4 de outubro de 2020

MAPAS CONCEITUAIS E APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA


 Rilva Lopes de Sousa Muñoz

Este foi o mapa conceitual que elaborei como aluna do curso de capacitação “Uso de Metodologias Colaborativas em Momentos Síncronos e Assíncronos de Aprendizagem, da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progep), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). A atividade consistiu em construir individualmente um mapa conceitual a partir do texto " Mapas conceituais e Aprendizagem Significativa", de Marco Antônio Moreira, do Instituto de Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ou seja, a atividade foi elaborar um mapa conceitual sobre mapas conceituais.

A criação de mapas conceituais pode ser feita manualmente. No entanto, o processo muitas vezes envolve a movimentação de conceitos, o que pode exigir bastante apagamento. Pode-se também usar pequenas notas Post-it® em uma folha de papel em branco, com notas de cores diferentes para ajudar a identificar cada nível hierárquico, com setas desenhadas à mão indicando as relações entre os conceitos. Esta alternativa pode ainda envolver algum apagamento, mas não tanto, e quando o aluno estiver satisfeito com seu mapa, pode copiá-lo para uma cartolina, tarjeta ou bloco de notas, ou mesmo no PowerPoint. Contudo, é melhor usar um aplicativo projetado especificamente para elaboração de mapas conceituais. A tutora do curso que estou fazendo pela Progep/UFPB recomendou o uso do CMap Tools, disponível neste link: https://cmap.ihmc.us/cmaptools/.

Um mapa conceitual é um dispositivo visual usado para análise e planejamento estratégico. Embora as palavras “conceito” e “mapa” sejam frequentemente usadas, usá-las juntas se refere a recurso específico de ensino-aprendizagem. Um “conceito” é uma ideia ou plano, e um “mapa” é uma visão geral simplificada de um território complexo. Um “mapa” de conceito é uma visão geral esquemática das ideias-chave associadas a um determinado tópico, que indica como as ideias se relacionam entre si.

O mapa conceitual é uma técnica de aprendizagem expressa como uma representação gráfica, um diagrama, e cuja estrutura é organizada e geralmente hierarquizada, explicitando relações entre conceitos, imersos em uma rede de proposições com um sentido a ser compreendido (TAVARES, 2007).

O primeiro passo para gerar os conceitos mais importantes de um conteúdo se dá por meio da técnica da tempestade de ideias (brainstorm). Nesta, os aprendentes escrevem conceitos para gerar uma lista, selecionando os que são mais relevantes e inserindo-os em cartões ou tarjetas, para poder trabalhar com eles, organizando-os e distribuindo-os em um quadro ou cartolina, se for feito manualmente, ou de modo automatizado, ou por meio de um software. Em seguida, agrupam-se os conceitos mais próximos entre si, de forma hierarquizada (de preferência), indo do mais geral para os mais específicos.

A suposição de mapas conceituais é de que a "jornada" realizada ao se criar um um conceito implica importância igual ou maior que o produto (“destino”) em que se chega. O processo de criação de um mapa conceitual (por exemplo, interpretação de conceitos, estabelecimento de conexões, manipulação de arranjos, proposição de ligações cruzadas) e o tipo de aprendizagem que promove é o que distingue o mapa conceitual como prática educacional de outros métodos que podem promover a cognição de ordem inferior e a aprendizagem mecânica.

A teoria subjacente ao mapeamento conceitual é a teoria cognitiva de aprendizagem significativa de David Ausubel (2003). A aprendizagem significativa é baseada em mais do que aquilo que os professores transmitem; promove a construção do conhecimento a partir da experiência, dos sentimentos e das trocas dos alunos com outros alunos. Esta visão educacional é baseada na abordagem construtivista da aprendizagem e na abordagem da aprendizagem cooperativa (SHARAN, 2015).

Pesquisadores e profissionais em vários países e ambientes buscam maneiras de incorporar essas abordagens para criar uma aprendizagem significativa na sala de aula multicultural e na sala de aula de aprendizagem cooperativa. Do ponto de vista cognitivo, a aprendizagem significativa é frequentemente entendida em termos do desenvolvimento cognitivo e das mudanças na estrutura cognitiva do aluno que ocorrem quando o conhecimento sendo aprendido é relevante para o conhecimento existente do aluno e compartilha conceitos e aspectos significativos com esse conhecimento.

Em relação ao mapa conceitual, a aprendizagem é dita significativa quando uma nova informação (conceito, ideia, proposição) adquire significados para o aprendente através de uma espécie de ancoragens em aspectos relevantes da estrutura cognitiva preexistente do indivíduo, isto é, em conceitos, ideias, proposições já existentes em sua estrutura de conhecimentos ou de significados (MOREIRA, 2011).

As experiências de aprendizagem tornam-se significativas por meio de processos reflexivos. Por meio da reflexão, qualquer situação em que os alunos-professores sejam capazes de aprofundar, analisar e concentrar seu pensamento tem o potencial de se tornar uma experiência de aprendizagem significativa (KOSTIAINEN; PÖYSÄ-TARHONEN, 2019). Por meio da reflexão, os alunos podem construir e reconstruir a relação entre a aprendizagem e eles próprios e, dessa forma, compreender melhor o que sua experiência de aprendizagem significa para eles. A relevância pedagógica da reflexão está enraizada na variedade de pontos de vista que podem ser explorados. Sem reflexão, práticas problemáticas que os alunos professores podem encontrar correm o risco de se tornarem simplificadas e rotinizadas, que nem sempre são aparentes para nós, mas muitas vezes estão implícitas em nossas ações. Assim, os processos reflexivos auxiliam o aluno-professor a tomar consciência e a enfrentar os pressupostos subjacentes às suas ações.

Referências

Kostiainen E., Pöysä-Tarhonen J. Meaningful Learning in Teacher Education, Characteristics of. In: Peters M. (eds) Encyclopedia of Teacher Education. Springer, Singapore, 2019.

Moreira MA. Aprendizagem significativa: a teoria e texto complementares. São Paulo: Livraria da Física, 2011.

Sharan Y. Meaningful Learning in the Co-operative Classroom. 2015, Education 3-13:  International Journal of Primary, Elementary and Early Years Education,  43 (1): 83-94. London: Taylor & Francis.

Tavares R. Construindo mapas conceituais. Ciências & Cognição [Online] 2007; 12: 72-85. Disponível em: http://www.cienciasecognicao.org/revista/index.php/cec/article/view/641.