Ilustrações de temas de
História da Medicina com motivos artísticos
trazidas pelos alunos do
Módulo de MHB3 em 2015.1 nos seminários I e II – Departamento de Medicina Interna – Centro de Ciências Médicas
- UFPB, Campus I
MARIA BEATRIZ
Carta de Noel Rosa a Edgar
Graça Mello
Belo Horizonte, 27 de janeiro de 1935
Meu dedicado médico e paciente amigo Edgar.
Um abraço.
Se tomo a liberdade de roubar mais uma vez seu precioso tempo, é porque tenho certeza de que você se interessa por mim muito mais do que eu mereço.
Assim sendo, vou passar a resumir as notícias que se referem à marcha do meu tratamento.
E, para amenizar as agruras que tal leitura oferece, resolvi fazer uso das quadras que se seguem:
Já apresento melhoras:
Pois levanto muito cedo
E... deitar às nove horas
Para mim, é um brinquedo!
A injeção me tortura
E muito medo me mete;
Mas... minha temperatura
Não passa de trinta e sete!
Nessas balanças mineiras
De variados estilos
Trepei de várias maneiras
E... pesei cinquenta quilos!
Deu resultado comum
O meu exame de urina.
Meu sangue: - noventa e um
Por cento de hemoglobina.
Creio que fiz muito mal
Em desprezar o cigarro:
Pois não há material
Pra meu exame de escarro!
Até agora, só isto.
Para o bem dos meus pulmões,
Eu, nem brincando desisto
De seguir as instruções.
Que meu amigo Edgar
Arranque deste papel
O abraço que vai mandar
O seu amigo
Noel.
JANE
"A Criação de Adão", afresco da Capela Sistina, com figura com formato anatômico do encéfalo
VICTOR
HUGO
Óleo sobre tela de
Robert Hannah, de 1848, mostra William Harvey demonstrando a Charles I a
circulação do sangue
CÍNTIA
Ilustração "Mapa do Inferno de Dante”, século XV, de Sandro Boticelli, com evocação da Peste Negra da Idade Média
THIAGO
Algo, em mim, está morto.
O lado direito inerte, ausente,
de mim está alheio.
Do lado esquerdo
o fito,
como se a um outro
olhasse.
Metade de mim persiste,
vive,
e contempla algo, ardendo,
estiolando,
que em mim está morto.
Um perfil que apodrece
e eu vivendo
e vendo ausentar-se de mim
algo que em mim está morto
definitivamente.
ANDRÉ
Detalhe de desenho feito em1802 – The Cow
Pock – de - mostrando a controvérsia em torno da vacinação
criada por Edward Jenner, sugerindo que sua vacina contra a varíola, derivada de
pústula de vaca, faria surgir brotos de vacas nos corpos de pacientes vacinados
BRUNA
Poema “Pneumotórax”,
de Manuel Bandeira
Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
- Diga trinta e três.
- Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
- Respire.
- O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
- Diga trinta e três.
- Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
- Respire.
- O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
RICARDO
Pinturas em
aquarela de Alexander Fleming a partir de discos de placas de Petri com crescimento
bacteriano (“arte microbiana”)
JOSÉ
GUILHERME
Pintura em óleo sobre tela de Robert Hinckley - Primeira
operação com éter, de 1846
JOÃO
GABRIEL
Arte: Pintura
de Franz Skarbina em 1906 – retrata
Ernst von Bergmann, um pioneiro de técnicas de
assepsia, realizando uma amputação de membro inferior no Charité Hospital, Berlin, em 1897