Por Isabel Barroso Augusto Silva
Professora de Semiologia Médica da Universidade Federal da
Paraíba
Os professores universitários das
universidades federais e dos centros federais de formação tecnológica estão em
greve desde 17 de maio. Estamos lutando pelo plano da carreira, melhores
salários, incorporação da gratificação ao salário, entre outras.
Por quê o
governo não escuta os professores, já que transmitem o
conhecimento para a população e consequentemente melhoram o país? Um dos
motivos é que uma parcela da população não valoriza a educação e nem os
professores (os políticos são o espelho do povo). Outro é que o governo acha que
já remunera muito bem.
O reconhecimento do Ministério da
Educação quanto ao poder da educação e, consequentemente, do valor
do professor, neste contexto, é essencial. A Presidente Dilma, quando foi aos EUA,
visitou centros de excelência em ensino e ficou admirada.
A imprensa fica muda diante da greve dos professores. Não
fazem reportagens, não entrevistam presidentes das associações docentes. Nada,
nada. É como não existíssemos. A educação e o papel do professor na formação do
povo "não dão ibope".
Muitos não sabem que um professor universitário que trabalha
40 horas por semana (de segunda a sexta, manhã e tarde), tem uma
remuneração básica de aproximadamente R$ 1.500,00. Se tiver mestrado e
doutorado são acrescidos R$ 1.200,00. Recebem também uma gratificação de R$
1.500,00 (que não entra na aposentadoria), totalizando R$ 4.200,00. Se o
professor for dedicação exclusiva, recebe um pouco mais. E esse salário é
pago depois de anos de trabalho (20 anos). O professor iniciante recebe
muito menos. E ainda fui generosa com os valores que citei.
Será que os professores dos centros de excelência dos
EUA ganham isso?
O curso de medicina requer uma responsabilidade muito grande
por parte dos professores. Ensinamos os alunos a serem médicos, os quais vão atender
a população. Para isso atendemos os pacientes para demonstrar as várias
etapas de uma consulta. Devemos passar a ética no trato com o indivíduo,
a importância da relação médico-paciente, diagnosticar e tratar. Temos
responsabilidade com o paciente e com o aluno. Preparamos aulas. Temos
que nos atualizar constantemente, pois os avanços da medicina são quase
que diários.
Há tanto tempo que o trabalho do professor é desvalorizado,
que até esquecemos da sua importância e cansamos de lutar. A maioria trabalha
por gostar de ser professor. Alguns para dizer que são professores
universitários, como status.
Mas isso é o de menos. Na verdade, os professores estão lutando por dignidade e
reconhecimento do seu valor através do seu trabalho!
A Professora Isabel Barroso Augusto Silva é docente de ensino superior há 29 anos.