Leitura de Dispositivos
20 de dezembro de 2018
13 de dezembro de 2018
Na Eternidade Feliz...
Padre Gaston Hurtubise morreu em um congresso carismático em Otawa, Canadá, em 1992.
Foram estas suas últimas palavras:"A não ser que vocês já tenham convicção dessa graça de compreender até onde chega o amor de Deus por nós, é preciso pedir que o Espírito Santo ore em nós e peça ao Pai que nos conceda a graça de compreender a grandeza, a imensidão do Amor de Deus em cada um de nós, apesar de nossos pecados, nossa vida de fraqueza, de miséria. Apesar de tudo isso, ele nos diz: basta um olhar de nossa parte, um gesto de pedido de perdão, e lá estará ele pronto para nos oferecer seu coração para nos firmar n'Ele na eternidade feliz. Obrigado, Senhor..."
"Aprenda como se você fosse viver para sempre. Viva como se você fosse morrer amanhã" (Santo Isidoro de Sevilha)
9 de dezembro de 2018
Cuidados Paliativos: Uma Nova e Promissora Especialidade
Por Rilva Lopes de Sousa-Muñoz
A especialidade de
medicina paliativa é relativamente nova, tendo recebido reconhecimento do Conselho
Americano de Especialidades Médicas e do Conselho de Acreditação em Educação
Médica de Pós-Graduação em 2006. Esse reconhecimento refletiu uma solução para a necessidade
crescente de atenção por indivíduos com doenças crônicas graves, sem perspectiva de cura e enfermidades terminais (1).
No Brasil, a
Medicina Paliativa foi considerada uma nova área de atuação médica, ou uma nova
especialidade, pela Resolução do Conselho Federal de
Medicina (CFM) 1973/2011, em agosto do ano passado. A referida Resolução do CFM
associa a área de medicina paliativa às especialidades de clínica médica,
oncologia, geriatria, medicina de família e comunidade, pediatria e
anestesiologia (2). Atualmente, a denominação Medicina Paliativa difere um
pouco do termo Cuidados Paliativos, uma vez que este inclui a participação de
diversas outras profissões, não se restringindo apenas à área médica (3,4).
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a
atenção em Cuidados Paliativos significa o cuidado ativo e integral aos
pacientes cuja enfermidade não responde mais aos tratamentos curativos (5). Os cuidados ao fim da vida
passam a ser vistos como uma questão de saúde pública, pela necessidade
fundamental e imperiosa de se aliviar o sofrimento de quem quer que esteja
acometido de uma doença avançada. O grande ensinamento da Medicina Paliativa é
que há um limite para a cura, mas não para os cuidados.
No
Brasil, a prática de Cuidados Paliativos iniciou-se em 1997, período em que foi
fundada a Academia Brasileira de Cuidados Paliativos (ABCP). Mais recentemente,
em 2005, foi fundada a Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP),
agregando os profissionais da saúde que praticam essa filosofia de cuidado, e
também promovendo eventos que divulgam os cuidados paliativos para
profissionais da saúde e leigos. O Sistema Único de Saúde - SUS, através de algumas ações, vem estimulando
as práticas de Cuidados Paliativos.
A
despeito da relevância dessa área, a prática dos Cuidados Paliativos é uma
modalidade de assistência ainda pouco difundida. Contudo, no Brasil ainda são poucos os serviços
de Cuidados Paliativos, não havendo ainda uma atenção sistematizada. No país, a
filosofia dos cuidados paliativos sempre foi exercida, mas como atualmente o
número de pessoas com doenças crônico-evolutivas é cada vez maior, sobretudo
idosos com doença em fase avançada, torna-se crucial a preparação de
profissionais e serviços de saúde para essa realidade.A fase paliativa dos
cuidados é vista atualmente pelos especialistas da área como um continuum
da atenção médica, que começa com o diagnóstico de uma condição com risco de
vida em que se espera que resulte em morte em um certo espaço de tempo. Os cuidados paliativos devem
começar no início desse continuum. Assim, o conceito mais recente de
Cuidados Paliativos (CP) abrange uma atenção aplicada desde os estágios
iniciais de uma doença progressiva, crônica e provavelmente fatal. Além disso,
as necessidades espirituais e emocionais passaram a ocupar destaque, devendo
ser abordadas em conjunto, para que o paciente seja devidamente reconfortado,
assim como sua família (5).
Os cuidados
paliativos cobrem uma vasta área, que inclui o alívio da dor, mas também a
prevenção e alívio de outros sintomas possíveis, tais como úlceras de pressão,
dificuldades respiratórias, constipação, incontinência urinária, problemas
neurológicos, depressão, ansiedade e distúrbios metabólicos, assim como a
integração de aspectos psicológicos e espirituais dos cuidados do
paciente.
Nos
Estados Unidos, a grande maioria (83%) dos médicos egressos de pós-graduação em
cuidados paliativos está prestando serviços de atendimento direto ao paciente,
e a maioria trabalha em hospitais ou grupos afiliados a hospitais (68%), apenas
9% estão trabalhando diretamente em serviços especializados em CP (1). Segundo
este último estudo referido, o mercado de trabalho parece geralmente bom para
os graduados, embora 29% tenham relatado alguma dificuldade em encontrar uma
posição satisfatória, principalmente relacionada à falta de empregos nos locais
desejados. O trabalho nacional mercado parece muito forte. Os empregos parecem
mais abundantes em cuidados paliativos hospitalares e geriátricos.
Embora
os cuidados paliativos sejam fundamentais para manejo de sintomas, dor e cuidados
no final da vida entre aqueles que enfrentam doenças graves ou crônicas, são
frequentemente subutilizados, o que pode estar relacionado ao estigma associado
aos cuidados paliativos, que possui a representação social de uma desistência
de combate à doença (7).
Há necessidade de programas de educação
continuada para os médicos sobre Cuidados Paliativos e também nos cursos de
graduação em Medicina para que esse tipo de assistência possa tornar-se parte
integrante do ensino de pós-graduação e mesmo depois deste.
Foi iniciado neste ano o Curso de
Especialização em Cuidados Paliativos no Hospital Universitário Lauro Wanderley
(HULW/UFPB) e do qual participarei ministrando a disciplina de Cuidados
Paliativos em Doenças Progressivas e Irreversíveis. O curso está sendo coordenado
pela Gerência de Ensino e Pesquisa do HULW/UFPB e do Instituto de
Envelhecimento da Paraíba, em parceria com o Núcleo de Estudos e Pesquisas em
Bioética e Cuidados Paliativos do Centro de Ciências da Saúde da UFPB.
REFERÊNCIAS
1- QUIGLEY, M. P. H.; SALSBERG, E.;
LUPU, F. D. A Profile of New Hospice and Palliative Medicine Physicians Results
from the Survey of Hospice and Palliative Medicine Fellows Who Completed
Training in 2016. Disponível em:
http://aahpm.org/uploads/Profile_of_New_HPM_Physicians_2016_January_2017.pdf.
Acesso em: 09 dez. 2018.
2- SOUSA-MUÑOZ, R. L. Medicina
paliativa: uma nova área de atuação médica no Brasil. Disponível em:
http://www.drteuto.com.br/blog/2012/04/03/medicina-paliativa-uma-nova-area-de-atuacao-medica-no-brasil.
Acesso em: 09 dez. 2018.
3- PESSINI, L.; BERTACHINI, L.
Novas perspectivas em cuidados paliativos: ética, geriatria, gerontologia,
comunicação e espiritualidade. O Mundo
da Saúde - São Paulo, 29 (4): 491-509, 2005
4- BRANDÃO, C. Câncer e Cuidados
Paliativos : Definições. Rev. Prática
Hospitalar, 11 (66), 2009. Disponível em: http://www.praticahospitalar.com.br/pratica%2042/pgs/materia%2009-42.html.
Acesso em: 08 dez. 2018.
5- WORLD HEALTH ORGANIZATION. National cancer control programmes: policies and managerial
guidelines, 2nd ed. Geneva: World Health Organization, 2002
6- SEPÚLVEDA, C.; MARLIN, A.; YOSHIDA, T.; ULLRICH, A. Palliative Care: The
World Health Organization’s Global Perspective. Journal of Pain and Symptom Management. 24 (2): 91-96, 2002.
7- SHEN,
M. J.; WELLMAN, J. D. Evidence of palliative care stigma: The
role of negative stereotypes in preventing willingness to use palliative care. Palliat Support Care. 6:1-7, 2018.
Ilustração
de Ernie Eldredge - https://www.uab.edu
26 de agosto de 2018
18 de agosto de 2018
História da Medicina: Questões Propostas
"A avaliação precisa ser
espelho e lâmpada, não apenas espelho. Precisa não apenas refletir a realidade,
mas iluminá-la, criando enfoques, perspectivas, mostrando relações, atribuindo
significados." (Ristoff,
1996)
Ristoff DI. Princípios do Programa de Avaliação Institucional.
Avaliação (Campinas). 1996;1(1):47-53.
Questões propostas aos alunos de História da Medicina e da Bioética após a I Unidade do Módulo em 2018.1 para Discussão
(1) Como a história da medicina pode ajudar o médico a entender e enfrentar problemas atuais da sua prática profissional?
(1) Como a história da medicina pode ajudar o médico a entender e enfrentar problemas atuais da sua prática profissional?
(2) Analise ideias, crenças ou
percepções sobre o conceito de saúde documentadas em determinado tempo na
história das culturas dominantes no mundo ocidental, relacionando-as a seu
momento histórico.
(3) Avalie criticamente o
seguinte título “A medicina na Grécia Antiga: O nascimento de uma ciência” de
artigo publicado na Revista National
Geographic – España, em 18/06/17.
(4) Comente a seguinte assertiva, inserindo sua interpretação na evolução da medicina como ciência e sua
repercussão sobre a prática da medicina no século XX: “Graças aos ensaios
clínicos, a medicina clínica passou a ser fundamentada em provas de eficácia e
segurança, e os médicos não teriam que depender da enganosa experiência
subjetiva.” (Miguel Ángel Sánchez González, Universidad Complutense de Madrid,
Espanha).
(5) O sentido de saúde e de
doença evoluiu em função do momento histórico, das culturas, do sistema social
e do nível de conhecimentos. Comente as visões do que representa a doença em dois
diferentes períodos históricos e estabeleça um paralelo entre as mesmas.
Imagem: Ciência e Caridade
(1897), de Pablo Picasso, em óleo sobre tela, 197 x 249 cm. Museu Picasso
(Barcelona, Espanha)
10 de agosto de 2018
Sepsis 3: Controverso Consenso
Figura 1 - Datas e Organizações envolvidas nas reformulações das diretrizes sobre Sepse: Sepsis 1, Sepsis 2 e Sepsis 3
Em 1991, na
Conferência Internacional de Consenso de Sepse (American College of Chest
Physicians Society – ACCP e Society of Critical Care Medicine – SCCM)
definiu-se a Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS), no consenso chamado
de Sepsis-1. Em 2001, surgiu o Sepsis-2, após conferências da European Society
of Intensive Care Medicine (ESICM), o ACCP, a American Thoracic Society e a Surgical
Infection Society, pois se concluiu que o conceito apresentado no Sepsis-1 era
inespecífico no diagnóstico da causa da síndrome, criando-se uma lista de possíveis
sinais de uma reposta inflamatória sistêmica em resposta a uma infecção. Definições
de sepse, sepse grave e choque séptico, que foram ratificadas na reunião de
consenso 10 anos antes, foram, então, modificadas. Sinais e sintomas inespecíficos foram valorizados como critérios diagnósticos da
sepse em comparação com os
critérios identificados na reunião de consenso de 1991, enfatizando-se a necessidade
de diagnóstico precoce (GÜL et al.,
2017).
O entendimento
do Instituto Latino-Americano de Sepse (ILAS) estava fundamentado nestes
parâmetros do Consenso da ACCP/SCCM, o que se supunha permitir o
estabelecimento de uma definição universal das manifestações da resposta
inflamatória à infecção, conhecidas como Sepsis 1, facilitando seu
reconhecimento e tratamento precoces (ILAS, 2015).
A definição de
sepse foi, então, atualizada em 2016, após uma nova conferência de consenso e publicaram-se os últimos critérios definidores de sepse, o The Third International Consensus
Definitions for Sepsis and Septic Shock, conhecidos como “Sepsis 3” (SINGER et
al., 2016). Embora as definições tenham sido endossadas por muitas sociedades
de terapia intensiva em todo o mundo, também geraram controvérsias,
principalmente no que se refere ao aumento da especificidade à custa de redução
da sensibilidade dos novos critérios (VINCENT et al., 2016).
O Instituto
Latino Americano de Sepse tem uma página na Internet chamada “Sepse em Foco”, em
cuja edição nº 5, de março de 2016, ou seja, logo após a divulgação do Sepsis-3, encontrava-se um comunicado explicando porque o órgão não endossou as novas
diretrizes. Há vários meses, entretanto, este comunicado foi removido sem que tenham sido inseridas explicações e não foram
publicadas mensagens posteriores a respeito das novas diretrizes ou orientação aos
profissionais de saúde. Mas ainda está postado na página da "Sepse em Foco" o apelo de que o Sepsis-2
deveria ser mantido (Figura 2). Nesta imagem, lê-se a expressão em
inglês "keep calm and don't change sepsis definition". "Keep calm" é uma expressão derivada do slogan criado pelo governo da Grã-Bretanha durante a II
Guerra Mundial ("Keep calm and carry on" - "tenha calma e siga em frente") para tranquilizar seus cidadãos sobre possíveis invasões
inimigas.
Figura 2- Fonte - ILAS. Sepse em foco, 2016
Entende-se que a orientação do Instituto Latino-americano de Sepse na América Latina é no sentido da manutenção dos critérios operacionais utilizados anteriormente, os quais segundo Machado et al. (2016), são mais adequados para aplicação em países em desenvolvimento, onde os parâmetros da SIRS continuam a ser recomendados (KAUKONEN et al., 2018).
Entende-se que a orientação do Instituto Latino-americano de Sepse na América Latina é no sentido da manutenção dos critérios operacionais utilizados anteriormente, os quais segundo Machado et al. (2016), são mais adequados para aplicação em países em desenvolvimento, onde os parâmetros da SIRS continuam a ser recomendados (KAUKONEN et al., 2018).
Portanto, no momento, ainda há
controvérsias no Brasil e na América Latina quanto ao novo consenso Sepsis 3,
considerando-se que aspectos das novas definições não deveriam ser inteiramente
aplicáveis pelo risco de uma redução da sensibilidade e de retardo no reconhecimento
da sepse em países com recursos limitados.
Referências
Gül F, Arslantaş
MK, Cinel I, Kumar A. Changing Definitions of Sepsis. Turk J Anaesthesiol
Reanim 2017; 45: 129-38
ILAS.
Instituto Latino Americano de Sepse. Sepse: um problema de saúde pública /
Instituto Latino-Americano de Sepse. Brasília: CFM, 2015. http://www.ilas.org.br/assets/arquivos/upload/Livro-ILAS(Sepse-CFM-ILAS).pdf.
ILAS.
Sepse em foco. 2016. Disponível em:
http://ilas.org.br/ilas/sepse-em-foco/news5/materia4.html.
Acesso em 10.08.18.
Kaukonen
KM, Bailey M, Pilcher D, Cooper DJ, Bellomo R. The systemic inflammatory
response syndrome criteria and their differential association with mortality. J
Crit Care. 2018;46:29-36.
Machado
FR, Assunção MSC, Cavalcanti AB, Japiassú AM, Azevedo LCP, Oliveira MC.
Chegando a um consenso: vantagens e desvantagens do Sepsis 3 considerando
países de recursos limitados. Rev Bras Ter Intensiva 2016;28(4):361-365
Singer M, Deutschman CS, Seymour CW,
Shankar-Hari M, Annane D, Bauer M, et al. The Third International Consensus Definitions for
Sepsis and Septic Shock (Sepsis-3). JAMA. 2016;
315(8):801-10.
Vincent JL, Mira JP, Antonelli M. Sepsis: older and newer concepts. Lancet Respir Med. 2016;4(3):237-40.
21 de julho de 2018
Supervisão Acadêmica dos Médicos do Programa "Mais Médicos"
Grandes mudanças no campo político, econômico e
cultural marcaram historicamente o Brasil nos últimos anos, com relevante
descontentamento da população em diversos segmentos, sobretudo o da Saúde.
Nesse contexto de crise política, o Programa Mais Médicos tem sido discutido
amplamente não apenas na grande área da Saúde, mas também em outros setores e
na mídia em geral.
O Programa Mais Médicos (PMM) para o Brasil,
presente em todos os estados e regiões do país, foi instituído em 2013, através
da Lei 12.871, de 22 de outubro de 2013 (BRASIL, 2013a), em um curto espaço de
tempo, com o ousado objetivo de reduzir as desigualdades no acesso à Atenção
Primária à Saúde (APS), ampliar a cobertura populacional e reorientar as
práticas de saúde, diante de um cenário nacional de escassez de médicos em
áreas vulneráveis com dificuldade de atrair e fixar profissionais (GIRARDI et
al., 2016). No entanto, o PMM é visto também como um programa instituído com claras motivações políticas e ideológicas.
A despeito de todas as polêmicas, o PMM somou-se a um conjunto de ações e
iniciativas para reorientar a formação em saúde no Brasil e formular políticas
públicas para enfrentar os desafios que vinham condicionando o desenvolvimento
da APS no país, ainda que tenha enfrentado protestos de vários setores da sociedade,
incluindo entidades representativas da própria classe médica.
Alvos de uma espécie de "aversão" mediada por grandes veículos
de comunicação e hostilizados por grande parte da classe médica brasileira
quando chegaram ao Brasil, os médicos estrangeiros do PMM foram considerados
despreparados tecnicamente frente à realidade de saúde brasileira, sendo aproximadamente 8 mil profissionais provindos de Cuba e tidos apenas como "técnicos sanitaristas", e sem a formação necessária para atender aos reais problemas de saúde da população brasileira.
Resultados de pesquisa de abordagem qualitativa apontam que as representações sociais dos médicos do PMM por veículo de comunicação vinculado ao Conselho Federal de Medicina são consideradas discriminatórias, “havendo uma exaltação dos profissionais da saúde brasileiros, ao passo que se manifesta a desqualificação dos profissionais da saúde estrangeiros” (SOUSA, 2014).
Resultados de pesquisa de abordagem qualitativa apontam que as representações sociais dos médicos do PMM por veículo de comunicação vinculado ao Conselho Federal de Medicina são consideradas discriminatórias, “havendo uma exaltação dos profissionais da saúde brasileiros, ao passo que se manifesta a desqualificação dos profissionais da saúde estrangeiros” (SOUSA, 2014).
A despeito da resistência da própria classe médica brasileira e da existência de problemas persistentes na área de saúde no país, o PMM segue vigente. Não se discute, no âmbito do Ministério da Saúde, a qualidade do preparo técnico prévio dos médicos do programa para atuar junto à população brasileira, mas está previsto na Lei o acompanhamento desses profissionais o objetivo de contribuir, apoiar e orientar o seu
processo de educação permanente.
A supervisão acadêmica dos profissionais do PMM é formada por médicos das áreas de saúde coletiva, medicina de família e comunidade ou clínica médica, vinculados a instituições que aderiram ao programa. Os tutores devem ser obrigatoriamente médicos ligados a instituições de ensino que coordenam a atuação de supervisores, que também são médicos e que igualmente deverão estar ligados a instituições de ensino, hospitais-escola, escolas do SUS e programas de residência médica. O papel dos tutores e supervisores está relacionado a funções na educação permanente destes profissionais, conforme já descrito, uma vez que a atuação deles é caracterizada pela integração ensino-serviço (BRASIL, 2015).
A supervisão acadêmica dos profissionais do PMM é formada por médicos das áreas de saúde coletiva, medicina de família e comunidade ou clínica médica, vinculados a instituições que aderiram ao programa. Os tutores devem ser obrigatoriamente médicos ligados a instituições de ensino que coordenam a atuação de supervisores, que também são médicos e que igualmente deverão estar ligados a instituições de ensino, hospitais-escola, escolas do SUS e programas de residência médica. O papel dos tutores e supervisores está relacionado a funções na educação permanente destes profissionais, conforme já descrito, uma vez que a atuação deles é caracterizada pela integração ensino-serviço (BRASIL, 2015).
Como mencionado anteriormente, a criação e a implantação do PMM ocasionaram um
embate entre o governo federal e a classe médica, com a resultante controvérsia
na mídia leiga e na sociedade brasileira como um todo sobre a real necessidade
do intercâmbio de médicos estrangeiros para atuar no Brasil (RIBEIRO, 2015). Foi em
meio a este embate e de uma forma improvisada que se realizou a seleção de supervisores e tutores para os
médicos, brasileiros ou não, que ingressaram no programa. A seleção dos
supervisores foi feita, inicialmente, por chamamento a partir de cadastro nacional
em website da Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde (UNA-SUS), mas posteriormente cada instituição promoveu seus próprios
processos seletivos (BRASIL, 2013b).
As instituições supervisoras têm um papel
fundamental para integração ensino-serviço e na garantia do crescimento dos
programas de residência médica em medicina geral de família e comunidade.
Neste período de cinco anos após a implantação do
PMM, vários estudos têm abordado o programa (GIRARDI et al., 2016; LIMA et al.,
2016). Lima et al. (2016) questionam se os supervisores estão preparados para
trabalhar o conceito ampliado de saúde no processo de supervisão dos médicos
inseridos na atenção básica. No referido estudo, sobre a tutoria acadêmica do
PMM em um estado da região Sudeste, os autores concluem que o “processo de
orientação acadêmica das atividades produtivas de médicos não corresponde a um
enfrentamento pedagógico isolado”, pois depende da capacidade de o grupo de
tutoria “produzir um ethos para o balizamento pedagógico, uma identidade, em
prol da construção coletiva” (LIMA et al., 2016: 2804).
Por outro lado, Gusso (2017) relata sua experiência como supervisor do PMM no interior do estado de São Paulo, afirmando ser bastante qualificado tecnicamente seu o grupo supervisionado de dez profissionais, sendo uma das principais atribuições que acabou exercendo foi cuidar para que a “autoestima deles estivesse sempre preservada para que pudessem atuar plenamente, cuidando das pessoas e também de si mesmos” (p. 8).
Por outro lado, Gusso (2017) relata sua experiência como supervisor do PMM no interior do estado de São Paulo, afirmando ser bastante qualificado tecnicamente seu o grupo supervisionado de dez profissionais, sendo uma das principais atribuições que acabou exercendo foi cuidar para que a “autoestima deles estivesse sempre preservada para que pudessem atuar plenamente, cuidando das pessoas e também de si mesmos” (p. 8).
No atual governo (Michel Temer) foi renovada a
parceria da Organização das Nações Unidas com o Ministério da Saúde
do Brasil para o PMM até abril de 2023. Assim, as demandas relacionadas à supervisão e à tutoria dos médicos do programa persistem.
Referências
Brasil.
Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na
Saúde. Programa mais médicos – dois
anos: mais saúde para os brasileiros / Ministério da Saúde, Secretaria de
Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2015.
BRASIL.
Presidência da República. Casa Civil: Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei
12.871, de 22 de outubro de 2013. 2013a. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12871.htm
BRASIL.
Edital de Chamamento Público Nº 1/2013 Programa de Planejamento e Regulação da
Provisão de Profissionais de Saúde. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18
de outubro de 2013. 2013b. Disponível em:
https://www.unasus.gov.br/content/mais-medicos-edital-cadastro-nacional-de-supervisores
Girardi SN,
van Stralen ANS, Cella JN, Der Maas LW, Carvalho CL, Faria EO. Impacto do
Programa Mais Médicos na redução da escassez de médicos em Atenção Primária à
Saúde. Ciência & Saúde Coletiva 2016; 21(9):2675-2684
Lima RCGS,
Gripa DW, Prospero ENS, Ros MA. Tutoria acadêmica do Projeto Mais Médicos para
o Brasil em Santa Catarina: perspectiva ético-política. Ciência & Saúde
Coletiva 2016; 21(9):2797-2805
Ribeiro RC. Programa
Mais Médicos: um equívoco conceitual. Ciência & Saúde Coletiva 2015;
20(2):421-424
Sousa L. Representações do “Programa Mais Médicos” pelo site Pragmatismo Político e pelo Portal do Conselho Federal de Medicina. Dissertação de Mestrado. Disponível em: http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/17786/1/2014_LeonardoSouza.pdf. Acesso em: 20 jul. 2018.
Fonte da Imagem no topo da publicação: Logotipo do Programa Mais Médicos (Ministério da Saúde, Brasil)
Sousa L. Representações do “Programa Mais Médicos” pelo site Pragmatismo Político e pelo Portal do Conselho Federal de Medicina. Dissertação de Mestrado. Disponível em: http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/17786/1/2014_LeonardoSouza.pdf. Acesso em: 20 jul. 2018.
Fonte da Imagem no topo da publicação: Logotipo do Programa Mais Médicos (Ministério da Saúde, Brasil)
http://maismedicos.gov.br
13 de junho de 2018
Apresentação do Centro de Ciências Médicas da UFPB
Vídeo institucional do Centro de Ciências Médicas da Universidade Federal da Paraíba / CCM/UFPB
28 de maio de 2018
História da Bioética
Foto de médicos e participantes do Estudo Tuskegee de sífilis não-tratada em homens negros americanos (1932-1972) (imagem de domínio público)
7 de maio de 2018
Eutanásia: Ramon Sampedro e o Direito de Morrer
“Considero
a vida um direito, não uma obrigação, como no meu caso. Eu fui forçado a
suportar esta terrível situação por 29 anos, quatro meses e alguns dias.” Estas foram as palavras de Ramon
Sampedro em um vídeo gravado minutos antes de beber cianureto e morrer.
Ramón
Sampedro foi um jornalista e marinheiro espanhol que ficou tetraplégico depois
de um grave acidente quando tinha 25 anos de idade. Ele considerava que a
Constituição deveria defender a dignidade do indivíduo e seu direito à vida,
mas não deveria ser obrigatório viver e que ninguém deveria ser submetido a
tortura.
Sampedro
solicitou à justiça espanhola o direito de morrer, por não mais suportar a vida com tetraplegia há quase três décadas. A sua luta judicial demorou cinco anos pelo
direito à eutanásia ativa voluntária, que não lhe foi concedido, pois a lei
espanhola caracterizaria este tipo de ação como homicídio. Com o auxílio de
amigos, planejou a sua morte de maneira a não incriminar ninguém.
A
história real do suicídio assistido de Ramon Sampedro reacendeu o debate ético,
médico e político sobre a legalização da eutanásia na Espanha. O caso inspirou
o filme “Mar Adentro”.
24 de abril de 2018
11 de abril de 2018
Impacto do Conhecimento Produzido na Universidade para a Cidadania
Como
professora e pesquisadora, após 25 anos de vida acadêmica na Universidade Federal da Paraíba, penso que a razão de
ser das universidades tem sido alcançar impacto social através de educação de
alta qualidade e, naturalmente, em se tratando de produção do conhecimento, da pesquisa
de qualidade. Essa missão é única para as universidades e garante um
ambiente fértil para a produção de novos conhecimentos e também para a educação
dos cidadãos como solucionadores de problemas e desafios da sociedade.
Tento
não ter uma visão utilitarista da ciência, pois em geral o professor teme ser
caracterizado como "filisteu", que não consegue ver a ciência como um bem em
si mesmo. Anseio que as pesquisas das quais participo possam
contribuir de alguma forma como uma pequena gota no oceano global de conhecimento, e ao mesmo
tempo que ajudem a resolver problemas das pessoas. É preciso prever um impacto positivo das pesquisas científicas na vida concreta de uma comunidade.
Já como professora que acompanha alunos de graduação, desejo de forma muito otimista que meus alunos sejam imbuídos dos mais altos níveis de conhecimento, habilidades e experiência para enfrentar os grandes desafios da sociedade em suas carreiras futuras. Ao fazer parte da universidade, um professor precisa estar bem consciente de que em uma sociedade cada vez mais tecnológica, os cidadãos a serem formados devem ser capazes de tomar decisões relativas a questões científicas que afetam suas vidas pessoais e o bem-estar de suas comunidades.
Já como professora que acompanha alunos de graduação, desejo de forma muito otimista que meus alunos sejam imbuídos dos mais altos níveis de conhecimento, habilidades e experiência para enfrentar os grandes desafios da sociedade em suas carreiras futuras. Ao fazer parte da universidade, um professor precisa estar bem consciente de que em uma sociedade cada vez mais tecnológica, os cidadãos a serem formados devem ser capazes de tomar decisões relativas a questões científicas que afetam suas vidas pessoais e o bem-estar de suas comunidades.
Como
a educação serve de motor para crescimento econômico através da acumulação de
capital humano, é também fortemente associada ao aumento dos níveis de status econômico das pessoas. Mas dentro de muitas
nações democráticas, o impacto social não pode ser deixado de lado, pois não se
pode enfocar apenas as repercussões econômicas da contribuição da universidade na vida de seus egressos. Os benefícios de um eleitorado
educado, por exemplo, são muito positivos para a sociedade civil. Então, como a educação é um dos preditores mais
importantes - na verdade, o mais importante preditor - de muitas formas de participação social – o nosso educando deve saber desde como votar nos políticos que não sejam corruptos e populistas até coordenar uma ação
social que contribua para o bem-estar de uma comunidade, como organizar um movimento para
doação de sangue, por exemplo. Então é preciso ver a educação como um preditor
extremamente poderoso de engajamento cívico também.
Em suma, a educação proporcionada pela universidade deve servir para melhorar o status socioeconômico de um indivíduo, mas também aumentar o seu engajamento político-social.
Em suma, a educação proporcionada pela universidade deve servir para melhorar o status socioeconômico de um indivíduo, mas também aumentar o seu engajamento político-social.
3 de abril de 2018
1 de abril de 2018
História da Saúde Pública - Parte I
“A "A Consulta", do tríptico de Jean
Geoffroy "La goutte de lait", de 1903
Parte II - História da Saúde Pública no Brasil - Disponível neste blog: http://semiologiamedica.blogspot.com.br/2017/03/historia-da-saude-publica-no-brasil.html
12 de março de 2018
9 de março de 2018
Exame do Tórax Respiratório
Exame do Tórax Respiratório - Vídeos Partes 1 e 2
Vídeos produzidos por monitores do Módulo de Semiologia Médica da UFPB
Parte 1
Parte 2
Topo da postagem: Imagem adaptada de Frank Netter - Netter Atlas de Anatomia Humana
8 de março de 2018
Procedimento de Medida da Pressão Arterial
Procedimento de medida da pressão arterial
Fonte: The New England Jornal of Medicine
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