REVISÃO CRÍTICA DOS EPÔNIMOS EM SEMIOLOGIA RESPIRATÓRIA: VALOR CLÍNICO VERSUS VALOR HISTÓRICO
Matheus Gurgel Saraiva (1); Rosa-Maria Silva Soares (1); Charles Saraiva Gadelha (1); Pablo Alves Moreira (1); Stephanie Galiza Dantas (1); Gabriela Lemos Negri (1); João Vitor Nóbrega e Melo Pereira (1); Débora Alencar de Menezes (1); Larissa Vieira Baracuhy (1); Jose Luis Simões Maroja (4); Rilva Lopes de Sousa Muñoz (3).
Centro de Ciências Médicas/ Departamento de Medicina Interna/ MONITORIA
RESUMO
Introdução: O uso de epônimos é uma das características da terminologia médica. Epônimos são itens lexicais originados de nomes próprios. Estes costumam designar sinais, sintomas, doenças, técnicas ou aparelhos. A tradição desse emprego terminológico faz parte da cultura histórica em Medicina, contudo também é útil na comunicação entre pares. Existem epônimos em praticamente todas as áreas da Semiologia Médica. Nesta, destaca-se o papel dos epônimos relacionados ao aparelho respiratório.
Objetivos: Descrever, no XII Encontro de Iniciação à DoCência da UFPB, epônimos que nomeiam sinais clínicos do exame do tórax respiratório e distinguir os que têm maior importância clínica e perduraram no decorrer do tempo e os que possuem apenas valor histórico.
Descrição metodológica: Foi realizado um levantamento bibliográfico nos principais livros-texto de Semiologia Médica e na base de dados da SciELO. Nesta, a busca foi realizada com os termos “epônimos”, “sinais e sintomas” e “sistema respiratório”, catalogando-se os epônimos e seus correspondentes significados. Foram reunidos os termos relacionados a sinais, sintomas e técnicas, excluindo-se síndromes, aparelhos e exames de imagens.
Resultados: Foram encontrados oito sinais semiológicos eponímicos relacionados ao sistema respiratório: (1) sinal de Abrahams, submacicez ou estertores crepitantes sobre a parte acromial da clavícula, que sugere tuberculose pulmonar de ápice pulmonar; (2) sinal de Signorelli, presença de som maciço devido a derrame pleural durante a percussão do 7º ao 11º espaço intervertebral; (3) sinal de Litten, sombra do diafragma na parede torácica durante a respiração do paciente em decúbito ventral com luz crânio-caudal; (4) sinal de Lemos Torres, presença de abaulamento expiratório intercostal localizado na face lateral do hemitórax durante a inspiração; (5) sinal da Hoover, maior aproximação das costelas na inspiração; (6) sinal de Hamman, ausculta de estertores crepitantes em coincidência com os batimentos cardíacos; (7) sinal de Ramond, presença da contratura da musculatura paravertebral; e (8) respiração de Kussmaul, alteração periódica do ritmo respiratório.
Conclusão: Percebe-se a riqueza de epônimos relacionados à semiologia do sistema respiratório. O conhecimento desses termos é importante na linguagem médica, pois ainda são utilizados em publicações recentes de livros e artigos relacionados à semiologia do sistema respiratório. Mesmo criticáveis, não é impróprio usar as expressões correntes no âmbito médico se trazem comunicação clara e consagrada na literatura. É preciso valorizar os epônimos clássicos que perduraram no tempo porque têm maior importância clínica e significação diagnóstica.
Palavras-chave: Epônimos; Sinais e Sintomas; Exame Clínico.
(1) Monitores de Semiologia Médica da UFPB em 2010;
(2) Professor Colaborador;
(3) Professora Orientadora.