DEVOLUTIVA
Prova na Modalidade Osce realizada em 30 de julho de 2016 para o Internato na Área Básica de Clínica Médica
Prova na Modalidade Osce realizada em 30 de julho de 2016 para o Internato na Área Básica de Clínica Médica
Comissão do OSCE-CM / Departamento
de Medicina Interna / Centro de Ciências Médicas / UFPB
ESTAÇÃO 1
Enunciado: Local do atendimento – Pronto Atendimento de Hospital Geral
Enunciado: Local do atendimento – Pronto Atendimento de Hospital Geral
Você é o clínico de plantão
em um Pronto Atendimento. É chamado para avaliar paciente, masculino, 24 anos,
casado, agricultor, recém trazido ao PA com quadro de dispneia há 1h50min. O paciente
nega ser portador de doenças prévias ou uso de medicamentos. Ao exame físico
encontra-se em EGR, taquipneico, lúcido, orientado, anictérico, acianótico. AR:
MV+ AHT com roncos difusos, FR=26 irpm. ACV: BCNF sem sopros, FC=50bpm e
PA=100/60mmHg. Exame do abdômen com dor discreta à palpação, flácido, sem
organomegalias palpáveis e RHA+ e intensos. Cavidade oral sem lesões, mas com sialorreia
importante. Pupilas mióticas e fotorreagentes. Sem outras alterações no exame
físico.
INSTRUÇÕES PARA AS RESPOSTAS:
(1) Qual a hipótese diagnóstica mais
provável e adequada para o caso?
(2) Escolha entre as opções de conduta,
que vão da letra A até a letra J, quais seriam seus próximos 3 passos em ordem
de prioridade. Escreva a letra
correspondente a cada passo nos espaços abaixo e justifique verbalmente a
escolha feita para o Passo 1.
Passo 1: _________
Justificativa para o passo 1 - (resposta verbal)
Passo 2: _________
Passo
3:__________
CHECKLIST
Comentários do Prof. Luiz Fábio:
ESTAÇÃO 2
Comentários do Prof. Luiz Fábio:
A questão
tinha como enunciado em caso clínico de um paciente de 24 anos, agricultor, que
chega ao PA com 1h e 50mim de queixas altamente sugestivas de síndrome
colinérgica (miose, dispneia com roncos, sialorréia, bradicardia). Ele negava
ser portador de comorbidades ou usar medicamentos. Embora taquipneico, não havia outros sinais de
insuficiência respiratória tais como cianose, fala entrecortada, rebaixamento
do nível de consciência, tiragem intercostal, uso de musculatura acessória,
etc. Sendo assim, embora o quadro clínico estivesse florido e o diagnóstico
potencialmente grave, no momento do término do atendimento do paciente em
questão, ele encontrava-se ESTÁVEL.
A síndrome colinérgica é de diagnóstico eminentemente clínico-epidemiológico e,
logo, a diagnóstico mais provável e adequado para o caso é de Intoxicação
Exógena por inseticidas.
1)
Pediu-se
para colocar a hipótese diagnóstica mais provável e adequada para o caso. Valia
2,5.
As
respostas totalmente corretas aceitas foram: intoxicação exógena por
inseticidas/intoxicação exógena por organofosforados ou carbamatos/ intoxicação exógena por agrotóxicos/intoxicação exógena com síndrome colinérgica/intoxicação exógena=síndrome anticolinesterásica. Resposta
contendo apenas “intoxicação exógena” não recebeu pontuação completa atribuída a este item.
2)
Pediu-se para se escolherem três condutas dentre dez possíveis, e colocá-las em ordem de
prioridade. Esta questão avaliava a capacidade do aluno de tomar decisões que
são fundamentais num PA e, além disso, colocá-las em ordem de importância. Nem
todas as decisões certas, são certas em qualquer momento.
Passo 1 –
Vale 2,5
Passo 2-
Vale 1,0
Passo 3-
Vale 1,0
Das 10
condutas possíveis, a mais importante e prioritária para o caso é: PRESCREVER
ATROPINA, que é o PASSO 1
correto. Após estabilização do doente (neste caso, o doente já estava estável), a prescrição da droga anticolinérgica é a conduta inicial mais importante a
ser tomada. Deve ser prescrita sem restrições, EV. Não há dose máxima e o
principal objetivo é deixar o paciente “seco”; ou seja, reduzir as secreções
pulmonares. Embora o paciente do caso estivesse bradicárdico, a bradicardia era
assintomática e leve e não era o principal motivo para atropinizar o paciente.
Inclusive, mesmo em pacientes eucárdicos e até taquicárdicos a mesma deve ser
prescrita na suspeita de intoxicação por inseticidas
Quem
colocou carvão ativado, embora não seja a conduta mais prioritária, pontuou
parcialmente o Passo 1.
Para o PASSO 2, a conduta mais adequada
seria a prescrição de carvão ativado. Embora o caso não deixe claro a via de
contaminação, estatisticamente a via oral é a mais comum. Portanto, a
descontaminação por via oral com carvão ativado é indicada. O carvão ativado
pode ter eficácia mesmo após a primeira hora. Já a lavagem gástrica é proscrita
após 1 hora da exposição pela sua ineficácia e riscos. A única indicação de
lavagem gástrica após 1 hora de exposição é quando se tem uma história de
ingestão de múltiplos comprimidos/cápsulas e o procedimento é feito, não para
fins de descontaminação, mas para tentar recuperar algum comprimido intacto e
identificar. Como o aluno poderia escolher o carvão ativado como
descontaminação, fazer lavagem gástrica estaria errado em qualquer dos passos.
Para o
PASSO 3, poderiam ser escolhidas uma das seguintes opções: Solicitar exames laboratoriais/solicitar exames radiológicos/notificar Vigilância Sanitária/prescrever
pralidoxina. Todas seriam viáveis e corretas, preenchidos os passos anteriores, que são fundamentais. O diagnóstico de intoxicação exógena por inseticidas deve
ser notificado. A confirmação diagnóstica é eminentemente clínica e baseada na
resposta à atropinização. Embora a dosagem da atividade da enzima
anticolinesterase nas hemácias possa ser solicitada e, quando baixa ou nula,
confirma o diagnóstico, sua execução é demorada e, portanto, seus resultados
não estão rapidamente disponíveis o que não o torna fundamental e nem
prioritário. A pralidoxina é uma droga que regenera a anticolinesterase sérica
e deve ser prescrita sempre que disponível. É mais eficaz nos casos de
intoxicação por carbamatos, mas na ausência da certeza de se o paciente está
intoxicado por organofosforados, carbamatos ou piretróides, sua prescrição é
indicada.
Condutas
que estão erradas em qualquer dos 3 PASSOS: Iniciar hemodiálise/ prescrever bicarbonato de sódio/ lavagem gástrica e ventilação mecânica não invasiva. Obviamente, esta última representa um recurso mandatório em casos de insuficiência respiratória. Apenas o fato de o paciente estar dispneico não configura o quadro de insuficiência respiratória. O paciente em discussão, embora taquipneico,
não tinha nenhum outro critério de comprometimento da função pulmonar. Mesmo
que ele estivesse hipoxêmico, um simples cateter de oxigênio poderia ser
suficiente.
Por fim, o
aluno tinha que justificar a escolha da conduta no passo 1. Este item valia 3,0.
Ele é extremamente dependente de ter acertado o passo 1, mas também, de saber
porque acertou. Nem todos os alunos escolheram atropina pelos seus efeitos
anticolinérgicos e com objetivo de “secar” o paciente.
ESTAÇÃO 2
Enunciado: Local do atendimento - Ambulatório de clínica médica geral
O sr. João
Neves, 81 anos, foi trazido pela filha para avaliação médica devido a mudanças
em seu comportamento nos últimos 10 dias. Até então, ele mantinha independência
no controle de sua rotina diária e de suas medicações. Ele é hipertenso e
diabético há 15 anos e mantinha o controle das taxas com medicamentos orais.
Também possuía uma disfunção renal leve, mas controlada com dieta. Devido à
insônia crônica, passou a fazer uso ocasional de benzodiazepínicos para dormir.
Nos últimos 10 dias, a filha notou uma modificação em seu comportamento, ele
passou a ficar apático, desatento, não conseguia manter um diálogo coerente, se
esquecendo das perguntas feitas ou respondendo várias vezes à mesma pergunta.
Além disso, está cada vez mais sonolento e inapetente. O quadro está oscilante
durante o dia, havendo períodos de maior lucidez.
Ao exame físico
nota-se: paciente apático, desorientado alopsiquicamente, descorado+/4,
desidratado+/4, afebril, taquipneico, PA=140/70 mmHg, FC=95bpm, FR=26 irpm.
Ausculta cardíaca sem alterações e ausculta pulmonar com estertores bolhosos em
bases. Abdome sem alterações.
INSTRUÇÕES PARA AS RESPOSTAS: Anote as respostas abaixo das seguintes questões: (1) Levante três hipóteses diagnósticas relacionadas ao quadro neuropsíquico; (2) Qual seria sua conduta inicial diante deste paciente?
ESTAÇÃO 3
Luiz Alfredo, de 18 anos de idade, masculino,
solteiro, estudante universitário, foi atendido no pronto-socorro há 20 dias
por intoxicação alcoólica aguda. Como sua mãe acha que ele está com problemas
com o álcool, convenceu-o a vir à consulta para fazer uma triagem antes de
procurar assistência especificamente voltada para o caso.
INSTRUÇÕES PARA AS RESPOSTAS:
(1) Pesquise o padrão de consumo de bebida do paciente que está à
sua frente e se este apresenta manifestações da síndrome de dependência do
álcool. Não precisa anotar aqui: Pergunte diretamente ao paciente.
(2)
Diante das respostas do paciente, ele parece ter risco
de padrão de uso nocivo do álcool e síndrome de dependência? – Assinale
abaixo
(
) apresenta padrão de uso nocivo
do álcool
(
) apresenta síndrome de dependência do álcool
( ) não apresenta padrão de uso nocivo
do álcool nem síndrome de dependência
( ) apresenta padrão de uso nocivo do álcool e síndrome de dependência
CHECKLIST
Questão
1: pontuação total = 6,0
|
Qual a quantidade e frequência de consumo de
álcool?
|
Consome que tipo de bebida alcoólica?
|
Há quanto
tempo consome bebidas alcoólicas?
|
Você já
teve problemas relacionados ao uso de álcool?
|
Alguma vez
sentiu que deveria diminuir a quantidade de bebida ou parar de beber?
|
As
pessoas o aborrecem porque criticam seu modo de beber?
|
Você se
sente culpado (chateado consigo mesmo) pela maneira como costuma beber?
|
Você
costuma beber pela manhã para diminuir o nervosismo ou a ressaca?
|
Tem bebido sozinho?
|
Quantas vezes ficou bêbado no último mês?
|
Tem
apresentado tremores nas mãos?
|
Tem
apresentado sudorese, náuseas, vômitos, taquicardia, agitação,
cefaleia, insônia, mal-estar ou fraqueza, alucinações, convulsões?
|
Alguma
vez ficou ferido ou alguém ficou ferido por você ter bebido / Já houve
algum acidente de carro?
|
Questão
1: pontuação total = 4,0
|
Apresenta
padrão de uso nocivo do álcool
|
ESTAÇÃO 4
Enunciado: Uma mulher de
65 anos de idade foi encaminhada da atenção básica onde foi à consulta
ambulatorial com queixa de intensa fadiga geral. Ela tem se sentido cada vez
mais cansada no último ano, mas há 3 semanas piorou e queixa-se de dores de
cabeça. Tem sentido seus pés com pouca sensibilidade e certa dificuldade para
andar. Dois meses antes da internação, ela sente ardor na língua e dor ao
engolir alimentos - levando-a a diminuição da ingestão e a uma perda de 5 kg,
juntamente com o aumento da sensação de fraqueza geral.
Nega antecedentes patológicos pessoais. É professora aposentada e
vive sozinha. Sua vizinha a trouxe a este hospital para onde foi referenciada e
foi indicada a internação para investigação diagnóstica. Até dois anos atrás,
ela era ativa, andando diariamente por uma hora. Nega tabagismo e bebe um
cálice de vinho nos fins de semana. Nega uso de medicação regular. A mãe e uma
de suas duas irmãs tiveram problemas de tireoide. Ao exame: Mucosas descoradas (+++/4),
T=37,8°C, p=96 bpm, regular, PA=142/72 mmHg, FR=17 irpm. Exames cardiovascular,
respiratório e de abdome normais; nota-se instabilidade postural e fraqueza
simétrica distal afetando braços e pernas, onde se observa também redução da
sensibilidade em “luva” e “bota” respectivamente.
Veja fotos a seguir: fácies e inspeção da língua da paciente.
INSTRUÇÕES
PARA AS RESPOSTAS: Responda às questões a seguir, anotando abaixo das mesmas.
(1) Apresente suas duas hipóteses diagnósticas principais.
(2) Quais exames você solicitaria para esclarecer suas hipóteses?
CHECKLIST
Comentários da Profa. Rilva
COMISSÃO DO OSCE-CM
José Luiz Simões Maroja
Leina Yukari Etto
Luiz Fábio Botelho
Rilva Lopes de Sousa Muñoz
Monitores do OSCE-CM (Membros da Liga Paraibana de Clínica Médica - Laclimed)
Melissa Montenegro, Mirella Bezerra, Raiara Vieira (atuaram na organização da entrada dos alunos nas estações e cronometragem do tempo)
João Calvino (atuou como paciente simulado)
(1) Apresente suas duas hipóteses diagnósticas principais.
(2) Quais exames você solicitaria para esclarecer suas hipóteses?
CHECKLIST
Esta
paciente tem anemia associada a sinais neurológicos por deficiência de
vitamina B12 e ácido fólico. Os sintomas cardinais da anemia megaloblástica fazem parte de uma síndrome "neuro-anêmica", que é uma combinação de ataxia postural com síndrome piramidal e palidez acentuada. Há uma história familiar de doença da tireoide na anamnese da paciente, mas a anemia megaloblástica pode se associar a antecedentes patológicos pessoais ou familiares de doença auto-imune, incluindo a tireoidite de Hashimoto. Ou seja, a anemia megaloblástica poderia estar associada a antecedentes familiares de doença tireoidiana. Mesmo assim, a segunda hipótese diagnóstica seria de hipotireoidismo, em virtude da intensa palidez e da facies da paciente. Contudo, a facies não é caracteristicamente mixedematosa, a qual apresentaria tipicamente intumescimento
difuso (infiltração mixedematosa) do rosto, que se apresenta arredondado, com infiltração palpebral, e a pele do paciente é fria, espessada e áspera, o que não foi descrito na paciente em questão. A febre também poderia estar associada a uma enteropatia inflamatória como uma ileíte regional por Doença de Crohn, que também poderia cursar com anemia megaloblástica.
O hipotireoidismo pode causar a
anemia e a macroglossia, mas não explicaria as manifestações neurológicas. A anemia crônica, que causa fadiga, e a palidez cutaneomucosa, presentes na paciente, poderiam ser decorrentes de anemia megaloblástica, mas também de hipotireoidismo. Mas os sintomas gerais da anemia megaloblástica incluem perda de peso e anorexia, manifestações que não ocorrem no hipotireoidismo. Cefaleia e tonturas, além de febre baixa, podem ser explicados pela anemia megaloblástica. A febre baixa pode ocorrer em casos de anemia grave ou moderada.
Nesta paciente, grave deficiência de vitamina B12 também provocou neuropatia periférica e degeneração subaguda dos tratos posteriores piramidais posteriores da medula espinal, provocando uma perda de sensibilidade e uma maior dificuldade para andar. A neuropatia periférica e o envolvimento do trato piramidal produzem as alterações do equilíbrio postural. A deficiência de vitamina B12 é mais frequentemente de causa gástrica (anemia perniciosa devido a gastrite autoimune atrófica e por gastrectomia total). O supercrescimento bacteriano no intestino delgado destrói o fator intrínseco. Pode-se pensar também, neste caso, na possibilidade de Doença de Crohn.
A glossite – chamada glossite de Hunter – ardência, dor e aparência vermelha da língua, “língua careca” (perda de papilas, lisa), e a queilite, presentes na paciente, são características da anemia megaloblástica, que resulta da deficiência de vitamina B12 e/ou ácido fólico. Chama-se a atenção para o fato de que uma das manifestações clássicas da anemia perniciosa é essa perda de papilas da língua. A associação com outras carências vitamínicas causa também queilite angular. Na deficiência de vitamina B12, contudo, observam-se as alterações neurológicas típicas, que não ocorrem na carência isolada de ácido fólico.
Observam-se anemia, macrocitose, normocromia e anisocitose no hemograma e no esfregaço do sangue periférico. Na avaliação microscópica do esfregaço sanguíneo também são observados macrócitos ovalados e eritrócitos fragmentados (esquisócitos). A contagem de reticulócitos é baixa e o Índice Reticulocitário Corrigido geralmente está aumentado, indicando anemia hipoproliferativa. No leucograma, podem ser observadas neutropenia e presença de neutrófilos hipersegmentados. A contagem de plaquetas pode estar normal ou diminuída. A vitamina B12 sérica e os níveis de folato devem ser medidos, assim como a pesquisa de anticorpos circulantes contra células parietais gástricas. A pesquisa de anticorpos contra o fator intrínseco é feita especificamente para a anemia perniciosa, mas os anticorpos só estão presentes em cerca de 50% dos casos. Através de um teste radioativo para verificar a absorção de vitamina B12 (teste de Schilling) distingue-se a deficiência de absorção como causa da deficiência. A forma mais direta e simples, atualmente, de identificar a anemia perniciosa é a realização de endoscopia gástrica alta com biópsia nos pacientes em que se revela uma anemia megaloblástica com baixos níveis de vitamina B12. Se houver sinais de gastrite atrófica, o diagnóstico provável é de anemia perniciosa, e a execução de outros exames somente é necessária se houver dúvidas ou se o quadro for atípico. Muitas vezes existe um leve aumento da bilirrubina sérica dando ao paciente uma aparência "amarelo-limão".
Nesta paciente, grave deficiência de vitamina B12 também provocou neuropatia periférica e degeneração subaguda dos tratos posteriores piramidais posteriores da medula espinal, provocando uma perda de sensibilidade e uma maior dificuldade para andar. A neuropatia periférica e o envolvimento do trato piramidal produzem as alterações do equilíbrio postural. A deficiência de vitamina B12 é mais frequentemente de causa gástrica (anemia perniciosa devido a gastrite autoimune atrófica e por gastrectomia total). O supercrescimento bacteriano no intestino delgado destrói o fator intrínseco. Pode-se pensar também, neste caso, na possibilidade de Doença de Crohn.
A glossite – chamada glossite de Hunter – ardência, dor e aparência vermelha da língua, “língua careca” (perda de papilas, lisa), e a queilite, presentes na paciente, são características da anemia megaloblástica, que resulta da deficiência de vitamina B12 e/ou ácido fólico. Chama-se a atenção para o fato de que uma das manifestações clássicas da anemia perniciosa é essa perda de papilas da língua. A associação com outras carências vitamínicas causa também queilite angular. Na deficiência de vitamina B12, contudo, observam-se as alterações neurológicas típicas, que não ocorrem na carência isolada de ácido fólico.
Observam-se anemia, macrocitose, normocromia e anisocitose no hemograma e no esfregaço do sangue periférico. Na avaliação microscópica do esfregaço sanguíneo também são observados macrócitos ovalados e eritrócitos fragmentados (esquisócitos). A contagem de reticulócitos é baixa e o Índice Reticulocitário Corrigido geralmente está aumentado, indicando anemia hipoproliferativa. No leucograma, podem ser observadas neutropenia e presença de neutrófilos hipersegmentados. A contagem de plaquetas pode estar normal ou diminuída. A vitamina B12 sérica e os níveis de folato devem ser medidos, assim como a pesquisa de anticorpos circulantes contra células parietais gástricas. A pesquisa de anticorpos contra o fator intrínseco é feita especificamente para a anemia perniciosa, mas os anticorpos só estão presentes em cerca de 50% dos casos. Através de um teste radioativo para verificar a absorção de vitamina B12 (teste de Schilling) distingue-se a deficiência de absorção como causa da deficiência. A forma mais direta e simples, atualmente, de identificar a anemia perniciosa é a realização de endoscopia gástrica alta com biópsia nos pacientes em que se revela uma anemia megaloblástica com baixos níveis de vitamina B12. Se houver sinais de gastrite atrófica, o diagnóstico provável é de anemia perniciosa, e a execução de outros exames somente é necessária se houver dúvidas ou se o quadro for atípico. Muitas vezes existe um leve aumento da bilirrubina sérica dando ao paciente uma aparência "amarelo-limão".
Diagnóstico
diferencial
|
Hipotireoidismo
|
Anemia sideroblástica
|
Síndromes
mielodisplásicas
|
COMISSÃO DO OSCE-CM
José Luiz Simões Maroja
Leina Yukari Etto
Luiz Fábio Botelho
Rilva Lopes de Sousa Muñoz
Monitores do OSCE-CM (Membros da Liga Paraibana de Clínica Médica - Laclimed)
Melissa Montenegro, Mirella Bezerra, Raiara Vieira (atuaram na organização da entrada dos alunos nas estações e cronometragem do tempo)
João Calvino (atuou como paciente simulado)