Questões Propostas aos Alunos do Módulo de História da Medicina em 2015.1
Temas:
- Por que Estudar História da Medicina?
- Da Medicina Mágico-Religiosa à Hipocrática
Temas:
- Por que Estudar História da Medicina?
- Da Medicina Mágico-Religiosa à Hipocrática
Em que
momentos históricos da Antiguidade houve algum progresso do pensamento médico,
do mágico-religioso para o empírico? Comente.
Na
Antiguidade do Ocidente, ocorreram práticas empíricas (baseadas na observação) com Hipócrates, na Grécia Antiga, sendo seguido por Galeno, em Roma. Contudo, ainda que de forma incipiente, inicialmente na medicina egípcia, também ocorreram movimentos caracterizados por empirismo. Assim, a visão empírica de Hipócrates (séculos V-IV a.C) já tinha ocorrido
antes dele, de forma mais elementar, em determinadas
práticas ocorridas no Egito (3.000 a.C.). Neste, já houve uma relativa
progressão do pensamento médico, pelas práticas de dissecação, conhecimentos
anatômicos e de plantas, paralelamente às práticas
mágico-religiosas vigentes e predominantes naquele momento histórico. A farmacopeia do Antigo Egito baseava-se em um conhecimento da botânica e das ervas
especiais, que era preparada pelos próprios médicos, embora ainda fossem muitas vezes acompanhada por rituais de magia. A
mumificação permitiu o acesso ao interior do corpo humano e, com isso, os
egípcios passaram a conhecer o sistema circulatório, o funcionamento de vários
órgãos e algumas relações entre eles. O tratamento de fraturas era feito
com certo grau de habilidade pelos egípcios, que também realizavam operações
simples. Portanto, a hegemonia da interpretação mágico-religiosa não impediu o
desenvolvimento da observação e da prática empírica.
Foi com Hipócrates,
considerado o pai da medicina, na Grécia Clássica, que houve uma desvinculação da prática mística. A medicina hipocrática reconhecia a doença como parte da natureza, no
processo gradual de transição do pensamento místico para o
pensamento racional na medicina antiga. Para Hipócrates, a saúde era a
expressão do equilíbrio do corpo humano, obtida através de um modo de vida
ideal, que incluía nutrição, excreção, exercício e repouso adequados. A
medicina hipocrática dos séculos V e IV a.C. valorizava a prática clínica e a
observação da natureza e, portanto, foi eminentemente empírica.
Em que
período histórico foram escritos os primeiros textos médicos, quais foram estes
e de que tratavam?
Na
Antiguidade. Os primeiros textos de que se tem conhecimento são os papiros do
Antigo Egito, que foram de extrema importância para o conhecimento sobre as
práticas médicas daquela época. O
conhecimento da medicina egípcia provém basicamente de três documentos, o
Papiro de Ebers (1.500 a.C), sobre
medicina interna, o Papiro de Smith (1.600 a.C), sobre cirurgia,
sobretudo feridas cirúrgicas e fraturas, e o Papiro de Kahun ou Lahun (1.800
a.C), sobre ginecologia e obstetrícia.
Que
equívoco ainda existe atualmente a respeito do símbolo da Medicina?
A confusão ainda observada nos dias atuais relaciona-se ao bastão de Asclépio, que simboliza tradicionalmente a arte da
cura, contendo um bastão tosco e uma serpente, que pela regeneração de sua pele, é considerada um
símbolo de renascimento e de fertilidade. Ao longo do tempo este símbolo tem
sido confundido com o caduceu de Hermes, erroneamente usado para representar a
medicina, embora seja, na realidade, o símbolo do comércio. Os alquimistas adotaram o caduceu
de Hermes, o Deus dos Mensageiros, que também foi o patrono dos jogadores,
ladrões, trapaceiros e alquimistas.
Quais as
principais contribuições de Cláudio Galeno para a Medicina?
Galeno (130-200 d.C.) foi o último e mais influente dos grandes médicos antigos.
Foi um escritor prolífico, produzindo centenas de obras. Estas formam
cerca de metade dos conhecimentos que sobreviveram dos médicos gregos
antigos. Ele escreveu cerca de quinhentos tratados, dos quais 83 são
reconhecidos como sendo verdadeiros, abrangendo não só medicina, mas também
ética e filosofia. Suas contribuições mais importantes foram em anatomia,
fisiologia experimental e farmacologia. Galeno dissecava habilmente vários
tipos de animais, e suas observações eram aplicadas ao corpo humano, algumas vezes
erroneamente. Ele reconheceu corretamente que o sangue passava do coração
direito para o lado esquerdo, por exemplo, mas afirmou que este fluxo ocorria
através de minúsculos poros no septo interventricular. Galeno também
acreditava que o sangue era formado no fígado, e circulava a partir daí para as
veias. Ele mostrou que as artérias continham sangue, e não ar, como até
então se acreditava.
Galeno
tornou-se uma autoridade médica importante por 15 séculos, definindo a prática da medicina
na Europa Ocidental durante estes 1.500 anos. O mundo médico abandonou o galenismo apenas após a aceitação dos trabalhos de Andreas Vesalius (1514-1564)
sobre anatomia em 1543, e de William Harvey (1578-1657), sobre a
circulação de sangue em 1628.
A partir de
medicina hipocrática, Galeno difundiu e aperfeiçoou a teoria dos quatro
humores, tornando-se o mais importante contribuinte para os conhecimentos
médicos depois de Hipócrates.
Por que
estudar História da Medicina e da Bioética?
Vide link:
http://semiologiamedica.blogspot.com.br/2010/07/para-que-serve-historia-da-medicina.html
Imagem: Sangria do imperador romano
Galerius através de sanguessugas para quadro "putrefativo intestinal"
[Ilustração do Decameron]