A partir da introdução da aula de hoje, no primeiro dia de aula do
semestre letivo, gerei uma nuvem de palavras que meus alunos da disciplina de Cuidados
Paliativos, escreveram, em pedaços de papel, palavras descritoras do que expressariam pensando nos significados que associavam ao conceito de
cuidados paliativos. Pedi para que eles não se identificassem e devolvessem os
papéis com as palavras-chave escolhidas.
A nuvem de palavras gerada demonstrou a imagem da Figura 1. Foram
escritas 134 palavras (após filtrados artigos, preposições, conectivos),
observando-se que as palavras mais frequentes foram “conforto” (12 vezes), “vida”
(11), “qualidade” (10), “morte” (9), “alívio” (8) e “amenizar” (8).
Uma nuvem de palavras é uma representação visual da frequência das
palavras. Quanto mais frequentemente um termo aparecer dentro do texto que está
sendo analisado, maior será o tamanho em que a palavra aparecerá na imagem
gerada. As nuvens de palavras são uma ferramenta simples para identificar o
foco do material escrito. A análise
da nuvem de palavras escolhidas pelos alunos mostrou que, em primeiro lugar, as
duas palavras mais destacadas foram “conforto” e “vida”. A palavra vida foi
acompanhada de qualidade, ou seja, qualidade de vida, mas as palavras foram
contabilizadas separadamente. É interessante que os alunos tenham priorizado os
termos conforto e qualidade de vida como descritores do atendimento
paliativista.
Os cuidados paliativos visam proporcionar o máximo
conforto aos pacientes. Estes geralmente apresentam diagnóstico de uma doença
avançada e recebem determinado tipo de assistência que não mais objetiva à
cura, mas o controle da os sintomas de forma paliativa, para proporcionar maior
qualidade de vida e conforto. A qualidade de vida em cuidados paliativos
inclui os conceitos de cuidado compassivo e de morrer com dignidade.
Relacionados a conforto e qualidade de vida, também
aparecem proeminentemente, na nuvem de palavras, os termos alívio, dignidade e empatia
(da equipe de cuidados). Dignidade e
qualidade de vida são complexas e subjetivas e cada uma significará coisas
diferentes para pessoas diferentes, mas em geral, incluem bem-estar físico, social, psicológico
e espiritual.
Os cuidados paliativos foram definidos pela Organização
Mundial da Saúde (OMS, 2002) como uma abordagem que promove a qualidade de vida
dos pacientes e suas famílias, no enfrentamento
de uma doença com ameaça à continuidade da vida, por meio da prevenção e
alívio do sofrimento, identificação precoce, para controle da dor e
outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual.
Paliar significa confortar,
aliviar sintomas, ouvir, respeitar, compartilhar, acolher, seguir o paciente e
seus familiares até o fim e após a vida.
Sob este ponto de vista, fornecer o máximo conforto ao paciente é um dos
principais objetivos dos cuidados paliativos. Conforto, do latim “confortare”,
significa fortalecer, corroborar, prover, consolar, aliviar, cuidar, ajudar e
auxiliar . O conforto pode ser descrito como um complexo e multidimensional, e
consiste em um construto subjetivo, positivo e individual, como experiência,
que pode ser vivida em situações de adoecimento e/ou tratamento do indivíduo, e
o fim desejável está no cuidado ao paciente. Define-se o conforto como a
condição vivenciada por pessoas que recebem medidas de conforto (COELHO et al.,
2018). É o imediato e experiência holística de satisfazer (ativamente,
passivamente ou cooperativamente) as necessidades dos três tipos de conforto —
alívio, tranquilidade e transcendência — nas quatro dimensões da experiência
humana (física, psicológico, espiritual, ambiental e social). Alívio também foi
um dos termos mais frequentes na nuvem de palavras, e pode ser definido como a
condição de uma pessoa que teve uma necessidade específica atendida; tranquilidade,
como condição de calma e contentamento; e transcendência, como condição em que
o indivíduo supera problemas e sofrimentos.
Os cuidados paliativos visam melhorar
a qualidade de vida de pessoas com doenças graves, aliviando os sintomas e o
estresse com uma abordagem holística focada na mente, corpo e espírito.
Coelho, A., Parola, V., Escobar-Bravo, M. et
al. Comfort experience in palliative care: a phenomenological
study. BMC Palliat Care 15, 71 (2016). https://doi.org/10.1186/s12904-016-0145-0
World Health Organization (WHO). National cancer control programmes: policies and managerial guidelines. 2.ed. Geneva: WHO, 2002.