Em 1954, o Dr. Richard Terry descreveu
uma alteração ungueal caracterizada pela presença de uma anormalidade da coloração: leito ungueal
branco com uma faixa distal de 1-2 mm de comprimento de cor rosa ou marrom-avermelhada (TERRY, 1954). Associações clínico-patológicas foram estabelecidas com várias afecções, sobretudo com doença hepática crônica. Estudos posteriores
confirmaram uma associação com cirrose, mas também mostraram associação com
insuficiência cardíaca congestiva, diabetes mellitus, hipertireoidismo e idade
avançada. Não houve relação aparente com anemia ou hipoalbuminemia. Estudos
histológicos do leito ungueal demonstraram alterações vasculares
(telangiectasias) na porção proximal e nas faixas distais, mas as razões para
as variações de cor ainda permanecem obscuras. Uma possibilidade é a de que o
leito ungueal proximal e distal tem diferentes suprimentos sanguíneos
(ALBUQUERQUE et al., 2012).
A desordem deve ser distinguida da leuconíquia
difusa (unhas brancas), que não apresentam a faixa distal e desaparece com o crescimento
da unha.
Contudo, o mais importante diagnóstico diferencial das unhas de
Terry é o das unhas meio-a-meio, ou Unhas de Lindsay, que são vistas em pacientes
com insuficiência renal crônica. A diferença clínica de
ambas é a faixa transversal que, na segunda
ocupa geralmente 20% a 60% do comprimento da unha (LI et al., 2012). A anormalidade é facilmente reconhecível no leito da unha e deve alertar
os clínicos a possibilidade de uma doença sistêmica subjacente, especialmente
doenças hepáticas avançadas.
Imagem: Foto
de paciente de 84 anos atendido no Hospital Universitário Lauro Wanderley/UFPB com diagnóstico de cirrose hepática / Arquivo GESME.
Referências
ALBUQUERQUE, A.; SARMENTO, J.; MACEDO, G. Hepatobiliary and Pancreatic: Terry’s nails and
liver disease. Journal of Gastroenterology
and Hepatology, 27: 1539, 2012.
LI, Z.; JI, F.; DENG, H. Terry's
nails. Braz
J Infect Dis 16 (3): 311-312, 2012 .
TERRY, R. White nails in hepatic
cirrhosis. Lancet. 1:756–9, 1954.