A religião pode reduzir o estresse, segundo conclusões de um estudo da Universidade de Toronto, Canadá. Na pesquisa, publicada na Revista Psychological Science, investigaram-se de forma comparativa reações cerebrais de pessoas de diferentes religiões e de ateus, quando submetidos a uma série de testes (INZLICHT; TULLET, 2010).
Segundo os autores, quanto mais fé os voluntários tinham, mais tranquilos eles se mostravam diante de tarefas, mesmo quando cometiam erros.
Os pesquisadores afirmaram ainda que os participantes que obtiveram melhor resultado nos testes não eram fundamentalistas, mas acreditavam que "Deus deu sentido a suas vidas".
Comparados com os ateus, eles mostraram menos atividade no chamado córtex cingulado anterior, a área do cérebro que ajuda a modificar o comportamento ao sinalizar quando são necessários mais atenção e controle, geralmente como resultado de algum acontecimento que produz ansiedade, como cometer um erro.
Os voluntários religiosos eram cristãos, muçulmanos, hinduístas ou budistas. Grupos ateus argumentaram que o estudo não prova que Deus existe, apenas mostra que ter uma crença é benéfico.
Conforme os autores,
"O mundo é um lugar vasto e complexo que por vezes pode gerar sentimentos de insegurança e desconforto para seus habitantes. Embora a religião esteja associada com um senso de significado e ordem, não está claro se a crença religiosa pode realmente fazer as pessoas sentirem menos ansiedade."
Para testar o poder "ansiolítico" da religião, Inslicht e Tullet (2010) realizaram duas experiências enfocando a negatividade relacionados aos erros (NRE), um sinal neural que surge a partir do córtex cingulado anterior, e está associado com as respostas de defesa ao erro.
Os resultados indicaram, conforme as conclusões do estudo, que para os crentes, conscientes e inconscientes, a crença religiosa causa uma diminuição da amplitude do NRE. Em contraste, nos descrentes em relação aos conceitos religiosos, há um aumento na amplitude NRE.
Portanto, concluem que os resultados sugerem que os processos básicos neurofisiológicos recebem influência do poder da religião, que age como um "amortecedor" contra reações ansiosas auto-geradas, erros genéricos, mas isso ocorre somente em pessoas que acreditam.
Referência do artigo resumido:
INZLICHT, M.; TULLET, A. M. Reflecting on God: religious primes can reduce neurophysiological response to errors. Psychol Sci. 21 (8): 1184-90, 2010.
Imagem acima: BBC Brasil.