"É um processo de compromisso e de vida com uma profissão que enobrece, dignifica e torna o ser humano, de tão íntimo com os mistérios da vida e da morte, quase um deus. Mas um deus humilde, ciente de que a vida e a morte ultrapassam suas técnicas. Portanto, é um deus com pés de barro". (MINAYO, 1993, p. 44)
31 de julho de 2010
Do Médico e da Medicina: Um deus com pés de barro
30 de julho de 2010
Trabalhos do GESME são premiados no ECEM
Foram apresentados 186 trabalhos nos sete dias de realização do encontro, entre pesquisas e relatos de experiência, 24 como apresentação oral e 162 em pôster.
Uma comissão formada por professores e membros da organização do 40º Encontro Científico dos Estudantes de Medicina julgou os trabalhos apresentados por alunos durante o ECEM. Oito títulos receberam menção honrosa.
http://www.ccm.ufpb.br/index.php/component/content/article/231-trabalhos-do-ecem-recebem-mencao-honrosa
Lista dos oito trabalhos premiados no ECEM- Rodolfo Augusto Bacelar de Athayde
"Experiências Subjetivas do Adoecer em Pacientes com Tuberculose: Um Estudo Qualitativo de Anamneses"- Luana Araújo de Oliveira
"Análise de adesão à lavagem das mãos em uma unidade de terapia intensiva"- Joyce Freire Gonçalves de Melo"Sintomatologia respiratória de pacientes hospitalizados no serviço de clínica médica do HULW/UFPB"- Max Wellington Sátiro Justino"Análise em situação de saúde: prática de atividade fisíca e obesidade na comunidade do Dendê"- Mirna Cavalcante Gurjão
"DSTs: Uma epidemia silenciosa"- Gabriel Braz Garcia"Acolhimento ao paciente com doença crônica atendido no Projeto Continuum de extensão: relato de experiência"- Suellem Souza Barbosa
"Perfil socio-ocupacional e de conhecimento sobre risco ocupacional em higienizadores de reservatório de água no Pará"- Guilherme Augusto Teodoro Athayde
"Rastreio de Depressão em Mulheres no Climatério através da Escala do Center of Epidemiologic Studies of Depression"
29 de julho de 2010
Semio-Quiz: Equimose periumbilical
27 de julho de 2010
Somatização
Há duas concepções de doença, a experiência subjetiva do paciente de que está doente e a enfermidade orgânica. O paciente com somatização é acometido de uma desordem psicogênica, dita somatoforme, não demonstrada anatomicamente, porém causadora de desconforto importante. Os clínicos devem sempre excluir condições médicas não-psíquicas que possam explicar os sintomas do paciente aparentemente portador de transtorno de somatização. O modelo biomédico apresenta limitações para lidar com o diagnóstico impreciso representado pelos quadros de "somatização".
26 de julho de 2010
Semio-Vídeo: A História da Saúde no Brasil
Vídeo publicado originalmente no YouTube. Por Caroline Santos, Gabriela Mattos, Mônica Fujimoto e Verônica Albuquerque
20 de julho de 2010
A Falácia de Berkson
A Falácia de Berkson diz respeito a um erro sistemático que afeta geralmente estudos caso-controle nos quais a amostragem é feita a partir de pacientes hospitalizados. Esse tipo de erro pode levar a associação distorcida entre as variáveis. Essa distorção viabiliza uma generalização incongruente para a população geral a partir dos resultados obtidos na amostra. Foi descrita pelo estatístico J. Berkson em 1946, quando abordou as limitações de dados originados de estudo com uma população hospitalizada.
19 de julho de 2010
Transferência e contratransferência
As atitudes transferenciais, em pacientes que trazem para a relação conflitos externos, e contratransferenciais, em profissionais que apresentam movimentos afetivos em reação ao de seu paciente, podem ser positivas ou negativas para a relação médico-paciente, repercutindo sobre a terapêutica.
Palavras-chave: Relação Médico-Paciente. Transferência (Psicologia). Contratransferência (Psicologia).
12 de julho de 2010
Resolução da Prova Final de MCO2 em 2010.1
Imagem ilustrativa da postagem: Apresentação da aula 7 de MCO2 (não publicada).
10 de julho de 2010
A Importância do Estudo da História da Medicina
A História da Medicina desempenha um papel importante na educação dos médicos, embora ainda seja uma disciplina negligenciada nos currículos de graduação no Brasil. Países mais antigos, como a Inglaterra, França e Alemanha, ensinam a História da Medicina metódica e sistematicamente, como currículo e como vivência cultural e humanística (LIMA, 2003).
Por que, então, os estudantes do curso médico costuma não valorizam a disciplina de História da Medicina, cursando-a apenas por obrigatoriedade curricular? Esta atitude também reflete a visão da maioria dos médicos atuais. Estes estão orientados para valorizar o biologismo, com uma postura voltada apenas para o paradigma biomédico ainda hegemônico, isolado da contribuição marcante que as ciências humanas podem ter na sua formação (ABRIL, 2003). Por mais incoerente que pareça, não importa o que aconteceu na Medicina antes do século XX para grande parte dos médicos contemporâneos e estudantes. Na história da ciência, assim como em qualquer outra forma de expressão da inteligência humana, o passado parece ficar isolado no tempo, embora, na realidade persista inexoravelmente atuando como inspiração, estímulo e exemplo para as gerações atuais e futuras (LIMA, 2003).
Nesse sentido Pessoti (1996: 445) mostra que
para o jovem médico, o que a Filosofia ou as “ciências do homem” têm a dizer, parecerá pouco mais do que mera especulação, ou até metafísica, depois da objetividade organicista. Não é raro que ele se encontre como peixe fora d’água, ao ler algum texto de Sociologia ou de Psicologia ou de Epistemologia ou de História da Ciência. Essa estranheza tem, pelo menos, duas explicações. A primeira é óbvia: ele não foi preparado para aceitar ou entender esse tipo de textos.
É necessário lembrar, contudo, que a palavra “história” deriva do grego ιστορειν (historein), que significa "perguntar". Essa etimologia indica a natureza crítico-reflexiva da História da Medicina.
"os conhecimentos profissionais por si fazem de vós simples técnicos e funcionários de saúde. [...] é só graças à consciência histórica que amadurecem de modo a tornarem-se personagens médicas"
No início do século XX, o ensino de História da Medicina passou a ser visto cada vez mais como uma dimensão importante do desenvolvimento profissional, intelectual e humanista de estudantes de medicina.
Na década de 1990, a História da Medicina foi ensinada em uma variedade de configurações. Em algumas escolas, a história foi integrada ao ensino das humanidades médicas. Em outras, passou a ser ministrada pelos próprios professores de Medicina (LEDERER et al., 1995).
Ainda de acordo com Gusmão (2006), a História da Medicina, sendo uma disciplina histórica, usa os métodos gerais da pesquisa histórica comum a outras disciplinas históricas, mas é uma história especial, tendo também seus métodos próprios e seus problemas. É uma disciplina que estuda a saúde e a doença através dos tempos, as condições para a saúde e a doença e a história das atividades humanas que têm por objetivo promover a saúde, prevenir as doenças e curar o doente.
O conhecimento de que a Medicina e as Ciências Médicas são fundamentalmente sociais também é uma lição importante aprendida através da História. O conhecimento médico é objeto de mudança e é adquirido em contextos específicos, nos diferentes períodos históricos, e acabam por se refletir também na arte de curar. Não se pode separar o ofício de curar de suas implicações antropológicas e sociais. As próprias doutrinas médicas representam a ideologia geral de uma época, suas concepções filosóficas e religiosas, produzindo-se explicações das doenças e dos processos de cura e, consequentemente, dos métodos de tratamento (GUSMÃO, 2006).
Tanto a Medicina Hipocrática como a Filosofia Humanística de Sócrates, por se fundarem na experiência pessoal e no apego à racionalidade, esvaziavam os poderes do mito e do dogma, enfeixados pela classe sacerdotal.
Esta é uma ótima maneira de compreender a questão, pois mostra claramente que a reconstituição do passado é fundamental para a formação humanística do médico, que precisa aprender a desmistificar conceitos errôneos do passado.
Para finalizar a discussão em torno da pergunta "para que serve o estudo da História da Medicina?", recorre-se novamente a Pessoti (1996: 448), que sublinha a relevância desta disciplina na formação médica:O produto final de disciplinas como História da Medicina ou Filosofia da Ciência (...) deve ser a descoberta, pelo aluno, dos valores e sentidos que a humanidade tem atribuído ao homem, à Medicina ou ao conhecimento científico. No confronto de seus valores pessoais com esses que a História e a Filosofia apontam, certamente, o aluno-homem crescerá e o médico humanista começará a se desenvolver.
Concluindo, desafio o estudante que inicia o módulo de História da Medicina agora a sintetizar o presente texto, de forma que não pareça prolixo.
RIOS, I. C. Humanidades e medicina: razão e sensibilidade na formação médica. Ciênc. saúde coletiva. 15 (suppl.1): 1725-1732, 2010.
9 de julho de 2010
Hematúria: Aspectos Semiológicos
A hematúria, ou presença de sangue na urina, é um sinal de grande importância clínica. O diagnóstico diferencial das hematúrias pode ser extenso em alguns casos. Os sintomas associados são importantes para o diagnóstico e avaliação das possíveis causas do sangramento. Na semiologia da hematúria, há várias classificações conhecidas: total, inicial ou terminal, glomerular ou não glomerular, essencial, sintomática, isolada. Apresentam-se as principais causas de hematúria e a importância da busca etiológica.
A hematúria pode representar a única manifestação de diversas doenças do trato geniturinário, logo é um sinal clínico de grande significado (FREITAS et al., 2005). O objetivo da investigação é permitir o diagnóstico de afecções e a intervenção precoce. Aproximadamente 5 a 20% das hematúrias microscópicas e assintomáticas ocorrem em doença urológica importante, e 13% dos casos representam neoplasia.
A hematúria é definida como a presença de hemácias na urina. É controverso o número de hemácias que definem hematúria microscópica, mas geralmente a presença de três ou mais hemácias por campo de grande aumento (400 x) é considerado o ponto de corte (PATEL et al., 2008). A hematúria macroscópica é aquela identificável a olho nu.
A hematúria também é classificada em hematúria em sintomática e assintomática. Na primeira, o conjunto de sinais e sintomas que acompanha o sangramento permite, muitas vezes, estabelecer uma suposição diagnóstica da doença de base. Na hematúria assintomática, micro ou macroscópica, a inexistência de qualquer outra manifestação clínica costuma oferecer dificuldades para a identificação da condição etiológica. A hematúria inexplicável, essencial ou idiopática, é aquela em que, mesmo com investigação apropriada, não se consegue determinar seu fator etiológico, com incidência variando entre 5% e 10% de todas as hematúrias.
A chamada "falsa hematúria" consiste na coloração avermelhada da urina atribuída a pigmentos provenientes do próprio organismo (hemoglobina, mioglobina, porfirina) ou à adição de sangue na urina, após a sua emissão. Pode ser causada também por alimentos (beterraba, amora) por alguns medicamentos (rifampicina, fenotiazínicos) ou pelo sangue menstrual (ABREU et al., 2007). A hematúria isolada ocorre mediante excreção anormal de hemácias não acompanhada de proteinúria.
O aspecto da urina depende da quantidade de sangue e do pH. Basta um centímetro cúbico de sangue em 1,5 litros de urina para conferir-lhe cor avermelhada, facilmente identificável pelo paciente (CARNIELLO, 2010). Pequena quantidade de sangue confere à urina uma cor marrom escura, se o pH for ácido. Já se a urina for alcalina, a hemoglobina conserva sua cor vermelho-viva por mais tempo (PORTO, 2004). Os sintomas que acompanham a hematúria são de importância para o diagnóstico de sua causa. Hematúria acompanhada de febre, calafrios e disúria indicam infecção urinária, enquanto que a ocorrência de cólica renal sugere litíase urinária.
É importante determinar se a hematúria é total, inicial ou terminal, pois isso permite presumir o local de origem do sangramento. Para tal, lança-se mão da “prova dos três cálices” (PORTO, 2004). Para realizá-la, pede-se ao paciente para urinar, sucessivamente, em três receptáculos no decorrer de uma mesma micção. No primeiro, ao começar a urinar (jato inicial); no segundo, a quase totalidade da micção (jato médio); e no terceiro, o final da micção (jato terminal). Hematúria inicial indica origem prostática ou uretral. Isto ocorre porque o sangue acumulado na uretra é levado pelo primeiro jato.
Referências
1. ABREU, P.F. et al. Avaliação Diagnóstica de Hematúria. J Bras Nefrol. 29 (3): 158-163, 2007
2. CARNIELLO, J. V. S. Hematúria. Disponível em: http://www.sbu-sp.org.br/. Acesso em: 22 jun. 2010.
3. FREITAS, D.G. et al. Hematúria. In: Dall'Oglio, M. et al. Guia de medicina ambulatorial e hospitalar: Urologia. Barueri: Editora Manole, 2005.
4. KINCAID-SMITH, P.; FAIRLEY, K. The investigation of hematuria. Semin Nephrol. 25(3): 127-35, 2005.
5. MAZHARI, R.; KIMMEL, P.L. Hematuria: An algorithmic approach to finding the cause. Clev Clin J of Med. 69 (11): 872-874, 2002.
6. PATEL, J. V.; CHAMBERS, C.V.; GOMELLA, L. G. Hematuria: etiology and evaluation for the primary care physician. Can J Urol. 1: 54-61, 2008.
8 de julho de 2010
A emoção como fator patogênico
Estar saudável é sabidamente uma associação de bem-estar físico e emocional. O processo de adoecimento recebe influência significativa das emoções humanas, que fazem parte do processo fisiopatológico da maioria das doenças. A abordagem de um paciente deve ser holística.