1. Exposição
A apresentação foi iniciada por Felipe, que explorou os conceitos de raça, racismo, discriminação e estereótipos.
Em seguida, Edvaldo apresentou dados estatísticos e aspectos legais relacionados ao racismo, destacando a identidade social, o sofrimento racial, e a associação frequente entre grupos étnicos e criminalidade. Ele mencionou ainda o Estatuto da Igualdade Racial e a Lei nº 14.532, de 2003, que agrava a penalidade para injúria racial.Samuel prosseguiu, discutindo o impacto do racismo institucional na saúde da população negra. Ele relembrou a trajetória de Vivien Thomas, pioneiro da cirurgia cardíaca, cuja história inspirou um filme que evidencia como a medicina teria progredido mais se ele tivesse tido a oportunidade de concluir seu curso. Samuel também abordou as questões de racismo e oportunidades na carreira médica.
Ramon, em sua exposição, tratou dos acidentes e incidentes relacionados à iniquidade na assistência à população negra. Ele observou que tais desigualdades nem sempre resultam de racismo intencional, mas são fruto do racismo estrutural, muitas vezes inconsciente. Ele ainda mencionou que a literatura e os estudos empíricos, assim como o senso comum, apontam que se acredita que a mulher negra necessita de menos anestesia durante a episiotomia, uma percepção decorrente do racismo científico. Ramon enfatizou que essa prática não significa que os médicos sejam racistas de forma explícita. Por fim, Guilherme propôs soluções, como a reformulação do currículo do curso de medicina, e comentou que a implementação da lei de cotas raciais tem, paradoxalmente, promovido menor diversidade racial em diversos cursos universitários, incluindo o de medicina.Para concluir o seminário, Marcos, que não pôde comparecer presencialmente, enviou um vídeo aplicando um questionário via Google Forms, onde os participantes responderam a um quiz sobre o conteúdo apresentado pelos colegas.
2. Discussão
A discussão iniciou-se com várias inscrições de alunos da turma, começando por Flávia. Ela destacou a relevância dos casos clínicos como uma forma importante de aprendizado sobre questões de diversidade, especialmente sobre o racismo na atenção à saúde. Flávia também observou que há uma crescente discussão sobre o racismo entre os estudantes de medicina atualmente. Em seguida, Heloísa comentou que nunca havia percebido como os casos clínicos podem ajudar a refletir sobre essas questões. Letícia F. acrescentou que, além de não ser racista, é essencial adotar uma postura antirracista. Já Letícia M. elogiou a apresentação do grupo, afirmando que ela foi além do conhecimento pré-existente e ressaltou as perspectivas apresentadas para combater o racismo no contexto da saúde.
Emanuel abordou a política afirmativa de cotas nas seleções de estudantes para universidades, sugerindo que a lei deveria ser revisada em alguns aspectos. Em resposta, Edvaldo, membro do grupo, comentou que, mesmo após 14 anos da implementação das cotas, apenas 3% dos médicos são negros, levantando uma questão retórica sobre possíveis falhas no sistema.
Ruth elogiou a apresentação e fez uma distinção entre racismo interpessoal e racismo institucional. Ela destacou que as instituições refletem a base racista da sociedade, associando-se a diversos tipos de preconceito. Sadrack, por sua vez, criticou a falta de ação concreta de muitos governos no combate ao racismo, apesar dos discursos. Ele defendeu a importância das cotas e sublinhou que essas políticas garantem oportunidades às pessoas negras, que são direito delas. Sadrack também enfatizou que, além do ingresso na universidade, é crucial assegurar a permanência dos estudantes cotistas. Por fim, ele mencionou o livro “Torto Arado”, de Itamar Vieira Junior, como uma obra relevante que auxilia na compreensão dessas questões.
Dando continuidade à memória desse seminário sobre Racismo na Assistência à Saúde, Francisco destacou que há uma percepção e um discurso recorrente que posicionam a pessoa negra sempre como paciente, e não como integrante da equipe de trabalho. Ele sugeriu que a convivência com pessoas negras fora do ambiente acadêmico pode ajudar a reduzir preconceitos e discriminações, uma ideia que também se aplica a outros grupos minoritários socialmente. Francisco declarou que o relacionamento com pessoas fora da academia, especialmente aquelas com identidades diversas, têm um impacto positivo no combate ao racismo.
Rômulo trouxe um relato pessoal para ilustrar a complexidade do racismo. Ele contou a história de um amigo pardo, filho de uma mulher negra, que foi separado da mãe em um aeroporto devido à suspeita de sequestro, apenas porque a mãe tinha a pele mais escura que a dele. Esse episódio, segundo Rômulo, demonstra como o racismo afeta não só a pessoa diretamente visada, mas também seus familiares. Edvaldo abordou a questão da sub-representação racial em relação à moradia. Ele observou que os bairros mais nobres são habitados quase exclusivamente por brancos, enquanto as periferias são majoritariamente negras. Esse cenário reflete-se também na medicina, uma área ainda predominantemente ocupada por pessoas brancas, reforçando o caráter elitizado do curso de medicina.
Ruth retomou a discussão ao apontar que, historicamente, a narrativa sobre os negros tem sido controlada por pessoas brancas, o que pode introduzir vieses, pois a perspectiva branca é diferente. Ela mencionou a autora Chimamanda Ngozi Adichie, que popularizou a expressão "o perigo de uma única história". Ela argumentou que limitar-se a uma única narrativa sobre um povo ou uma cultura cria estereótipos e desumaniza as pessoas. Adichie defende a multiplicidade de vozes e histórias como forma de representar com mais precisão a complexidade das vidas humanas. Ruth ressaltou a importância de trazer o protagonismo negro para dentro da universidade e na história contada, garantindo que os negros possam contar suas próprias visões.
Rebeca destacou ainda a importância da representatividade negra na escola e na universidade, ressaltando como a presença de vozes e histórias negras é essencial nesses espaços. Além disso, ela abordou o tema das guerras no contexto atual, observando que os conflitos na África recebem pouca cobertura midiática em comparação com outras guerras ao redor do mundo. Rebeca também lembrou que existiram outros holocaustos além do que mais conhecemos, mencionando, por exemplo, o extermínio dos aborígenes na Austrália. Em um relato pessoal, Rebeca compartilhou a experiência de pertencer a duas famílias muito diferentes entre si, refletindo sobre a complexidade de lidar com pessoas de outras gerações, como os avós, que muitas vezes têm uma visão diferente e, por vezes, carregada de preconceitos e discriminação em relação a grupos identitários, como os negros. Ela destacou a dificuldade de dialogar ou tentar apresentar uma nova perspectiva, mais aberta, sobre o mundo para essas pessoas. Rebeca ainda relatou eventos de racismo cultural, em que se distinguem os cabelos das mulheres negras como “ruins”, na visão generalizada na sociedade brasileira de que o ideário hegemônico de aparência desejável e de beleza física é o modelo europeu, branco e com cabelos lisos. Rebeca também considerou fundamental que a história africana fosse incluída nas demais disciplinas do curso de Medicina, ampliando assim a compreensão dos futuros profissionais sobre a diversidade cultural. Complementando o que foi dito por Rebeca, Felipe lembrou do quadro "A Redenção de Cam", de Modesto Brocos, que retrata uma avó negra celebrando o nascimento de uma criança branca em uma família mestiça, trazendo à tona questões sobre identidade e raça.
Jallysson, por sua vez, mencionou ser parte de uma família interracial e compartilhou uma experiência pessoal, onde seu sobrinho, de pele clara, enfrenta questionamentos na escola sobre as diferenças entre sua cor e a do pai, que é pardo. Essa situação ilustra a necessidade de entendimento e aceitação das diferenças dentro do próprio núcleo familiar. Ronielle comentou que os debates sobre racismo muitas vezes permanecem superficiais, sem abordar as raízes profundas que sustentam o preconceito e a discriminação em nossa sociedade, fatores que impactam diretamente a prática de assistência à saúde. Ele destacou que o próprio governo brasileiro implementou uma política de embranquecimento e que muitas nações africanas foram escravizadas, com pessoas da nobreza, incluindo príncipes e reis, sendo sequestradas. Além disso, Ronielle observou que a cultura negra é frequentemente demonizada, reforçando a negação de nossa origem africana, como exemplificado pelo embranquecimento de figuras históricas. Ele mencionou, por exemplo, que Jesus, apesar de ser do reino da Judeia, no antigo Israel, provavelmente tinha a pele escura devido à sua ascendência egípcia. Também lembrou que Cleópatra, rainha do Egito, era uma mulher negra, destacando que o Egito está localizado na África, o que ilustra também as raízes do racismo estrutural. Ronielle também ressaltou que o movimento negro dos anos 1960, com sua luta por direitos e igualdade, foi uma busca por reparação histórica. Ele explicou que, após a abolição da escravatura, os negros libertos foram deixados sem recursos ou bens, o que levou à formação das favelas nos morros, onde muitos antigos quilombolas passaram a residir. Mesmo diante de políticas afirmativas, Ronielle mencionou que há pessoas negras e pardas que se opõem às cotas, ignorando o fato de que essas políticas são uma forma de reparação histórica. Ele destacou também o mito da democracia racial no Brasil e a importância das cotas, argumentando que, se a meritocracia fosse o único critério, o elitismo nos cursos de medicina se perpetuariam, já que, historicamente, os médicos eram oriundos de famílias ricas. Ronielle concluiu afirmando que a participação dos brancos é crucial no engajamento na luta antirracista.
Por fim, João Guilherme acrescentou que, embora se fale muito sobre racismo, o protagonismo negro ainda é escasso nas principais instâncias de estruturação da sociedade, destacando-se, contudo, nos esportes. Ele apontou que o racismo se manifesta também na percepção de que os negros se destacam predominantemente na sociedade como atletas, pelo desenvolvimento da força física, reduzindo suas capacidades intelectuais e reforçando estereótipos racistas.
As participações por escrito iniciaram com a contribuição de Lívia. Ela destacou que o problema do racismo institucional e interpessoal persiste em grande parte devido à complacência de profissionais que, embora não se considerem racistas, também não se empenham em ser antirracistas. Dessa forma, a impunidade relacionada a esse crime vai além da esfera jurídica, permeando também a esfera pessoal e o ambiente de trabalho. Se um comentário ou comportamento racista provoca uma reação de correção e reprovação generalizada e pública, frequentemente o autor não é responsabilizado por suas ações. Ela lembrou que o livro "Pequeno Manual Antirracista" aborda esse tema de forma eficaz e pode servir como um aprendizado valioso para futuros profissionais de saúde.
Em seguida, Emilly comentou que o racismo está enraizado no Brasil, sendo perceptível no dia a dia e afetando diretamente a assistência à saúde. Tanto os usuários quanto os profissionais de saúde sofrem com preconceito cotidianamente. Exemplos comuns incluem médicos negros que enfrentam discriminação devido à cor da pele, como quando são confundidos com enfermeiros—ainda que não haja demérito na enfermagem —, o racismo estrutural se manifesta na ideia de que uma pessoa negra não pode ser médica, considerando que se trata de um curso historicamente elitizado. Além disso, Emilly comentou que há casos recorrentes de fraudes em universidades públicas no que diz respeito às cotas raciais. Esse ponto foi aprofundado pelo colega de turma Edvaldo, em sua apresentação, quando observou que, apesar da lei de cotas existir há 14 anos, a quantidade de estudantes de medicina e médicos negros ainda é muito pequena em comparação ao que seria desejável. Ele também destacou que, embora disciplinas como diversidade étnica e cultural contribuam para a formação médica em questões raciais, a UFPB continua a presenciar atitudes racistas estruturais, como a negligência ou conivência em relação a fraudes nas cotas raciais, o que compromete o desenvolvimento acadêmico.
Fernanda, por sua vez, destacou a fala de Ramon sobre a situação das mulheres negras durante o pré-natal, que recebem menos orientações e são mais sujeitas à episiotomia. Ela compartilhou sua experiência de participação em uma pesquisa realizada no hospital universitário, onde revisou prontuários de mulheres que deram à luz no hospital, constatando que a grande maioria das mulheres pardas e negras sofreram episiotomia durante o parto, procedimento que estava registrado nos prontuários dessas mulheres de forma “escancarada”. A episiotomia é considerada uma forma de violência obstétrica.
Aoliabe comentou que o grupo apresentou bem sobre o grave problema do racismo em relação às políticas de saúde e também na educação. Sob essa ótica, ele comentou que uma ação muito bem implementada para tentar reparar as perdas históricas e aumentar a quantidade de estudantes negros, tanto em medicina quanto em outros cursos de graduação, faria política de cotas sociais. "Com uma política, já vemos a quantidade de médicos negros no Brasil aumentar e, com isso, também aumenta a qualidade de vida na população negra no Brasil. Além disso, cabe também ao governo implementar mais formas de avaliação mais severas para crimes de injúria racial", disse ele.
Isa escreveu que, inicialmente, em a frase, "não basta não ser racista, é preciso ser antirracista", reflete a ideia de que simplesmente não praticar o racismo não é suficiente; é necessário agir ativamente contra o racismo para promover a justiça social e combater a discriminação racial. Ela comentou ainda que essa frase apresentada durante a exposição do seminário lhe marcou, já que esse pensamento deve ser usado tanto na vida privada quanto na vida profissional. "O grupo apresentou o tema trazendo pontos fora do senso comum e estimularam a nossa autocrítica de uma forma muito didática", disse Isa.
Hugo comentou que gostou da fala da colega Ruth durante a discussão em sala de aula, quando ela abordou o viés trazido na construção dos processos históricos, a qual é feita por pessoas brancas e isso agrava o cenário de desigualdade racial.
Danilo comentou sobre o racismo na medicina e no racismo em geral. Ele recomendou o documentário "Good Intentions", criado por Walter Williams, um economista e comentarista social, que critica várias políticas governamentais, especialmente aquelas relacionadas à guerra contra a pobreza. Williams argumenta que essas iniciativas, embora bem-intencionadas, muitas vezes tiveram efeitos adversos nas comunidades que deveriam ajudar, especialmente a comunidade afro-americana, mostrando uma perspectiva diferente sobre como a sociedade, ao tentar resolver problemas com boas intenções, acaba muitas vezes piorando os problemas, visto que não se procura saber o que essa mesma população verdadeiramente precisa sem dar voz às pessoas que estão vivenciando as desigualdades.
A participação de Isadora foi a seguinte: ela considerou que o racismo pode se encontrar de forma muito velada na universidade, nas falas e nos pequenos atos, e ela acha que é por tentativas de erradicar e reprimir o racismo completamente que muitas vezes as pessoas pardas são invisibilizadas. "Temos olhos de embranquecimento da população, e em algumas falas os meninos discutiram sobre como na nossa sala não havia pessoas negras, mas isso também acaba reprimindo pessoas presentes na sala de aula, por se considerarem pardas", opinou.
Luísa comentou uma denúncia de um caso recente de racismo dentro de uma unidade de terapia intensiva de um hospital privado da zona sul de São Paulo, o que chama a atenção para a urgência de letramento racial de profissionais de saúde e da criação de canais de acolhimento para as vítimas. Ao perguntar sobre sua alta ao médico, uma paciente negra ouviu deste que iria deliberar com a equipe sobre a sua “carta de alforria”, deixando o local aos risos. A paciente foi agredida e saiu do hospital com a percepção de não ter recebido o cuidado adequado para o seu quadro clínico.
A contribuição de Mabel destacou a importância de promover campanhas educativas sobre o racismo e seus impactos na saúde, tanto para o público em geral quanto para os profissionais de saúde. Além disso, ela enfatizou a necessidade de incentivar a participação ativa das comunidades negras em fóruns de discussão sobre saúde, garantindo que suas vozes sejam ouvidas nas tomadas de decisão.
Maria Clara comentou que o seminário apresentado pelo grupo a fez refletir profundamente sobre o impacto do racismo na medicina, especialmente como ele compromete um dos direitos constitucionais mais fundamentais: o direito à saúde. Ela enfatizou a importância de discutir a diversidade ainda na graduação nos cursos da saúde. Gabrielle destacou o valor de a UFPB ter incluído essa disciplina no currículo de garduação em medicina, permitindo que questões raciais, especialmente o racismo, sejam abordadas. Ela ressaltou que ampliar a compreensão sobre essa questão é essencial para garantir um cuidado integral ao paciente. Ela referiu que os dados apresentados por Edvaldo, revelando que apenas 3% dos médicos se autodeclaram pretos, enquanto 88% da população carcerária é preta, foram alarmantes,e tais números evidenciam como o racismo impede a integração justa e eficiente dessa população na sociedade. Gabrielle ainda declarou que o ambiente da sala foi acolhedor, permitindo que os colegas compartilhassem suas vivências na luta contra o racismo. Ana Luíza escreveu que achou o seminário sobre racismo na assistência médica extremamente relevante para a formação dos futuros médicos, já que eles irão atender uma grande parcela de pacientes negros e pardos. Ela destacou a importância de entender o papel do médico na promoção da igualdade na atenção à saúde. Ana Luíza destacou que o grupo que apresentou o seminário chamou sua atenção ao abordar a importância da discussão de casos clínicos, uma ferramenta essencial para inserir o médico nesse universo da diversidade. Felizardo mencionou que, durante a apresentação, o que mais o impactou foi a reflexão sobre o racismo como um obstáculo ao cuidado integral da pessoa. Ele destacou que, com o cuidado técnico, se os processos sociais e étnico-raciais não forem considerados, o cuidado não será completo. Nesse sentido, ele ressaltou que é fundamental não apenas abordar a questão racial, mas também considerar o contexto sociocultural como ferramenta para mitigar os efeitos do racismo na saúde.
Júlia destacou a teoria do sociólogo francês Pierre Bourdieu, que define a violência simbólica como uma forma sutil de dominação e exclusão, capaz de incutir nos indivíduos conceitos e regras que os mantêm na condição de dominados. Ela considerou que o grupo abordou com competência essa violência simbólica, discutindo preconceitos, estereótipos e estatísticas relevantes sobre a saúde da população negra. Ela também considerou importante salientar a falta de representatividade étnico-racial na literatura médica, especialmente porque a cor da pele pode influenciar a manifestação de certas doenças dermatológicas. "Quando a literatura não inclui imagens de quadros dermatológicos com imagens de pessoas com diferentes tons de pele, o tratamento oferecido à população negra é comprometido", concluiu Júlia.
Emilly comentou que um ponto crucial abordado durante o seminário foi a importância de ser antirracista, combatendo ativamente pensamentos e atitudes racistas no dia a dia. J. V. Estrela observou que o racismo tem sido historicamente associado à cor da pele, desde a época da escravatura. Ele citou grandes ícones do esporte e da luta pelos direitos civis, como Jesse Owens, que em 1936, em Berlim, venceu medalhas de ouro olímpicas em pleno regime nazista, além de figuras como Malcolm X e Martin Luther King, que lutaram pela causa antirracista globalmente. No Brasil, ele mencionou pensadores como Florestan Fernandes, além de atletas como Leônidas da Silva, o "Diamante Negro". Na atualidade, ele destacou o jogador Vinícius Júnior, do Real Madrid e da seleção brasileira, como um importante porta-voz na luta antirracista. Na área da saúde, João Victor enfatizou a importância da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra para promover a integralidade do cuidado. Ele defendeu a necessidade de discutir casos clínicos relacionados ao tema e de transformar a maneira como a integralidade do cuidado é abordada, combatendo tanto o racismo institucional quanto o interpessoal.
Caio sugeriu, no contexto do racismo na medicina, a recomendação do filme autobiográfico "Mãos Talentosas", que narra a trajetória do neurocirurgião Ben Carson, destacando as várias fases de sua vida e as barreiras que enfrentou por ser uma pessoa negra. O filme ilustra não apenas sua pioneira carreira na neurocirurgia pediátrica, mas também a disparidade entre o número de médicos brancos e negros, e a relevância de sua figura tanto na medicina quanto na política, onde chegou a concorrer à presidência dos Estados Unidos.
J. V. Ramos destacou que a discussão sobre o racismo na medicina foi bem introduzida pelos médicos, provocando uma reflexão crítica em diversas frentes. É essencial que os profissionais de saúde reconheçam seus próprios preconceitos e se empenhem em erradicá-los em suas práticas, incluindo a discriminação. A formação médica deve incorporar uma educação que aborde a diversidade cultural, o racismo e suas consequências para a saúde dos pacientes. "Além disso, é crucial promover uma prática inclusiva que abranja uma variedade de grupos sociais e étnicos, assegurando que todos os pacientes recebam o melhor atendimento e tratamento possível", disse Ramos, que ainda destacou que iniciativas para aumentar a diversidade nas profissões de saúde são igualmente fundamentais para garantir uma representação mais equitativa. Ele disse ainda que essas reflexões e ações são urgentes e necessárias para que o sistema de saúde se torne mais justo e igualitário. "O combate ao racismo na medicina é um passo crucial para garantir que todos os indivíduos, independentemente de sua origem racial ou étnica, tenham acesso a cuidados de saúde de qualidade", finalizou.
Carlos elaborou um mapa conceitual, incluindo no centro do gráfico a expressão "estatísticas reveladoras", que conecta à sub-representação nas universidades, à sub-representação em cargos de maior remuneração e à sub-representação em cargos de liderança. No centro de um outro diagrama, ele colocou o termo "currículo universitário", ligando-o a um "currículo eurocêntrico," "perpetuador de desigualdades" e "falta de representação histórica dos povos indígenas e afrodescendentes." Outro diagrama apresenta a palavra "legislação" no centro, com setas para "igualdade de oportunidades," "combate à discriminação" e "somente leis não são suficientes." Carlos enfatizou que é fundamental que universidades, empresas e instituições públicas se comprometam com a diversidade e inclusão por meio de ações afirmativas, educação antirracista e interseccionalidade entre raça, gênero, classe social e outras identidades.
José Nathanael mencionou o estudo da sífilis em Tuskegee (1932-1972), realizado no Alabama, EUA, com participantes negros, que não receberam o sem tratamento adequado, que já existiu a partir da década de 1940, para avaliar a evolução natural da doença. Ele comentou que o referido estudo apresentou vários problemas bioéticos, como a falta de informação aos participantes sobre sua condição de saúde e a negação do tratamento com penicilina, evidenciando o desrespeito à autonomia e bem-estar dos negros, mesmo na saúde e na pesquisa científica.
Karolina parabenizou o grupo pela apresentação dinâmica de rica e abordou o racismo estrutural no Brasil, que afeta vários aspectos da vida. Ela criticou o discurso de meritocracia, que ignora as iniquidades, ressaltando que os dados do seminário, mostrando que apenas 3% dos médicos se autodeclaram negros, são alarmantes. É necessário refletir e mudar esses discursos prevalentes para promover maior representatividade. Ela salientou que a política de saúde do Brasil prevê cuidado universal, e é fundamental que futuros médicos garantam esse cuidado integral a todos, independentemente de sua cultura ou cor de pele.
Finalmente, Maria Eduarda destacou a discussão sobre o racismo institucional, que muitas vezes é associado a ofensas explícitas. Ela enfatizou a importância de uma postura ativa de combate ao racismo e a compreensão integral do paciente para promover o melhor cuidado possível. Maria Eduarda também elogiou a inclusão de dados estatísticos pelo que apresentou o tema para validar suas perspectivas e expressou sua surpresa com o fato de que apenas 3% dos médicos são negros. Ela concluiu que a base estrutural do racismo perpetua as desigualdades socioeconômicas e que é crucial discutir e buscar soluções para mudar essa realidade continuamente.
3. Comentários da Moderadora
Para concluir, farei alguns comentários finais que, em virtude da exiguidade do tempo da aula presencial, não foi possível compartilhar. Quero destacar o fato de um dos participantes expressar preferência por participar da discussão posta por escrito, devido ao receio de cometer um erro ao falar oralmente, o que poderia ser mal interpretado. Ele pode haver temido que suas palavras fossem mal interpretadas ou que ele fizesse uma declaração considerada ofensiva ou insensível. Ele se sentiu mais confortável formulando suas ideias de forma escrita, onde poderia revisar e refinar suas palavras antes de compartilhar. A escolha de participar por escrito pode também mostrar uma conscientização e sensibilidade em relação ao tema do racismo, ao reconhecer a complexidade e a delicadeza do assunto e preferir uma abordagem que permitisse uma reflexão mais cuidadosa. Contudo, essa estratégia de aprendizagem no formato escrito pode ser mais eficaz para organizar e comunicar pensamentos complexos. Ao escrever, há uma expressão mais clara e precisa das suas ideias. Esse comportamento sugere a necessidade de criar um ambiente seguro e acolhedor nas discussões sobre temas sensíveis, onde os estudantes se sintam confortáveis para expressar suas opiniões sem medo de julgamento. Além disso, percebi que será interessante promover uma outra discussão sobre como abordar discussões difíceis com respeito e empatia, além de incentivar uma comunicação aberta e construtiva.
A frase “em uma sociedade racista, não basta não ser racista, é preciso ser antirracista” foi mencionada por vários participantes durante o seminário, tanto na parte expositiva quanto na fase de discussão oral e escrita. Tra-se de uma citação icônica, frequentemente atribuída a Angela Davis, uma importante ativista e acadêmica americana, conhecida por seu trabalho em direitos civis e feminismo negro.
O antirracismo é o processo ativo de identificação e eliminação do racismo por meio da mudança de sistemas, estruturas organizacionais, políticas, práticas e atitudes, de modo que o poder seja distribuído e compartilhado de forma equitativa. São estratégias, teorias, ações e práticas que desafiam e combatem o racismo, as desigualdades, os preconceitos e a discriminação com base na raça.
Assim como no último encontro de nossa disciplina, observei uma participação ativa e engajada dos estudantes, refletindo um profundo interesse pelo tema discutido. O seminário foi marcado por contribuições significativas e um diálogo produtivo, que evidenciaram o comprometimento dos participantes com os objetivos do seminário.
Os participantes demonstraram capacidade de análise e empatia, trazendo à tona experiências e perspectivas pessoais que enriqueceram a discussão. A abordagem baseada em projetos permitiu uma exploração profunda dos impactos do racismo na atenção à saúde, e os alunos apresentaram propostas inovadoras para promover a inclusão e o apoio a pacientes de diferentes origens.
A participação ativa foi um ponto alto da atividade, com muitos integrantes da turma oferecendo insights valiosos e questionamentos desafiadores que estimularam uma discussão rica. A reflexão crítica sobre as questões levantadas mostrou um amadurecimento no entendimento do tema abordado e uma disposição para questionar e buscar soluções para problemas complexos.
O feedback dos participantes à exposição pelo grupo foi positivo, com muitos destacando a relevância do tema abordado. A exposição do grupo e as participações dos colegas no seminário evidenciaram um avanço significativo na compreensão e aplicação dos conceitos discutidos, e as contribuições de cada um foram valiosas para o desenvolvimento do seminário como um espaço de aprendizado e crescimento contínuo.
Combater a discriminação no sistema de saúde é fundamental para promover a igualdade e garantir que todos tenham acesso a cuidados adequados, como por exemplo, por meio se políticas públicas, educação, inclusão e representatividade. Como foi mencionado na fase de exposição, existe a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), que visa reduzir desigualdades, incentiva os gestores a investirem em ações para as populações mais vulneráveis, incluindo o tema do racismo na educação permanente e fomentar estudos e pesquisas. A educação é essencial. Campanhas de conscientização, grupos de discussão e programas de treinamento podem ajudar a combater preconceitos. Mas é essencial incluir representantes de diferentes grupos étnicos nas equipes de saúde. Isso ajuda a sensibilizar os profissionais e a melhorar a compreensão das necessidades específicas de cada comunidade. Acompanhar indicadores de saúde por raça e etnia é fundamental para identificar desigualdades e implementar medidas corretivas. A luta contra a discriminação é contínua e requer esforços conjuntos da sociedade, profissionais de saúde e gestores.