16 de agosto de 2013

Unhas de Terry

Em 1954, o Dr. Richard Terry descreveu uma alteração ungueal caracterizada pela presença de uma anormalidade da coloração: leito ungueal branco com uma faixa distal de 1-2 mm de comprimento de cor rosa ou marrom-avermelhada (TERRY, 1954). Associações clínico-patológicas foram estabelecidas com várias afecções, sobretudo com doença hepática crônica. Estudos posteriores confirmaram uma associação com cirrose, mas também mostraram associação com insuficiência cardíaca congestiva, diabetes mellitus, hipertireoidismo e idade avançada. Não houve relação aparente com anemia ou hipoalbuminemia. Estudos histológicos do leito ungueal demonstraram alterações vasculares (telangiectasias) na porção proximal e nas faixas distais, mas as razões para as variações de cor ainda permanecem obscuras. Uma possibilidade é a de que o leito ungueal proximal e distal tem diferentes suprimentos sanguíneos (ALBUQUERQUE et al., 2012).
A desordem deve ser distinguida da leuconíquia difusa (unhas brancas), que não apresentam a faixa distal e desaparece com o crescimento da unha.
Contudo, o mais importante diagnóstico diferencial das unhas de Terry é o das unhas meio-a-meio, ou Unhas de Lindsay, que são vistas em pacientes com insuficiência renal crônica. A diferença clínica de ambas é a faixa transversal que, na segunda ocupa geralmente 20% a 60% do comprimento da unha (LI et al., 2012). A anormalidade é facilmente reconhecível no leito da unha e deve alertar os clínicos a possibilidade de uma doença sistêmica subjacente, especialmente doenças hepáticas avançadas.

Imagem: Foto de paciente de 84 anos atendido no Hospital Universitário Lauro Wanderley/UFPB com diagnóstico de cirrose hepática / Arquivo GESME.

Referências
ALBUQUERQUE, A.; SARMENTO, J.; MACEDO, G. Hepatobiliary and Pancreatic: Terry’s nails and liver disease. Journal of Gastroenterology and Hepatology,  27: 1539, 2012.
LI, Z.; JI, F.; DENG, H. Terry's nails. Braz J Infect Dis 16 (3): 311-312, 2012 . 
TERRY, R. White nails in hepatic cirrhosis. Lancet. 1:756–9, 1954.