13 de março de 2020

Diversidade nos Serviços de Saúde: Promovendo a Acessibilidade Para Usuários com Necessidades Especiais em um Hospital Universitário


Introdução: O presente projeto de extensão representa uma resposta à percepção de problemas de acessibilidade para usuários portadores de deficiências no Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW) e a conscientização das barreiras que esses usuários enfrentam no serviço. Por conta da percepção desta realidade no dia-a-dia do serviço, é necessário que se faça o diagnóstico da situação a partir da visão dos próprios pacientes e de sua reflexão a respeito, em conjunto com a equipe do projeto, por meio da troca de saberes, para encontrar maneiras de superação. Apesar de o Brasil ter cerca de 45,6 milhões de brasileiros com pelo menos um tipo de deficiência, ainda falta a promoção de condições para inclusão das pessoas com limitações de mobilidade nos edifícios hospitalares. Segundo mostra estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no Censo Demográfico de 2010, no Brasil há cerca de 45,6 milhões de brasileiros com mobilidade reduzida, ou seja, quase 24% da população. Em virtude de sua condição de saúde ou comprometimento, eles frequentemente - mas nem sempre - têm necessidades adicionais de saúde. Estes não devem defini-los, porque ter necessidades de saúde faz parte da condição humana. Uma barreira que talvez seja conceitualmente direta surge do acesso físico limitado aos serviços de saúde. Por outro lado, estudantes de graduação carecem de convivência com a diversidade entre os usuários dos serviços de saúde, que proporcionará novas experiências, combatendo o preconceito, estimulando o respeito às diferenças e valorizando a diversidade por meio do reconhecimento da igualdade na sua futura profissão. 
Objetivos: Promover a acessibilidade e inclusão dos usuários com deficiências atendidos no espaço ambulatorial do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW). 
Metodologia: O caminho metodológico a ser seguido no presente projeto de extensão baseia-se nos fundamentos da pesquisa-ação, considerando a possibilidade de uma aproximação entre teoria e prática, assim como da participação ativa dos sujeitos envolvidos com a realidade que será objeto das ações extensionistas. Este percurso metodológico também propiciará o aprendizado e reflexão dos alunos participantes do projeto, que serão de vários cursos de graduação da área da saúde de do curso de arquitetura da UFPB, sobre a realidade e a importância da proximidade com as necessidades da saúde, suas práticas e dificuldades estimulando seu senso crítico, no tocante as necessidades específicas da população-alvo do projeto. O projeto seguirá a metodologia de pesquisa-ação na análise da realidade e dos meios existentes para administrá-la coletivamente, com os próprios sujeitos integrantes dessa realidade, sendo esta metodologia considerada um dos melhores métodos para trabalho de extensão, para desenvolver um processo educativo centrado nos sujeitos envolvidos e, ao mesmo tempo, promover uma troca de saberes. Na pesquisa paralela ao projeto de extensão, a pesquisa-ação também se enquadra no estudo de caso sobre a análise da realidade e dos meios existentes para administrá-la com os sujeitos integrantes do processo, articulando seus diversos níveis e a transversalidade dos processos, da singularidade das questões apresentadas por eles e às particularidades institucionais. A princípio, será desenvolvido levantamento e estudo bibliográfico e de documentos elaborados sobre o tema em foco, entrevistas individuais e/ou coletivas com usuários com deficiência atendidos no setor ambulatorial do HULW. Em seguida, será realizado um trabalho de verificação (diagnóstico) e conscientização, com primeiros encontros do grupo do projeto (estudantes, servidores e docentes), com rodas de conversa onde os envolvidos debaterão os assuntos relacionados, com leituras e discussões de temas de deficiência, diversidade e acessibilidade (arquitetônica, clínica e psicossocial), conhecimento das leis e dos termos técnicos relacionados, discussão sobre a importância de se tratar o assunto e quais atitudes podem ser tomadas de forma a efetivar a sensibilização do outro e que medidas poderiam facilitar o acesso do usuários portadores de necessidades especiais de uma forma geral. Serão revisadas as políticas públicas relacionadas à acessibilidade de pessoas com deficiência para elaboração de propostas para remover barreiras no sentido de tornara atenção da instituição mais equitativa para as pessoas com deficiência. Posteriormente, será executada a terceira etapa, de identificação de barreiras, sejam limitações físicas ou atitudinais, e refletir sobre o problema, elaborando propostas para superá-las. A revisão da NBR 9050, em 2015, e a criação da NBR 16.537, que trouxeram novos aspectos e parâmetros que precisam ser avaliados nos serviços de saúde, serão tomadas como referência normativa, mas haverá uma gestão participativa, com acompanhamento técnico sistemático e continuado quanto ao desenvolvimento de ações de disseminação de informações e de conhecimentos na população envolvida (capacitação). A Visita Técnica será realizada após a Vivência Prática, a fim de documentar através de fotos, as situações do cotidiano, condições de acessibilidade e os ambientes hospitalares propriamente ditos. A visita será acompanhada pela arquiteta que fará parte do projeto. Será elaborado e aplicado um questionário pelos componentes do projeto (público interno – alunos de graduação em medicina, fisioterapia, serviço social, terapia ocupacional, fonoaudiologia e arquitetura), baseados nas planilhas propostas no Programa de Acessibilidade às Pessoas com Deficiência ou Mobilidade Reduzida nas Edificações de Uso Público. Propostas de adaptações de acessibilidade no HULW serão fundamentadas a partir de um estudo de caso do Setor Ambulatorial do hospital, visando torná-lo acessível para utilização plena e autônoma por todos os seus usuários, que serão articuladas com as ideias levantadas pelos próprios usuários. Serão destacadas também as medidas de acessibilidade já existentes com relação às pessoas portadoras de deficiências e/ou mobilidade reduzida, tanto quanto com a saúde, conforto e bem-estar de seus pacientes e serão sugeridas modificações a partir das barreiras identificadas com base na adequação à NBR 9050/2015 do subsistema hospitalar em questão. Os métodos utilizados para identificação de barreiras à acessibilidade serão a visita exploratória, a entrevista com os usuários, o walkthrough, as planilhas de avaliação, o passeio acompanhado e a matriz de descobertas. A acessibilidade espacial será classificada através dos seguintes componentes, que trazem diretrizes que definem características espaciais de forma a permitir a acessibilidade a edifícios públicos ou, ao contrário, apresentar possíveis restrições, tais como orientação espacial (características que permitem ao usuário reconhecer a identidade e as funções dos espaços, para definir estratégias para seu deslocamento e uso); comunicação (possibilidade de troca de informações interpessoais, ou troca de informações pela utilização de equipamentos de tecnologia assistiva, que permitam o acesso, a compreensão e participação nas atividades existentes); deslocamento (poder movimentar-se ao longo de percursos horizontais e verticais de forma independente, segura e confortável, sem interrupções e livre de barreiras físicas para atingir os ambientes de destino); e uso (relacionado à participação e realização de atividades de forma efetiva por todas as pessoas). Em primeiro lugar será feito um reconhecimento do espaço ambulatorial por meio da técnica do walkthrough, incluindo os percursos diversos aos acessos à edificação, e a circulação interna do ambulatório. Posteriormente, para representar as condições de acessibilidade física mediante a percepção do usuário no setor ambulatorial do HULW, serão realizados passeios acompanhados com quatro usuários com diferentes características: um cadeirante, um portador de deficiência visual, um convidado com mobilidade reduzida e um sem deficiência ou mobilidade reduzida, para gerar conhecimento das condições de acesso e orientação. Pela facilidade de aplicação e sua flexibilidade, este método antecederá as próximas etapas do projeto de extensão, e seu resultado e o conhecimento gerado contribuirão para definição das rotas para a etapa seguinte, o Passeio Acompanhado, para avaliar as condições de uso do espaço construído através da percepção do usuário em situações reais. Para sua realização, será definida uma rota a ser percorrida e um ou mais usuários serão convidados a participar, acompanhado pela equipe do projeto de extensão, que registrará suas impressões e as do entrevistado, e os comentários, transcrevendo falas importantes e fotografando eventos significativos. As visitas permitirão compreender situações enfrentadas pelos usuários portadores de deficiência na identificação de problemas de acessibilidade física no dia a dia. Ao verbalizar as ações, os usuários compartilharão com os acompanhantes as decisões tomadas durante o percurso e os fatores que as motivaram. O Mapeamento Visual contribuirá para o entendimento da relação do usuário com o lugar, identificando se há adequação do espaço através das vivências e memórias do entrevistado. O método possibilita avaliar a percepção dos usuários em determinado ambiente por meio da identificação de aspectos positivos e negativos na própria planta baixa - que deve ser humanizada e apresentar desenhos de mobiliários e equipamentos que facilitem o entendimento do espaço estudado.