Por Daniel Idelfonso Dantas
Estudante de Graduação em Medicina da UFPB
Resumo
Os sinais e sintomas demenciais fazem parte de uma síndrome clínica caracterizada por comprometimento progressivo dos processos psíquicos, cognitivos e afetivos, e com interferência nas atividades sociais e ocupacionais. Acomete principalmente pessoas idosas, que apresentam perda da memória,
confusão mental, dificuldade em aprender novas informações, insônia,
irritabilidade e alterações do comportamento. Contudo, estes sintomas e sinais demenciais não fazem parte do envelhecimento normal. Os sintomas demenciais iniciais variam, mas a perda de
memória em curto prazo costuma ser a característica fundamental e a que traz o
paciente ou sua família à consulta médica. A causa mais comum da sintomatologia demencial é a demência do tipo Alzheimer, que
apresenta progressão gradual.
Palavras-chave: Doença de Alzheimer.
Transtornos da Memória. Sinais e Sintomas.
O termo "demencial" refere-se a demência que,
etimologicamente, deriva da palavra dementia, “privação da mente”. Trata-se
de uma síndrome clínica caracterizada pelo comprometimento das habilidades
intelectuais, com interferência nas atividades
sociais e ocupacionais. Há um empobrecimento e uma simplificação progressiva
dos processos psíquicos, cognitivos e afetivos. As funções cognitivas
prejudicadas incluem a inteligência geral, a percepção, a atenção e a
concentração, o julgamento, as habilidades sociais e, em certos casos, a
personalidade. A doença chega à fase terminal depois de um
período de dois a dez anos de evolução (SADOCK, 2007).
Os sinais e sintomas demenciais acometem
geralmente pessoas idosas, porém não fazem parte do envelhecimento normal. A
maioria dos idosos não fica demente. A prevalência cresce
exponencialmente de 2% entre pessoas com 65 anos de idade para 20 a 40% entre
aqueles com 80 anos ou mais (JACOBSON, 1997). O tipo mais comum é a demência do
tipo Alzheimer que apresenta progressão gradual, mas estável. Os fatores de
risco incluem ser do sexo feminino, ter parente em primeiro grau com o
transtorno e apresentar história de lesão na cabeça. O segundo tipo mais comum
de demência é a vascular, que tem relação causal com doenças cerebrovasculares.
A hipertensão predispõe a pessoa à síndrome, e explica de 15 a 30% de todos os
casos de demência, sendo mais comum em indivíduos entre as idades de 60 e 70
anos, com maior recorrência entre homens do que entre mulheres. Outras causas
comuns da demência, cada uma representando de 1 a 5% de todos os casos, incluem
traumatismo craniano, demências relacionadas ao álcool, deficiências
vitamínicas, infecções do sistema nervoso central, endocrinopatias e causas
metabólicas, além de serem associadas a transtornos do movimento, como na coréia
de Huntington e na doença de Parkinson (DALGALARRONDO, 2000).
Déficits de memória estão
sempre presentes entre pacientes com demência. Dificuldades para aprender novas
informações são particularmente proeminentes e podem ser a alteração mais óbvia
em casos leves. Em consequência, o indivíduo passa a ter problemas para
lembrar-se de onde deixou certos objetos (por exemplo, carteira com documentos
e dinheiro) e a repetir perguntas ou contar a mesma história inúmeras vezes. Com
a progressão da doença, memórias mais antigas (por exemplo, eventos ocorridos no
passado) podem desaparecer, e a pessoa apresenta dificuldades para reconhecer
familiares e, por vezes, a si mesma.
O envelhecimento não está
necessariamente associado a declínio cognitivo significativo, mas podem ocorrer
problemas menores de memória como parte do envelhecimento normal. Essas
ocorrências, às vezes, são chamadas de esquecimento benigno senescente ou perda
de memória associada à idade. Ambos são distinguidos da demência por sua menor
gravidade e pelo fato de que não interferem de forma tão insidiosa no comportamento social ou
ocupacional da pessoa (BUSSE, 1992). Os sintomas demenciais iniciais variam,
mas a perda de memória em curto prazo costuma ser a característica fundamental
e que traz o paciente ou sua família à consulta médica. Perguntas cuidadosas
aos pacientes e aos seus familiares podem ajudar a determinar a natureza do
comprometimento cognitivo.
Os sintomas das funções corticais
superiores incluem uma série de alterações de linguagem (afasia), percepção
(agnosia), atividade motora (apraxia), organização e planejamento (funções
executivas), além de habilidades visoespaciais. Entretanto, as dificuldades de
pacientes com demência não se limitam aos déficits cognitivos. Alterações do
comportamento estão presentes em até 80% dos casos e são uma fonte importante
de estresse para o paciente e seus cuidadores. Sinais e sintomas como confusão mental,
insônia, depressão, problemas em trabalhar com números (como fazer um cálculo
simples), mau humor, irritabilidade, ansiedade, problemas em controlar as
emoções e alterações do comportamento como discutir, agredir ou gritar podem
também estar presentes (NUNES FILHO, 1996).
É importante salientar que o
diagnóstico dos quadros compostos por sintomas demenciais baseia-se
fundamentalmente na avaliação clínica, assim como em testes neuropsicológicos e
cognitivos padronizados.
Referências
BUSSE, E. W.; BLAZER, D. G. Psiquiatria geriátrica. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1992.
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e
semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Artmed, 2000.
JACOBSON, J. L.; JACOBSON, A. M. Segredos em Psiquiatria: Respostas
necessárias ao dia-a-dia: em rounds, na clínica, em exames orais e escritos.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
NUNES FILHO, E. P.; BUENO, J. R; NARDI,
A. E. Psiquiatria e Saúde Mental:
conceitos clínicos e terapêuticos fundamentais; São Paulo: Ateneu, 1996.
SADOCK, B. J.; SADOCK, V. A. Compêndio de Psiquiatria: ciências do
comportamento e psiquiatria clínica. Porto Alegre: Artmed, 2007.
Neste blog, leia “Sinais e Sintomas Demenciais – Parte 1” em: http://semiologiamedica.blogspot.com.br/2009/07/sinais-e-sintomas-de-demencia.html