Por Priscilla Duarte Ferreira
Estudante de Graduação em Medicina da UFPB
O conhecimento científico se caracteriza como uma procura das possíveis causas de um acontecimento, buscando compreender ou explicar a realidade apresentando os fatores que determinam a existência de um evento. Para obter o conhecimento científico, é necessário definir o caminho percorrido até obtê-lo, daí a importância do método de raciocínio científico usado para produzir conhecimento. Os métodos mais difundidos são o Indutivo e Dedutivo, ambos podem ir do geral para o particular ou vice-versa, em um sentido ou no inverso, e utilizam a lógica para chegar a uma conclusão.Palavras-chave: Ciência, Metodologia, Conhecimento.
A palavra Ciência vem do latim scire (saber), que significa conhecimento sistematizado. Segundo Ander-Egg (1978), "A ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma natureza."
Nos primórdios da Ciência, Galileu Galilei uniu dois campos do saber que antes pareciam irreconciliáveis: a metodologia de trabalho dos técnicos-artesãos (a experimentação) ao raciocínio lógico e abstrato, próprio da filosofia e da matemática. Dessa junção, nasceu a Ciência Moderna.
Por volta do século XVII, um novo instrumento, o "pensar científico", transportou para outro nível a questão do homem e de seu universo. Com o nascimento da Ciência Moderna, surgiam na mesma época as primeiras formulações sobre o fundamento do conhecimento, na oposição entre o racionalismo, associado principalmente a René Descartes e Gottfried W. Leibniz, e o empirismo de Francis Bacon e dos ingleses John Locke e Thomas Hobbes, culminando no empirismo de David Hume.
Esse impulso no desenvolvimento da ciência trouxe como consequência o surgimento de filosofias especificamente voltadas para a ciência e, com elas, a consolidação da epistemologia (grego. Episteme= conhecimento, logo: explicação), ou filosofia da ciência.
A filosofia da ciência estuda o método científico para excluir tudo o que tem natureza subjetiva e, portanto, não é susceptível de formar parte do que denomina conhecimento científico.
O Conhecimento Científico, tendo um método que propicia o controle da busca do conhecimento, que permite, na ciência, delimitar o campo da pesquisa. É uma conquista recente da comunidade, embora, na civilização grega antiga já se aspirasse diferenciar o conhecimento de mito e de saber comum. Faltava o método. Com o método é possível descobrir a regularidade que existe nos fatos e esta é a grande preocupação do cientista: a partir da observação da regularidade dos fenômenos, verificar, inferir, explicar e generalizar o fenômeno transformando-o em lei.
Para se incrementar o conhecimento científico de forma a garantir o máximo de veracidade possível é necessário um método para se obtê-lo. Assim, surgiu a Metodologia, sendo definida como o tratado de métodos: arte de orientar o espírito na busca da verdade.
Método é um conjunto de regras e procedimentos que orienta o trabalho do pesquisador e confere aos seus resultados a confiabilidade ou a credibilidade científica, e significa o conjunto de etapas e processos a serem ultrapassados ordenadamente na investigação dos fatos na procura da verdade.
A aproximação científica a estes elementos é complexa e normalmente efetua-se através dos métodos científicos desenhados para ramos específicos do saber: indutivo (experimental), dedutivo (racional), hipotético-dedutivo e o dialético (hermenêutico, fenomenológico). Os métodos indutivo, dedutivo e hipotético-dedutivo (ou de verificação de hipóteses) costumam ser aplicados às ciências naturais (física, química, biologia).
Uma característica dos métodos indutivo, dedutivo e hipotético-dedutivo é que podem ir do geral para o particular ou vice-versa, num sentido ou no inverso, utilizando a lógica para chegar a uma conclusão (Figura 1). Em última instância, sempre têm elementos filosóficos subjacentes e são susceptíveis de verificação empírica. Ainda que o método dedutivo seja mais próprio das ciências formais e o indutivo das ciências empíricas, nada impede a aplicação indistinta de um método científico ou outro a uma teoria concreta.
Figura 1- Métodos Indutivo x Dedutivo
O método Indutivo inclui a operação mental de generalização de uma idéia a partir da observação de fatos singulares que apresentam, entre si, traços comuns. O raciocínio vai do particular para o geral e ocupa-se de submeter os objetos de estudo à influência de variáveis, em condições controladas pelo investigador, a fim de observar os resultados que a variável produz no objeto.
Método indutivo pode ser caracterizado como um processo mental que, partindo de dados particulares, suficientemente constados, infere-se uma verdade geral ao universal, não contida nas partes examinadas. É realizado em três etapas: observação dos fenômenos, descoberta de relação entre eles e generalização da relação.
Já o método dedutivo é o sentido oposto daquele dado pelo método indutivo, ou seja, parte-se de um conhecimento geral (a premissa), pela “dedução ou desdobramento do lógico. O raciocínio, com base em enunciados ou premissas, chega a uma conclusão, em virtude da correta aplicação de regras lógicas. É dedutivo o raciocínio que parte do geral para chegar ao particular. Se aplicando melhor à matemática, à filosofia e a lógica. Esse processo dedutivo leva o pesquisador do conhecido ao desconhecido, mas também de alcance limitado.
Há ainda o método hipotético-dedutivo, que parte do pressuposto de que se uma generalização (um conhecimento científico) pode ser testada, resistindo a esses testes, é digna de ser chamada de conhecimento científico. O método hipotético-dedutivo ou de verificação de hipóteses não coloca, em princípio, nenhum problema, visto que a sua validade depende dos resultados da própria verificação. Trata-se de um método científico de caráter predominantemente intuitivo e necessita para ser rejeitado e impor a sua validade, da verificação das suas conclusões (ver http://semiologiamedica.blogspot.com/2009/07/o-metodo-hipotetico-dedutivo.html.)
Este método apresenta-se à ciência como tentativa de superação das limitações dos métodos dedutivo e indutivo, caracterizando-se por três momentos: o problema, a hipótese e a tentativa de falseamento, sendo seu principal representante o filósofo da ciência Karl Popper.
Pode-se citar ainda o método dialético, que, no sentido amplo, inclui a arte de discutir, a tensão entre opostos. Esse método pode ser considerado como filosofia da natureza, como lógica do pensamento aplicada à compreensão do processo histórico das mudanças e dos conflitos sociais e como método de investigação da realidade nas Ciências Humanas.
Em síntese, pode-se afirmar que foi o aparecimento do método científico que originou esta nova e revolucionária forma de desenvolver o conhecimento, possibilitando como consequência imediata, não apenas a explicação dos fenômenos da natureza, como também colocando-se a serviço da transformação da humanidade.
Referências
ANDER-EGG, E. Introducción a las técnicas de investigación social para trabalhadores sociales. 5.Ed. Buenos Aires: Humanistas, 1978.
LUNA F. B. Seqüência básica na elaboração de protocolos de pesquisa. Arq. Bras. Cardiol. 71 (6): 735-740, 1998.
ALMEIDA, C. M. V. B. Metodologia do Trabalho Acadêmico. Disponível em: www.noginfo.com.br/arquivos/Apostila_de_MTA.pdf. Acesso em: 29 out. 2010.
GALERA, J. M. B. Epistemologia e Conhecimento Científico: Refletindo sobre a construção histórica da ciência através de uma docência investigativa. Disponível em: www.ct.utfpr.edu.br/deptos/dacex/joscely/arquivos/lattes/ArtigoConhecimentoeCiencia_Joscely.doc.. Acesso em: 29 out. 2010.
CARVALHO, A. et al. O que é Metodologia Científica? A aventura histórica da construção dos fundamentos do conhecimento científico. Aprendendo Metodologia Científica. São Paulo: O Nome da Rosa, 2000, p. 11-- 69 . Disponível em: www.fbln.pro.br/downloadable/pdf/Texto_AlexCarvalho_MetodologiaCientifica.pdf. Acesso em: 29 out. 2010.