Por Francisco José Sousa de Ataíde
Estudante de Graduação em Medicina da UFPB
A formação dos profissionais de saúde visando sua adequação a um modelo assistencial que tem como pressupostos principais a humanização do atendimento, a integralidade do ser humano, a promoção da saúde e a necessidade da interlocução com outros saberes, inclusive o saber popular, vem sendo objeto de muitos debates e propostas.
O fato de que essas propostas de mudança estejam anunciadas nas diretrizes curriculares nacionais e nos programas assistenciais não assegura que elas ocorram, a menos que sejam debatidas e vivenciadas entre os profissionais (RIBEIRO, 2005).
O curso médico é desenvolvido em tempo integral, com enorme quantidade de conteúdos teórico-práticos e, na maior parte das escolas médicas do Brasil, com poucas disciplinas optativas e exígua disponibilidade de tempo para atividades extracurriculares.
Além disso, em regra, os conteúdos são ministrados de modo pouco integrado entre as disciplinas e com insuficiente integração também entre teoria e prática, o que tende a tornar o processo ensino-aprendizagem pouco significativo e, consequentemente, menos produtivo (FEUERWERKER, 2005).
Por isso, a procura por atividades extracurriculares é de fundamental importância para a formação médica. Através do trabalho extensionista, pude vivenciar atividades práticas que foram pouco abordadas durante o curso em atividade de extensão em ambulatório no hospital universitário (HU).
Outro ponto importante é o papel do HU com a responsabilidade social. À medida que proporciona um campo prático para o aprendizado do estudante, também exerce ações que contribuem para a melhora da qualidade de vida da sociedade. Além disso, é também um excelente campo para o desenvolvimento de pesquisas.
A participação em atividades extensionistas contribuiu diretamente para a minha formação em particular. Essa influência deu-se no sentido de almejar ser um profissional capaz de perceber e acolher o paciente em sua complexa integralidade, capaz de trabalhar, respeitosa e construtivamente, em equipe multidisciplinar, e disposto a procurar ativa e permanentemente o conhecimento.
Muitas escolas de Medicina estão transferindo parte do ensino clínico, nos primeiros anos do curso, da beira do leito para o ambulatório. A experiência como estudante de Medicina em atividades de extensão em ambulatórios proporciona vivenciar nossa futura profissão nos aspectos de promoção, prevenção, reabilitação e cura, em um espaço compatível com as atividades práticas supervisionadas.
Referências
RIBEIRO, K. S. Q. A contribuição da extensão comunitária para a formação acadêmica em fisioterapia. Fisioterapia e pesquisa; 12 (3): 22-9, 2005.
FEUERWERKER, L. Modelos tecno-assistenciais, gestão e organização do trabalho em saúde: nada é indiferente no processo de luta para a consolidação do SUS. Interface - Comunic., Saúde, Educ., 9 (18): 489-506, 2005.