Por Larissa Lima do Vale
Estudante de Graduação em Medicina da UFPB
Resumo
A hemorragia digestiva baixa é
definida como qualquer sangramento com origem abaixo do ligamento de Treitz. Pode
manifestar-se principalmente como enterorragia ou hematoquezia. Considera-se hematoquezia o sangramento proveniente de reto e ânus, em que o sangue fica em torno das fezes mas não se mistura com
elas, ou goteja após a evacuação em pequena quantidade, enquanto que enterorragia é a eliminação de sangue vivo, em maior volume, e que muitas vezes é a
própria evacuação, indicando sangramento intestinal.
Palavras-chave: Trato digestivo. Hemorragia gastrointestinal.
Hematoquezia.
A hemorragia digestiva é definida como a
perda de sangue proveniente do trato gastrointestinal (TGI) e seus anexos (DE
CARVALHO et al., 2000), sendo classificada de acordo com o sítio de origem em
hemorragia digestiva alta ou hemorragia digestiva baixa (HDB). Segundo Volpe
(1994), HDB é definida como qualquer sangramento com origem abaixo do ligamento
de Treitz e cuja fonte pode estar no intestino delgado, no cólon ou reto. Entre
as causas de hemorragia digestiva, a HDB é responsável por 15% dos casos, sendo o
intestino grosso a sede de origem em 95 a 97% (BARRETO et al., 2007).
A exteriorização clínica do sangramento
digestivo baixo pode ocorrer de diversas formas: como sangue oculto, melena,
enterorragia ou hematoquezia (LERIAS e SOFIA, 2004). A enterorragia consiste em
um sangramento digestivo volumoso, não digerido, líquido, misturado ou não com
coágulos (RODRIGUES, 2008). Esta manifestação pode ou não estar associada à
HDB, uma vez que hemorragias digestivas altas volumosas ou associadas à rapidez
no trânsito intestinal também podem se apresentar desta forma (DE CARVALHO et
al., 2000). Já a hematoquezia é um termo
que define a passagem de sangue vivo pelo ânus, em pequena quantidade, associado ou não a coágulos e geralmente junto a material fecal (GALINDO, 2009; RODRIGUES,
2008).
Há autores que consideram os termos enterorragia
e hematoquezia como sinônimos. Os autores de língua espanhola consideram que
são o mesmo sinal clínico, ou seja, sangramento digestivo intestinal de origem
baixa (abaixo do ângulo de Treitz). Mas há uma diferença. Enterorragia é a
evacuação de sangue vivo, enquanto hematoquezia é a eliminação de sangue vivo
em menor quantidade, e geralmente apenas durante a evacuação. Segundo
López e Laurentis (2004), hematoquezia é caracterizada como a eliminação de
grande volume de sangue vivo nas fezes (normalmente superior a 1000 mL), com
duração de quatro horas ou menos. Para Porto e Porto (2009), hematoquezia é quando se trata de sangue vermelho vivo em pequena quantidade, de origem proctológica. Na conceituação de Souto (1998), no livro "Temas de Semiologia e Clínica Gastroenterológica, "hematoquezia é a eliminação de sangue vermelho vivo via anal, e enterorragia é a perda de sangue também via anal, mas sem diferençar se é vermelho vivo ou preto".
Portanto, parece não haver consenso quanto a esta conceituação e à distinção semiológica entre enterorragia e hematoquezia.
Na presente
revisão, considera-se hematoquezia o sangramento baixo, geralmente proveniente de reto e
ânus (o sangue fica em torno das fezes mas não se mistura com elas, ou goteja
após a evacuação), enquanto enterorragia é a evacuação de sangue vivo (o sangue é a própria
evacuação), geralmente mais volumoso e indica sangramento intestinal.
Fezes com sangue são frequentemente sinais de qualquer lesão ou doença presentes no trato digestivo. Cerca de 50 a 75% do sangramento digestivo baixo têm origem colorretal, 10 a 25% tem origem no intestino delgado e, em 10 a 25% dos casos, não se consegue identificar o local exato de sangramento (MOREIRA; MOREIRA, 2009). As causas variam de acordo com a faixa-etária. Na criança, o divertículo de Meckel é o motivo mais comum de sangramento, enquanto que, no adulto, a doença diverticular do cólon, as angiodisplasias e as doenças proctológicas, sobretudo hemorroidárias, são as mais relevantes. Outras causas de HDB são as colites isquêmicas e infecciosas, neoplasias e doenças inflamatórias intestinais (ORNELLAS et al., 2001).
Fezes com sangue são frequentemente sinais de qualquer lesão ou doença presentes no trato digestivo. Cerca de 50 a 75% do sangramento digestivo baixo têm origem colorretal, 10 a 25% tem origem no intestino delgado e, em 10 a 25% dos casos, não se consegue identificar o local exato de sangramento (MOREIRA; MOREIRA, 2009). As causas variam de acordo com a faixa-etária. Na criança, o divertículo de Meckel é o motivo mais comum de sangramento, enquanto que, no adulto, a doença diverticular do cólon, as angiodisplasias e as doenças proctológicas, sobretudo hemorroidárias, são as mais relevantes. Outras causas de HDB são as colites isquêmicas e infecciosas, neoplasias e doenças inflamatórias intestinais (ORNELLAS et al., 2001).
As formas
de manifestação da hemorragia digestiva baixa são diversificadas, variando
desde episódios recorrentes e pouco expressivos de hematoquezia até hemorragia
maciça, com choque hemodinâmico. Porém, na maior parte das vezes, o sangramento é
autolimitado (SANTIAGO e DANI, 2002). Passagem retal de sangue vermelho vivo mínimo,
incluído no conceito de hematoquezia, geralmente ocorre em um padrão crônico
intermitente (DAVILA et al., 2007). Por auto-relato, hematoquezia ocorre em
aproximadamente 15% das pessoas (ESLICK et al., 2009).
A abordagem propedêutica para sangramento
digestivo baixo visa responder três importantes questões: volume de sangue
perdido, local do sangramento e a etiopatogenia (QUILICI et al., 2006). O diagnóstico
diferencial é extenso, porém, através da anamnese, colhendo-se a história
completa do paciente, assim como relacionando-se os sintomas com a idade do
mesmo, pode-se ajudar na definição diagnóstica. O exame físico, por sua vez,
permite avaliar a gravidade do sangramento através da avaliação
cardiovascular do paciente, incluindo frequência cardíaca e pressão arterial
(RODRIGUES, 2008).
A confirmação diagnóstica é realizada,
principalmente, através dos exames proctológico, hematológico e endoscópico. O
exame proctológico compreende a inspeção e a palpação do canal anal, bem como a
realização do toque retal, da anuscopia e retossigmoidoscopia. O toque retal
pode identificar pontos dolorosos, endurecimentos ou irregularidades que
poderão ser a sede do sangramento. O exame hematológico, por sua vez, visa
quantificar o sangue perdido pelo paciente através do coagulograma. Por fim, a
colonoscopia é o principal exame no diagnóstico de sangramento digestivo baixo,
podendo, na sua maioria, identificar o local e a causa da enterorragia.
Referências
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