Os rituais de cura e outras ações
simbólicas podem ter efeito potente sobre a fisiologia humana. A
resposta-placebo sempre foi muito discutida. A expectativa da cura é hoje
reconhecida como um dos fatores benéficos decisivos na evolução clínica do
paciente. Ainda assim, o efeito placebo ocupa um lugar obscuro na história e já
foi associado e feitiços e mágica.
Como estudiosa da Semiologia Médica, esse fenômeno sempre me
intrigou e interessou vivamente. Sabe-se que quase todos os tratamentos médicos
da era pré-científica e que têm mais de 1.500 anos estão associados a essa resposta.
Há muitos exemplos históricos e também contemporâneos do impressionante papel
do efeito placebo.
Hoje, com os modernos estudos das neurociências e as técnicas de
imagem cerebral cada vez mais sofisticadas, começa-se a explorar tanto os
correlatos neurofisiológicos destas expectativas de cura e os mecanismos
subjacentes. Os estudos sobre efeito placebo passam, então, a ampliar a
concepção que se tem dos limites da capacidade humana endógena.
“Um dia, a ciência será capaz de
descrever o efeito placebo em termos do estado dos neurônios, em uma descrição
puramente física” (Michel Foucault)
Publicado em Calameo