A situação em foco é a epidemia da atual doença pelo
Coronavírus 19, e o momento desse recorte é a implementação da vacinação contra
a doença neste início de 2021 e sua politização. O motivo é a franca
politização da vacina. Foi na atual semana que ocorreu a aprovação emergencial
para uso de duas vacinas para o SARS-CoV-2 e foi nesta semana que vimos
momentos bem ilustrativos da politização da vacina.
A vacina inicialmente disponível no Brasil foi a CoronaVac, da
Sinovac, que começou a ser administrada aos profissionais da saúde há dois dias
após aprovação do uso emergencial das vacinas CoronaVac e a da AstraZeneca pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A política, para o bem
ou para o mal, desempenha um papel crítico nas questões de saúde
pública. A racionalidade limitada, as instituições políticas fragmentadas, a
resistência de interesses concentrados geralmente levam os líderes políticos a
adotarem atitudes, mesmo quando enfrentam sérios problemas de saúde pública.
No Brasil, a corrida global para desenvolver uma vacina viável que funcione contra o coronavírus e pudesse ser distribuída em grande escala se resumiu a uma luta pelo poder entre o presidente Jair Bolsonaro e seu maior antípoda, João Dória, o magnata e governador do estado de São Paulo, econômica e politicamente influente, e que planeja concorrer contra o presidente em 2022. A crise sanitária atual torna-se uma parte importante de uma campanha eleitoral antecipada e não-oficial.