CONEXEMIO foi um grupo
fechado criado no Facebook durante o semestre 2012.2 para
interação entre docentes e discentes (dodiscente) na disciplina de Semiologia
Médica / UFPB, como complemento ao recurso do Moodle, que
começou a ser utilizado neste último período e cujo funcionamento ainda não
estava completamente no domínio de alunos e professores.
O
objetivo foi a participação interativa de alunos, professores e monitores da
Semiologia, para esclarecimento de dúvidas, comunicados e interação
didático-pedagógica.
O
termo DODISCENTE foi criado por Paulo Freire sobre o ato de ensinar e aprender: [...] não há docência sem discência
[...], pois [...] quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao
aprender [...]. Daí, dodiscência: docência-discência”.
A seguir estão as principais postagens relacionadas
ao conteúdo de Semiologia Médica feitas no grupo durante o semestre letivo
recentemente encerrado na UFPB.
Diante
do sinal do obturador positivo, penso primeiro em patologias pélvicas ou
abdominais?
O sinal do obturador é uma dor do tipo REFERIDA. Pensar
primeiro em apendicite, depois em doença inflamatória pélvica (salpingite,
anexite, endometrite). Quando à apendicite, há uma grande variação na
topografia do apêndice, sua parte livre pode estar na cavidade abdominal ou na
pelve. A DIP é pélvica, como o próprio nome indica. Se for uma paciente,
tem que fazer também o exame ginecológico. O sinal de Chandelier (dor pélvica à
mobilização do colo do útero) sugere DIP e não apendicite. Lembrar que o
toque retal ajuda também se a ponta do apêndice localizar-se na pelve.
Alguém
poderia me explicar o que é o pulso alternante e pulso paradoxal? Li aqui, mas
não entendi direito.
Pulso alternante: pulso rítmico, mas com batimentos desiguais,
alternando ondas grandes e pequenas. Insuficiência ventricular esquerda. O
pulso paradoxal é uma exacerbação de um fenômeno normal (queda da pressão com a
inspiração), e se chama paradoxal (indevidamente chamado assim...) quando a
pressão arterial sistólica cai mais de 10 mmHg. A grande pressão negativa
durante a inspiração reduz a pressão atrial direita e intra-pericárdica,
facilitando o enchimento do coração direito, mas simultaneamente o enchimento
do coração esquerdo é reduzido, pois mais sangue é mantido nos pulmões (maior
pressão negativa intratorácica), e isso "traciona", digamos assim, o
coração (na verdade, o septo interventricular é "empurrado" em
direção ao lado esquerdo pelo aumento inspiratório do enchimento do VD); assim
o débito sistólico e a pressão arterial sistólica diminuem nesse momento. Daí a
intensificação da redução inspiratória do pulso. Essa alteração de pulso não
deveria ser chamada de "paradoxal" e sim de "exagerada",
porque é um exagero do que ocorre normalmente na inspiração.
Qual a
diferença entre Sinal de Courvoisier e sinal de Murphy? A princípio,
O sinal de Courvoisier significa que a vesícula está palpável e indolor.
Entretanto, no Mário Lopez tem assim: "A vesícula biliar em condições
normais não é palpável. Entretanto é possível percebê-la, quando for sede de
carcinoma ou estiver distendida em consequência de colecistite ou obstrução
biliar por carcinoma pancreático". Colecistite evidenciaria dor, não? Já
no Porto, tem afirmando que o sinal significa vesícula palpável em paciente
ictérico, em função de obstrução do colédoco...
O sinal de Courvoisier é a vesicula palpável (condição pouco comum).
Há uma distensão da vesicula biliar em função de acumulo de bile em seu
interior se houver obstrução abaixo do ducto cístico ou acumulo de transudato
quando a obstrução for ao nível da bolsa de haartman aumentando a pressão
venosa da vesícula biliar. É difícil achar esse sinal no exame físico porque a
obstrução já ocorre a algum tempo e nessas situações geralmente se desenvolve
colecistite aguda, coledocolítiase então é difícil. Mas resumindo é vesícula
palpável e não dolorosa. O sinal de Courvoisier é um sinal médico que
define a presença de icterícia e de uma vesícula biliar distendida sem a
presença de dor. É um forte indicativo de câncer pancreático (principalmente
periampular), e pode ser usado para distinguir o câncer pancreático da
colecistite aguda ou coledocolitíase. É comum na neoplasia maligna da cabeça do
pâncreas. No sinal de Corvoisier-Terier, a vesícula é palpável por ser
distensível porque não é sede de quadro esclero-atrófico da colelitíase
crônica. As paredes são elásticas e órgão se dilata pelo acúmulo de secreção
biliar decorrente da obstrução de papila ou compressão extrínseca pelo tumor de
pâncreas.
Quais as
diferenças entre insuficiência cardíaca sistólica e diastólica?
Na diastólica, a fração de ejeção é normal, e não há aumento
compensatório da pressão transmural como mecanismo compensatório, só aumento do
retorno venoso. O ecocardiograma pode ser usado para diagnosticar disfunção
diastólica, porque os sinais clínicos são semelhantes. Mas na diastólica,
encontra-se o galope B4, por causa do problema no relaxamento ventricular. Na
sistólica, mais o B3.
Uma
dúvida, na estenose mitral há irradiação do sopro para a axila, ou essa só
acontece na insuficiência mitral?
Irradia também na estenose. É
diastólico, de baixa frequência. Pode irradiar também para o foco
tricúspide. Lembrar que para o sopro da estenose mitral irradiar-se, tanto
para axila quanto para o foco tricúspide, ele preciso ser intenso. Porque é
grave, de baixa frequência.
Qual a
diferença entre tontura e vertigem?
Tontura é uma sensação que precede a vertigem (também o desmaio e
a síncope). Ou seja, a tontura precede as alterações do equilíbrio. É aquela
turvação visual ou de "rodopio" que dura segundos. A vertigem é a
sensação de movimento rotatório, do paciente em relação ao ambiente, ou deste
em relação ao primeiro.
"Professora,
estou confusa quanto à diferenciação entre síndromes nefrótica e nefrítica e
quanto ao uso do termo glomerulonefrite para patologias de ambas as
síndromes."
Distinção sindrômica =
síndrome nefrótica pura: edema, proteinúria maciça, hipoalbuminemia e
hiperlipidemia; síndrome nefrítica pura: hipertensão, edema (menos intenso),
hematúria. Algumas vezes, a síndrome é mista, nefrótico-nefrítica, com
componentes das duas. O termo glomerulonefrite se refere ao substrato
anatomopatológico. As duas síndromes, a nefrótica e e nefrítica, podem ter como
causa uma glomerulonefrite, condição em que há lesão da membrana basal
glomerular. São vários os tipos histológicos de glomerulonefrite. Desde os
de melhor prognóstico, como a de lesões mínimas, que acomete mais crianças, até
a esclerose focal e a mesangial de pior prognóstico.
Quais as
diferenças semiológicas de uma diarreia osmótica para uma diarreia secretora?
Osmótica é aquela em que substâncias osmoticamente ativas (não
absorvidas) como açúcares, por exemplo, "puxam" água para a luz
intestinal. A secretora ocorre quando há ativação de AMPc ou substâncias
vasoativas estimulam a secreção e inibem a absorção pela mucosa intestinal
(exemplo: diarreia por E. coli enteroxigênica, pelo vibrião colérico, diarreia
pelo rotavírus). Agora, há a secretória com gap osmótico também.
"Professora,
por que uma disfunção hepática pode gerar telangiectasias?"
As telangiectasias estão associadas ao hiperestrogenismo que
ocorre na cirrose hepática. Os níveis elevados de estrogênios causam a
proliferação e a vasodilatação de vasos cutâneos. As aranhas vasculares não são
específicas de cirrose: ocorrem também na gravidez, em pacientes co desnutrição
grave, e também em algumas pessoas saudáveis. Vocês sabiam que o número e o
tamanho das aranhas vasculares tem sido correlacionada com a gravidade da
doença hepática? Além disso, pacientes que têm mais aranhas vasculares
apresentam maior risco de hemorragia por ruptura de varizes esofágicas.
A
expressão "urina coca-cola" refere-se a urina com bilirrubina
conjugada ou so pra casos de hematuria macroscópica?
Hematúria macroscópica. A colúria confere uma cor marrom escura ah
urina, ou amarelo forte.
Pré-eclâmpsia
é uma causa de síndrome nefrótica? Não tem que haver proteinúria maciça para de
determinar o diagnóstico de síndrome nefrótica? E na pré-eclâmpsia não há
proteinúria maciça (3 g/24 h ou mais)...
Proteinúria "maciça" e, por consequência, síndrome
nefrótica, raramente ocorrem na pré-eclâmpsia. "Heavy
proteinuria and/or the nephrotic syndrome rarely occur late in pregnancy. We
report the clinical and renal biopsy findings on 11 patients with
the nephrotic syndrome occurring during
pregnancy in whom light and electron microscopic findings were characteristic
of pre-eclampsia." (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/713277)
Professora,
o que manchas pigmentares hipercrômicas em lábios e mucosa oral nos sugerem?
Como diferenciar manchas pigmentares de hemorrágicas, em negros?
Peutz Jeghers, cicatriz, herpes , déficit de vit c, queimaduras,
uso de limão, pelagra... Manchas pigmentares nos lábios também podem
ocorrer por fotodermatose, por intensificação da pigmentação
melânica... Lembrar da Doença de Addison também, e da pigmentação exógena,
como a tatuagem por amálgama de restaurações dentárias (usava-se muito, agora
menos). Diferençar manchas pigmentares de hemorrágicas em negros. As
dermatoses se manifestam de modo similar nos indivíduos de etnia
afro-brasileira, mas com padrões exagerados de reações envolvendo a melanina. O
reconhecimento das lesões elementares é dificultado pela hiperpigmentação
cutânea, que causa alterações na cor. Muitas lesões são quase imperceptíveis.
Outras, mais difíceis de diferençar, como as manchas hemorrágicas das
hiperpigmentadas, porém, a coloração vinhosa ou arroxeada das equimoses, e seu
formato, ajudam a distingui-las dessas outras manchas. Além disso, a
distribuição, localização e número, e a anamnese vão ajudar a fazer a
distinção. Afro-brasileiros também são mais propensos a apresentar
hiperpigmentação pós-inflamatória. Uma lesão da pele provoca a inflamação e a estimulação de produção de
melanina local faz com que a pele no local da lesão escureça. Mas regride após
algum tempo. Este último é um padrão exagerado de reação envolvendo a
melanina, e se a lesão inflamatória for no lábio, pode ficar uma mancha
hiperpigmentada no local, por algum tempo. Fumar pode causar manchas
hiperpigmentadas nos lábios... Melanose labial do fumante...
O QUE
SIGNIFICA A EXPRESSÃO "BORDA HEPÁTICA ROMBA"?
A propósito de um detalhe que foi discutido hoje na aula de
revisão de exame físico - figura ilustrativa = Borda hepática fina: normal;
romba: fígado aumentado; cortante: fígado diminuído. (Figura do livro
Semiologia Médica, de José Rodolfo Rocco, 2010.
Qual a
diferença entre enterorragia e hematoquezia? Não estou conseguindo ver isso tão
claro... A diferença é que a primeira é hemorragia baixa e a segunda, alta?
Há autores que consideram estes termos como sinônimos. Os autores
de língua espanhola consideram que são o mesmo, ou seja, sangramento digestivo
intestinal de origem baixa (abaixo do ângulo de Treitz). Mas há uma diferença.
Enterorragia é a evacuação de sangue vivo, enquanto hematoquezia é a eliminação
de sangue vivo em menor quantidade, e geralmente apenas durante a evacuação.
Professora, no Mario López a hematoquezia está caracterizada como
eliminação de grande volume de sangue vivo nas fezes (normalmente superiores a
1000 mL), com duração de quatro horas ou menos.
Pois é... Não há consenso quanto a esta conceituação. Veja o
Portinho, sétima edição, página 397, segunda coluna: (...) enterorragia, quando
o sangue em maior volume, mantém sua coloração vermelha, com ou sem coágulos; e
hematoquezia, quando se trata de sangue vermelho vivo em pequena quantidade, de
origem proctológica (...)Vejam esta conceituação do livro "Temas de
Semiologia e Clínica Gastroenterológica", de Souto (São Paulo: Byk, 1998),
capítulo 8: "Hematoquezia é a eliminação de sangue vermelho vivo via anal,
e enterorragia é a perda de sangue via anal, sem diferençar se é vermelho vivo
ou preto" - Destoa do conceito mais aceito.
Pois é, termos assim dificultam o estudo, já que variam tanto de
acordo com a literatura, pois no Mario López, a hematoquezia é classificada
como Hemorragia Digestiva Alta. 5ª Edição página 636.
Sim, é a edição que tenho. Houve aí um erro na redação do texto. A
hematoquezia é a emissão de sangue fresco pelo ânus, de origem no tubo
digestivo baixo (do ângulo de Treitz ao reto). Porém hemorragias digestivas
mais altas podem ser eliminadas pelo reto (podem ser de sangue vivo quando são
maciças, mais de 1000 mL) com trânsito intestinal acelerado (não permanecem
tempo suficiente na luz para que se exteriorize como melena) [Isso já foi
discutido aqui há alguns dias] Nesse caso, há que fazer a diferença com
hemorragia digestiva alta.
Há situações em que não é possível distinguir clinicamente a
enterorragia de um sangramento alto muito volumoso com trânsito acelerado. Só
com exame endoscópico.
Veja neste mesmo capítulo, página 641, onde há o subtítulo
"Hemorragia Digestiva Baixa": "O sangramento baixo lento
apresenta-se com exteriorização clínica sob a forma de hematoquezia ou melena
[...] p. 642: A hematoquezia é mais característica de lesões de cólon ou reto.
Para ficar mais claro: a hematoquezia é o sangramento baixo, geralmente
reto e ânus: o sangue fica em torno das fezes mas não se mistura com ela, ou
goteja após a evacuação; na enterorragia, o sangue vivo é a própria evacuação e
indica sangramento intestinal.
"Com
relação às síndromes do sistema respiratório, Limitação ao fluxo aéreo seria a
mesma coisa de DPOC? Ou seria DPOC e mais alguma síndrome? Estudando ectoscopia
por um material aqui qu achei, encontrei a parte de marchas patológicas na
semiologia do sistema nervoso. Para a avaliação, marchas patológicas entra no
conteúdo de ectoscopia? Se sim, as marchas que devo saber, todas, estão no
livro do Porto?"
Sim, a síndrome de limitação
crônica ao fluxo aéreo é a DPOC.
Como se
identifica um refluxo hepatojugular na ICC? Como é esta manobra?
A compressão abdominal (não necessariamente compressão do
hipocôndrio direito) deve ser por um minuto. O paciente deve respirar
normalmente porque uma manobra de Valsalva pode causar elevação
"falso-positiva" da pressão venosa na jugular. O refluxo hepato-jugular
ocorre porque a pressão abdominal acentua o retorno venoso. Quando presente
diz-se "refluxo hepato-jugular positivo", mas pode ser observado
mesmo quando a pressão do átrio direito estiver normal, por isso sua validade
não é alta. Porém ajuda a distinguir
clinicamente a congestão venosa da ICC em relação às outras causas (obstrução
de VCS, por exemplo). Vejam que interessante: The Original Description -
pubicada no The Lancet.http://rwjms1.umdnj.edu/shindler/hjr.html
"Professora,
gostaria de saber se existe se, quando ocorre um tipo de sangramento digestivo
(ex: melena, por úlcera péptica duodenal), pode ocorrer outro tipo, causado
pelo mesmo quadro (por ex: hematêmese ou enterorragia). Se sim, como eu posso
explicar? Deixe-me tentar ser mais claro... o que determina se eu terei melena
ou hematêmese, por exemplo?"
Melena segue a hematêmese, tendo como origem o mesmo sítio de
sangramento. Hematêmese também pode ser simultânea a enterorragia (mais raro)
no mesmo processo se o sangramento for copioso e o trânsito intestinal estiver
acelerado.
Gostaria
de saber se febre e hipertermia são a mesma coisa. Obrigado pela atenção.
Hipertermia é um dos componentes da febre. Esta última é uma síndrome
composta por hipertermia, taquicardia, vasodilatação cutânea, mal estar geral,
mialgias e cefaleia. Pode ocorrer hipertermia fora da síndrome febril.
Exposição excessiva ao calor com desidratação, perda de eletrólitos e falência
dos mecanismos termorreguladores corporais podem cursar com hipertermia. Se a
pessoa se expõe excessivamente ao sol ou permanece em ambiente muito quente, ou
mesmo tem falha dos mecanismos de dissipação do calor corporal, pode ter
hipertermia, mas não é febre. E o que é febre, o que é a síndrome febril,
o que representa?... A temperatura normal está próxima aos 36,5°C. A
partir de 37,5ºC há hipertermia, mas esta não causa riscos graves até os 40°C.
A acurácia na verificação da temperatura vai depender de vários fatores, claro.
A temperatura que nós medimos é uma avaliação indireta e aproximada da
temperatura central, e varia de acordo com diversos fatores: idade, sexo (mais
alta no sexo feminino), variação circadiana (mais baixa pela madrugada, máximo
no início da noite) e também, como você disse, com o local da medição. Mas os
valores para se considerar como hipertermia são diferentes de acordo com o
local de verificação...
Professora,
a ausculta no sistema urinário, caso esteja presente, será melhor auscultado no
abdome superior e posterior? Mais precisamente onde?
Na projeção topográfica de artérias renais na face anterior do
abdome: acima da cicatriz umbilical e lateralmente a esta. Posteriormente, na
região paravertebral lombar. Se houver sopro decorrente de estenose de
artéria renal, a possibilidade de ausculta é maior na face anterior do abdome.
O paciente precisa ser magro com abdome plano. É difícil auscultar sopros de
origem renal, caso existam.
DOR ABDOMINAL RÍTMICA COM A ALIMENTAÇÃO.
Discutida hoje na aula prática da turma 2, a propósito da história de um paciente
com úlcera duodenal, é bom relembrar aqui.
DOR RÍTMICA EM 3 TEMPOS E EM 4 TEMPOS: Dor que se relaciona com a
alimentação: em 3 tempos (come-dói-passa), para a úlcera duodenal, ou em 4
tempos (bem-come-dói-passa), para a úlcera gástrica. O correto é o seguinte - ritmo em três tempos (dói - come
- passa), para a úlcera duodenal, e ritmo em quatro tempos (bem - come - dói -
passa) para a úlcera gástrica.
Lembro
que discutimos nas síndromes de urinário a relação entre hiperpotassemia, edema
e aldosterona, mas não lembro bem a relação que fizemos... pois se há um
aumento da aldosterona se justifica o edema, mas não a hiperpotassemia, já que
a aldosterona aumenta a eliminação de potássio.
Sim, tem razão, a aldosterona atua aumentando a eliminação do K.
Esse hormônio causará retenção de água e sódio, hipertensão e dema. No caso dos
mecanismos que elevam o K na IRC, o principal é a redução da filtração
glomerular, quando esta atingir valores menores do que 15 mL/min. Mas a
hipercalemia também poderá ocorrer em certas situações em que a redução da
filtração glomerular for moderada (20 a 60 mL/min): em situação clínica de
grande catabolismo (hemólise, traumatismos, sepse), e uso de medicamentos que
dificultam a eliminação do potássio pelos rins, como a espironolactona e os
IECA. Também ocorre deslocamento de potássio intracelular para fluido
extracelular pela acidose metabólica, que ocorre na IRC.
A pedido
da Professora Rilva Muñoz,
pesquisei sobre “cistite da lua de mel” e aí vai um resumo: “Cistite da lua de mel”
caracteriza-se como um quadro de infecção na bexiga após o inicio da vida
sexual ativa. Acredita-se que a uretra está rodeada por uma rede densa de vasos
sanguíneos, os quais ficam protegidos com a excitação, mas se ela for
insuficiente, essa proteção não ocorre, favorecendo o aparecimento da cistite;
há ainda a hipótese de que o atrito da relação sexual acaba levando as
bactérias em direção à bexiga urinaria. Hoje em dia a cistite da lua de mel é
mais chamada de cistite pós-coito e aparece em jovens cada vez com mais
intensidade. Caracteriza-se por polaciúria, disúria, urgência miccional e dor
na região pélvica e até hematúria. Vida sexual ativa, constipação, problemas ginecológicos
e até roupas abafadas podem aumentar as chances de desenvolver cistite.
Vimos
hoje um paciente na enfermaria com um diagnóstico raro.
Ele tem 27 anos e está
internado na enfermaria de clínica do HULW com diagnóstico de Síndrome de DRESS (Drug Reaction with Eosinophilia
and Systemic Symptoms), também chamada Síndrome de Hipersensibilidade
Sistêmica a Droga, é uma rara reação adversa a medicamentos e potencialmente
fatal. O paciente sobreviveu e está bem. Caracteriza-se por acometimento
multivisceral grave e eosinofilia. O quadro desenvolveu-se pelo uso de
medicamento para vitiligo. Ele apresentou erupção cutânea associada à
administração do medicamento, anasarca, alterações hematológicas (leucocitose e
linfócitos atípicos), acometimento sistêmico como adenopatias, nefrite
intersticial, derrame pleural e cardite. Apresentava hoje leve icterícia,
descamação furfurácea da pele, dor abdominal à palpação, sem visceromegalias
(ultrassonografia de 10 dias atrás com hepatomegalia moderada e esplenomegalia
discreta), taquicárdico e com discreto sopro cardíaco.
LESÕES
ELEMENTARES DE CONTEÚDO LÍQUIDO. Na turmas 1, neste quesito da prova, além das respostas com os
itens vesícula, bolha, pústula, abscesso, antraz, furúnculo, hematoma,
carbúnculo e cisto, considerei também goma (embora seja nódulo ou nodosidade,
mas geralmente se liquefaz na porção central em sua evolução) e a urtica e o
edema não mediado por histamina (lesões de conteúdo líquido não circunscrito)
e, por extensão, a placa urticariforme, embora esta seja considerada sólida por
muitos autores, inclusive Celmo Celeno Porto. No capítulo 4, "Semiologia
Dermatológica", de Daniel Azulay ("Dermatologia", 2008), a
urtica e o edema são lesões de conteúdo líquido não-circunscrito, ao lado de
vesículas, bolhas e pústulas, que são de conteúdo líquido circunscrito. Houve
respostas incluindo fístula também em duas provas, que é um canal com pertuito
na pele que drena foco profundo de supuração ou necrose, mesmo sendo
classificada como lesão por solução de continuidade, em algum momento drena
líquido, e assim também considerei certas. Considerei petéquias e equimoses, ou
púrpura, e hemangioma, que embora as primeiras sejam manchas, planas, são
vásculo-sanguíneas, e quando se fala em lesões de CONTEÚDO líquido, podem ser
incluídas no mesmo raciocínio do hematoma, só que este é uma lesão elevada. O
hemangioma é um tumor de vasos sanguíneos, e há o hemangioma macular, mas
também existem os cavernosos (grandes canais vasculares com sangue) e os
capilares (granuloma piogênico).
Existe
diferença de hemoptise, expectoração hemoptoica e expectoração hemática? Outra
coisa, no Mário Lopez tem dizendo que a principal causa de hemoptise no fumante
é a bronquite crônica. Ele considera hemoptise qualquer sangramento do
trato respiratório inferior, não importando
o volume. Já o Porto afirma que os bronquíticos raramente apresentam hemoptise,
embora tenham estrias de sangue no escarro. Nesse caso, eles estão afirmando a
mesma coisa, embora o Porto considere a quantidade de sangue, certo? Qual dos
dois está "correto", tendo como base a literatura?
A definição de hemoptise inclui qualquer sangramento proveniente
das vias aéreas inferiores (traqueia, brônquios e pulmões). Conceitualmente, a
hemoptise pode variar desde estrias de sangue até hemorragias volumosas.
Expectoração hemática é a emissão de escarro com presença de sangue
(expectoração mucopurulenta, amarelada, com raias de sangue, ou escarro
ferruginoso, cor de tijolo). Na prática clínica, porém, quando se fala em
hemoptise, pensa-se logo em eliminação de sangue isolado. Por isso, há essa distinção
feita por alguns autores, entre hemoptise e expectoração hemática. O termo
"expectoração hemoptoica" ou escarro hemoptoico" são
inapropriados porque são redundantes: a origem da palavra hemoptise é
"hayma" = sangue, e "ptyo" = escarrar. Portanto, quando se
diz expectoração hemoptoica, comete-se uma tautologia, uma redundância, já que
ptyo, que dá origem a ptoico de hemoptoico, quer dizer escarro. Então se diz
escarro hemático (expectoração hemática) ou apenas hemoptoico, forma menos
utilizada. A causa broncopulmonar considerada mais frequente de hemoptise
(sangue isolado) é a bronquiectasia, e em segundo lugar, a tuberculose. Depois,
seguem-se em frequência, bronquite crônica, tromboembolismo pulmonar, câncer de
pulmão, infecções fúngicas, abscesso pulmonar... Atualmente os casos de
hemoptise na tuberculose ocorrem geralmente por ruptura de vasos brônquicos.
Raramente há sangramentos hoje em dia por causa cavitária na tuberculose, o que
ocorria muito antigamente, quando havia muito a ruptura dos aneurismas de
Rasmussen, que é uma erosão de uma artéria brônquica que dilata para o interior
de uma caverna. Na década de 1980, a tuberculose era a principal causa de
hemoptise. Hoje, a bronquiectasia superou esta causa. Câncer de pulmão e outras
doenças inflamatórias também estão na frente da tuberculose nos países
desenvolvidos. http://www.jornaldepneumologia.com.br/portugues/artigo_detalhes.asp?id=1579
Qual
seria a explicação fisiopatológica para o fato de o enfisema pulmonar ser
inicialmente percutido como hipersonoridade e em estágio mais
avançado como som timpânico?
No enfisema pulmonar, as paredes dos alvéolos estão destruídas e
se rompem. Os espaços alveolares se tornam dilatados e hiperinsuflados. Esta
hiperinsuflação pelo aprisionamento expiratório de ar nos espaços distais
dilatados resulta em hipersonoridade. No enfisema grave, podem ser observados
espaços císticos contendo ar, como se fossem "bolhas", o que pode
levar à um som quase timpânico à percussão.
Minhas
Dúvidas - Dúvida 1: Se uma paciente sente uma dor lombar há dois meses que
passa em 3 dias, depois de duas semanas sente novamente essa dor por outros
três dias e melhora. U ma semana depois sente novamente, e só então decide
procurar o médico, sendo internada. Durante essa semana a dor permanece
contínua. A queixa principal será: dor há dois meses ou dor há uma semana? ou
será o que a paciente disser, como por exemplo dor há 8 dias? Dúvida 2: esse
sintoma é reconte em dois meses, mas, é contínuo quando aparece.Então na
caracterização irei dizer: " crises recorrentes de dor em dois meses...
Mas, caracterizá-la como dor contínua? Dúvida 3: Eu, necessariamente,
preciso começar a HDA com a queixa principal, ou posso começar com sintomas
anteriores cronologicamente, de modo que a QP apareça no meio da história?( Meu
professor de práticas já tinha dito isso, mas esqueci).
(1) Na queixa principal de um sintoma recorrente,
pode-se registrar a duração do último episódio, aquele que em última instância,
motivou a internação (ou consulta); na HDA, começa-se descrevendo a duração
total, e afirmando quantos episódios ocorreram desde o início. Depois descreve
o último episódio, o atual. (2) Quando o sintoma é recorrente, ou seja, vai e
volta, é preciso determinar a duração das crises e dos intervalos entre as
crises; pode-se dizer que este sintoma é de curso recorrente, não é contínuo ao
longo do tempo; se tem intervalos regulares, cíclicos, chama-se intermitente, e
se há apenas melhora sem desaparecer totalmente, é remitente. Se é periódico
com certa função, como alimentação, diz-se rítmica. Um sintoma ou sinal
contínuo não tem interrupções nem melhoras. (3) Não precisa começar a HDA
necessariamente com a QP, mas o relato falando sobre o início da doença
(duração total) e a sua cronologia devem levar à QP, que deve ser analisada
minuciosamente. A QP é o eixo da HDA.
"Professora,
para ser considerado nictúria, a pessoa tem de acordar quantas vezes à noite?"
Nictúria (ou noctúria) é a inversão do ritmo nictemérico urinário.
Quando há nictúria, o paciente urina mais vezes durante a noite que no decorrer
do período diurno. Normalmente, a pessoa urina uma vez à noite, ou não acorda à
noite para urinar, porque o ritmo de produção de urina se reduz
fisiologicamente à noite. Nictúria e noctúria são sinônimos. Alguns
autores fazem uma distinção: NOCTÚRIA: necessidade de urinar à noite,
interrompendo o sono; NICTÚRIA: o volume de urina eliminado durante a noite
está aumentado. Enurese é a micção que ocorre involuntariamente durante o sono.
Hoje estudei um pouco de semiologia do
sistema respiratório. Daí, fiquei com algumas dúvidas. O que cornagem (eu sei
que é uma dificuldade de inspiração, mas como eu detecto isso no paciente?)?
Outra dúvida é: qual ritmo respiratório eu devo considerar normal? o ritmo 1
para 2? Tive colegas que disseram 1 para 2, 1 para 2 e meio e um para três?
Cornagem é o ruído laríngeo
por obstrução; também chamado (mais apropriadamente) de estridor. É muito
ruidoso, e originado em via respiratória alta. Observado nas laringites de
crianças assim como na laringomalácia (também em crianças), e em grandes
tumores de laringe, com semi-oclusão importante da luz. A dificuldade é mais
inspiratória. Ritmo respiratório é a regularidade de fases inspiratórias e
expiratórias, alternadas de forma normal, sem períodos de apneia e sem
polipneia. Não tem nada a ver com a duração da inspiração em relação à
expiração. Ritmos anormais: respiração de Kussmaul, de Cheyne-Stokes, de Biot,
respiração suspirosa, etc. Na turma 1, pedi que estudassem esses ritmos, não
foi?... O que você mencionou sobre a proporção 1:2, 1:2, é a relação entre
a duração da fase inspiratória do murmúrio vesicular (MV) em comparação com a
expiratória: normalmente a duração da inspiração é maior que a da expiração;
quando o MV é substituído pelo sopro tubário (ou respiração brônquica anormal),
a fase expiratória passa a ter duração maior que a inspiratória. Também no
quadro de broncoespasmo (crise asmática, por exemplo), a fase expiratória passa
a ser mais prolongada que a inspiratória.
Professora, estou com algumas dúvidas: 1. Como eu vou palpar o
frêmito brônquico e pleural? Eu encontro a alteração quando for palpar o
toracovocal, é? 2. Quanto à percussão, seu livro fala que deve-se iniciar
pelas costas, mas eu li no "Portinho" que ele sugere começar pela
frente. Tanto faz ou algum dos modos é melhor? Acho que era só isso.
Palpam-se os frêmitos brônquico e pleural em casos de crise
asmática com broncoespasmo e no pleuris (pleurite), respectivamente; são
frêmitos anormais, portanto não são detectados em condições normais; (2) No
exame do tórax respiratório, sempre começar pela face posterior e de cima para
baixo. Pode-se dizer que o frêmito brônquico é a expressão palpatória de
roncos e sibilos, e o frêmito pleural, a do atrito pleural.