29 de setembro de 2011

Síndrome da Veia Cava Superior

 
Por Francisco José Sousa de Ataíde
Estudante de Graduação em Medicina da UFPB

Resumo
A Síndrome da Veia Cava Superior (SVCS) corresponde à obstrução do fluxo sanguíneo na VCS. A neoplasia de pulmão é responsável pela grande maioria dos casos. O quadro clínico mais frequente corresponde à associação de dispnéia, tosse, circulação colateral, edema facial e de membros superiores. Os sinais e sintomas característicos se apresentam de forma insidiosa. Pode-se observar o sinal de Pemberton, que consiste em eritema facial e distensão da veia jugular, em posição vertical, que evolui para cianose e edema facial quando o paciente eleva os braços.  

Palavras-chave: Veia Cava Superior. Fisiopatologia. Tórax.

A veia cava superior (VCS) é formada pela fusão das veias braquiocefálicas direita e esquerda, na porção superior do mediastino médio, recebe a drenagem venosa da cabeça, pescoço, membros superiores e caixa torácica. Tem aproximadamente 7 cm de extensão e desemboca no átrio direito (PORTO, 2005).

A Síndrome da Veia Cava Superior (SVCS) corresponde à apresentação clínica de obstrução do fluxo sanguíneo neste, que é a segunda maior veia do corpo. Atualmente, a neoplasia de pulmão é responsável por cerca de 70% dos casos de SVCS. Os linfomas correspondem à segunda maior causa neoplásica da síndrome. As demais causas se devem, principalmente, a doenças malignas do mediastino, fibrose mediastinal não maligna e tromboses relacionadas a cateteres.

A veia cava superior (VCS) é vulnerável a obstrução devido a diversos fatores, principalmente à sua localização no mediastino, cercada de estruturas rígidas como o esterno, traquéia, brônquio fonte direito, aorta e artéria pulmonar direita. A presença de linfonodos mediastinais circundando completamente a VCS e o transporte de sangue em baixas pressões também ajudam a entender o aspecto fisiopatológico da síndrome (CIRINO et al, 2005).

Os sinais e sintomas característicos se apresentam de forma insidiosa. De forma geral, quando ocorre obstrução aguda da veia cava, o quadro é mais proeminente, visto que não houve tempo para o desenvolvimento de colaterais.

O quadro clínico mais frequente corresponde à dispnéia, tosse, edema facial e de membros superiores. Os sinais e sintomas menos comuns são a cefaléia, dor torácica, síncope, alteração do nível de consciência, entre outros. Os achados mais comuns no exame físico são a circulação colateral na parede torácica e edema facial e de membros superiores. Outros achados de exame físico são cianose, pletora facial, síndrome de Horner e paralisia de corda vocal. Ao examinar a circulação colateral no tórax, observa-se que seu fluxo tem direção caudal, diferentemente do fluxo normal, cuja direção é cranial. (MINGARINI, 2010).

Apesar da apresentação clínica muitas vezes impressionante, a SVCS em si não é geralmente uma condição com risco de vida. Contudo, o edema pode causar um comprometimento funcional da laringe ou faringe, causando dispnéia, estridor, tosse, rouquidão e disfagia. Pode ocorrer edema cerebral levando à isquemia cerebral, confusão, coma e  morte. Nesses casos, a SVCS configura um quadro de emergência oncológica.

Pode-se observar o sinal de Pemberton, que consiste em eritema facial e distensão da veia jugular, em posição vertical, que evolui para cianose e edema facial quando o paciente eleva os braços. Esta manobra, e o sinal correspodente, foram descritos primeiramente em 1947, sendo útil nos casos oligossintomáticos (ANDERS; KELLER, 1997).

A tomografia computadorizada de tórax é um excelente exame para detectar presença de massa causando compressão extrínseca. Se houver alguma dificuldade no diagnóstico, a flebografia pode avaliar a extensão e localização da obstrução, tanto quanto a identificação das vias colaterais. Os Raios-X de tórax também pode ser utilizado, demonstrando alargamento de mediastino, o que leva a pesquisar massas ou nódulos pulmonares. A Ressonância magnética produz imagens com ótima definição e tem a vantagem de não utilizar contraste, entretanto, é um exame caro (SEIDEL et al., 2004).

Referências
ANDERS, H.; KELLER, C. Pemberton's maneuver - a clinical test for latent superior vena cava syndrome caused by a substernal mass. Eur J Med Res, 2(11):488-90, 1997.
CIRINO, L. M. I. et al., Tratamento da síndrome da veia cava superior. J. bras. pneumol. 31 (6): 540-550, 2005.
SEIDEL, A. C. et al., Síndrome da veia cava superior em criança: Relato de Caso. Rev. Col. Bras. Cir. 31 (6), 2004.
MINGARINI. Síndrome da veia cava superior. In: Medicina Net, janeiro de 2010. Disponível em: http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/1458/sindrome_da_veia_cava_superior.htm . Acesso em abril 2011
PORTO, C. C. Semiologia Médica. 5a. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

Imagem: cancergrace.org