conforme o território vascularizado por cada uma das três principais artérias do cérebro (A. cerebral anterior; A. cerebral média e A. cerebral posterior). Fonte: Foto Search: www.fotosearch.com/LIF119/cbraiart/ Imagine-se o seguinte caso: uma paciente, sexo feminino, 65 anos, chega ao consultório com história de déficit motor súbito grau III em membro inferior direito há cinco dias e que o paciente percebeu quando acordou, pela manhã. Não havia, na história clínica, qualquer outro fato que pudesse explicar a sua queixa. Qual seria a principal hipótese diagnóstica? E qual seria o território vascular acometido? Déficit súbito, sem outro dado que possa explicá-lo, devemos pensar em etiologia vascular e, pela epidemiologia, em acidente vascular encefálico (AVE). Ao se olhar o homúnculo de Penfield vê-se que o membro inferior localiza-se na região sagital paramediana e que esta região faz parte do território vascular da artéria cerebral anterior. Assim, provavelmente trata-se de um AVE isquêmico que afetou a artéria cerebral anterior ou um de seus ramos do lado esquerdo, uma vez que o déficit é no membro inferior direito. Mais do que um desenho bizarro, o homúnculo desenvolvido por Penfield foi e continua a ser uma importante arma para o desenvolvimento do diagnóstico clínico em muitas enfermidades neurológicas. Em uma medicina cada vez mais baseada em exame complementares e pouco raciocínio, a exatidão do homúnculo é um dos muitos motivos que faz com que a clínica neurológica seja apaixonante. Referências GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. São Paulo: Elsevier, 2006. NITRINI, R. ; BACHESCHI, L. A. A Neurologia que todo médico deve saber. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2003. PENFIELD, W.; RASMUSSEN, T. The Cerebral Cortex of Man: A Clinical Study of Localization of Function. JAMA. 206(2): 380, 1968. PORTO, C. C. Semiologia Médica. 5a. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. SABATTINI, R.M.E. A história da estimulação elétrica cerebral. Revista Cérebro & Mente, 18, Jun/Ago, 1998.
Imagem inicial desta postagem: Wilder Penfield http://blog.m3.com/neurosurgeons/20070926/Homuncle_de_Penfield
12 de novembro de 2009
Percepção da Disparidade entre o Justo e o Legalizado
Mas... considerar apenas o que está na lei, em meio a apelos afetivos, sem avaliar igualdade de outros profissionais que poderiam também almejar ao mesmo direito - a isso se pode chamar propriamente de "justo"? A questão de potência na decisão do justo e o legalizado remete à obra de Jacques Derrida, "Força de Lei", em que ele afirma que para ser justa, uma decisão deve não apenas seguir uma regra de direito ou uma lei geral, mas deve confirmar seu valor. Algo pode ser provavelmente legalizado, conforme ao direito, “mas não poderemos dizer que é uma decisão justa". Não cabe falar da justiça nesse caso embora possa ser algo legal, previsto na lei (VIANNA, 2007).
É por meio dos comportamentos e práticas determinados pelos códigos legais, mas que não consideram o modo como se deve definir o justo e o injusto, que podemos deixar de considerar os direitos de todos.
Referências
11 de novembro de 2009
Contratura de Dupuytren
Fonte da figura de abertura desta postagem: http://drevancollins.com/blog/?tag=carpal-tunnel-syndrome
9 de novembro de 2009
Significância estatística versus poder estatístico
7 de novembro de 2009
Ainda repercutindo a Semana C & T 2009
Apresentação do simulador emborrachado de parto pélvico para os alunos das escolas de nível médio de João Pessoa. Mara demonstra a ocorrência do período expulsivo do parto. O modelo pélvico anatômico é representado no simulador clássico para demostração do parto normal.
6 de novembro de 2009
Imagem semiológica: Lesões necróticas de pele
11/11/09: Diagnóstico - Vasculite (crioglobulinemia)
5 de novembro de 2009
Uma Breve Semiologia da Mentira
“No homem, a arte do disfarce chega a seu ápice; aqui o engano, o lisonjear, mentir e ludibriar, o falar por trás das costas, o representar, o viver em glória de empréstimo, o mascarar-se, a convenção dissimulante, o jogo teatral diante de outros e diante de si mesmo, em suma, o constante bater as asas em torno dessa única chama que é a vaidade, é a tal ponto a regra e a lei que quase nada é mais inconcebível do que como pôde aparecer entre os homens um honesto e puro impulso à verdade” (NIETZSCHE, 1987, p. 54).
A mentira como evento do desenvolvimento humano foi estudada por Jean Piaget. Ele mostrou que a compreensão das regras necessárias ao convívio em sociedade consolida-se na mente infantil por volta dos sete anos (RIBAS JÚNIOR, 1993). A mentira funcionaria como uma brincadeira até essa fase desenvolvimental, como um teste da relação da criança com o universo que a cerca. É só a partir dos sete anos, portanto, que as mentiras infantis devem ser objeto da atenção de pais e professores.
A mitomania é uma condição extrema na qual a pessoa vive frequentemente envolvida na mentira. O Dicionário de Psicanálise estabelece a seguinte definição de mitomania: "tendência, mais acentuada nos estados psicopatológicos, para criar e relatar extraordinários eventos imaginados como acontecimentos reais da vida consciente" (CABRAL, 1971).
Referências