26 de setembro de 2011

Dedo em Gatilho

Por Bruno Melo Fernandes
Estudante de Graduação em Medicina da UFPB

Resumo
A tenossinovite estenosante dos flexores, também conhecida como “dedo em gatilho”, é um processo inflamatório crônico dos túneis osteofibrosos que abrigam os dedos flexores das mãos. Com a progressão da doença, os tendões perdem a capacidade de movimento livre na palma da mão, acarretando dor, limitação funcional e deformidades. O diagnóstico precoce permite tratamentos não invasivos.

Palavras-chave: Dedo em Gatilho. Tenossinovite. Encarceramento do Tendão.

O dedo em gatilho é uma expressão popular usada para fazer referência a um quadro de tenossinovite. Esta condição é causada pelo estreitamento relativo do sistema osteoligamentar da mão responsável por abrigar os tendões flexores na região distal da palma da mão e na região palmar dos dedos.

Etimologicamente, tenossinovite significa inflamação da bainha de um tendão. Reconhecem-se duas apresentações distintas: a exsudativa e a estenosante. O diagnóstico diferencial inclui doenças inflamatórias crônicas articulares, doenças do tecido conjuntivo, principalmente, artrite reumatóide e artrite psoriática, além de afecções relacionadas ao estresse mecânico, como tenossinovite de Quervain. Diabetes é um fator de risco para a maioria deles e está relacionado a um pior prognóstico.

A tenossinovite estenosante ocorre mais comumente como uma doença ocupacional, afetando pessoas que trabalham em atividades manuais de esforço ou em atividades que exijam atividade manual de preensão repetitiva, portanto, este é o grupo de indivíduos mais susceptível a desenvolver o dedo em gatilho. Tal alteração é mais comum em mulheres e em pacientes portadores de endocrinopatias, como diabetes mellitus e hipotireoidismo.

Em geral, o início da tenossinovite se apresenta como um edema dos dedos acometidos, podendo se associar de limitação funcional e dor no trajeto dos tendões flexores. Todos esses sintomas tendem a piorar progressivamente, especialmente se não for dado um devido repouso à região acometida. Os sintomas tendem a ser piores pela manhã, devido ao agravamento da limitação pela rigidez matinal e piora do edema.

O processo inflamatório na região, causado pelo movimento sob forte atrito dos tendões em locais estenosados, acaba levando a formação de nódulos tendinosos. A penetração e passagem do nódulo pelo sistema de polias causam o travamento do dedo e o ressalto durante o movimento (MOORE, 2000).

Com a progressão da doença, o dedo torna-se cada vez mais travado em posição de flexão, a ponto de gerar limitação funcional na extensão da mão. Toda vez que o paciente tenta estender o dedo, ocorre o travamento e ressalto do tendão, os quais impedem o movimento. Além disso, durante a tentativa de estender o dedo, o paciente sente dores na topografia dos tendões flexores da mão.

Segundo Mattar Jr. (2008), os dedos mais acometidos são polegares, dedos médio e anular. Pode haver o comprometimento de mais de um dedo e ambas as mãos podem estar envolvidas na afecção.

O diagnóstico é iminentemente clínico e reforçado pela história ocupacional do paciente. É importante ao médico reconhecer os sintomas da tenossinovite estenosante para que se proceda uma abordagem terapêutica mais precoce e menos invasiva.

Referências
COHEN T. J. Tratamento percutâneo do dedo em gatilho. Rev Bras Ortop 31 (8): 690-692, 1996.
MATTAR Jr. R. Tenosinovite estenosante dos flexores – ou dedo em gatilho. Rev. Einsten. 6 (Supl. 1): S143-S6, 2008.
MOORE, J. S. Flexor tendon entrapment of the digits (trigger finger and trigger thumb). J Occup Environ Med. 42(5): 526-45,2000.
SATO, E. S. et al. Dedo em  gatilho: avaliação prospectiva de 76 dedos tratados cirurgicamente pela via percutânea. Rev. Bras. Ort. São Paulo. 2004. Disponível em: http://www.rbo.org.br/materia.asp?mt=934&idIdioma=1. Acesso em: 26 set. 2011.
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