Introdução: O presente projeto de extensão
representa uma resposta à percepção de problemas de acessibilidade para
usuários portadores de deficiências no Hospital Universitário Lauro Wanderley
(HULW) e a conscientização das barreiras que esses usuários enfrentam no
serviço. Por conta da percepção desta realidade no dia-a-dia do serviço, é
necessário que se faça o diagnóstico da situação a partir da visão dos próprios
pacientes e de sua reflexão a respeito, em conjunto com a equipe do projeto,
por meio da troca de saberes, para encontrar maneiras de superação. Apesar de o
Brasil ter cerca de 45,6 milhões de brasileiros com pelo menos um tipo de
deficiência, ainda falta a promoção de condições para inclusão das pessoas com
limitações de mobilidade nos edifícios hospitalares. Segundo mostra estudo do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no Censo
Demográfico de 2010, no Brasil há cerca de 45,6 milhões de brasileiros com
mobilidade reduzida, ou seja, quase 24% da população. Em virtude de sua
condição de saúde ou comprometimento, eles frequentemente - mas nem sempre -
têm necessidades adicionais de saúde. Estes não devem defini-los, porque ter
necessidades de saúde faz parte da condição humana. Uma barreira que talvez
seja conceitualmente direta surge do acesso físico limitado aos serviços de
saúde. Por outro lado, estudantes de graduação carecem de convivência com a
diversidade entre os usuários dos serviços de saúde, que proporcionará novas
experiências, combatendo o preconceito, estimulando o respeito às diferenças e
valorizando a diversidade por meio do reconhecimento da igualdade na sua futura
profissão.
Objetivos: Promover a acessibilidade e inclusão dos usuários com
deficiências atendidos no espaço ambulatorial do Hospital Universitário Lauro
Wanderley (HULW).
Metodologia: O caminho metodológico a ser seguido no presente
projeto de extensão baseia-se nos fundamentos da pesquisa-ação, considerando a possibilidade
de uma aproximação entre teoria e prática, assim como da participação ativa dos
sujeitos envolvidos com a realidade que será objeto das ações extensionistas.
Este percurso metodológico também propiciará o aprendizado e reflexão dos
alunos participantes do projeto, que serão de vários cursos de graduação da
área da saúde de do curso de arquitetura da UFPB, sobre a realidade e a
importância da proximidade com as necessidades da saúde, suas práticas e
dificuldades estimulando seu senso crítico, no tocante as necessidades
específicas da população-alvo do projeto. O projeto seguirá a metodologia de
pesquisa-ação na análise da realidade e dos meios existentes para administrá-la
coletivamente, com os próprios sujeitos integrantes dessa realidade, sendo esta
metodologia considerada um dos melhores métodos para trabalho de extensão, para
desenvolver um processo educativo centrado nos sujeitos envolvidos e, ao mesmo
tempo, promover uma troca de saberes. Na pesquisa paralela ao projeto de
extensão, a pesquisa-ação também se enquadra no estudo de caso sobre a análise
da realidade e dos meios existentes para administrá-la com os sujeitos
integrantes do processo, articulando seus diversos níveis e a transversalidade
dos processos, da singularidade das questões apresentadas por eles e às
particularidades institucionais. A princípio, será desenvolvido levantamento e
estudo bibliográfico e de documentos elaborados sobre o tema em foco,
entrevistas individuais e/ou coletivas com usuários com deficiência atendidos no
setor ambulatorial do HULW. Em seguida, será realizado um trabalho de
verificação (diagnóstico) e conscientização, com primeiros encontros do grupo
do projeto (estudantes, servidores e docentes), com rodas de conversa onde os
envolvidos debaterão os assuntos relacionados, com leituras e discussões de
temas de deficiência, diversidade e acessibilidade (arquitetônica, clínica e
psicossocial), conhecimento das leis e dos termos técnicos relacionados,
discussão sobre a importância de se tratar o assunto e quais atitudes podem ser
tomadas de forma a efetivar a sensibilização do outro e que medidas poderiam
facilitar o acesso do usuários portadores de necessidades especiais de uma
forma geral. Serão revisadas as políticas públicas relacionadas à
acessibilidade de pessoas com deficiência para elaboração de propostas para
remover barreiras no sentido de tornara atenção da instituição mais equitativa
para as pessoas com deficiência. Posteriormente, será executada a terceira
etapa, de identificação de barreiras, sejam limitações físicas ou atitudinais,
e refletir sobre o problema, elaborando propostas para superá-las. A revisão da
NBR 9050, em 2015, e a criação da NBR 16.537, que trouxeram novos aspectos e
parâmetros que precisam ser avaliados nos serviços de saúde, serão tomadas como
referência normativa, mas haverá uma gestão participativa, com acompanhamento
técnico sistemático e continuado quanto ao desenvolvimento de ações de
disseminação de informações e de conhecimentos na população envolvida
(capacitação). A Visita Técnica será realizada após a Vivência Prática, a fim
de documentar através de fotos, as situações do cotidiano, condições de
acessibilidade e os ambientes hospitalares propriamente ditos. A visita será
acompanhada pela arquiteta que fará parte do projeto. Será elaborado e aplicado
um questionário pelos componentes do projeto (público interno – alunos de
graduação em medicina, fisioterapia, serviço social, terapia ocupacional,
fonoaudiologia e arquitetura), baseados nas planilhas propostas no Programa de
Acessibilidade às Pessoas com Deficiência ou Mobilidade Reduzida nas
Edificações de Uso Público. Propostas de adaptações de acessibilidade no HULW
serão fundamentadas a partir de um estudo de caso do Setor Ambulatorial do
hospital, visando torná-lo acessível para utilização plena e autônoma por todos
os seus usuários, que serão articuladas com as ideias levantadas pelos próprios
usuários. Serão destacadas também as medidas de acessibilidade já existentes
com relação às pessoas portadoras de deficiências e/ou mobilidade reduzida,
tanto quanto com a saúde, conforto e bem-estar de seus pacientes e serão
sugeridas modificações a partir das barreiras identificadas com base na
adequação à NBR 9050/2015 do subsistema hospitalar em questão. Os métodos
utilizados para identificação de barreiras à acessibilidade serão a visita
exploratória, a entrevista com os usuários, o walkthrough, as planilhas de
avaliação, o passeio acompanhado e a matriz de descobertas. A acessibilidade
espacial será classificada através dos seguintes componentes, que trazem
diretrizes que definem características espaciais de forma a permitir a
acessibilidade a edifícios públicos ou, ao contrário, apresentar possíveis
restrições, tais como orientação espacial (características que permitem ao usuário
reconhecer a identidade e as funções dos espaços, para definir estratégias para
seu deslocamento e uso); comunicação (possibilidade de troca de informações
interpessoais, ou troca de informações pela utilização de equipamentos de
tecnologia assistiva, que permitam o acesso, a compreensão e participação nas
atividades existentes); deslocamento (poder movimentar-se ao longo de percursos
horizontais e verticais de forma independente, segura e confortável, sem
interrupções e livre de barreiras físicas para atingir os ambientes de
destino); e uso (relacionado à participação e realização de atividades de forma
efetiva por todas as pessoas). Em primeiro lugar será feito um reconhecimento
do espaço ambulatorial por meio da técnica do walkthrough, incluindo os percursos
diversos aos acessos à edificação, e a circulação interna do ambulatório.
Posteriormente, para representar as condições de acessibilidade física mediante
a percepção do usuário no setor ambulatorial do HULW, serão realizados passeios
acompanhados com quatro usuários com diferentes características: um cadeirante,
um portador de deficiência visual, um convidado com mobilidade reduzida e um
sem deficiência ou mobilidade reduzida, para gerar conhecimento das condições
de acesso e orientação. Pela facilidade de aplicação e sua flexibilidade, este
método antecederá as próximas etapas do projeto de extensão, e seu resultado e
o conhecimento gerado contribuirão para definição das rotas para a etapa
seguinte, o Passeio Acompanhado, para avaliar as condições de uso do espaço
construído através da percepção do usuário em situações reais. Para sua
realização, será definida uma rota a ser percorrida e um ou mais usuários serão
convidados a participar, acompanhado pela equipe do projeto de extensão, que
registrará suas impressões e as do entrevistado, e os comentários,
transcrevendo falas importantes e fotografando eventos significativos. As
visitas permitirão compreender situações enfrentadas pelos usuários portadores
de deficiência na identificação de problemas de acessibilidade física no dia a
dia. Ao verbalizar as ações, os usuários compartilharão com os acompanhantes as
decisões tomadas durante o percurso e os fatores que as motivaram. O Mapeamento
Visual contribuirá para o entendimento da relação do usuário com o lugar,
identificando se há adequação do espaço através das vivências e memórias do
entrevistado. O método possibilita avaliar a percepção dos usuários em
determinado ambiente por meio da identificação de aspectos positivos e
negativos na própria planta baixa - que deve ser humanizada e apresentar
desenhos de mobiliários e equipamentos que facilitem o entendimento do espaço
estudado.