Por Rilva Lopes de Sousa Muñoz
O modelo de cuidado centrado do
paciente tem sido estudado há várias décadas. Embora esse conceito de assistência
centrada tenha surgido no início dos anos 1950, aumentou exponencialmente na arena das políticas de pesquisa em saúde no final da década de 1990
(JAYADEVAPPA; CHHATRE, 2011).
É um modelo promissor para melhorar as experiências dos pacientes e profissionais da saúde, assim como para melhorar potencialmente os processos de atendimento, embora as evidências atuais são estejam plenamente estabelecidas quanto aos seus efeitos sobre resultados clínicos e econômicos (JACKSON et al., 2013). No entanto, evidencia-se que as organizações centradas no paciente apresentam resultados mais positivos, como maior satisfação com o atendimento, maior satisfação no trabalho entre os profissionais de saúde, maior qualidade e segurança dos cuidados e maior qualidade de vida e bem-estar dos pacientes (KUIPERS et al., 2019; RATHERT et al. 2017).
É um modelo promissor para melhorar as experiências dos pacientes e profissionais da saúde, assim como para melhorar potencialmente os processos de atendimento, embora as evidências atuais são estejam plenamente estabelecidas quanto aos seus efeitos sobre resultados clínicos e econômicos (JACKSON et al., 2013). No entanto, evidencia-se que as organizações centradas no paciente apresentam resultados mais positivos, como maior satisfação com o atendimento, maior satisfação no trabalho entre os profissionais de saúde, maior qualidade e segurança dos cuidados e maior qualidade de vida e bem-estar dos pacientes (KUIPERS et al., 2019; RATHERT et al. 2017).
As preferências dos pacientes, a informação que se provê a eles e a sua educação, assim como o acesso ao cuidado, o apoio emocional, a participação de familiares e
amigos, a continuidade e a transição de cuidados, o conforto físico e a coordenação do cuidado são os componentes do atendimento centrado no
paciente. Este engloba desde a tomada de decisão informada, que pode melhorar a escolha do
tratamento, a qualidade do atendimento e os seus resultados, até o devido reconhecimento da
necessidade de mudanças em todo o processo de atendimento organizado no
sistema de saúde em torno do paciente.
O cuidado centrado no paciente é
a prática de cuidar de pessoas (e de suas famílias), incluindo ouvir, informar
e envolver os pacientes sob seus cuidados, reconhecendo que ouvir as suas necessidades,
valores e preferências, é essencial para fornecer um atendimento de qualidade. Assim, os serviços de saúde devem ser personalizados para cada paciente, com cuidados devem ser coordenados, e a família e os amigos em quem o paciente
confia, devem estar envolvidos.
As necessidades específicas de
saúde de um indivíduo e os resultados desejados são a força motriz por trás de
todas as decisões de cuidados de saúde e medições de qualidade. Os pacientes devem
ser parceiros de seus prestadores de serviços de saúde, e os prestadores devem tratar
os pacientes não apenas do ponto de vista clínico, mas também do ponto de vista
emocional, mental, espiritual e social.
Portanto, o atendimento centrado
no paciente e na família impulsiona a colaboração ativa e a tomada de decisão
compartilhada entre pacientes, famílias e prestadores de serviços para projetar
e gerenciar um plano de atendimento personalizado e abrangente. A maioria das
definições de atendimento centrado no paciente tem vários elementos comuns que
afetam a maneira como os sistemas e serviços de saúde são projetados e
gerenciados, e a maneira como o atendimento é prestado. As preferências, valores,
tradições culturais e condições socioeconômicas do paciente e da família são
respeitados. A missão, a visão, os valores, a liderança e os fatores de
melhoria da qualidade do sistema de saúde estão alinhados aos objetivos
centrados no paciente. O atendimento é colaborativo, coordenado e acessível.
O principal objetivo e os benefícios esperados do atendimento centrado no paciente são melhorar os resultados de saúde
individuais, não apenas os resultados de saúde da população, embora os
resultados da população também possam melhorar em consequência da melhora da atenção individual aos usuários dos serviços de saúde. Não apenas os pacientes se
beneficiam, mas os provedores e sistemas de saúde também se beneficiam, através
de melhores índices de satisfação entre os pacientes e suas famílias, melhor produtividade entre médicos e funcionários auxiliares.
Nos cuidados centrados no
paciente, o cuidado se concentra mais no problema do paciente que no
diagnóstico. A empatia, a comunicação bidirecional e o contato visual são
essenciais, assim como a capacidade do médico de enxergar além dos sintomas ou
dores imediatas do paciente. Essa visão mais ampla das necessidades dos pacientes
exige que os prestadores ofereçam serviços ou referência a serviços como
programas de suporte por pares, assistentes sociais, provedores de saúde mental
e emocional.
Enquanto a interação humana assume um papel primordial no atendimento centrado no paciente, as práticas médicas também podem empregar uma variedade de ferramentas baseadas em tecnologia para ajudar os pacientes a se apropriar de seus cuidados de saúde fora do consultório médico. As ferramentas variam de portais on-line, permitindo que os pacientes agendem consultas, obtenham informações sobre sua condição e instruções de cuidados, os registros médicos, com aplicativos e tecnologias que permitem que os pacientes acessem seus dados, como peso, pressão arterial, níveis de glicose e colesterol, por exemplo.
Enquanto a interação humana assume um papel primordial no atendimento centrado no paciente, as práticas médicas também podem empregar uma variedade de ferramentas baseadas em tecnologia para ajudar os pacientes a se apropriar de seus cuidados de saúde fora do consultório médico. As ferramentas variam de portais on-line, permitindo que os pacientes agendem consultas, obtenham informações sobre sua condição e instruções de cuidados, os registros médicos, com aplicativos e tecnologias que permitem que os pacientes acessem seus dados, como peso, pressão arterial, níveis de glicose e colesterol, por exemplo.
No contexto hospitalar, um
rigoroso horário de visita e restrições aos visitantes são regras do passado em
um modelo de atendimento centrado no paciente. Os pacientes têm a possibilidade
de identificar e selecionar quem pode visitá-lo e quando. Os familiares
(definidos pelo paciente e não limitados às relações consanguíneas) são
convidados a visitar durante as mudanças nos turnos, para que possam fazer
parte da equipe de atendimento, participando de discussões e decisões de
atendimento. Quando não estão com o paciente, os familiares são mantidos
informados sobre o progresso dos pacientes através de atualizações diretas e
oportunas.
Percebe-se que o atendimento centrado no
paciente também representa uma mudança importante nos papéis tradicionais dos pacientes e
de suas famílias de receptores passivos para “membros da equipe”, ativos. Um
dos princípios básicos do atendimento centrado no paciente é que os
pacientes sabem melhor o quão bem seus provedores de saúde estão atendendo às
suas necessidades. Para esse fim, muitos provedores estão implementando
pesquisas de satisfação de pacientes, conselhos consultivos de pacientes e
familiares e grupos focais, assim como usando as informações resultantes para melhorar
continuamente a maneira como as instalações e práticas de atendimento médico
são projetadas, gerenciadas e mantidas tanto da perspectiva física quanto da
operacional, para que elas se concentrem mais na pessoa do que em uma lista de
verificação de serviços forneceu.
À medida que os cuidados de saúde
centrados no paciente e na família aumentam, espera-se que os pacientes se
tornem mais engajados e satisfeitos com a prestação de seus cuidados, e as
evidências de sua eficácia clínica devem continuar aumentando.
O objetivo dos cuidados de saúde
centrados no paciente é, portanto, capacitar os pacientes a se tornarem
participantes ativos de seus cuidados. Isso requer que médicos, tecnólogos
radiológicos e outros prestadores de cuidados de saúde desenvolvam boas
habilidades de comunicação e atendam às necessidades dos pacientes de maneira
eficaz. O atendimento centrado no paciente também exige que o profissional de
saúde se torne um “advogado” do paciente e se esforce para oferecer um
atendimento que não apenas seja eficaz, mas também seguro.
O atendimento centrado no
paciente está associado a uma maior taxa de satisfação do paciente, adesão às
mudanças sugeridas no estilo de vida e tratamento prescrito, melhores
resultados e atendimento mais econômico. No entanto, isso requer alterações no sistema de saúde, de modo a melhorar a qualidade geral do atendimento, minimizando o desperdício de recursos de saúde. É necessária uma mudança cultural para que o atendimento centrado no paciente seja implementado. Como em outras formas de assistência médica baseada em valores, a assistência centrada no paciente requer uma mudança na maneira como as práticas e os sistemas de saúde do prestador de serviços são gerenciados. De acordo com os princípios da centralização no paciente, essa mudança não ocorre no vácuo, conduzida por hierarquias tradicionais nas quais os fornecedores ou os médicos são a única autoridade. Todos os membros da equipe devem estar envolvidos no processo, que afeta a contratação, o treinamento, o estilo de liderança e a cultura organizacional.
Referências
Jayadevappa R, Chhatre S. Patient
Centered Care - A Conceptual Model and Review of the State of the Art. The Open
Health Services and Policy Journal 2011; 4: 15-25
Jackson GL, Powers BJ, Chatterjee
R, Bettger JP, Kemper AL, Hasselblad V et al. The Patient-Centered Medical
Home: A Systematic Review. Ann Intern Med. 2013;158:169-178.
Kuipers SJ, Cramm JM, Nieboer AP.
The importance of patient-centered care and co-creation of care for
satisfaction with care and physical and social well-being of patients with
multi-morbidity in the primary care setting. BMC Health Services Research 2019;
19:13
Rathert C, Wyrwich MD, Boren SA.
Patient-centered care and outcomes: a systematic review of the literature. Med
Care Res Rev. 2013;70(4):351–79.