Embora possa parecer intuitivo descrever a cirurgia como uma
prática médica "moderna", suas origens podem, de fato, remontar a
milhares de anos, na era pré-clássica e até na neolítica. A história da cirurgia
remonta ao período Neolítico ou Idade da Pedra Polida - estágio final da evolução cultural ou
desenvolvimento tecnológico entre humanos pré-históricos (aproximadamente
10.000 a 5.000 a.C.). O fato de se utilizarem artefatos construídos a partir de
pedras polidas dava maior precisão ao corte nos instrumentos de caça, pesca e
também nos de utilização cotidiana. A maior parte dos artefatos era feita de sílica ou quartzo, mas também de ossos de animais e de marfim, chegando-se ao final do
período ao desenvolvimento de artefatos também de metal. Em procedimentos
invasivos como craniotomias e reduções de fraturas, sem nenhum
conhecimento fisiopatológico e anatômico, ocorriam mutilações sangrentas.
Para colocar um cronograma como esse em perspectiva, a escrita não foi desenvolvida até 3.500 a.C., pois só surgiu entre os sumérios, na região da antiga Mesopotâmia.
As primeiras cirurgias eram rudimentar antes de a própria história ser registrada!...
Na época em que o homem trocou seu modo de
conseguir alimentos, passando a cultivá-los. Foram encontrados, na Europa Mediterrânea vários casos de trepanação
craniana, dessa época apresentando alguns sinais de consolidação óssea, o que indica que as pessoas que foram submetidas a esse procedimento cirúrgico primitivo sobrevivetam.
Na Antiguidade, é preciso destacar que na Índia, há aspectos cirúrgicos de relevância histórica, no século IV a.C., quando houve desenvolvimento da cirurgia plástica, principalmente das rinoplastias. Os prisioneiros de guerra e os adúlteros, e outros transgressores, eram punidos com a amputação do nariz, cuja reconstrução era feita à custa de retalhos da região frontal. O costume de perfurar a orelha e alargar a sua abertura também os fizeram desenvolver técnicas de reparo. Foram criadas técnicas de reparo de lábio leporino, hérnias, cálculos vesicais, catarata e amputações, desenvolvendo-se assim a cirurgia independentemente da medicina grega. Havia muitos instrumentos cirúrgicos na Índia durante a Antiguidade, mas seus conhecimentos anatômicos eram precários devido à proibição da dissecção. O médico, nessa época, praticava tanto a medicina quanto a cirurgia, pois estas eram consideradas distintas, mas complementares.
A cirurgia plástica era feita com enxertos de pele na Índia
antiga. Durante o século VI a.C., um médico indiano chamado Sushruta Samhita -
amplamente considerado na Índia como o "pai da cirurgia" – e que
viveu 150 anos antes de Hipócrates - escreveu um dos primeiros trabalhos do
mundo em medicina e cirurgia.
Os médicos gregos também se envolveram em cirurgia, mas a maioria se
voltou para tratamentos menos invasivos, como ervas ingeríveis e aplicações
tópicas de pomadas e cataplasmas. Hipócrates pregou sobre os méritos de “dieta,
descanso e exercício adequados”. Embora a cirurgia às vezes fosse necessária,
principalmente na remoção de corpos estranhos, não era o foco da prática médica
hipocrática. De fato, versões iniciais do Juramento de Hipócrates alertaram os
médicos contra o uso da cirurgia.
A Antiga Escola de Alexandria ou Escola Neoplatônica de
Alexandria, na cidade de Alexandria, no
Egito, foi a maior escola da Antiguidade Clássica e comportava bibliotecas e
museus, e foi onde a Anatomia atingiu pela primeira vez o status de disciplina.
Essa escola foi o berço dos saberes e conhecimento por cerca de 700 anos,
principalmente, entre o III a.C. até o V a.C.
No Império Romano, muitos médicos eram pessoas que foram
escravizadas pelos romanos, portanto sua posição social era baixa. Como as
taxas de cura eram também reduzidas, muitas pessoas até os desprezavam.
Os hospitais, como são conhecidos hoje, não existiam em Roma
antiga. Instalações hospitalares estavam disponíveis apenas em campos
militares.
Muitos instrumentos cirúrgicos recuperados usados durante o
Império Romano indicam que a arte da cirurgia progrediu e proliferou durante
esse período. Tanto Cláudio Galeno quanto Cornélio Celso enfatizaram a
importância da cirurgia no treinamento do médico. O exército romano possuía uma
grande variedade de instrumentos cirúrgicos, que variavam de bisturis, pinças e serras. Galeno foi médico dos gladiadores
romanos e dos nobres do império.
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