29 de dezembro de 2020

A FANTÁSTICA VASCULARIZAÇÃO ARTERIAL DO ENCÉFALO

O cérebro humano é um órgão com metabolismo intenso, mas sem nenhum mecanismo eficaz de armazenamento de oxigênio e glicose. A atividade neuronal depende de uma intrincada rede de vasos sanguíneos que fornecem oxigênio e nutrientes para o metabolismo neuronal.

Duas fontes principais de sangue arterial fornecem essa perfusão: a circulação anterior, que se origina das artérias carótidas internas e a circulação posterior (ou vertebrobasilar), que se origina nas artérias vertebrais. Ao entrarem no crânio, estas artérias se ramificam de forma exuberante, fornecendo sangue a todas as regiões profundas e superficiais do cérebro. 

Portanto, a circulação intracraniana pode ser dividida em circulação anterior e posterior, com base no suprimento da artéria carótida interna e da artéria vertebral, respectivamente. 

O cérebro precisa de um suprimento constante de grandes quantidades de sangue, e esse fluxo sanguíneo é autorregulado pelo órgão. O cérebro representa 2% do peso corporal total, porém 15% do débito cardíaco vai para este órgão, que utiliza 25% do consumo total de oxigênio do organismo e quase 50% da glicose do corpo humano. Isso o torna o órgão que consome mais energia do corpo humano. 

Assim, o cérebro é um dos órgãos mais perfundidos do corpo. A perturbação de qualquer parte desse suprimento sanguíneo, seja na parte intracraniana ou extracraniana, promove o desenvolvimento de doenças cerebrovasculares, das quais a mais comum e evidente é o acidente vascular cerebral. Este é uma interrupção abrupta do fluxo sanguíneo constante para o cérebro que causa a perda da função neurológica. A interrupção do fluxo sanguíneo pode ser causada por um bloqueio, levando ao AVC isquêmico, o mais comum, ou por sangramento no cérebro, levando ao AVC hemorrágico mais grave e de maior mortalidade. O AVC isquêmico constitui cerca de 87% de todos os casos de AVC.

O AVC geralmente ocorre com pouco ou nenhum aviso e os resultados podem ser devastadores. A falta de oxigênio para o cérebro pode ser devastadora, e o sistema cardiovascular tem reflexos regulatórios específicos para garantir que o suprimento de sangue não seja interrompido. Existem várias rotas para o sangue entrar no encéfalo, com especializações para proteger o suprimento de sangue e maximizar a capacidade do cérebro de obter uma perfusão ininterrupta.

10 de dezembro de 2020

PERFIL DE PACIENTES COM DPOC EM AMBULATÓRIO DE PNEUMOLOGIA


Parte da defesa de TCC de graduação em medicina pela UFPB de Érika Vasconcelos sobre o "Perfil de Pacientes com DPOC Atendidos em Ambulatório Terciário de Pneumologia Segundo a Classificação GOLD". Parabéns, Érika, por seu desvelo e dedicação ao trabalho de pesquisa! Mais uma aluna que me deixa orgulhosa pelo virtuosismo e comprometimento acadêmico. Agradeço à banca examinadora, a Profa. Gerlânia Simplício e a Profa. Leina Etto.
#ufpb #defesadetcc #novamedicapelaufpb #dpoc

COMPORTAMENTO DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM CONSULTAS COM PACIENTES SOCIALMENTE VULNERABILIZADOS

O contexto desse vídeo apresentado no presente artigo está no escopo da relação médico-paciente para redução da desigualdade na atenção à saúde de grupos socialmente vulneráveis. Essa questão é considerada um desafio para os profissionais de cuidados de saúde, bem como para as organizações de saúde. Esses profissionais podem contribuir muito para criar um ambiente acolhedor e mais acessível para pessoas vulneráveis.

Contudo, não há conteúdos e práticas curriculares nos cursos de graduação em saúde voltados para a medicina da pobreza: ninguém ensina a arte de tomar decisões médicas em condições de extrema pobreza e/ou no contexto de grandes restrições culturais. A prática médica em uma comunidade de pessoas pobres muitas vezes parece uma especialidade solitária, sem pesquisa ou experiências compartilhadas (FRANK, 2004).

A vulnerabilidade é complexa, envolvendo fatores materiais, sociais, físicos e psicológicos.  A vulnerabilidade social pode ser um fator de risco para problemas de saúde, mas depende da fonte de vulnerabilidade e é específica de cada condição. Indivíduos e populações vulneráveis ​​não estão necessariamente doentes do ponto de vista nosológico. Em vez disso, são caracterizados pela falta de capacidade de antecipar, resistir ou se recuperar de crises ou doenças. Isso pode estar associado a uma série de fatores, como fisiologia, hábitos de vida, alimentação e nutrição, condições precárias de moradia e emprego, baixa educação em saúde e de uso de cuidados preventivos de saúde, violência, escassa participação social, pobreza geracional, baixa renda e nível de instrução desfavorável. 

A magnitude da vulnerabilidade (principalmente devido à privação socioeconômica) influencia não apenas a quantidade de doenças de que as pessoas sofrem, mas os tipos de doenças e a idade em que as vivenciam. As pessoas nas comunidades mais carentes sofrem de mais problemas de saúde incapacitantes, mais problemas de saúde mental e mais problemas de saúde social (como solidão que é mais prejudicial do que fumar ou obesidade) e o faz 10-15 anos antes que as pessoas nas comunidades menos carentes. Os problemas são agravados por baixo nível de educação em saúde. Mesmo que morram até 20 anos mais cedo que as pessoas nas comunidades mais ricas, os mais desfavorecidos ainda passam mais anos com problemas de saúde do que as pessoas mais ricas que vivem mais (SAMUEL, 2016).

O conceito polissêmico de vulnerabilidade vem sendo utilizado por distintas disciplinas e áreas de conhecimento. Na literatura, a vulnerabilidade é descrita tanto de uma perspectiva de risco quanto de uma perspectiva subjetiva (ANGEL; VATNE, 2017). Isso implica que a dimensão objetiva da vulnerabilidade do paciente não reflete necessariamente a percepção do próprio paciente de ser vulnerável. No entanto, o julgamento externo pode influenciar a percepção interna.

Conforme Beltrão et al. (2014), a vulnerabilidade está em todos e em cada um de nós, como seres humanos, pois não há seres humanos considerados invulneráveis. Contudo, no sentido da proteção dos direitos humanos, a noção de vulnerabilidade está relacionada à de desigualdade social. Vulneráveis, no contexto referido, são pessoas quem apresentam redução de suas capacidades de enfrentar as eventuais violações de direitos humanos fundamentais. Tal vulnerabilidade está conexa a uma condição que faz parte de um grupo específico em condições de desigualdade social em relação ao grupo considerado majoritário.

Portanto, nesse sentido, vulnerabilidade se refere a dadas condições desfavoráveis, remetendo às dimensões objetivas de exclusão social. “Estar em vulnerabilidade social se expressa pela alteração ou diminuição da potencialidade de resposta frente às situações de risco ou constrangimento da vida” (PAULON; ROMAGNOLI, 2018, p. 179). Como afirmam as referidas autoras, quanto mais vulnerável for um grupo (indivíduos, famílias, grupos, comunidades), mais ele corre riscos que afetam o seu bem estar e a sua saúde. As situações de vulnerabilidade social tendem a se converter em conjunturas de risco, ou populações em situação de risco.

No âmbito da saúde, a vulnerabilidade do paciente é uma questão fundamental, visando à sua proteção de danos.  Uma definição de vulnerabilidade do paciente captura a complexidade da vulnerabilidade objetiva versus subjetiva. Na perspectiva da vulnerabilidade em geral, a vulnerabilidade nos serviços de saúde mostra como a dependência que pode aumentar o risco do paciente. Assim, a dependência se soma à vulnerabilidade relacionada às questões de saúde (ANGEL; VATNE, 2017).

De modo geral, consideram-se os adultos vulneráveis ​​se forem permanentemente ou temporariamente incapazes de cuidar de si mesmos e de seus interesses, seja por uma causa mental ou física. Adultos vulneráveis ​​estão abertos a riscos de danos psicológicos e físicos ou de serem explorados em benefício de outras pessoas: pessoas idosas que são física ou mentalmente frágeis; pessoas com déficit cognitivo, pessoas com problemas de saúde mental, pessoas que estão doentes e precisam de ajuda para realizar as funções diárias normais, pessoas com deficiência física, pessoas que sofreram um trauma recente - luto, divórcio ou perda de um emprego, por exemplo, e ainda pessoas que, por qualquer motivo, estão em relacionamentos abusivos ou pessoas sem teto. Contudo, é importante ter cautela ao se aplicarem “rótulos” de “vulneráveis” às pessoas.

Também é preciso reconhecer que ser vulnerável não é necessariamente um estado permanente ou de longo prazo. A vulnerabilidade à doença pode não ser uma característica permanente de um indivíduo. Pessoas que estão hospitalizadas para cirurgias, por exemplo, estão muito vulneráveis ​​imediatamente antes, durante e depois da operação, quando não são capazes de cuidar de si mesmas e dependem da equipe de saúde para protegê-las e garantir seu bem-estar. Mas na grande maioria dos casos elas logo serão completamente independentes de novo.

Contudo, a vulnerabilidade social predispõe a ciclos viciosos de causa e efeito - o abuso e a privação aumentam os riscos de envolvimento com drogas e crimes, o que leva à prisão e ao desemprego, o que, por sua vez, conduzem a mais privação e assim por diante.

 

Referências

Angel S, Vatne S. Vulnerability in patients and nurses and the mutual vulnerability in the patient-nurse relationship. J Clin Nurs. 2017;26(9-10):1428-1437.

Beltrão JF et al. (coord.). Direitos humanos dos grupos vulneráveis: manual. [S.l.]: DHES, 2014. Disponível em: http://livroaberto.ufpa.br/jspui/handle/prefix/511

Frank AW. The Renewal of Generosity – Illness, Medicine, and How to Live. Chicago: University of Chicago Press, 2004.

Paulon SM, Romagnoli R. Quando a vulnerabilidade se faz potência Simone Mainieri Paulon Roberta Romagnoli. Interação em Psicologia 2018; 22 (3): 178-187

Samuel S. GPs and vulnerable populations. The Royal Australian College of General Practitioners 2016; 45 (10): 697.

9 de dezembro de 2020

RECONHECIMENTO DA DIVERSIDADE CULTURAL INDÍGENA

Ao longo dos milênios, os povos indígenas desenvolveram uma conexão estreita e única com as terras e os ambientes em que vivem. Eles estabeleceram sistemas distintos de conhecimento, inovação e práticas relacionados ao uso e gestão da diversidade biológica nessas terras e ambientes. Essas terras e ambientes são vitais para sua sobrevivência, fornecendo uma ampla gama de substâncias para alimentação, abrigo e implementos. Eles também fornecem uma fonte para uma variedade de objetos para uso ritual e diário. A terra e o meio ambiente também são importantes nos sistemas culturais, religiosos e sociais dos povos indígenas. Os povos indígenas deveriam ser os guardiões e administradores de suas terras e ambientes, e foram incumbidos por cartas ancestrais de cuidar deles por gerações sucessivas. Podemos pensar, então, quando eles decidem se mudar para áreas urbanas e sair de suas aldeias... Além do que têm que renunciar, à sua vida e às suas raízes, ao seu conhecimento, que é um componente fundamental da sua cultura e deve ser considerado em termos de suas dimensões sagradas e seculares.... Essas pessoas devem ter um grande sentimento de perda e de expropriação de direitos...

Se para os povos indígenas, o conhecimento não pode ser considerado independentemente de seus produtos e expressões, ou das ações, e  tudo isso faz parte de um sistema cultural estreitamente integrado, eles não deveriam se despir de sua cultura para assimilarem a cultura dos outros. Foi bom ler nesta unidade do curso que a maior parte dos indígenas brasileiros vivem em zona rural ou nas aldeias.

Mas mesmo nas aldeias, eles são tutelados pelo Estado e correm o risco de não terem reconhecida a sua diversidade cultural no Brasil. Este é um dos erros mais comuns que os não indígenas cometem ao se envolver com as comunidades indígenas.

A diversidade cultural dentro da população indígena frequentemente não é reconhecida nem respeitada na prática comum. Há um equívoco de que os povos indígenas são um grupo homogêneo que compartilha a mesma cultura, tradições, visões de mundo, idioma, necessidades e desejos. Nada poderia estar mais longe da verdade. Precisamos entender que o reconhecimento da história, cultura e tradições únicas de cada comunidade indígena é fundamental. É um primeiro passo fundamental que nós, brasileiros, podemos dar para respeitar os povos indígenas. Se acreditarmos que os povos indígenas devem ser todos iguais, não estaremos respeitando e reconhecendo sua diversidade.

3 de dezembro de 2020

EDUCAÇÃO PARA DIVERSIDADE CULTURAL E ÉTNICA NO TRABALHO EM SAÚDE


Trabalho apresentado no  VI Seminário Internacional de Práticas Educativas (IV SECAMPO), com o tema "Paulo Freire: Educação, Resistência, Ousadia e Liberdade".

Título: EDUCAÇÃO PARA DIVERSIDADE CULTURAL E ÉTNICA NO TRABALHO EM SAÚDE: CURSOS SUPLEMENTARES NO CENTRO DE CIÊNCIAS MÉDICAS/UFPB

Apresentação: Gustavo Gomes Santiago, Maria Eduarda Gomes Rodrigues e Maria Eduarda Silva Dias.

A competência cultural na educação médica é definida como um conjunto de atitudes, conhecimentos e habilidades necessários para os prestadores de cuidados interagirem efetivamente com populações cultural e etnicamente diversas. Uma crescente atenção para os efeitos de disparidades raciais, étnicas e socioeconômicas no estado de saúde da população, assim como para a capacidade dos sistemas de fornecer cuidados a pacientes com diversos valores, crenças e comportamentos demanda de docentes e estudantes uma postura pedagógica humanista. Contudo, os cursos de graduação em medicina possuem, historicamente, pouco enfoque em questões relacionadas a essa competência. O presente artigo tem o objetivo de apresentar o relato de experiência de dois cursos ministrados na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) durante períodos suplementares remotos de 2020. Os métodos utilizados nos cursos foram videoaulas gravadas, discussões on-line, fóruns de discussão assíncrona e escrita colaborativa na ferramenta Wiki, utilizando, principalmente, as plataformas do Moodle Classes e Google Meet. Esses cursos, denominados “Estigma e Discriminação na Atenção à Saúde” e “Diversidade Cultural e Étnica na Medicina” possibilitaram discussões reflexivas sobre o preconceito, a discriminação e o estigma na área da saúde. Objetivos instrucionais, competências e habilidades para os cursos possibilitaram o aprendizado por meio de metodologias ativas. Assim, os cursos forneceram uma introdução ao estudo da diversidade como cursos-pilotos para introdução da disciplina de Diversidade Cultural na Medicina, a ser inserida na nova grade nuclear do currículo de medicina da UFPB enfocando, de forma crítico-reflexiva, as características da discriminação e do estigma que podem permear o trabalho em saúde.

#DiversidadeCultural #UFPB #SemestreSuplementar #CCMUFPB


EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA POVOS INDÍGENAS

Nós fomos ao VI Seminário Internacional de Práticas Educativas (IV SECAMPO), com o tema "Paulo Freire: Educação, Resistência, Ousadia e Liberdade". Apresentação do trabalho EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA POVOS INDÍGENAS por Yasmin Guimarães Silva, Nadiajda Vaichally Bezerra Cavalcanti e Maria Eduarda Silva Dias, estudantes de graduação em medicina do Centro de Ciências Médicas - CCM/UFPB.

#UFPB #SECAMPO #PovosIndigenas #EducaçãoEmSaúde