29 de setembro de 2020
AIDS: AS TRÊS EPIDEMIAS
28 de setembro de 2020
COLÓQUIO SOBRE HISTÓRIA DA MEDICINA NA IDADE MÉDIA COM A TURMA 110 DO CC...
CONTRIBUIÇÕES DE OUTROS
INTEGRANTES DA COMUNIDADE COLABORATIVA DE APRENDIZAGEM - TURMA 109/CCM/UFPB
Após a leitura dos textos muito
enriquecedores pude perceber como o pensamento religioso acabou
"atrasando" o progresso do conhecimento médico e também acabou
culminando com a perda de muitos conhecimentos que foram acumulados ao longo da
idade antiga. Uma grande representação de como a medicina era feita na época se
dá através do filme "O Físico", em que no início do filme o
protagonista atua como barbeiro na Inglaterra e notamos rapidamente que era um
conhecimento empírico e que os barbeiros não possuíam noções básicas de
anatomia, como por exemplo quais órgãos ocupavam a cavidade abdominal. Além
disso, eles atuavam como nômades percorrendo várias cidades. Durante o filme
ele decide ir a uma escola de medicina localizada no mundo árabe para obter o
conhecimento médico de forma mais científica, no seu trajeto ele tem que se
disfarçar por judeu pois o simples fato de ele ser cristão fazia com que os
árabes o impedissem de ir ao seu território, mostrando também como as barreiras
religiosas impediam a troca do conhecimento entre as culturas.
GABRIEL ANGELO
Entre as diversas contribuições
fundamentais dos meus colegas à discussão, decidi falar um pouco sobre um dos
pontos que me chamou a atenção. Ele diz respeito ao costume de se isolar da
sociedade os indivíduos que apresentavam lepra na Idade Média, os quais ficavam
em leprosários. Eles chegavam a ter que usar apetrechos que anunciassem a sua
chegada aos lugares. Reproduzo o seguinte trecho: “Considerava-se,
particularmente em relação aos leprosos, que a mera proximidade destes doentes
podia despertar a fúria divina, trazendo este castigo também para o incauto? Na
contemporaneidade, essas crenças podem ser usadas para estigmatizar as pessoas
que apresentam algumas doenças específicas. Por exemplo, na disciplina de
Epidemiologia, assistimos a um filme chamado “E a vida continua...”, em que uma
das cenas corresponde a um indivíduo dizendo que o HIV seria como uma punição
de Deus aos indivíduos que o contraíam, pelo seu comportamento profano. Esse
tipo de atitude tem, portanto, raízes históricas.
MARIA EDUARDA G.
Representações da Idade Média na Arte - O Nome da Rosa (Umberto Eco, 1980): As contribuições da aula criaram um cenário amplo, contemplando diversos aspectos positivos e negativos quanto à prática da medicina na Idade Média, bem como quanto a outras áreas do conhecimento, como a filosofia. Venho aqui, portanto, em uma tentativa de conciliar grande parte do que foi dito por meio de uma contextualização com o livro de Umberto Eco, O Nome da Rosa (1980), e com o filme de mesmo nome. De antemão, alerto para o fato de o livro surgir como uma interpretação por parte do autor do que teria sido um contexto da Idade Média. Logo, não é um relato factual, e sim uma ficção com vieses históricos. A narrativa se passa em um mosteiro franciscano, no ano de 1327, que já corresponde à Baixa Idade Média. O mistério que a move - contado na perspectiva do noviço Adso - está nas inexplicáveis mortes dos monges que, apesar de não obviamente, estão relacionadas por um motivo único (spoilers): o desejo de um monge ancião de manter uma concepção que aceita o riso e a comédia como bons em segredo completo, guardando para si milhares de textos de grandes autores da antiguidade que contradizem sua visão de mundo em que o sofrimento leva à pureza de espírito e Deus, mas em especial um livro cujas páginas foram envenenadas de forma que todos que ousassem-no ler encontrariam um breve e trágico fim. Apenas esse contexto já é gerador de uma discussão sobre um dos principais motivos pelos quais a Idade Média foi posteriormente interpretada como a Idade das Trevas: a detenção dos conhecimentos pelos letrados e pertencentes às ordens religiosas. Não mais eram discutidos tópicos como ética e política em praça pública (ágoras) como na antiguidade grega (que já era limitadora por permitir apenas a participação de cidadãos gregos), nem mesmo as missas eram rezadas em linguagem popular. A população servil e comum sobrevivia através da passagem geracional de conhecimentos e eventuais caridades, quando se trata da medicina. No entanto, vale mencionar que o trabalho de tradução de textos clássicos realizado pelos monges também foi ilustrado na trama, que foi um aspecto positivo na manutenção do conhecimento, apesar do grande problema de retenção, má-interpretação e perda de informações. Um outro momento que reflete o discutido pelos colegas, quanto à profunda associação entre o pecado e a doença, é observado quando um dos monges, ao interpretar seus pensamentos como pecaminosos, isola-se para se punir (automutilação) e em seguida se banha em ervas, de forma a limpar-se da influência de maus espíritos e evitar (e talvez antecipar de forma menos letal) o castigo divino. Esse tipo de atitude, em que feridas foram abertas em nome da purgação do pecado ou da loucura, abria mais uma rota para a disseminação de doenças. Mas não apenas nos atos vemos reflexos de um pensamento que tinha o doente como algo a ser evitado, pecaminoso, como também na arquitetura e organização do próprio mosteiro, uma vez que no mapa que é ilustrado no livro o hospital é colocado nas margens, isolado das áreas comuns de convivência. Um outro aspecto comentado em aula está na condenação da personagem feminina que vivia próximo ao mosteiro, em condições de pobreza, como bruxa. Inclusive, o papel da mulher em sociedade é alvo de uma discussão no livro, que revela uma visão da mulher como recipiente de demônios, fruto de tentação, que se perpetua desde a história da expulsão de Adão e Eva do paraíso, ou mesmo de forma anterior a isso. Há uma grande contradição no período, uma vez que o uso de ervas por homens, sejam eles boticários, médicos, frades ou monges, era socialmente aceito, como visto em histórias como Romeu e Julieta ou mesmo quando na pandemia da peste bubônica médicos usavam ervas aromáticas em suas máscaras com formato de bico de corvo para prevenir o contato com os ares contaminados dos doentes, enquanto a mulher que fizesse uso de tais conhecimentos era rapidamente apontada, mesmo pelos membros da comunidade, como bruxa e condenada à fogueira. Por fim, cabe colocar um dos passos que contribuíram para a resolução do mistério na trama, que foi a inspeção dos cadáveres dos monges, que mesmo realizada de forma exterior - uma vez que a necropsia não era uma prática aceita no período, o que atrasou o desenvolvimento dos conhecimentos anatômicos - revelou a presença de marcas nos dedos e de língua negra pilosa, detalhes que apontaram para um envenenamento, em que a interação da substância com os tecidos deixou marcas, uma vez que os monges levavam os dedos à boca, molhando-os para passar as páginas dos livros. E com isso passeamos por diversos dos temas abordados, ficando registrada a indicação literária e cinematográfica. Deixo-os com o link do filme (disponível na mídia social YouTube por meio do link a seguir):
https://www.youtube.com/watch?v=s0cdAv4ZODE
NADIAJDA
Após a rica discussão iniciada na
aula e estendida ao fórum, tentarei também trazer minha contribuição.
Primeiramente, gostaria de retornar ao tópico da possibilidade do termo ''idade
das trevas'' transmitir uma visão reducionista desse período da história, pois
tal perspectiva renascentista, que também tem seu mérito, acaba encobrindo
alguns avanços no medievo. Nesse contexto, é válido ressaltar a coexistência da
medicina bizantina, árabe, além de outras sociedades espalhadas pelo mundo que
não temos registros suficientes, com a
europeia ocidental. Nisso, podemos relatar avanços no mundo mulçumano,
onde, segundo o material indicado para a leitura, possuía uma farmácia com
medicamentos de todo os locais conhecidos, ambulatórios, enfermarias de
internação e um sistema primitivo de berçários. Além disso, na própria Europa
ocidental, é possível identificar alguns aspectos que contradizem a ideia de
total retrocesso, como o desenvolvimento de universidades e a
institucionalização da medicina. Ademais, é observável a influência do mundo
antigo, a qual vai desde a crença em teorias hipocráticas, como a dos quatro
humores, até ao pensamento de filósofos e teólogos importantes da época, como os
patrísticos, escolásticos e a sua relação, respectivamente, com Platão e
Aristóteles. O segundo e último tópico
de abordagem válida é que não só de avanços foi marcada a medicina medieval.
Essa realidade pode ser ilustrada pela associação de doenças a castigos divinos
presente na cultura cristã e muçulmana. Tal cenário também é exemplificado na
Europa ocidental, onde existiam problemas sanitários contribuintes para a
disseminação de doenças. Além dos problemas anteriormente explanados, é
possível observar a limitação da disseminação do conhecimento médico, acessível
basicamente aos mosteiros e comunidades da Igreja, que pode ser associada a
diversos motivos, como a restrição determinada pela instituição católica ao
contato com os escritos, o analfabetismo da população e a estruturação da
sociedade em formato de feudos, a qual dificultava as trocas de saberes entre
diferentes localidades.
MILENA
24 de setembro de 2020
HISTÓRIA DA MEDICINA NAS ANTIGAS CIVILIZAÇÕES: COLÓQUIO COM A TURMA 110 ...
A medicina na Antiguidade foi uma coleção de
crenças, conhecimentos e experiências sobre a vida, a doença e a morte.
O que sabemos sobre a prática médica nas
civilizações antigas é baseado em evidências arqueológicas, objetos votivos e
fontes literárias antigas. A maior parte da evidência escrita está preservada
em papiros egípcios, tratados atribuídos aos médicos gregos Hipócrates e
Galeno, assim como aos tratados da medicina islâmica.
Como a medicina se desenvolveu e mudou desde as
civilizações antigas mais remotas ao período clássico na Antiguidade Tardia?
Quais as antigas tradições de cura e os escritos médicos influentes
que marcaram aquela época? Como as percepções modernas de nossa antiga herança
médica foram condicionadas por circunstâncias e suposições específicas? Estes foram
os tópicos de discussão com a turma 110 de graduação em medicina da UFPB.
#historiadamedicina #medicinaantiga #antiguidade
#medicinaegipcia #medicinanamesopotamia #antiguidadegrega
#filosofiapresocratica #mudançadeparadigma #medicinamagicoreligiosa
#medicinahipocratica
CONTRIBUIÇÕES DOS ALUNOS DA TURMA 110 AO
FÓRUM “MEDICINA NA ANTIGUIDADE” NO SIGA-A
Inicialmente, é válido destacar como a visão sobre
a etiologia das doenças se modificou com o tempo e ao longo das
civilizações. Primeiro, nas civilizações antigas como Egito e Mesopotâmia,
ainda se via uma concepção ontológica das doenças, uma visão mística
e religiosa sobre as patologias, quase sempre associadas à uma noção religiosa
e cosmológica. Apesar disso, vemos avanços importantes, trazidos com técnicas
das mumificações, importantes para o conhecimento da função de algumas
estruturas e também sobre doenças como Diabetes e doenças coronarianas, as
quais eram descritas nos papiros egípcios. Na Grécia, observa-se
o inicio de uma medicina Empírico-Racional. Com Hipócrates, inicia-se
uma fase mais técnica com o surgimento da racionalidade na
medicina, baseado na causalidade dos eventos e o aprendizado pela
experiência, além da sua contribuição para o código de ética,
posteriormente. Com Galeno também temos diversos avanços, nas áreas
da fisiologia, neuroanatomia, investigação da anatomia dos rins e coração.
Nesse período, vemos também a influência da teoria dos quatro elementos- ar,
terra, fogo e água- que seriam a base para todos os seres vivos e a teoria dos
quatro humores, a qual une esses elementos aos fluidos corporais- sangue, bile
negra, bile amarela e fleuma- passa a explicar a doença como
o desequilíbrio entre esses elementos na constituição
humana. A medicina romana traz avanços significativos também, principalmente
no tangente à prevenção, com o surgimento de um sistema de saneamento básico,
aumentando a noção de higiene ainda naquela época e, consequentemente,
melhorando a qualidade de vida das pessoas ao prevenir certas doenças.
LUANNA CYBELLE
O estudo de como se concebeu e se desenvolveu a
medicina na antiguidade remonta a origem de um questionamento que a
humanidade vem se fazendo ao longo de toda a sua história, qual seja entender o
processo saúde-doença, bem como se estabelecia o processo de cura. Na antiguidade
a medicina tinha um viés atrelado sempre a magia e a religião atribuindo as
alterações de saúde a maus espíritos e aos deuses. Posteriormente adquiriu um
viés baseado de maneira ainda insipiente no empirismo e na experimentação, o
que ainda não deixava de ter relação com a magia/religião, tampouco era
algo cientifico. É importante ressaltas os desenvolvimentos na área médica
advinda dos conhecimentos dos povos egípcios e gregos sobre a
anatomia e fisiologia humana que proporcionaram as primeiras tentativas de compreensão
dessa temática. Acerca da teoria hipocrática dos humores, posteriormente
sistematizada pela medicina galênica, evidencia-se um entendimento
intuitivo e importante de que a saúde tratava-se sobretudo de
um equilíbrio fisiológico. Quanto a medicina romana e os conceitos
relativos a saúde é marcante o entendimento ainda atual de que a saúde está
diretamente relacionada ao meio ambiente ao qual o indivíduo está inserido, e
onde foram instituídos meios de melhoria da saúde publica através de obras
de saneamento básico, drenagem, banhos públicos e incentivo de hábitos de
higiene pessoal.
EMANUEL
Ao estudar os fatos históricos do desenvolvimento
da medicina na antiguidade um ponto em especial nos chama a atenção, que é o da
capacidade de observação do paciente e demais aspectos relacionados à
sua condição, como o meio em que se encontra. Os egípcios utilizarem bem essa
capacidade no sentido de desenvolver uma rica farmacopeia. Um pouco mais
tarde, Hipócrates desenvolveu um sistema empírico para observação do doente, o
qual guarda semelhanças com as práticas de anamnese contemporâneas. Os romanos
observaram correlações entre o meio e a disseminação de doenças, fato que levou
à realização de obras direcionadas à promoção de saúde pública. Assim, convém reconhecer o
mérito daqueles que acreditaram no poder da racionalização, trazendo inovações
transformadoras.
CARLOS RICARDO
Ao estabelecer em um lugar fixo, o homem passou por
uma revolução comportamental do qual permitiu o surgimento da medicina.
Inicialmente a medicina tinha base de apoio com visões mágicas e crenças
religiosas e achavam que as doenças eram causadas por deuses, espíritos, magia
e ou maldições e só conseguiria curar através de rituais mágicos para que
houvesse a expulsão dos espíritos malignos. As civilizações antigas
contribuíram enormemente para a transformação da medicina. Apesar da medicina
egípcia ter aspecto religioso, eles deram os primeiros passos para uma medicina
empírica com a compilação de uma farmacopeia, desenvolvimento de técnicas
cirúrgicas e conhecimento anatômico por meio das mumificações. Já na
mesopotâmia passou por uma regulamentação com o código de Hamurabi, impondo
limites para prática da medicina. Na Grécia antiga a medicina teve grandes
avanços por terem separado a medicina em duas grandes correntes uma sendo a
medicina preventiva e outra a medicina curativa e também teve introdução da teoria
dos humores no qual consistia em uma harmonia entre os quatros elementos que
compõem os seres. A medicina teve contribuição de diversas civilizações,
porém em Alexandria a medicina passou por uma grande transformação
principalmente nas áreas de anatomia e fisiologia esses avanços só foram
possível por ter sido construídos uma biblioteca na qual guardava quase todo o
conhecimento do mundo para época e também ter sido construído uma museu no qual
assemelhava a uma universidade moderna que permitia estudos das áreas de
ciências, literaturas e artes. Na Roma antiga, a medicina foi importada da
Grécia por isso essa medicina tem característica em comum com da Grécia,
ademais os romanos contribuíram com medicina para divisão de especialidades e a
uma assistência gratuita aos pobres. Portanto, como vimos a medicina
passou por mudanças ao decorrer da história e tiveram contribuições de diversas
civilizações e essas mudanças e contribuições serviu para aprimorar e melhorar
o tratamento médico.
EDIBERTO
Apesar de não ser o foco, gostaria de trazer uma
contribuição breve sobre a Medicina Tradicional Chinesa (MTC), acredito que por
sermos em torno de 60 muito já se foi falado sobre os temas trazidos pela
senhora. O que eu mais acho interessante é a visão holística do ser
humano, buscar enxergá-lo na sua totalidade, não focando somente na
doença. Ela é construída tomando como base o Taoísmo e o Confucionismo.
Tem como conceitos básicos o equilíbrio do qi (energia vital), yin-yang e a
teoria dos cincos movimentos ou cinco elementos. Ela começou a ser formada a
partir de observações da natureza que são extrapoladas para o corpo
humano. Na MTC existem muitas relações e ligações. Cada um dos cincos
elementos está relacionado a alguma parte do corpo, alguma emoção,
algo na natureza. Da mesma forma como existem partes do corpo, meridianos
(trajetos da energia vital pelo nosso corpo), emoções e sensações que podem ser
classificadas como Yin ou Yang. O que na medicina ocidental é entendido
como doença, para a MTC é na verdade um desequilíbrio da nossa energia. Esse
processo pode ser dividido em três fases: desequilíbrio de energias,
desequilíbrio funcional e desequilíbrio orgânico. É somente nessa última fase
que a doença tornar-se-ia perceptível para a Medicina Moderna
Ocidental. Eles não veem a doença como algo pontual, um evento único, mas como
um processo evolutivo, que primeiro se manifesta com pequenos
incômodos, evoluindo para algo bem maior. O objetivo da MTC é tratar
o processo do desequilíbrio nas duas primeiras fases. O que leva
ao desequilíbrio vital (adoecimento) é a interferência de fatores externos e
internos, seriam as energias perversas e emoções.
MARIA CLARA
A história da medicina domina um espaço
na história da humanidade por ser a precursora de todo o conhecimento
que viria a ser a ciência médica. É capaz de retratar a doença e cura desde o
momento em que são compreendidas como um castigo dos deuses, até a magia da
medicina científica. Nos encantou a medicina hipocrática
quando trata dos quatro humores e a importância que
esses elemento representam para a vida como um
todo. É a oportunidade que tem-se de retornar as origens
e perceber o nascer de cada acontecimento no seu tempo e lugar. Foi fantástico
esse momento de aprendizado.
NORMA SUELI
O que mais me chamou a atenção foi a constatação de
que a medicina, como uma produção cultural humana, foi concebida de formas
distintas em distintas sociedades e em distintas épocas. De fato, como produção
humana, reflete a forma de pensar da sociedade e do tempo em que ocorre. Assim
sendo, torna-se necessário perceber que, em tempos nos quais a sistematização
filosófica, ou racional, do conhecimento não existia, e os povos conheciam o
mundo por meio de mitos e crenças mágicas, as doenças e as formas de cura e tratamento
eram também concebidas de maneira mágica, com curandeiros, xamãs, etc. E, com a
evolução da forma de conhecer os fatos do mundo, com o advento da observação e
da forma empírica de se pensar, também a medicina evoluiu, como se viu na
civilização egípcia. Contudo, o surgimento de uma medicina empírico-racional
não elimina o fato de que ainda existem crenças mítico-religiosas que
interferem na prática médica. Aliás, até hoje, após milhares de anos e
incontáveis revoluções e evoluções no mundo da ciência e da filosofia, o
pensamento mítico-religioso continua a existir e interferir nas produções e
culturas humanas. Enfim, na civilização grega, com a sistematização do pensar
racional, com os primeiros filósofos, os pré-socráticos, a medicina também
acompanhou essa evolução. Inclusive, é interessante notar que os pré-socráticos
tinham enorme interesse pela busca da arché, a substância inicial/fundamental
de onde tudo deriva. Aliás, é justamente nesse ponto que se diferem os
pré-socráticos dos poetas gregos (que perpetuavam os mitos e as crenças
religiosas): enquanto os poetas explicavam o mundo de maneira mágica, os
filósofos buscavam na natureza elementos que explicassem os eventos do mundo.
Assim sendo, pensadores como Tales, Pitágoras, Heráclito, Parmênides,
Demócrito, Empédocles, entre vários outros, contribuíram para a filosofia,
buscando conceber a substância inicial do universo. E foi justamente Empédocles
(da teoria dos quatro elementos) que influenciou Hipócrates a produzir a sua
teoria dos humores. A influência dos pré-socráticos na medicina grega também
pode ser medida pela importância que a observação da natureza e do ambiente têm
para a concepção de doença, saúde e cura.
GUSTAVO
Após ler os textos, lembrei-me da criatividade e
inteligência dos povos da Antiguidade que não se resumiram apenas às artes e à
arquitetura, mas também conseguiram alcançar diversas áreas, como a medicina.
Apesar das limitações e da mistura com aspectos mágico-religiosos, ainda assim
é admirável o reconhecimento da doença e a seriedade com o conhecimento, a
exemplo dos 2000 tabletes, muitos dos quais eram como verdadeiros
tratados. Na mesopotâmia, é possível observar que o aspecto
mágico-religioso predomina, já que a doença era tratada como um castigo dos
deuses e os agentes de cura eram adivinhos, exorcistas e sacerdotes. Todavia, é
impressionante o fato de já reconhecerem que as doenças também poderiam
apresentar causas naturais, permitindo tratamentos lógicos e empíricos, além da
existência, por exemplo, de cirurgiões. No Egito, também é possível
perceber a visão mágico-religiosa ainda bastante presente, sendo representado
pelos vários deuses relacionados a saúde. Todavia, já se observa uma medicina
mais organizada, com a presença de vária especialidades e hábitos que ainda estão
presentes na prática atual, como a coleta minuciosa de dados do
paciente. Por fim, a medicina pós-hipocrática traz ao os dois lados, tanto
avanços importantes para a ciência, como a permanência do aspecto religioso.
Enquanto na Macedônia, principalmente em Alexandria, era grande o avanço no
campo da medicina, representado pelas escolas de treinamento (cada uma com sua
interpretação) e novos conhecimentos acerca do corpo devido às dissecções
humanos; em Roma, observa-se o predomínio da visão mágica, o que foi, aos
poucos, dividindo espaço com saberes gregos.
THALITA
Acredito que o que mais me intrigou foi o fato de
que, tal qual abordado no artigo, a ciência e religião sempre tiveram um ponto
de interseção difuso de certa forma. É notável e curioso o contraste entre a
contribuição vital à medicina que a abadessa Hildegard Von Bingen teve em sua
época e a persistência da superstição, misticismo e espiritualidade
na vivência médica leiga. É interessante notar que, na realidade atual, essa
influência ainda se faz presente, em debates como legalização do aborto,
reposição de sangue em Testemunhas de Jeová e conhecimento popular/empírico
acerca das plantas medicinais, ou seja, continua, para o bem ou para o mal,
influenciando a prática médica. Portanto, o estudo da medicina na Antiguidade é
vital para refletir acerca das nossas condutas atuais e nossa relação entre
espiritualidade e medicina.
LUIZ FELIPE
A medicina da antiguidade em geral atribuía causas
de natureza espiritual, mágica e religiosa como precursoras de doenças.
Criaturas malignas eram responsáveis pelo desenvolvimento de doenças e o
tratamento para essas enfermidades se destinava a eliminar espíritos nocivos.
Há registros de procedimentos cirúrgicos rudimentares na tentativa de tratar
feridas. Alguns desses procedimentos também possuíam caráter religioso e
místico, como a craniotomia. Há registro ainda de uso de plantas medicinais no
tratamento de algumas enfermidades. No Egito antigo, assim como na antiguidade,
o conceito sobrenatural da doença persistiu, contudo não impediu avanços
importantes nessa área. Havia 3 tipos de sacerdotes relacionados com a cura. Os
sacerdotes de Sekhmet e os magos baseavam sua abordagem nos aspectos
religiosos, espirituais e mágicos da doença. Já os Sunus, que eram formados nas
"Casas da Vida", onde obtivam conhecimento para tratar doenças,
utilizavam-se da observação e anamnese do paciente para desvendar a
enfermidade. Cabe ressaltar também que, no Egito antigo, as especializações nos
tipos de doença eram muito importantes. A mumificação, ainda, permitiu avanços
no estudo anatômico. Diversos tipos de medicação de base vegetal, mineral e
animal eram utilizados. Vale destacar que a indução do vômito e da defecação
era considerada uma forma de prevenção. Diversos excertos de investigações
dessa época, principalmente os Livros Herméticos, são considerados marcos na
medicina. Ressalta-se ainda o avanço no entendimento da saúde da mulher, no
tratamento de feridas, luxações e parasitoses. Viu-se então uma medicina que,
apesar de baseada em aspectos religiosos, espirituais e mágicos da doença,
permitiu o desenvolvimento empírico e racional. Com o surgimento da Filosofia
na Grécia antiga, o pensamento empírico racional tornou-se prioridade em
detrimento do conhecimento fundamentado em crenças. Baseados na observação e
racionalidade e dispensando explicações sobrenaturais, os ensinamentos de
Hipócrates ganharam destaque, que se fundamentam em princípios norteadores da
medicina ocidental até hoje. Em especial, podemos citar a semiologia médica
atual, que possui seus princípios abalizados na medicina hipocrática, sendo
eles: exploração do corpo (ausculta e manipulação sensorial), anamnese,
entendimento sobre o problema (raciocínio diagnóstico), estabelecimento de
procedimentos terapêutico e prognóstico. Hipócrates aplicava a Teoria dos
Humores na medicina, que preconiza o equilíbrio de quatro fluidos corporais
(sangue, fleuma, bílis amarela e bílis negra) como fundamental para saúde do
corpo humano, e que esses fluídos estariam relacionadas a áreas específicas do
corpo. Uma das técnicas de recuperação era a eliminação desses fluidos, por
isso técnicas como sangria era utilizada. Esses princípios foram aplicados na
medicina ocidental até o século XVII-XIX, em que se acreditava que a retirada
de fluídos do organismo, por meio da sangria, forçando o vômito e a defecação,
seria uma forma efetiva de tratamento. Hipócrates não só valorizava as causas
ambientais, como água suja, qualidade do ar, locais com muitos mosquitos, como
desencadeadores de doenças, como também valorizava a boa alimentação para
promover saúde. A medicina na Roma Antiga sofreu forte influência dos gregos,
com Galeno considerado o maior médico desse tempo. Ele perpetuou os
conhecimentos de Hipócrates, defendendo a Teoria dos Humores e a importância da
observação clínica. Galeno escreveu cerca de 500 tratados de medicina e
farmácias e inspirou a medicina durante muitos séculos seguintes. Sua grande
contribuição pode ser associada à preocupação com a Saúde pública, promovendo a
construção de sistemas de aquedutos e encanamentos, a drenagem para evitar
proliferação de doenças e a construção de áreas de banhos públicos para higiene
pessoal. Também realizou algumas descobertas anatômicas e fisiológicas, entre
outras as artérias como condutoras de sangue, os rins como órgãos excretores de
urina. Viu-se, portanto, que, apesar de uma medicina rudimentar, avanços
importantes foram promovidos ainda na época antiga. Alguns avanços ainda
possuem forte influência na medicina atual, como o princípio da observação,
anamnese e raciocínio diagnóstico, assim como o desenvolvimento de ações
voltadas para saúde públicas, que se mostram como fundamentais para promover a
qualidade de vida atualmente. Além disso, a questão de associar a
doença à aspectos religiosos ou sobrenaturais ainda persistem em diversas
sociedades do mundo, principalmente na populações mais pobres, que recorrem à
curandeirismo e rituais como forma de tratamento.
DAVI JOSE
O entendimento do processo saúde-doença na
antiguidade começa, em geral, num sistema mágico religioso, com enfermidades
relacionadas a divindades e a cura a rezas, amuletos, etc. Com o avanço da
civilização o processo empírico-racional é desenvolvido, com formação de
especialidades médicas no Egito, avanços exponenciais em anatomia, fisiologia,
farmacologia, patologia e cirurgia, nesta e em várias outras populações
humanas. Desse modo, vale enfatizar a importância dos conhecimentos
desenvolvidos tanto no ocidente quanto no oriente, sendo deste primeiro, as tradições
responsáveis pelas de práticas de cuidado dogmaticamente seguidas pela nossa
civilização por muitos séculos. Essas tradições greco-romanas têm alicerce,
historicamente, nos preceitos gregos de Hipócrates, que se preocuparam com todo
o contexto ambiental, além do fisiológico do paciente, alavancados, então, por
Galeno e a sociedade greco-romana, que construiu os preceitos da saúde pública
e do saneamento, e por fim, solidificados nas sociedades seguintes, por quase 2
milênios. Assim, ressalta-se, como na atividade síncrona, a importância do
conhecimento da história da medicina, visto que foi possível observar a origem
e evolução de pontos básicos da medicina, sem os quais a promoção de saúde
atual estaria impotente.
YANN NICHOLAS
Fico feliz que os meus colegas de classe me
ajudaram bastante ao falar historia da medicina, já que muito pouco do que foi
compartilhado eu conhecia. A prática da medicina antiga era muito primitiva,
com os mais experientes analisando poucas observações e mudanças. Já com os
primeiros relatos e experimentos de Hipócrates a medicina se constituiu na
crença de que os males do corpo humanos eram as diferenças da liquidez
presentes no organismo. Após isso, ainda foi elaborada uma teoria de que a
condição de saúde era provocada pelo equilíbrio dos quatro humores do ser
humano, porém também foi descartada. A medicina na época de Galeno
já foi melhorada e o próprio médico viveu umas ascensão na época médica,
conseguindo um melhor estudo sobre a saúde em geral. Além disso, depois, a
medicina em Roma já era avançada em relação a saúde sanitária e conseguiu
contribuir bastante para a melhora da saúde da população em geral.
JOSE ARTHUR
Com as leituras feitas sobre o estudo, pude
perceber que vários aspectos da medicina da antiguidade são aspectos defendidos
e usados na medicina da atualidade, apesar da rudimentariedade e criticas
feitas sobre as práticas antigas. Como por exemplo o símbolo da
medicina e da prescrição médica que tem associação com símbolos da antiguidade:
a cobra (Bastão de Asclépio) e olho de Hórus. Nas civilizações
antigas, no Egito, os povos sabiam que as doenças também eram
transmitidas através das moscas, só que correlacionavam com
algo sobrenatural. Isto mostra que apesar das limitações e das
crenças mágico-religiosas os povos antigos já percebiam algumas
noções vistos até hoje. No antigo Egito havia médicos para cada órgão,
isto é, havia especializações das áreas da medicina que existe nos dias
atuais. O que achei muito importante também é que na época já tinham regulamentada
as leis para a sociedade, inclusive para os médicos pois estes tinham
benefícios mas também tinham sanções quanto a ocorrência de erros sobre um
paciente (código de Hamurabi na Mesopotâmia). Apesar das críticas feitas
sobre a medicina mágico religiosa, até hoje existe este sentimento voltado para
a divindade quanto ao processo de cura, tanto que hoje existe a disciplina de
espiritualidade no curso da medicina que mostra a importância da
espiritualidade do paciente. Na medicina hipocrática houve uma mudança
desse paradigma, em que se deu mais ênfase às observações e desenvolveram um
caráter crítico reflexivo, o que trouxe mais racionalidade à medicina junto com
a filosofia através de Hipócrates que criticou a noção de doença como um
castigo dos deuses, defendendo que a doença era um fenômeno natural.
Algo que achei também importante é o facto de que nessa época examinavam o
paciente com a anamnese e técnicas de semiologia que são fundamentais na
medicina atual. Na Roma, achei interessante o facto de que já existia
alguns instrumentos de cirurgia como o bisturi e os espéculos e se faziam a
limpeza desses instrumentos, o que existe até hoje. Outro ponto importante é a
preocupação com a saúde pública pois havia saneamento ambiental e
fazia-se banhos públicos. Também na Roma, os médicos tinham uma posição
muito privilegiada na sociedade, facto que é percebido até nos dias
atuais. Houve uma certa preocupação quanto ao tratamento dos doentes mentais,
como também da saúde da mulher. E não menos importante, a Biblioteca de
Alexandria que foi muito importante por contribuir para a evolução da medicina
e o surgimento da Escola de Medicina que como era permitido o estudo integral
do corpo humano e as dissecações fez com que houvesse um grande
avanço do conhecimento sobre a anatomia e o funcionamento do organismo,
principalmente por Herófilo e Erasístrato.
PATRICIA ROSSANA
Após a leitura dos textos de apoio e de observar as
discussões sobre a prática médica no mundo antigo, eu pude perceber como a
interesse de tratar doenças e entender o processo de adoecimento são
necessidades naturais do ser humano. É interessante notar também que o modo
como a doença é explicada está diretamente relacionado com a cultura local e
com o pensamento vigente. O deus sumério Enki - denominado EA pelos assírios -,
ocupava o papel de antecessor dos médicos ao mesmo tempo que era conhecido como
"senhor das Águas". Essa associação tem íntima relação com o estilo
de vida dos povos da mesopotâmia, uma vez que estes - situados na região do
crescente fértil, entre os rios Tigre e Eufrates - eram povos essencialmente
agrícolas e seu meio de subsistência estava baseado na água, seja ela pluvial
ou fluvial. Outrossim, outra relação que podemos estabelecer é entre a forma
como a medicina é pensada e o modo como a civilização elabora hipóteses sobre o
universo e a natureza. Ainda tomando por exemplo os sumérios, é notória a
crença desse povo na influência dos astros sobre os fenômenos da natureza e
sobre a sociedade, tanto é que eles construíam os Zigurates que, além de
templos religiosos e estabelecimentos comerciais, exerciam a função de
observatório para os corpos celestes. Esse modo de entender o mundo se fazia
presente nas práticas médicas por meio da figura do Baru, que tinha o papel de
fazer adivinhações (baseadas em uma série de métodos, dentre eles a astrologia)
para encaminhar o doente para o profissional que ele considerasse adequado. Já
quando observamos a Grécia do período pós-homérico, a dominância da filosofia
sobre o mito se manifesta na medicina: Hipócrates, Aristóteles e seus
contemporâneos rejeitavam a ideia que alguém pudesse se tornar enfermo em razão
de uma vontade divina. Outro ponto interessante da discussão sobre a medicina
na antiguidade é perceber como o entendimento sobre o corpo humano e as
técnicas terapêuticas de um povo tiveram grande influência daqueles que lhes
precederam. Isso, na minha visão, se deve ao fato de haver a preocupação de
preservar documentos para perpetuar esse conhecimento, como houve desde a
biblioteca criada pelo rei assírio Assurbanipal para abrigar tábuas de argila
até a famosa biblioteca de Alexandria - o que denota o papel fundamental que a
escrita teve para impulsionar o desenvolvimento da humanidade, sendo a
principal invenção que marca o mundo antigo.
JOÃO ALFREDO
Tendo em vista que a saúde e as doenças são
inerentes à vida humana, compreende-se que as práticas voltadas à manutenção da
saúde do indivíduo vão sempre estar presentes nas civilizações. Portanto, as
práticas da medicina mágico religiosa que existiu na antiguidade expressam bem
como a humanidade sempre buscou associar o conhecimento existente em sua época
para a busca da sua saúde. Mesmo estando intimamente relacionada com a
religiosidade, observa-se que o empirismo dos rituais e tratamentos mais
eficazes utilizados para o tratamento de doenças era constante nas práticas
dessa época. Exemplo disso no Egito antigo era o fato de que as
doenças e a morte eram associadas à putrefação e, como se sabia que a
deterioração dos alimentos ocorria no estômago e no intestino, algumas ações
eram feitas como via de prevenção, como cuidados na alimentação, uso de enemas
e a realização de preces. Além disso, na mesopotâmia também era possível
observar isso no tratamento para infecções oculares, onde era feito um
preparado de cerveja e cebola, a cebola levava o indivíduo a lacrimejar,
umedecendo os olhos com lágrimas, que, por sua vez, possuem uma enzima de ação
bactericida chamada lisozima, sendo posteriormente realizados outros
rituais para a expulsão dos maus espíritos, que seriam
os responsáveis pelo adoecimento. Esses e muitos outros exemplos
demonstram como a medicina mágico-religiosa também estavam relacionados com os
resultados empíricos das práticas. Com o surgimento da medicina
empírico-racional, o estudo das doenças e das condições de saúde humana
começaram a se basear puramente na prática e na observação e esses estados não
seriam mais enxergados como uma ação dos deuses contra o ser humano. Hipócrates
de Cós, médico grego e um dos principais nomes dessa nova medicina, passou a
criar um sistema para o tratamento das doenças com base na observação, pregando
de que a cura sempre era realizada pela natureza. Com essa separação da
medicina da religião, as enfermidades passaram a ser observadas como
consequências de fenômenos naturais. Tais preceitos foram, posteriormente,
adotados também por Galeno em Roma. Como uma forma de estruturar o seu
conhecimento adquirido pela prática, Hipócrates veio a formular a
teoria dos quatro humores, que estabelece a existência de quatro
líquidos no corpo humano, estando cada um associado a uma parte do corpo. A
saúde seria advinda do equilíbrio desses quatro humores dentro do corpo, e o
excesso de um ou mais desses líquidos levaria o corpo ao estado de doença,
sendo os sintomas a reação do corpo a esse excesso. Na Roma antiga, a prática
médica não veio a se distinguir muito da feita na Grécia, no entanto, alguns
fatores como a regulação do médico como uma classe profissional são marcantes
para a história da medicina. Os pioneiros para a prática da medicina em Roma
eram, na verdade, médicos gregos, Galeno e Dioscórides. Galeno foi fortemente
influenciado pelas teorias de Hipócrates, o que o levou a aplicar e a
aprimorar as mesmas.
RAPHAEL JOSÉ
Vários aspectos da medicina da antiguidade são de
importante estudo e observação. Entre eles, me chamou atenção, principalmente
no Egito, o alinhamento da magia/religião com a prática e descoberta de
técnicas e até da formação de uma farmacopeia, exemplificando como o
conhecimento popular, baseado na observação e no teste ao longo de muitos anos,
pode ser válido e correto, mesmo que não seja científico. Mesmo assim, esse
conhecimento é muitas vezes renegado e completamente ignorado na prática médica
e no meio científico, apesar de muitos casos serem
provados cientificamente séculos depois de serem propostos. Do outro
lado da moeda, vale salientar que certos fitoterápicos podem ser legalizados,
no Brasil, apenas pelo teste popular (após um período determinado de tempo
conhecido de sua utilização), demonstrando uma legislação que reconhece o saber
popular. Além disso, a medicina greco-romana também se destaca por
valorizar a razão e a observação de forma mais intensa, influenciada pelo
desenvolvimento da filosofia. Novos métodos (hipocráticos) surgiram, baseados
na observação e na Teoria dos Quatro Humores, considerando desequilíbrios entre
o paciente e o meio, focando menos na patologia em si, essa técnica, séculos
depois, foi fundamental para o desenvolvimento da homeopatia e para o
desenvolvimento da medicina contemporânea. A interpretação dos sonhos, outro
método muito utilizado na época, chama atenção por ser, mais tarde, um conceito
chave da psicanálise. Essas semelhanças ajudam na compreensão da importância da
quebra de paradigma trazida pela abordagem racional da medicina, base para o
desenvolvimento da ciência médica séculos depois.
CRISTIANO HENRIQUE
Um pouco da Medicina na Antiguidade já me era
conhecido, mas muitos detalhes, além de me acrescentarem, me fizeram perceber o
quanto desde essa época já crescemos em alguns aspectos mas, em outros, ainda
nos aproveitamos tanto das descobertas e métodos antigos. De maneira especial,
a Medicina Alexandrina me trouxe encanto e, concomitantemente, espanto: o
conhecimento do corpo, a dedicação em compreender suas funções, as escolas e
até o pioneirismo na patologia e a psicoterapia - iniciar descobertas sempre é
a parte mais difícil, e fizeram tanto! Sem muita base, mas juntando todos os
conhecimentos possíveis em sua biblioteca, agrupando bons
pensadores/profissionais, observando, analisando, comprovando, nomeando... A
Medicina foi honrada nessa época por tantos esforços e paixão.
ANNA TRYCIA
Ao estudar a medicina na Antiguidade, deparei-me
com povos bastante ansiosos por entender o processo de saúde-doença. Devido à
forte presença da religião nas sociedades, como no Egito e na Mesopotâmia, a
explicação mais plausível para eles, na época em que estavam, eram a de que os
deuses eram responsáveis por provocar as enfermidades, caracterizando, por
isso, uma prática "médica" místico-religiosa. No entanto, eles não
deixaram de desenvolver avanços presentes inclusive, nas sociedades atuais. Uma
dessas contribuições é a especialização médica, no qual cada médico é
responsável por cuidar de uma parte do corpo. Além disso, eles já tinham uma
farmacopeia riquíssima, que contava com mais de 2000 fórmulas. Ademais, com a
mumificação, os egípcios deram os primeiros passos em relação ao processo de
conservação de corpos ou peças anatômicas. Em relação à medicina na Grécia
Antiga, podemos começar falando da teoria de Hipócrates sobre os quatro
humores, a qual reflete bastante sobre o pensamento filosófico da época, o qual
estava buscando estender o "arché" do universo, através dos elementos
da natureza. Logo, Hipócrates para tentar explicar mais racionalmente
e empiricamente a medicina, buscou se basear nessa teoria e afirmou que, para
uma pessoa se manter com saúde, é necessário haver um equilíbrio entre a
fleuma, a bílis negra, a bílis amarela e o sangue, os quais representam, em
ordem, o sistema respiratório, baço, fígado e coração. No entanto, acredito
que, quando essa teoria relaciona a prevalência de um desses elementos, a
características temperamentais dos indivíduos, há uma certa mística nessa
relação. Já sobre Galeno, podemos falar que ele foi um dos mais respeitados
médicos e filósofos da história, já que desenvolveu as primeiras noções sobre
circulação pulmonar e sistêmica e sobre a hipótese do corpo ser comandado pelo
cérebro, além de desenvolver a experimentação com animais, já que a dissecação
de humanos era proibida na época. Ao analisarmos Galeno, vemos como o poder da
autoridade é difícil de ser combatido, já que só conseguiram comprovar os erros
de algumas de suas teorias na Revolução Científica.
Outrossim, refletindo sobre a medicina em Roma, pode-se perceber que,
nessa época, houve uma regulamentação da prática médica, como se fossem códigos
de conduta, nos quais se determinavam o que os médicos podiam ou não
realizarem. Como produto desses códigos, ficou proibida a prática, por médico,
de abortos e da negação de assistência a enfermos. Ademais, nesse período,
houve a valorização dos médicos, fato refletido pela dispensa nos serviços
militares. Além disso, é necessário destacar que tal valorização é presente até
os dias atuais, já que os médicos têm uma boa remuneração e um elevado respeito
perante à sociedade.
YASMIN MARIA
Inicialmente, sobre as praticas médicas na
antiguidade, é válido ressaltar que, apesar de todo o conhecimento escasso
sobre tratamentos e causas das enfermidades, tem-se a visão dos elementos que
influenciam o processo saúde-doença, como por exemplo: os preceitos
abordados na medicina hipocrático-galênica, a qual tem uma preocupação com o
ambiente, alimentação, anatomia, entre outros. Elementos esses que, nos dias
atuais, têm-se suas importâncias comprovadas no processo de adoecimento. Além
disso, é importante ressaltar que a mudança para o processo empírico-racional é
um enorme passo para as práticas médicas até os dias atuais. Isso porque, a
partir desse modo de análise, foi possível o surgimento de todo um conhecimento
tanto prático como científico acerca das causas e tratamentos das
enfermidades. Com esses avanços a prática médica foi evoluindo cada vez mais,
passando a ser considerada algo primordial para a sociedade, como mostra todo o
processo histórico de Roma. A partir de Roma temos o início da pratica médica
como uma categoria profissional, fato que foi de extrema importância para a
reestruturação da sociedade local e, ademais, a constituição de uma base para a
medicina atual. Isso porque, além dos estudos sobre o funcionamento do corpo
humano, foram desenvolvidos processos de exames e ferramentas que auxiliavam os
médicos no tratamento da população. Com isso, é nítido perceber os avanços da
medicina com o passar do tempo através de todo esse processo histórico e como
eles se mostraram e se mostram fundamentais para a medicina atual, como base
para todos as práticas desenvolvidas na nossa sociedade.
LUCAS
A grande característica da medicina antiga é o
suporte em crenças míticas e religiosas. A análise desse contexto é fundamental
para entendermos a evolução do entendimento de cura e cuidado ao longo da
História e como essas antigas percepções continuam a influencia e moldar o modo
de viver de uma parcela da população. A partir do surgimento da Filosofia, o
entendimento do ser humano e sua interpretação a partir dos
fatos anatômicos e clínicos ganhou força. Os antigos dogmas e crenças
míticas começaram a perecer dando lugar a racionalidade lógica da Filosofia.
Assim, percebe-se a grande influência da mentalidade filosóficas dos médicos
antigos, sendo tal fundamento defendido por Galeno, o qual dizia que "O
melhor médico é também um Filósofo". Para finalizar o comentário sobre a
aula, é importante frisar a importância de figuras como Hipócrates e Galeno e
suas propostas em construir uma medicina mais racional. O maior exemplo disso é
a Teoria dos Humores, formulada por Hipócrates e aperfeiçoada por Galeno. Essa
teoria dizia que a saúde partia do equilíbrio entre os quatro humores, ou
fluídos, corporais, que, ao meu ver, teve grande influência no conceito de
homeostase corporal.
DAVI
A primeira coisa que me chamou atenção foi a
ciclicidade da história, pois muitas vezes ao estudarmos sobre algo ou sobre a
forma de pensar de determinadas civilizações, podemos crer que é algo muito distante
de nossa realidade. No entanto, ao realizar a leitura dos textos propostos,
pude enxergar que apesar de ser característica dos primórdios, quando não ainda
não se tinha conhecimento filosófico, científico e tecnológico, a medicina
mágico-religiosa está novamente em evidência, com uma ?roupagem? diferente, e
um bom exemplo disso são as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde
(PICS) - reike, reflexologia, cromoterapia, entre outras-,
institucionalizadas pelo SUS (pela Portaria GM/MS no 971, de 3 de maio de 2006
e que foi ampliada em 2017). Quanto a medicina do Antigo Egito, achei muito
interessante a organização do cuidado, dividindo em especialidades médicas,
isso evoluiu e também encontramos na atualidade. Chamou-me a atenção também o
fato de que embora os egípcios tenham construído um conhecimento básico sobre
anatomia a partir da prática de mumificação, como era realizada com finalidade
religiosa, não houveram tão significativos avanços (mas que serviram para
embasar estudos futuros). Os grandes avanços no conhecimento das áreas básicas
(que julgo mais importantes - a anatomia humana e a fisiologia) só
ocorreram a partir da Escola Médica de Alexandria, quando se incentivou as
práticas de dissecações humanas. Elas possibilitaram a Herófilo ser considerado
o pai da Anatomia Humana, por ter descrito os diversos órgãos e funções. Além
disso, destaco a importância da observação para o avanço no conhecimento médico
ao longo da história. Ademais, compartilho que a leitura dos textos me levou
refletir também sobre o quão difícil deve ter sido a transição do pensamento
mágico-religioso para o empírico-racional (hipocrática-galênica). Sempre
imagino essas quebras de paradigmas entre as formas de pensar das civilizações
como um processo lento que deve ser complicado. Nesse caso supracitado, a
filosofia teve uma indiscutível relevância e ainda hoje apresenta, apesar de
nem sempre receber o devido reconhecido. Outrossim, também vale destacar o
legado de Hipócrates, que também revolucionou a forma de pensar, mostrando que
as doenças não eram causadas apenas pelo que pregava o pensamento
mágico-religioso. Os filósofos pré-socráticos acreditavam que a matéria-prima
da vida eram os quatro elementos: água, terra, fogo e ar, e isso possibilitou a
Hipócrates formular a teoria dos quatro humores (sangue, fleuma, bile amarela e
bile negra), que afirmava que a doença seria o resultado do desequilíbrio
desses líquidos corporais, revolucionando o pensamento da época. A respeito da
medicina romana, o que me chamou atenção foi a posição privilegiada que os
médicos tinham naquela sociedade, privilégios que só aumentavam ao longo dos
anos e isso tornara a profissão mais atraente. É possível fazer um contraponto
com a atualidade, onde a medicina ainda é um curso altamente atraente e um dos
cursos mais concorrido do país (se não for o mais concorrido). Isso me levou a
refletir sobre os reais motivos que ainda tornam a medicina, na atualidade, o
curso mais procurado por tantos.
CAMILLA VANESSA
Havia comentado durante a aula que achei
interessante o fato de, inicialmente, em Roma, os médicos terem uma posição
prestigiada na sociedade. Com a isenção do serviço militar isso se tornou ainda
mais evidente. Apenas posteriormente ocorreu uma regulamentação da prática
médica e, em troca da subvenção do Estado, os médicos deveriam atender
gratuitamente a população menos abastada. Além disso, destaco o fato de os
médicos terem sido proibidos de realizarem abortos ? algo que ainda é muito
discutido hoje. Porém me chamou muita atenção um ponto colocado aqui no fórum
por minha colega e também discutido na aula síncrona: o pensamento
mágico-religioso segue bastante presente no cotidiano. O SUS, por exemplo,
adotou várias práticas integrativas, como a homeopatia, o reiki, a shantala, a
quiropraxia, a aromaterapia, entre outras, e não são raros os relatos de
melhoras importantes obtidas por meio delas.
MARIA EDUARDA G.
Ao conhecer mais sobre o desenrolar da medicina
pela antiguidade, algumas coisas me chamaram a atenção. Primeiramente, desde os
egípcios, é muito legal entender que quanto mais observações eram realizadas
acerca do doente e do processo saúde-doença, mais a medicina se desenvolvia,
com avanços farmacológicos, anatômicos, fisiológicos e demais conhecimentos
nesse contexto. A observação e razão foram tomando lugar ao simples ato de
interpretar os fenômenos de maneira mística e sobrenatural, apenas para resolvê-los,
como uma representação de certa frustração pela falta de conhecimento real, na
época. Assim, os principais personagens da história da medicina na antiguidade
foram atribuindo suas contribuições, embora nem todas tenham sido acuradas,
passando-as adiante, de modo que, em algum momento da história, perpetuavam-se
por aderência de fiéis às teorias, ou findavam-se por numerosos descrentes ou
observações empíricas-racionais contrárias. O mais interessante, para mim, é
perceber que toda essa história teve uma longa construção ao longo do tempo,
com muitos esforços, atrasos e conquistas, contando com diversos protagonistas,
e que, em todas as fases dela, o conhecimento prévio serviu de base para
atualização ou seguimento das informações já adquiridas.
MATHEUS S.
Após a leitura dos materiais sugeridos e de outros
a parte, alguns pontos sobre a discussão da medicina na antiguidade chamaram a
minha atenção. A priori, é interessante notar como a visão mágica ou religiosa
sobre a doença e a cura, tão comum nas civilizações antigas pela necessidade de
se ter alguma justificativa para o adoecimento, ainda pode ser percebida na
atualidade, embora haja explicações científicas para grande parte das doenças.
Como exemplo, pode-se citar a crença de muitos fieis de que líderes religiosos
possuem a capacidade de curar enfermos, já que por diversas vezes há o
entendimento de que a doença tem o significado de como está a relação da pessoa
com o Espírito Santo. Além disso, outra prática frequente, especialmente em
cidades do interior do nordeste, é recorrer às chamadas "rezadeiras",
mulheres que em geral fazem uso de ramos de plantas para benzer quem as
procuram para a cura de alguma enfermidade, demonstrando que o misticismo
popular ainda se faz presente nos dias atuais. Outra observação pertinente diz
respeito à organização da medicina no Egito, onde já havia a diferenciação de
médicos de acordo com especialidades. Ademais, me chamou a atenção o fato de
que mesmo sem um conhecimento científico os egípcios foram capazes de realizar
cirurgias durante a antiguidade e, ainda, graças à prática de mumificação, de
nomear algumas partes do corpo e atribuir funções a determinados órgãos. Por
fim, é significativa a contribuição romana à saúde pública, uma vez que essa
civilização se preocupava com medidas de prevenção, entendendo a importância da
aplicação dessas práticas para o bem-estar da população. Dessa forma, os
romanos foram responsáveis por promover a limpeza das cidades e pela criação de
um sistema de saneamento básico, o qual recebeu o nome de cloaca.
JOYCE
Ao estudarmos a Medicina na Antiguidade, é
interessante observar como as diversas culturas e povos elaboravam sua prática
médica, buscando identificar a causa da doença e alguma forma de mitigar. Na
Mesopotâmia, por exemplo, podemos observar que havia uma tentativa de
explicação, dividindo as doenças em naturais ou divinas e, assim, baseando o
tratamento a partir da origem. Ademais, outro fator interessante, é que os
povos da antiguidade buscavam atribuir a algum órgão específico as funções
vitais. Nesse sentido, os mesopotâmicos atribuíam ao sangue, os
assírios-babilônicos tinham o fígado como centro dos pensamentos, a Escola
Pneumática (medicina Alexandrina) atribuía a respiração como sendo
vital. O desenvolvimento da Filosofia foi, sem dúvidas, um dos grandes marcos
para a civilização ocidental, repercutindo, inclusive, na medicina. Nesse
âmbito, Aristóteles foi um dos grandes nomes, criando as bases da zoologia e da
anatomia comparada, além de estudos em áreas como a embriologia, psiquiatria e
saúde pública. Bebendo, certamente, da filosofia, Hipócrates, considerado o Pai
da Medicina Ocidental, baseava sua prática na observação. Buscando uma causa
para as doenças, criou a Teoria dos Humores. Estabelecendo que o corpo era composto
por quatro humores - a saber, sangue, fleuma, bile amarela e bile negra -,
Hipócrates afirmava que o processo de adoecimento era fruto do desequilíbrio
desses humores. Interessante entendermos que, de certo, a doença, na forma como
compreendemos hoje, é fruto também de um desequilíbrio de algum processo
fisiológico. Além disso, vemos também a influência da filosofia no pensamento
hipocrático, pela tentativa da racionalização da medicina. Galeno bebe
diretamente na fonte de Hipócrates. Por sua vez, defendeu a teoria de
Hipócrates, associando os quatro humores ao comportamento humano (REZENDE,
2009). Outrossim, associava a prática médica ao raciocínio e a experiência,
importante para seu desenvolvimento; impulsionou também a
neuroanatomia, descrevendo o cérebro como centro das sensações e do pensamento.
ARTHUR ANTONIO
De início, elogio os comentários realizados pelos
colegas na aula síncrona. Um dos tópicos que me chamou atenção foi o fato do
Egito, mesmo tendo uma medicina caracterizada por rituais mágicos e crenças,
ter uma medicina ?organizada? sob a perspectiva da sistematização e
especialização de médicos com maior experiência em determinada doença ou
acometimento. Inclusive o próprio Faraó dispondo de vários médicos
especialistas para tratar de possíveis doenças que esse poderia desenvolver.
Ainda falando do Egito, destaco a importância dada a Imhotep, que foi deificado
após sua morte. Interessante ressaltar que até os gregos que tinham grandes
intelectuais relacionaram Imhotep a Esculápio, deus da medicina. Outro ponto
interessante, agora da medicina em Roma, reside no fato da admiração popular ao
médico, situação que perdura até os dias de hoje, na maior parte do tempo. além
disso, Roma é conhecida historicamente pela questão legislativa, o que atingiu
também a medicina, já que houve regulamentação da profissão e distinção em
algumas categorias como médicos militares, médicos de escolas de gladiadores,
de circos e de municípios. Até que no século II foi imposto uma espécie de
“prova de título” para quem desejasse exercer a medicina e mais tarde no século
IV houve a proibição da realização de abortos e de negar assistência em saúde
as pessoas. De forma geral, a medicina na antiguidade foi dando
pequenos passos para estabelecer alguns princípios que vemos até hoje. No
entanto por muito tempo foi impedida de crescer pelo apego das pessoas da época
a preceitos religiosos e dogmas, tal como ocorreu na escola de medicina
hipocrática, que após sua morte deixou de ter o prestigio que outrora havia
tido.
LEONARDO
Como de costume as discussões na hora da aula foram
bastante pertinentes, logo, nesse fórum irei retomar alguma, bem como
acrescentar meus comentários pessoais. Sob um primeiro enfoque, algo
interessante é semelhança entre a tendência de especialização médica na
Antiguidade e na atualidade, esta já desenvolvida e apresentando imensa
diversidade, aquela por sua vez com formatos ainda arcaicos e pouco plural.
Assim, nota-se que sociedades como Egito e Mesopotâmia já tinham conhecimento
do qual amplo eram os saberes médicos. Outro ponto pertinente foi a
contribuição de Hipócrates e sua prática médica para o desenvolvimento e
construção do conhecimento racional, crucial para uma transição de medicina
mágico-religiosa para empírica, notando a influência que o meio ambiente tinha
sobre a saúde. Além disso, Hipócrates elaborou a teoria dos quatro humores que
representou um marco na investigação causa-solução de doenças, na qual 4
humores relacionavam-se com áreas específicas do corpo estando diretamente
relacionados as suas alterações. A medicina grega como um todo foi baseada na
observação, algo que se perpetuou ao longo das sociedades e é responsável por
nossos maiores avanços. Ademais, mesmo a Medicina Romana tendo recebido muitas
influências gregas, ela apresentou marcas próprias como uma maior preocupação
com o estudo anatômico e grandes avanças nas melhorias de saúde pública.
GELIELISON
As discussões da última aula síncrona, sobre a
medicina na Antiguidade, foram bastante proveitosas e repletas de curiosidades.
Aqui, trago alguns pontos do conteúdo que despertaram o meu
interesse. A princípio, é válido notar como a busca pela cura por
diferentes meios sempre esteve presente nas civilizações desde os tempos mais
remotos; apesar dessa ?origem da Medicina? não possuir um caráter científico,
mas sim mítico. A partir dos comentários discorridos a respeito da presença de
práticas de cura na atualidade, com aspectos mais espirituais, lembrei de uma
tradição muito forte em algumas regiões do país, sobretudo em áreas mais
interioranas: o papel das benzedeiras ou rezadeiras. Essas mulheres exercem
elevada influência em alguns locais, e muitas pessoas recorrem às
suas preces quando são acometidos por um mal. Assim, percebe-se que a relação
típica do início da Antiguidade, entre o âmbito da espiritualidade e às
práticas médicas primitivas, ainda prevalece na sociedade de alguma
forma. Logo, considero que compreender e respeitar essa perspectiva
cultural, inerente ao ser humano, é algo importante no processo de cuidado.
Sobre a transição das práticas míticas para as racionais, a associação com o
surgimento da Filosofia chama bastante atenção. O desenvolvimento das
atividades filosóficas, por intermédio dos filósofos da natureza, resultou na
contestação do sobrenatural e no fortalecimento da racionalidade para a
explicação dos acontecimentos. Com isso, já que a construção na História
reflete o contexto da época, os conhecimentos médicos também começaram a ser
estruturados em bases mais sólidas a partir da aplicação de lógicas de
pensamento. Essa ?interdisciplinaridade? original poderia ser mais aplicada na
realidade da área da saúde a fim de favorecer a compreensão do ser humano em
sua completude, visto que a Filosofia possui a reflexão sobre a vida e a visão
ampla dos fatos como fortes características. Tal concepção era defendida por Galeno, que
afirmava: "O Melhor Médico é também um Filósofo". Com
relação à Antiguidade Clássica, as figuras de Hipócrates e Galeno têm grande
representatividade para a História da Medicina. É impressionante observar a
contribuição de cada estudioso para a trajetória de construção e de evolução
das práticas médicas. Um exemplo disso é a utilização, por Hipócrates, da
Teoria dos Quatro Elementos de Empédocles para embasar a famosa Teoria dos
Humores, a qual foi sistematizada por Galeno a fim de entender o organismo
humano e explicar as suas desordens. Portanto, a temática dessa aula permitiu a
obtenção de um vasto conhecimento sobre diferentes sociedades antigas,
demonstrado a relevância da contribuição de cada povo para a existência de
inúmeras das práticas médicas que são utilizadas na atualidade.
CANDIDA VIRLLENE
Novamente, as discussões iniciadas sincronamente
foram bastante produtivas. Portanto, irei reafirmar questões inicialmente
abordadas e acrescentar algumas observações particulares. Foi realmente interessante
abordar o fato de a especialização médica não ser uma tendência contemporânea,
mas existente desde a Antiguidade, citando os exemplos egípcio (no qual
existiam três tipos de curadores: sacerdotes, exorcistas e sunus) e
mesopotâmico (asu, ashipu). Verifica-se, assim, a amplitude do conhecimento e
das possibilidades de descoberta nas variadas áreas que envolvem a saúde
humana. Outra questão importante a ser considerada é a observação de fatores
ambientais tanto no processo de adoecimento quanto na recuperação dos
pacientes. Os gregos, por exemplo, já inseriam - em procedimentos de tratamento
feito nos asclepiones - a purificação feita através de banhos. Inclusive, a
prática da higiene corporal também era bastante comum na Roma Antiga, onde eram
comuns os locais destinados a esse fim. A própria medicina hipocrática, crucial
no desenvolvimento do conhecimento racional, conferia um valor substancial à
influência do meio sobre a saúde; logo, o entendimento da água contaminada como
algo prejudicial ou dos insetos como potenciais propagadores de males físicos
foi essencial para uma compreensão, mesmo que incipiente, do adoecimento e da
cura dos indivíduos. O tópico anterior também remete ao delineamento de duas
correntes na medicina, possível de ser identificado já na Grécia antiga: a
medicina preventiva, materializada na figura da deusa Higeia? da qual deriva a
palavra higiene-, e a medicina curativa, corporificada na existência de
Panaceia. Introduzia-se, portanto, a noção da medicina não apenas como um artefato
dependente do surgimento da doença; para além do cuidado dirigido a indivíduos
afetados por alguma patologia, o médico pode exercer seu papel mesmo na
ausência de uma afecção. Atualmente, vemos esse influxo histórico na existência
da medicina preventiva como especialidade médica e na presença do um setor
primário da saúde dedicado à manutenção do bem-estar dos pacientes, que é a
prioridade das unidades básicas do Sistema Único de Saúde. Nesses locais são
praticadas atividades de prevenção fundamentais, a exemplo da vacinação e do
atendimento pré-natal. Por fim, o estudo das civilizações antigas permite a
identificação de traços culturais como determinantes no exercício médico.
Pode-se citar a sociedade egípcia e sua elevada dedicação ao entendimento de
doenças referentes à saúde reprodutiva da mulher. Uma explicação para isso é
que a capacidade de reprodução feminina era extremamente almejada, uma vez que
os egípcios desejavam uma família numerosa, posto que os filhos eram tidos como
um suporte para os pais durante a velhice, além de serem os encarregados pela
manutenção do culto funerário dos genitores. Ainda hoje, a influência de
fatores socioculturais é fortemente sentida e capaz de gerar, inclusive,
complexos dilemas, como é o caso da transfusão sanguínea para as testemunhas de
Jeová. Logo, é necessário ao médico estar ciente da diversidade de fatores que
integram a vida de seus pacientes, os quais, mais do que organismos
acometidos por alguma adversidade física ou psicológica, são seres humanos imersos
em uma conjuntura multifacetada, particular ao meio no qual estão inseridos,
que é determinante para a constituição humana e biológica deles.
IASMIM A.
A medicina na antiguidade é rica em fatos
históricos que norteiam a compreensão da medicina contemporânea. Sob o aspecto
acadêmico, na atualidade, aborda-se a história da medicina majoritariamente
fundamentando-a na história das sociedades ocidentais. E traz em seu arcabouço
a evolução do pensamento humano sobre o processo de saúde e doença da população,
em determinado período da história. Embora algumas práticas pareçam bastante
bizarras ao olhar dos nossos dias, elas foram fundamentais para que naquele
tempo o homem conhecesse melhor a si próprio sob o aspecto do seu processo de
saúde/doença. Nisso, pouco importa se consubstanciado sob teorias
mágico-religiosa ou em outras perspectivas tal qual a empírico-racional, mas
voltada para um pensamento, ainda que incipiente, científico; onde o viés não
era mais os deuses, os espíritos, as magias, onde não se tratava mais das
forças das divindades atuando na vida humana determinando a saúde ou a doença
do indivíduo. Há um legado da medicina praticada nesse período que não deve ser
esquecido, pois a maioria da base de fundamentação científica na medicina moderna
evoluiu a partir de preceitos ou práticas médicas daquelas épocas. Há de se
ressalvar também os poucos recursos tecnológicos disponíveis para auxiliar
aquelas mentes tão brilhantes em suas descobertas e a sensibilidade de suas
observações instigadas basicamente pela curiosidade e pela busca do
conhecimento. Ademais, não se pode esquecer inclusive das questões éticas do
profissional de medicina como as constantes do juramento de Hipocrático que,
salvo melhor juízo, é um tratado de comportamento ético que o médico atual
adere ao jurá-lo. Um abraço para todos.
ROMONILTON
Quando estava estudando a respeito da medicina na
antiguidade, o momento que mais me chamou a atenção foi quando Galeno recebeu a
proposta de trabalhar em Roma cuidando de gladiadores, aquela não era apenas
uma grande oportunidade financeira mas também uma ótima maneira de estudar a
anatomia do corpo humano, pois os gladiadores geralmente terminavam a batalha
com grandes feridas abertas e vale lembrar que nesse período a dissecação humana
era proibida e a dissecação de animais era a principal maneira de estudo de
Galeno. Diante disso, achei incoerente um esporte em que gladiadores lutam até
a morte ser tão aclamado pelo povo romano enquanto a dissecação de um corpo já
inerte e sem vida ser considerada tabu. Outro fato da antiguidade interessante
é o Templo de Asclépio que havia na cidade de Epidauro, na Grécia, lá as
pessoas ofereciam ao deus Asclépio/Esculápio uma escultura da parte do próprio
corpo a precisar de cura. Prática semelhante a esta pode ser encontrada ainda
hoje no catolicismo. Na cidade de Paudalho, no interior de Pernambuco, por
exemplo, devotos de São Severino dos Ramos costumam também levar esculturas de
partes do corpo na esperança de receberem a cura. Por fim, sabemos que nos
primórdios a medicina era sustentada pela magia e espiritualismo. A primeira
impressão que podemos ter sobre isso é que essa ideia já é bem ultrapassada.
Porém, semana passada, assistindo a uma série documental da Netflix chamada
"A Indústria da Cura", em que são apresentadas pessoas que acreditam
fielmente em práticas de cura alternativa, me dei conta de que essas terapias
mais baseadas na metafísica são presentes em nossa sociedade até hoje, seja na
aromaterapia, na homeopatia, e na própria religião.
ALMIR
Com relação a esse tópico, acredito que as
contribuições das teorias utilizadas na antiguidade (como a teoria dos quatro
humores), possuem um valor heurístico porque é partir delas que se
inicia o pensamento em torno do estudo médico. Sendo assim, funcionam como um
ponto de partida. E entendê-las é compreender um pouco de como surgiu o
conhecimento contemporâneo na Medicina. A respeito
de Hipócrates, penso que a introdução de preceitos éticos e o
"empirismo" na prática médica foram fundamentais para começar a
discussão de uma medicina mais humanizada e racional, fugindo do
misticismo. Por fim, penso que as práticas voltada para a Medicina pública em
Roma, como o saneamento e drenagem de pântanos, foram fundamentais para se
iniciar um percepção mais crítica sobre o impacto que o ambiente das cidades, e
sua grande aglomeração de pessoas, pode ter sobre a saúde da população.
Concluindo, penso que a Medicina na Antiguidade tem informações muito
pertinentes para a compreensão da Medicina na contemporaneidade.
TIAGO CESAR
Após a leitura dos textos disponibilizados e da
discussão realizada no encontro síncrono, pude resgatar alguns aprendizados
previamente adquiridos na escola, a exemplo das práticas de rituais mágicos
repletos de simbolismo que aconteciam no Egito Antigo e na Mesopotâmia e da tão
famosa prática egípcia de mumificação, além de conseguir aprofundar
significativamente meus conhecimentos relativos à história da medicina na
Antiguidade. Achei extremamente interessante entender como se organizava a prática
médica em diferentes civilizações e em períodos distintos e percebo o papel
fundamental das evidências históricas para se conseguir compreender o
funcionamento de sociedades que existiram há tantos séculos, possibilitando uma
análise de suas práticas de acordo com o contexto em que estavam inseridas. No
Egito, onde, a princípio, a doença e a cura estavam intrinsicamente ligadas a
práticas mágico-religiosas, já se tinha certo entendimento acerca de inúmeras
enfermidades, como também já se tomavam algumas medidas que, embora
rudimentares, eram de fato válidas para determinados tratamentos, a exemplo do
uso de talas e bandagens em pacientes com alguma fratura, como relatado no
papiro de Smith. Na Mesopotâmia, por sua vez, já existia um regulamento da
prática médica com o Código de Hamurabi. Além disso, é curioso conhecer as
origens de certos símbolos que se perpetuam até os dias de hoje, como o ?R?
cortado nas receitas médicas retratando o “olho de Hórus” (símbolo egípcio que
significa proteção e poder) e o próprio símbolo da medicina, uma serpente que
representa a regeneração e a cura de doenças, originado na Mesopotâmia. Já na
Grécia, com o surgimento da filosofia, percebemos uma grande mudança, a partir
da qual os fenômenos passaram a tentar ser explicados por meio de um pensamento
racional e o conhecimento deixou de ser baseado em crenças. Nesse contexto,
ocorreu uma transição gradativa da medicina mágico-religiosa para a medicina
empírico-racional, a qual teve grande influência do pensamento hipocrático. Hipócrates,
considerado ?o pai da medicina?, apesar de possuir um conhecimento limitado a
respeito da anatomia e da fisiologia humana, deixou um grande legado,
constituindo, com seus discípulos, as bases da Medicina ocidental moderna, além
de sua grande contribuição à Ética Médica através do juramento hipocrático. Por
fim, na Roma Antiga, é valido ressaltar o trabalho de Galeno que, influenciado
pelo Corpus Hippocraticum, deu grande importância à avaliação
clínica do paciente e, além disso, realizou muitos estudos e desenvolveu
teorias na área de anatomia, as quais se perpetuaram, sem contestações, por
muitos séculos. Todas essas mudanças e transições ocorridas na área médica ao
longo dos séculos foram importantes para chegarmos à Medicina que hoje desenvolvemos
e que, com toda certeza, ainda passará por grandes avanços e transformações
pelos anos que virão.
LUÍZA
Desde os primórdios as civilizações procuravam
tentar entender o estado de saúde e doença que ainda eram totalmente
desconhecidos para a humanidade. Ligado a divindade desde sempre, esse processo
de adoecimento curiosamente tinha correlação, por vezes, ao pecado ou ao
castigo dos deuses, e é um conceito que se perdurou por muitos séculos, acho
extremamente importante conhecer o início, o quão era importante conseguir
explicar esse processo de adoecimento, de forma que conseguimos ver atribuições
conquistadas nesse período que ainda utilizamos hoje. Outro fator importante,
apesar de poucas certezas conhecidas, Hipócrates deu uma grande contribuição a sua
época, ao correlacionar o processo de adoecimento com o ambiente, a água
contaminada e até hoje sabemos o quão determinante isso é no processo
saúde-doença. O cuidado com a saúde da mulher foi algo que realmente me pegou
de surpresa, pois sabíamos que a mulher não era vista como algo que tivesse
tanta relevância naquela época, mas acredito que isso se deu devido ao enorme
papel social que a mulher tinha que exercer, gerar filhos e para isso
precisaria que ela tivesse com sua saúde em dia, ou melhor, seu útero.
INGRIDY SULA
Continuando a discussão dos colegas sobre a aula,
gostaria de acrescentar que é interessante perceber que com o surgimento da
filosofia a forma de pensar mudou totalmente na antiguidade, e que a medicina
não ficou fora disso. Com destaque a Hipócrates, evoluindo a medicina na Grécia
para uma prática empírica e não religiosa. Apesar de ainda não ser uma ciência
a medicina teve grande avanços graças a ele e a tantos outros em relação a sua
época. Claro que muitos dos conceitos dito sabemos hoje que não é verdade. Por
exemplo a Teoria dos Quatro Humores, que foi a forma na qual Hipócrates
conseguiu esquematizar seu pensamento sobre o processo de adoecimento sem a
ajuda das tecnologias que temos hoje. E é interessante notar como os pensamentos
filosóficos não são dados como verdades absolutas, pois tudo ainda estava sendo
descoberto. Galeno apesar de ser influenciado por Hipócrates desenvolveu ou
modificou teorias baseadas nos pensamentos dos seus antecessores. Outro ponto
interessante sobre a última aula foi perceber o berço da saúde
pública, apesar de não se ter conhecimento de quais agente causavam doenças e
como elas eram transmitidas, a saúde pública começa a tornar forma no que seria
até hoje a medida pública de saúde mais valiosa; o saneamento básico. Fico por
aqui com as minhas contribuições, até a próxima aula pessoal!...
MARIA ISABEL
A aula dessa semana foi enriquecedora no que diz
respeito aos aspectos da Medicina no Egito e na Mesopotâmia, principalmente.
Busco, nessa colaboração, abordar melhor os outros aspectos que não foram ditos
em sala. A Medicina Hipocrática foi revolucionária em seu período, visto que as
enfermidades não eram mais vistas como um castigo de Deus. Hipócrates
relacionava a doença com alterações do ambiente, tais como água ruim e locais
poluídos, e esperava que a cura viesse pela natureza. Além disso, sabe-se que
praticava a observação do paciente e desenvolveu, nessa época, as bases para a
semiologia médica atual. Hipócrates desenvolveu a Teoria dos Humores, utilizando
como base a Teoria dos Quatro Elementos, de modo que a doença seria provocada
por desequilíbrios entre elementos do corpo humano, sendo eles o fígado, o
coração, o cérebro e o baço. Como sabemos, Grécia foi ocupada pelos Romanos e,
portanto, os médicos romanos eram, na verdade, médicos gregos. Mesmo assim,
tivemos diversos avanços a partir da medicina romana, tais como o maior
desenvolvimento da cirurgia, saneamento básico, legislação do ensino médico,
entre outros. Ainda em Roma, Galeno desenvolveu sua medicina baseada em
Hipócrates, além de utilizar os escritos de Aristóteles também. Nesse sentido,
fez grandes contribuições para a medicina e chegou a desenvolver um esquema de
distribuição do sangue no corpo humano. Uma curiosidade que me chamou atenção
no material foi o fato de Hipócrates já ter falado
de "histeria", uma doença das mulheres. Em uma pesquisa
mais profunda, descobri que esse termo já era utilizado no Egito Antigo e se
tratava da necessidade de o útero se deslocar devido a imperfeição do corpo
feminino, chamado de "útero errante" ou de "útero
frustrado" pelos Gregos. Acreditava-se que esse fator influenciava todo o
corpo, de tal maneira que as palpitações ocorriam quando o útero migrava para o
coração e as sufocações quando ele se alojava nos pulmões, por exemplo. Um dos
tratamentos utilizados para Histeria era o casamento, associando essa doença a
repressão sexual. Durante a Idade Média, o diagnóstico de histeria poderia
levar uma mulher a ser chamada de bruxa e ser levada para a fogueira.
Atualmente, já se sabe que a histeria é um distúrbio mental que pode afetar
tanto homens quanto mulheres.
YASMIN
Em relação à medicina pós-hipocrática, destaco para
os colegas e Prof. Rilva a interessante discussão sobre a medicina em Roma.
Primeiro, com a expansão do Império Romano e a conquista do território grego a
partir de 146 a.C., ocorreu um interessante fenômeno de mescla entre a
organização social romana e grega, porém, em relação à medicina, alguns autores
criticam a terminologia “medicina romana” por uma peculiaridade: não houve esse
sincretismo, diz-se que a medicina em Roma - perceba a diferença no termo - foi
grega na “língua, doutrinas e práticas”. Isso se deve à profunda dicotomia
entre o que se praticava de cuidados em saúde nos dois polos. Em Roma, antes
dos gregos, a medicina tinha uma base fortemente rural, assentada em
prescrições com ervas, mel, leite associadas a fatores que garantiriam a
eficácia do tratamento: ingerir a mistura e caminhar por quatro horas, pular
três vezes, entre outras. Por outro lado, como vimos, a medicina na Grécia
tinha concepções que deslocavam o eixo de entendimento sobre a doença para o
corpo humano, com conhecimento avançados sobre anatomia e cirurgia, por
exemplo. Por fim, cabe dizer que a medicina Grega em Roma não esteve
isenta de obstáculos. A mudança de perspectiva da prática médica rendeu muitas
críticas por parte daqueles mais apegados às concepções tradicionais, os
médicos gregos eram, inclusive, chamados de “mestres da verborragia”. Um exemplo
claro de como o entendimento sobre saúde-doença está intimamente ligado não
apenas às estruturas político-econômicas, mas também aos aspectos
socioculturais.
LUCAS CAETANO
Boa tarde a todos! Minha contribuição
para fórum vem a partir do questionamento que me ocorreu:
" Se a crença da cura mística-mágica-religiosa é algo tão antiga
quanto a história das civilizações e tão presente como os dias atuais, a fé é
algo instintivo? Jostein Gaarder trata em sua obra " O Mundo de
Sofia" que se as vacas fossem seres sociais e culturais com um nível de
intecto como dos humanos, seus deuses seriam deuses vacas, mostrando a projeção
coletiva de uma divindade inspirada no que já é conhecido, numa busca
por tentar explicar os fenômenos que perpassaram através da história da
humanidade. A percepção da cura através da mágica, religião, misticismo é
algo que ainda vemos muito na atualidade, coisa que ao primeiro pensamento soa
tão primitivo ao olhar sociedades como a egípcia, porém nos dias de hoje
acontecem com uma nova roupagem, a associação da cura e religião como se
uma pudesse ser resolvida por outra. Entretanto é possível
ver o avanço do que mais tarde vamos chamar de apelo científico se
desenvolvendo com o passar do tempo: Com os egípcios com a formação da farmacopeia
e o começo da idealização da produção de "remédios", primeiros
textos, técnicas de mumificação; Na mesopotâmia, com as primeiras leis sobre as
práticas médicas, punições; Na Grécia, com as ideias de purificação como
jejum, exercícios e banhos. E a partir daí, o pensamento da doença
como fator natural foi começando a se desmembrar da visão anterior, que tratava
doenças como maldições ou espíritos malignos. Desta forma, teorias
como a dos quatro elementos através da filosofia natural começou a tentar explicar
a doença a partir de um pensamento mais racional. Na medicina hipocrática com a
observação e estudo do paciente, observando coisas como o pulso, coloração,
postura do paciente e respiração, coisas que até então fazem parte da avaliação
médica dando muito respaldo pra semiologia médica moderna por meio dos passos
fundamentais da medicina hipocrática, sendo eles: exploração do
corpo (ausculta e manipulação sensorial); conversa com o paciente (anamnese);
entendimento sobre o problema (raciocínio diagnóstico); estabelecimento de
procedimentos terapêutico e prognóstico. Assim, finalizo meus comentários,
agradecendo a ótima aula que tivemos!...
EVELLYN
Oi, pessoal! A discussão de segunda foi muito
interessante, e os colegas trouxeram pontos reflexivos e complementares sobre o
tema proposto: Medicina nas Civilizações Antigas. Um ponto citado que
chama bastante a minha atenção é como sociedades diversas, em tempo e espaços
diferentes, criam formas semelhantes de explicar o processo saúde-doença, seja
no conteúdo (a exemplo da cobra como símbolo de regeneração e cura, como foi
citado por Bia), seja na natureza do pensamento (como exemplo da visão inicial
mágico-religiosa). Isso é motivado pela necessidade comum do ser humano de
buscar explicações, a fim de se situar na realidade em que vive, sobretudo
quanto à saúde, que ocupa posição de importância e vulnerabilidade em qualquer
vivência humana. Dessa forma, é interessante perceber que todas as
civilizações estudadas partiram de perspectivas mágico-religiosas, evidenciando
a magia como propriedade fundamental da mente humana na falta de suporte
tecno-científico ou filosófico. Contudo, é relevante notar que a crença nessas
práticas supersticiosas e religiosas pode ocorrer independente do avanço
tecnológico da sociedade, já que formas de cura não pautadas em evidências
ganham espaço quando a racionalidade não soluciona os nossos questionamentos e
as nossas necessidades. Como exemplo, podemos citar o contexto favorável à
difusão do cristianismo, na transição entre Idade Antiga e Média, no contexto
de queda do Império Romano e disseminação de epidemias e pestes, levando ao
questionamento da validade das abordagens médicas empírico-racionais. Mas não
precisamos ir tão longe, também podemos perceber a busca atual por formas de
cura místico-religiosas, sobretudo em situações em que a ciência não é capaz de
prover conforto e respostas aos pacientes. Voltando ao ponto inicial que chamou
a minha atenção, já que as civilizações confluem na tentativa de explicar o
processo saúde-doença, essas explicações se repetiram ao longo da história,
permitindo que elas fossem analisadas sob perspectivas diferentes, como foi
apontado por Glaudir. Assim, esses padrões foram registrados, estudados e
comparados em tempos, espaços e culturas distintos, fazendo com que a Medicina
assumisse um caráter cada vez mais empírico-racional. Como exemplo, um dos
textos referenciados mencionou esta descrição, em um tablete de argila
mesopotâmico, do que depois foi apontado como um paciente com tuberculose: ?O
doente tosse muito, seu escarro é denso e às vezes contêm sangue; a respiração
soa como uma flauta. Embora sua pele fique úmida e fria, ele tem os pés
quentes. Sua muito e o coração bate inquieto?, tipo de registro que permite
comparar diagnósticos e tratamentos posteriores. Logo, é possível notar que a
observação e a experiência passaram a moldar a prática médica e que a doença
passou a ser vista sob uma perspectiva natural, aspectos consolidados com a
Medicina Hipocrática e Galênica. Com isso, foi possível que a prática médica
passasse a ser mais racionalizada e mais regulamentada, conforme
responsabilidades éticas (como retratado no Juramento de Hipócrates) e legais
(como no Código de Hamurabi).
KAMILLA
Bem, entre os aspectos que mais me chamaram a atenção
foi a preocupação tanto dos gregos quanto dos romanos com a influência do meio
ambiente na gênese das doenças. Por sua vez, nos dias atuais, sabemos o quanto
os aspectos relacionados ao meio ambiente que rodeiam as pessoas, bem como seus
condicionantes sociais são determinantes para verificarmos uma maior ou menor
risco de adoecer. Preocupações com os hábitos de vida, como a alimentação e
ingestão de água potável, eram bastantes importantes na explicação de diversos
problemas de saúde. Cabe salientar aqui as contribuições de Roma para os
princípios de saúde pública que materializou-se por meio de uma política
higienista. Quero destacar também a transição do paradigma mágico-religioso
para um entendimento empírico-racional na explicação das doenças. Creio que
esta evolução no pensamento contribuiu, definitivamente, para os avanços
observados na época e lançou as bases da medicina ocidental. A explicação das
doenças enquanto resultado de possessões malignas, maldições, ou castigos
divinos, passou a uma explicação embasada no ambiente e costumes do doente
valorizando, portanto, a observação como metodologia de avaliação do
paciente. Neste mesmo momento histórico também surgiram leis e
códigos que buscavam regulamentar a prática médica. Neste ponto, podemos citar
o código de Hamurabi e o próprio juramento de Hipócrates. Por fim, avalio este
período histórico da medicina como bastante interessante, uma vez que, é a base
da cultura e clima organizacional da profissão médica.
MANASSÉS
Oi, pessoal!! Primeiramente, gostaria de destacar
um ponto que foi muito citado durante a aula, mas que pude verdadeiramente
vivenciar no período passado, demonstrando um pouco de como as práticas médicas
da Antiguidade, marcadas pelo pensamento mágico-religioso, ainda são presentes
no nosso cotidiano. Em uma proposta do MHA2, meu grupo ficou encarregado de
promover um curso de práticas integrativas e complementares e, nos encontros,
sempre era citado pelos participantes algum caso pessoal, de amigos ou de
familiares, que manifestavam determinada doença e encontraram a cura em alguma
terapia alternativa, a exemplo dos florais de Bach. Ainda, enquanto
contribuição, trago um dos pontos que chamou mais a minha atenção: a
importância da filosofia, de modo a desmistificar um pouco da percepção sobre
as enfermidades. Nesse sentido, destaca-se o papel fundamental de Hipócrates,
que repudiou a ideia de que essas eram castigos dos deuses, colocando os
fenômenos da natureza como as causas. Assim, como falado na discussão do
momento síncrono (ao ser citado exemplos como a permanência da cobra como
símbolo, uma vez que, na época, era sinônimo de cura), percebe-se, novamente,
essa interferência da Antiguidade na prática médica dos dias atuais, uma vez
que o método observacional introduzido por Hipócrates formou uma das bases à
semiologia. Como apresentado no material disponibilizado pela professora Rilva:
"exploração do corpo (ausculta e manipulação sensorial); conversa com o
paciente (anamnese); entendimento sobre o problema (raciocínio diagnóstico);
estabelecimento de procedimentos terapêutico e prognóstico)" são algumas
das relações que podem ser observadas.
MARIA PAULA
Boa noite pessoal! Pudemos comprovar essa
semana o que foi bastante discutido na primeira aula da disciplina: a medicina
está intimamente ligada ao contexto histórico em que se desenvolveu. No
caso da Antiguidade, as práticas médicas e as crenças mágico-religiosas andavam
lado a lado, caracterizando uma confluência entre pensamentos de sociedades
separadas por décadas na História ? mesopotâmicos, egípcios, gregos e romanos.
Algumas dessas superstições persistem, inclusive, até os dias atuais, como o
símbolo semelhante ao "Olho de Hórus" egípcio presente nas
prescrições médicas e a adoção da cobra como símbolo da Medicina,
representativo da cura e da regeneração, segundo os povos sumérios. Dentre
as excelentes contribuições dadas pelos colegas de turma e pela professora
durante a aula, um fato que me chamou atenção foi que, na maioria das
sociedades antigas, a prática religiosa costumava ser mais permissiva à
medicina, estimulando a atuação dos curandeiros e dos sacerdotes,
principalmente entre os mesopotâmicos e egípcios-, a prática das dissecações e
o estudo de diferentes tipos de fármacos. Em Alexandria e na própria Grécia, a
instituição de escolas de Medicina das mais variadas, a exemplo da fundada por
Hipócrates, atestava sobre a relativa "liberdade" de pensamento e de
estudo que se tinha naquelas sociedades. Ao contrário do que se registrou
posteriormente na Idade Média, período no qual a Igreja Católica coibiu
severamente a evolução das práticas médicas. Essa reflexão me fez lembrar
de “O Físico”, um filme que já assisti e indico. No filme, o protagonista é um
jovem médico que, durante a Idade Média, perde a mãe por apendicite, doença que
matava centenas de pessoas na época pela falta de cuidados adequados, e resolve
então se especializar para tratar melhor de seus pacientes. Mas, na
impossibilidade de evoluir frente a perseguição da Igreja, ele resolve viajar
para a Ásia em busca de uma escola de médicos milenar, onde os médicos eram
valorizados e livres para se aperfeiçoar. Lá, ele encontra a educação que
procurava e a medicina que sonhava em exercer e, munido de conhecimentos, volta
para sua terra natal para lutar por uma saúde de qualidade para os
europeus.
BEATRIZ IANNI
Um fato que eu achei muito válido acrescentar
brevemente a essa discussão é como nas civilizações antigas já havia uma
regulação legal intimamente relacionada com o código de Hamurabi, primeiro
código legal que prezava pela igualdade entre os homens livres. Nesse documento
histórico já percebemos que ele punia o erro médico, considerado na época como
um prejuízo maior que o benefício no tratamento, tendo o médico que pagar com
suas próprias mãos ou seja perdendo a capacidade de realizar seu ofício. Com
essa lei mais antiga podemos perceber que já existia uma preocupação da época
com os possíveis danos que poderiam ser causados por uma prática médica
equivocadas e que ao longo dos anos houve uma progressão das leis com relação
ao erro médico que vão até os dias atuais.
GABRIEL ÂNGELO
Tendo em vista as discussões que foram realizadas
na aula remota e o material disponibilizado pela professora Rilva, diversos
pontos me chamaram a atenção. Inicialmente, gostaria de abordar acerca da
medicina primeiramente praticada no Egito e na Mesopotâmia, onde havia ainda
uma relação muito intrínseca com a religião, com as doenças
sendo consideradas um castigo dos deuses e para tratá-las seria
necessária a intervenção de um sacerdote, além da crença de que as pessoas já
estavam destinadas a tal enfermidade. Esse pensamento, contudo, ainda se
reflete em pessoas que acreditam que sua saúde está ligada a decisão divina, a
chamada "vontade de Deus" e, por isso se mantêm inertes em relação a
sua condição, buscando apenas rezar para sua cura. Apesar disso, vale destacar
os avanços nessas duas civilizações no que tange à regulamentação da prática
médica(Código de Hamurabi) e à diversificação das atividades médicas(as
"especializações" no Egito Antigo). Essas crenças retrógradas
contudo, foram abandonadas, sobretudo pelo surgimento da filosofia, que
impulsionou Hipócrates a construir a base em que a medicina se sustentaria por
muito tempo. A semiologia, por exemplo, com a anamnese, examine do corpo,
entendimento da condição do paciente e o tratamento indicado, foi desenvolvida
pelo grego, que criou um sistema empírico-racional. Hipócrates também
contribuiu bastante com a ética médica da época, através do Juramento de
Hipócrates, em que os profissionais deviam se basear. Ele defendia que a saúde
era um reflexo do equilíbrio do homem com a natureza, e os excessos deveriam
ser assim removidos (métodos como sangria e depleção), como estava constatado
na Teoria dos Quatro Humores, em que cada parte do corpo estava associada a um
líquido, e seu excesso indicava algum comprometimento. Essa teoria foi
sistematizada por Galeno, médico romano que seguia os princípios hipocráticos.
Galeno teve avanços na área da anatomia em relação a Hipócrates, embora
com algumas descrições imprecisas por se basear apenas em dissecações animais,
mas que o ajudou por exemplo a realizar o exame do pulso. Ainda em Roma, outros
avanços foram percebidos na época, como a construção de hospitais militares, de
aquedutos, que garantiam o saneamento básico, a limpeza das ruas, os banhos
públicos e uma condição de higiene geral, assim como a regulamentação do ensino
e da prática médica, já que muitos se declaravam médicos sem um controle
estatal. Ainda sobre a medicina na antiguidade, vale destacar a influência da
Biblioteca de Alexandria, construída na época do Império da Macedônia, e que
reunia inúmeros escritos que favoreceram a prática médica, mesclando as ideias
ocidentes com as ideias orientais e dando um impulso maior à medicina na época.
GABRIEL C.
Tratando-se do período histórico pós-hipocrático, o
qual não pudemos nos estender muito durante a aula, gostaria de comentar
sobre a importância relacionada a cidade de Alexandria, à época.
Partindo de um pensamento atribuído a Bacon, mas presente no
"Leviatã" de Hobbes, "scientia potentia est",
conhecimento é poder, pode-se notar que o que aconteceu naquela época, naquele
lugar, é de se chamar a atenção: o incentivo ao estudo e pesquisa ali
encontrados, foi responsável pelo recrutamento de professores e pesquisadores
das mais diversas áreas do conhecimento, tendo
destaque principalmente aqueles relacionados com os estudos médicos,
sendo a medicina como a "grande glória da cidade", esse acúmulo de
criação e produção de conhecimento, nas mais diversas áreas, fez com que
Alexandria se tornasse o centro do mundo por muito tempo. É
interessante perceber algo muito importante que acontecia naquele lugar: por
mais que tudo fosse controlado por chefes de estado, não existia controle
intelectual e não havia tolhimento de conhecimentos, segundo o que se sabe
hoje. Isto pode ser percebido pela existência de diferentes escolas que estudavam
os mesmos temas, porém com abordagens diferentes: no caso da medicina, por
exemplo, via-se essa matéria através de ópticas completamente diferentes, seja
biomédico centradas, existencialistas, subjetivas, ou humanitaristas, uma
escola jamais se sobrepôs a outra. Acredito que isso foi a chave para que a
cidade ganhasse o destaque que ganhou quanto ao centro de conhecimento do
mundo, à época. Ali nasceram bases anatômicas e fisiológicas que são seguidas
até hoje. Tendo-se isso em mente, é fácil entender o porquê de a
famosa Biblioteca de Alexandria ter sido prontamente incendiada após
a invasão da cidade. Este movimento tático significou a derrota e humilhação
dos locais e vitória dos invasores. Isso me trás algumas questões... quantas
Bibliotecas de Alexandria ainda se queimam hoje em dia?... (mas isso é questão
para outra discussão...) Por fim, apenas podemos imaginar o quanto de
conhecimento não se foi, junto às chamas, naquela ocasião... o quanto daquilo
foi redescoberto até os dias de hoje? W o quanto daquilo ainda não foi?
JOÃO VÍCTOR
Boa tarde, para complementar o presente debate,
trago uma reflexão pessoal em torno de uma questão levantada no slide
recomendado para leitura, a pergunta era: “O pensamento mágico seria pré-lógico
e algo pertencente ao universo dos povos primitivos?” Ao pensar sobre o
assunto, pude recordar do livro 2001: Uma odisseia no espaço de Arthur C.
Clarke, o qual traz, em seu primeiro ato, seres primitivos tratando o
desconhecido, representado na obra pelo monólito, como um objeto mágico com
potencial para ser adorado. Tal contexto pode ser utilizado como uma ilustração
da relação das antigas civilizações com o instigante desequilíbrio da
homeostase corpórea, pois este era relacionado com a mitologia da época,
originada pela necessidade humana de explicar fenômenos naturais observados que
não possuíam respostas lógicas. Seguindo mais adiante no universo
criado por Clarke, quando chegamos no segundo e terceiro ato, o qual se passa
na idade contemporânea, somos apresentados a uma nova forma de relação com o
desconhecido, que seria através da ciência. Essa perspectiva também pode ser
aplicada na percepção atual do processo de saúde e doença. Entretanto, tal
visão, concordante com a corrente de pensamento positivista, o qual considera o
desenvolvimento do conhecimento humano algo linear e progressivo, talvez não
seja totalmente aplicável à atualidade no que se refere a saúde, pois é
possível observar práticas destoantes da medicina tradicional e do método
científico no nosso tempo. Um exemplo dessa afirmativa, que pude vivenciar
pessoalmente no semestre passado da graduação, foi na realização de um curso,
voltado para a comunidade, sobre as práticas integrativas e complementares em
saúde, onde alguns participantes trouxeram relatos pessoais de curas ou
melhoras através de técnicas como constelação familiar e reiki.
MILENA
Ao decorrer da aula de ontem, nós pudemos discutir
acerca da história da medicina da antiguidade, mas debruçando sobre o tema,
fazer um paralelo entre os dias atuais, como pontuado por alguns colegas, como
a especialização e alguns usos como as próteses, além de nos questionar sobre
como seremos vistos no futuro. No que tange a minha visão, me encantou muito
descobrir a especialização tão forte na medicina como é vista atualmente, como
Anna Luísa citou, pois não era algo que eu sabia ou esperava, muito ao
contrário, eu acreditava que os médicos daquela época, especificamente no
Egito, eram "generalistas". Outro ponto, foi o avanço dos
medicamentos e como eles eram utilizados, como ervas, óleos e afins. Ainda
nesse período, a preocupação com a saúde da mulher foi um ponto de encanto pra
mim, pois sabemos como até a atualidade essa preocupação é muito importante, e
entender como começou e a valorização desses princípios ajuda a entender a
racionalização do pensamento, não só na ginecologia, como em demais
especializações que foram enfoque à época. Na Grécia Antiga, temos ainda a
agregação de diversos conhecimentos de vários povos, podendo confluir para a
racionalidade na medicina. Ademais, o pensamento de divisão da medicina
preventiva e curativa, que permanece até a atualidade, como uma divisão
primordial para o exercício pleno da medicina, refletindo em melhor atuação
sobre as doenças. Por fim, esses ideais se convergem para a medicina empírica,
com entendimento racional baseado na filosofia, com o pensamento de Hipócrates,
acerca dos Quatro Humores, e com Galeno com experiências de dissecação,
sistematizando a teoria com a prática. Por fim, acho que é válido ressaltar a
discussão que foi proposta por Sara, como o futuro vai nos ver? Hoje passando
por esse momento de pandemia, por um cenário que mudou todo o
panorama da medicina, quais os avanços e estudos desse momento vão influenciar
na medicina futura e quais ficarão para trás? Pontuando tal discussão, podemos
refletir acerca da dinamicidade da medicina debruçada sobre a confluência do
conhecimento de diversas eras.
ANA KAROLINA
No que tange a história da medicina, é interessante
observarmos que essa antecede a própria história, pois já se fazia presente
antes da escrita. Sendo assim, ainda na pré-história, são encontrados vestígios
de práticas ?médicas?, como os fósseis de homens com membros fraturados
realocados por meio de talas para a calcificação. Nesse contexto, é
interessante considerar a influência mágico-religiosa em procedimentos como a
trepanação, que visava não só aliviar a pressão, mas também de propiciar a
saída de maus espíritos. Muitas vezes, ao analisarmos a história, esses
pensamentos parecem bastante primitivos, mas ainda existem ideias semelhantes
influenciadas por questões mágico-religiosas na atualidade, como o nosso colega
Eduardo apresentou no debate. Ademais, diante da temática abordada na nossa
discussão dessa semana, recordei de um trecho do livro "A Assustadora
História da Medicina", escrito por Richard Gordon, que nos traz uma
interessante colocação sobre a prática da medicina hipocrática e a coloco aqui
para agregar para nosso debate: “O sono que põe fim ao delírio é bom, sono fora
de hora e sonolência indicam doença, bem como cansaço sem motivo.” Os velhos
ficam doentes com menor frequência que os jovens, mas levam suas doenças para o
túmulo. A morte súbita é mais comum no gordo do que no magro. Se uma mulher
saudável para de menstruar e sente enjoo, está grávida. Nós todos sabemos essas
coisas. Mas Hipócrates foi o primeiro a saber. Nesse contexto, podemos perceber
o impacto do sistema racional de Hipócrates na medicina por meio da simples
observação, formando as bases da medicina ocidental que conhecemos na
atualidade. Como exposto pela professora Rilva, esse pensamento, mesmo simples,
foi revolucionário para medicina. Por fim, complemento com o ponto que mais me
chamou atenção: que essa perspectiva revolucionária do grego, pautada no exercício
da observação se perpetuou ao longo da história e é responsável pelos nossos
maiores avanços na área da medicina, seja por meio da análise dos sinais e
sintomas na semiologia, ou através de observações a nível celular e molecular
que proporcionaram a ascensão de campos de estudo como a patologia,
microbiologia, genética e diversos outros.
DANYELLE