Figura 2: Xantomas
Figura 3- Xantomas e xantelasmas
Figura 4- Xantomas tuberosos
Por Raissa Dantas de Sá
Estudante de Graduação em Medicina da UFPB; Extensionista do Projeto de Extensão Continuum / PROBEX /UFPB
Os xantomas e xantelasmas são depósitos de colesterol (principalmente na forma esterificada) ou triglicérides na pele.
Os xantomas, em geral, estão associados a um espectro variado de condições, sendo as mais importantes aquelas decorrentes de defeitos específicos do metabolismo lipoprotéico. Portanto, os xantomas cutâneos não são patognomônicos de dislipidemias, além de ocorrerem sem que haja nenhuma enfermidade subjacente identificável (FALUDI et al., 2000)
Contudo, do ponto de vista semiológico, a observação de xantomas ou xantelasmas pode servir de alerta para doenças ocultas como hiperlipidemia e dislipoproteinemia familiar. Essa correlação etiológica ainda é um pouco controversa. Alguns autores referem não haver relação com hipercolesterolemia e se tratar de uma manifestação idiopática, enquanto outros recomendam solicitar o perfil lipídico do paciente em virtude do diagnóstico de hiperlipidemia acometer cerca de metade dos pacientes com essas manifestações dermatológicas (PEREIRA et al., 2008; BERGMAN, 1994).
Xantomas
São protuberâncias gordurosas localizadas sob a superfície cutânea, caracterizadas por infiltração e acúmulo de lipídeos na derme e nos tendões. Essas protuberâncias (nódulos) são planos, macios ao toque, de cor amarela e com bordas bem definidas.
São mais comuns em adultos mais idosos e muitas vezes há coexistência de um processo de aterosclerose da íntima vascular. Constituem lesões indolores e benignos mas, como indicado acima, podem indicar a existência de distúrbios subjacentes, como dislipidemia familiar ou enfermidades associadas a hiperlipidemia secundária (por exemplo, diabetes mellitus, cirrose biliar primária).
O diagnóstico é feito principalmente com base na aparência dos nódulos cutâneos, em especial se houver história de algum distúrbio subjacente. Uma biópsia da lesão pode revelar um depósito de gordura.
Os xantomas podem ser classificados em eruptivos, tuberosos e tendinosos (LOPES, 2006). Os xantomas eruptivos têm formato de pequenos nódulos subcutâneos de cerca de 1 a 4 mm de diâmetro,coloração amarelada e predominam nas coxas, nádegas e face interna dos braços. Os nódulos dos xantomas eruptivos são constituídos principalmente por triglicerídeos. Os xantomas tuberosos são nódulos amarelados de desenvolvimento lento com localização preferencial nos cotovelos e calcanhar de pacientes portadores de hipercolesterolemia e disbetalipoproteinemia familiares. Os xantomas tendinosos são nódulos firmes de vários tamanhos que se acumulam sob a pele que recobre os tendões extensores das mãos, cotovelos e tendão de Aquiles. São comuns em portadores de hipercolesterolemia familiar com história de tendinites repetidas.
Outro aspecto a destacar é que essas lesões podem provocar alterações indesejáveis de ordem estética e sua principal complicação é o desgaste psicológico.
Xantelasmas
A palavra xantelasma origina-se do grego e significa "lâmina amarelada". Caracteriza-se por acúmulos focais na derme de tecido conectivo fibroproliferativo associado a histiócitos repletos de lipídios. A lesão tipicamente se apresenta como placas amareladas e amolecidas na porção medial das pálpebras, com o diagnóstico estabelecido através do exame clínico isoladamente (PEREIRA et al., 2008).
O xantoma palpebral, ou simplesmente xantelasma, é o tipo mais comum de xantoma cutâneo que ocorre nas pálpebras. São lesões em placas amareladas, mais comumente localizadas nas pálpebras superiores e próximo ao canto interno dos olhos, frequentemente simétricas, permanentes, progressivas, múltiplas e com tendência a coalescer. São mais comuns em mulheres e a prevalência aumenta com a idade (BAGATIN et al., 2000).
As lesões xantomatosas localizadas que envolvem as pálpebras incluem o xantelasma e o histiocitoma fibroso. Histologicamente, o xantelasma constitui lesão reacional localizada composta de histiócitos espumosos ou “foam histiocytes” (MIRANDA et al., 2001).
O xantelasma ou xantoma plano é um tumor benigno, de origem conjuntival, indolor, de evolução muito lenta, resultante da infiltração na derme e no corpo papilar de células xantomatomatosas (MIRANDA et al., 2001). O significado clínico e a patogênese do xantelasma têm sido discutidos na literatura. Sabe-se que de 25% a 70% (média 50%) dos pacientes são normolipêmicos (com níveis séricos normais de colesterol e triglicérides) e que neles não se encontra nenhuma causa sistêmica associada, representando fenômeno cutâneo localizado (BAGATIN et al., 2000).
Referências
BAGATIN, E. et al. Xantelasma: Relato de um caso. An bras Dermatol, Rio de Janeiro, 75 (6): 705-713, 2000.
BERGMAN, R. The pathogenesis and clinical significance of xanthelasma palpebrarum. J Am Acad Dermatol. 30 (2 Pt 1): 236-42, 1994.
LOPES, A.C. Tratado de Clínica Médica, vol 1, Rio de Janeiro: Ed ROCA, 2006, p. 396.
MIRANDA, A.; YAMASHITA, L.; MANTOANELLI, L. Xantelasma: relato de um caso. Radiol Bras 34(2):117-118, 2001.
FALUDI, A.; BERTOLAMI, M. C.; ALDRIGHI, J. M. Diagnóstico das dislipidemias na mulher. Revista Brasileira de Cardiologia 2 (4), 2000.
PEREIRA, F. J. et al. Blefaroplastia associada a enxertia de pele autóloga para xantelasmas extensos: relato de caso. Arq. Bras. Oftalmol. 71 (4): 592-594, 2008.
Fonte das imagens:
Figura 1: www.uvbr/es/derma;
Figura 2: www.amtpharma.com;
Figura 3: dermatology.cdlib.org;
Figura 4: w.uv.es/derma/CLindex/CLtumb/CLtumbe23.html;
Figura 5: PEREIRA, F. J. et al. Blefaroplastia associada a enxertia de pele autóloga para xantelasmas extensos: relato de caso. Arq. Bras. Oftalmol. 71 (4): 592-594, 2008.