Estudante de Graduação em Medicina da UFPB
Resumo Avaliação Geriátrica Ampla (AGA) consiste em um método diagnóstico multidimensional, cujo objetivo é determinar as fragilidades do idoso, verificando-se sua capacidade funcional e objetivando ao planejamento do cuidado clínico em longo prazo. É realizada adicionando-se, ao exame clínico, parâmetros e escalas para detecção de deficiências, incapacidades ou desvantagens do paciente idoso.
Palavras-Chave: Idoso, Geriatria, Avaliação
Desenvolvida e difundida pela médica britânica Marjory Warren, a partir da década de 1930, a avaliação geriátrica ampla (AGA) tem sido definida como um método de diagnóstico multidimensional, geralmente, interdisciplinar, destinado a quantificar as capacidades e os problemas médicos, psicossociais e funcionais do indivíduo idoso, com a intenção de chegar a um planejamento terapêutico e acompanhamento adequados em longo prazo (RUBESTEIN; RUBESTEIN, 1998).
A AGA difere do exame clínico padrão por enfatizar a avaliação da capacidade funcional e da qualidade de vida e por basear-se em escalas e testes quantitativos.
Trata-se, na verdade, de uma busca ativa de problemas que podem gerar situações complexas, sobretudo em idosos frágeis, através de uma análise única e compacta, dada pela reunião de diferentes métodos oriundo de diversas especialidades (SANCHEZ, 2009).
As avaliações de pessoas idades apresentam diversas finalidades. A nível individual, presta-se a testar precocemente deficiências potenciais; elaborar diagnóstico amplo, incluindo desordens crônicas; monitorar o progresso; determinar o nível ou ambiente para tratamento a longo prazo exigido pelo paciente; e verificar a adequação da utilização dos serviços e locais na condução do idoso (CALKINS, 1997).
A AGA apresenta ainda repercussões epidemiológicas, dado que, como medida em estudos clínicos em que se avalia a capacidade funcional e a qualidade de vida, permite a identificação da população de risco, com conseqüente planejamento de ações e políticas de saúde (COSTA, 2005).
Em uma avaliação geriátrica ampla, devem ser investigados danos à funcionalidade global do indivíduo, objetivando-se a elaboração do plano terapêutico eficaz. Há três diferentes domínios em que um determinado dano ou lesão pode causar disfunção para o paciente: deficiência é a anomalia ou perda da estrutura corporal, aparência ou função de um órgão ou sistema; incapacidade é definida como a restrição ou perda de habilidades; enfim, "desvantagem" é dada como restrições ou perdas sociais e/ou ocupacionais experimentadas pelo indivíduo (BRASIL, 1995 apud COSTA, 2005).
A AGA, portanto, presta-se a estabelecer deficiências e incapacidades do geronte, ordenando de acordo com o grau de debilidade, a fim de propor medidas de reabilitação, quer seja pelo aconselhamento familiar, prioritariamente, ou pela indicação de internação hospitalar ou em serviços especializados.
A AGA é obtida com a avaliação de diversos parâmetros, que limitam a funcionalidade do idoso. São avaliados o equilíbrio e a motilidade, a função cognitiva pelo Mini Exame do Estado Mental, deficiências sensoriais (em especial, auditiva) e condições emocionais.
Fundamental, na AGA é a pesquisa da capacidade funcional do indivíduo, por intermédio de instrumentos que quantificam a capacidade do idoso para executar atividades que lhe permitem cuidar de si próprio e viver independentemente em seu meio. Para isso, usam-se as escalas de Atividades da Vida Diária (AVD) e Atividades Instrumentais da vida Diária (AIVD). Além disso, a atenção deve ser ampliada para o ambiente em que está o idoso inserido, através da pesquisa da disponibilidade e adequação de suporte familiar e social, assim como das suas condições ambientais (COSTA, 2005).
Portanto, é importante destacar que a AGA não é uma avaliação clínica isolada: é uma proposta de intervenção ativa co vistas à reabilitação funcional do idoso. A atenção ao idoso deve ser multidimensional e multidisciplinar, com a necessidade de considerar a família como elemento indissociável da terapêutica em longo prazo.
Referências
1. RUBESTEIN, L. Z; RUBESTEIN, L. V. Multidimensional Geriatric Assessment in Tallis, R C; Fillit, HM; Brocklehurst, JC (ed). Brocklehurst´s Textbook of Geriatric Medicine and Gerontology. 5a ed. Estados Unidos da América: Churchill Livingstone, 1998. p. 207-216.
2. SANCHEZ, M. A. S.; MOTA, G. M. S. A entrevista social no processo de avaliação geriátrica ampla. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. 1: 25-33, 2009.
3. CALKINS, E.; FORD, A.; KATZ, P. Geriatria Prática. 2ª edição. Rio de Janeiro: Revinter, 1997. p. 117-126.
4. COSTA, E. F. A. Avaliação Geriátrica Ampla (AGA). In: LIBERMANN, Alberto et al. Diagnóstico e tratamento em cardiologia geriátrica: Avaliação Geriátrica Ampla (AGA). 1ª Edição. Barueri: Editora Manole, 2005.
5. BRASIL, Ministério da Saúde. Programa de Atenção à Pessoa Portadora de Deficiência - Coordenação de Atenção a Grupos Especiais: Atenção à Pessoa Portadora de Deficiência no Sistema Único de Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Brasília: Ministério da Saúde do Brasil, 1995. p. 11-12.