17 de agosto de 2024

DIVERSIDADE E SAÚDE MENTAL: SEMINÁRIO COM A TURMA 117 MED/UFPB

 

Profa. Rilva Muñoz e Estudantes da Turma 117/CCM/UFPB

Na disciplina de Diversidade Étnica e Cultural na Medicina, com a turma 17 do curso de medicina da UFPB, realizamos um Círculo de Exposição e Discussão com o objetivo de explorar a importância da diversidade étnica e cultural na prática médica. Utilizando uma metodologia baseada em projetos, buscamos promover uma compreensão mais profunda e a valorização das diferenças culturais, identitárias e étnicas entre os pacientes, em toda a sua diversidade humana.
A atividade foi estruturada em grupos específicos, cada um focando em um aspecto distinto do tema diversidade e saúde mental. O projeto foi organizado em quatro partes principais, cada uma desempenhando um papel no aprofundamento do tema:
· Fundamentação teórica: Nesta fase, o grupo apresentou informações relevantes e expôs uma base teórica sobre a temática após pesquisa realizada previamente na literatura.
· Análise crítica: Com base na pesquisa realizada, o grupo apresentou reflexões sobre as barreiras e iniquidades enfrentadas por determinados grupos sociais ou por pessoas em fases específicas do ciclo vital, como climatério e velhice, assim como grupos excluídos socialmente vivendo nas periferias das grandes cidades, e ainda a respeito da saúde mental dos profissionais e estudantes da área da Saúde.
· Discussão: Após a exposição de suas descobertas e análises, seguindo-se uma discussão enriquecedora. A troca de ideias foi estimulada, permitindo que vários participantes contribuíssem com suas perspectivas, promovendo uma reflexão coletiva para integrar os conhecimentos e reflexões sobre a diversidade na medicina quanto à saúde mental.
· Referências: A última parte do projeto envolve a compilação das referências utilizadas na pesquisa, mas só serão entregus posteriormente, com o trabalho escrito.

Síntese do conteúdo apresentado pelo grupo 
  • Rebeca apresentou a introdução ao tema, mencionando sua importância e apresentou a população idosa como um grupo com grande suscetibilidade aos transtornos da saúde mental.
  • Ana Luiza iniciou com uma análise da saúde mental dos profissionais da área da saúde, destacando como este grupo enfrenta situações de estresse e pressão constantes, o que frequentemente resulta em altos níveis de sofrimento psíquico. Ela ressaltou a necessidade de intervenções voltadas para o bem-estar emocional desses profissionais.
  • Emanuel trouxe à discussão a saúde mental durante o climatério, um período caracterizado por mudanças hormonais significativas que impactam diretamente o bem-estar emocional das mulheres. Sua apresentação sublinhou a importância de estratégias de suporte psicológico e aconselhamento durante esta fase, para minimizar os efeitos negativos na saúde mental.
  • Júlia abordou a saúde mental das pessoas com deficiência, enfatizando a necessidade de empatia no tratamento desse grupo. Ela compartilhou vivências que ilustraram os desafios enfrentados durante a pandemia, quando o isolamento social exacerbou sentimentos de exclusão e ansiedade. Júlia também referenciou uma leitura pertinente que enriqueceu a discussão, trazendo à tona questões sobre acessibilidade e inclusão.
  • Ruth focou sua apresentação na saúde mental nas periferias, onde os aspectos sociais, econômicos e ideológicos desempenham um papel crucial na saúde mental dos moradores. Ela destacou a alta demanda por medicamentos de uso restrito e o uso abusivo destes medicamentos, refletindo sobre como a saúde mental é frequentemente banalizada nessas áreas de extrema pobreza. Ruth argumentou que a saúde mental deve ser tratada como uma questão de saúde pública, com políticas específicas para atender as necessidades dessas populações vulneráveis.
  • Flávia encerrou as apresentações compartilhando os resultados da aplicação de um questionário de autopreenchimento sobre sinais e sintomas de sofrimento psíquico, respondido por 29 dos 35 presentes. Com um ponto de corte estabelecido em sete, Flávia propôs uma segunda dinâmica, um bingo sobre saúde mental, que visou engajar os participantes de maneira lúdica, promovendo a reflexão sobre os sinais e sintomas de sofrimento psicológico. Entre os 29 respondentes, a média de pontuação ficou abaixo do ponto de corte do questionário aplicado.

Discussão
A exposição foi seguida de uma rica discussão, em que os participantes expressaram suas impressões e reflexões sobre os temas abordados.
· Isa considerou que a apresentação foi leve e didática, afirmando que não sentiu falta de nenhum conteúdo relevante dentro da temática.
· Felipe concordou com Isa e lembrou que pessoas dentro do espectro autista são consideradas pessoas com deficiência por lei.
· Isadora mencionou que o grupo abordou bem o tema do estigma relacionado à saúde mental.
· Felizardo destacou que o tema é amplo e sugeriu que fosse adicionada a discussão sobre a saúde mental dos cuidadores, especialmente em relação à síndrome de Burnout.
· Letícia Araújo considerou que o poder público ainda não oferece suporte psicológico adequado na atenção básica em saúde, destacando a necessidade de mudanças no sistema.
· Rômulo mencionou a abrangência do tema e ressaltou a importância da apresentação sobre a saúde mental nas periferias.
· Sadrak falou sobre o fato de que os problemas de saúde mental não são exclusivos das classes mais favorecidas e enfatizou a apresentação de Ruth, relatando sua vivência na comunidade do Rangel, onde medicamentos foram roubados de uma unidade básica de saúde para serem trocados por alimentos.
· Edvaldo abordou a saúde mental dos estudantes de medicina, que enfrentam expectativas elevadas, pressão familiar e a necessidade de se manterem fortes, corroborando o que Sadraque havia dito.
· Jallyson elogiou a maneira como a equipe trouxe a temática à tona, enquanto Flávio questionou sobre o tempo e os recursos disponíveis para cuidar da saúde mental, mencionando que faltas não são abonadas.
· Mabel ressaltou a forma lúdica com que um tema pesado foi tratado, mencionando o estigma associado aos medicamentos de tarja preta e ao termo "doido".
· João Guilherme destacou que o cuidado com a saúde mental vai além da psicoterapia.
· Maria Eduarda afirmou que gostou da dinâmica utilizada na apresentação e da introdução do tema sobre o climatério.

Os alunos que preferiram se expressar por escrito e/ou que não tiveram tempo de se inscrever para falar, entregaram anotações para contribuir com discussão e para registrar sua colaboração para obtenção do ponto para a nota de participação. Houve um consenso sobre a importância de reconhecer e tratar a saúde mental como uma dimensão essencial na prática médica, especialmente em contextos de diversidade cultural e étnica. As dinâmicas interativas foram elogiadas por seu papel em envolver a turma e facilitar a compreensão dos temas apresentados.
Algumas das participações escritas foram as seguintes: Ramon comentou que alguns aspectos ficaram de fora da apresentação, possivelmente devido à complexidade do tema. Ele destacou que a questão do propósito de vida dos idosos poderia ter sido abordada, pois ignorar essa dimensão pode levar à exclusão dos idosos das discussões sobre saúde mental. Ele enfatizou a importância de incluir os idosos em conversas, projetos, e decisões familiares para que eles se sintam mais integrados e ouvidos. Maria Heloisa elogiou o grupo pela abrangência do tema abordado. Ela destacou que, por ser um assunto extenso, o grupo conseguiu trazer uma variedade de tópicos relevantes. Um ponto que chamou sua atenção foi a dificuldade dos idosos em lidar com perdas em massa, como a morte de vários familiares e amigos, o que contribui para um sentimento crescente de solidão. Além disso, ela ressaltou a perda de autonomia, que ocorre quando os idosos não conseguem mais realizar atividades que antes faziam sozinhos, afetando significativamente sua saúde mental. Maria Heloisa também mencionou a relevância da consideração da saúde mental dos cuidadores, que havia sido mencionada antes durante a aula. Por fim, ela considerou a apresentação excelente, destacando a variedade de temas e as dinâmicas interativas utilizadas pelo grupo.
A avaliação de Samuel, Maria Clara e João Victor reflete diferentes perspectivas sobre a apresentação relacionada à saúde mental. Samuel destacou a importância da saúde mental dos idosos, baseando-se em sua experiência pessoal com sua avó. Ele apreciou como a apresentação abordou essa questão, reconhecendo as dificuldades de manter o bem-estar mental nessa fase da vida. Maria Clara, por sua vez, ressaltou o impacto do questionário apresentado, que serviu não apenas como informativo, mas também como um alerta para a necessidade de buscar ajuda, especialmente diante dos estigmas sociais que dificultam o reconhecimento e tratamento dos problemas de saúde mental. João Victor mencionou que, embora a apresentação tenha sido abrangente, talvez tenha faltado um aprofundamento maior na questão da saúde mental das pessoas com deficiência. Ele destacou a vulnerabilidade desse grupo, que enfrenta capacitismo e preconceitos, fatores que podem agravar o sofrimento mental. Ele ilustrou essa preocupação com o exemplo de um atleta de fisiculturismo que experimentou um declínio significativo em sua saúde mental após adquirir uma deficiência que o impediu de continuar treinando. Essa observação sublinha a importância de considerar as condições de deficiência como um fator crucial no cuidado com a saúde mental, especialmente quando associados a eventos traumáticos prévios. Essas opiniões demonstram a complexidade do tema da saúde mental, que exige uma abordagem sensível e multifacetada, especialmente quando se trata de grupos vulneráveis como idosos e pessoas com deficiência.
Carlos Henrique iniciou sua contribuição destacando que a saúde mental é definida como um estado de bem-estar em que o indivíduo é capaz de realizar suas potencialidades. Ele apontou que esse estado de bem-estar é influenciado por uma combinação de fatores psicológicos, biológicos e sociais. Em seu texto, Carlos Henrique utilizou um mapa mental, centralizando a expressão "grupos populacionais" e conectando-a, através de setas, a diversos grupos, incluindo idosos, mulheres, minorias étnicas e sociais, profissionais e alunos da saúde, e a comunidade LGBTQIAPN+. Ele observou que pessoas com transtornos de saúde mental frequentemente apresentam comorbidades, ou seja, outras condições de saúde, como doenças crônicas, que podem interagir com o transtorno mental, complicando o tratamento. Carlos Henrique prosseguiu com a elaboração de um segundo mapa mental, desta vez centrado na expressão "desafios e necessidades". A partir desse núcleo, ele destacou, em setas separadas, as seguintes questões: falta de recursos, estigma, falta de acesso aos serviços de saúde, discriminação e falta de profissionais qualificados. Para concluir, ele levantou a questão do que pode ser feito para enfrentar esses desafios. Sugeriu quatro ações principais: desmitificar, combatendo o estigma e a discriminação por meio da conscientização sobre saúde mental; fortalecer a rede de apoio; ampliar o acesso a serviços de qualidade, independentemente da localização geográfica ou condição socioeconômica dos grupos; e apoiar pesquisas que explorem os mecanismos biológicos, psicológicos e sociais dos transtornos mentais, com o objetivo de desenvolver novos tratamentos e intervenções.
Dando continuidade, Ronielly destacou que o grupo conseguiu abordar o tema proposto, mas acredita que poderiam ter aprofundado mais sobre os transtornos mentais especificamente. De maneira geral, ele afirmou que gostou bastante, e acrescentou que, além de serem muito diversos, os transtornos mentais estão profundamente correlacionados com os diversos problemas sociais que afligem a sociedade brasileira. Por esse motivo, ele ressaltou a importância de discutir o tema e desmistificar o assunto.
A participação de Emilly abordou um problema que afeta diretamente o estudante de medicina. Ela considerou que o grupo abordou muito bem o tema da diversidade na saúde mental e destacou uma parte que lhe chamou bastante atenção: a forma como o grupo desenvolveu uma dinâmica com a turma, de maneira divertida e lúdica, sobre um assunto tão sério e delicado quanto a saúde mental. Assim como foi mencionado na apresentação oral e reforçado na dinâmica de grupo, Emilly observou que estudantes de medicina e médicos são muito afetados pela pressão e frequentemente sofrem da "síndrome do super-herói", em que sentem que não podem errar, devem sempre ser os melhores, e precisam estar prontos para cuidar dos outros, mesmo quando não conseguem cuidar de si mesmos. Ela também refletiu que (sem banalizar ou generalizar), muitos casos de negligência médica e iatrogenia podem estar relacionados ao cansaço excessivo dos médicos, devido à alta carga horária de trabalho e ao impacto psicológico. Ela destacou que a mente de alguém que é tão pressionado e cobrado nunca consegue descansar de forma efetiva. Além disso, Emily mencionou que a dinâmica de grupo demonstrou o quanto os estudantes de medicina negligenciam sua própria saúde. Ela compartilhou uma experiência pessoal, relatando que teve uma crise de saúde mental no segundo semestre da graduação, quando passou semanas negligenciando sua alimentação, consumindo café e energéticos para se manter acordada e estudar para as provas, buscando obter notas altas. Essa situação, segundo ela, está enraizada nos estudantes de medicina a ideia de que ao receber notas baixas serão considerados futuros péssimos médicos. Ela também comentou que foi preocupante e triste perceber que ela e outros colegas da turma apresentaram resultados altos no questionário aplicado pelo grupo que expôs o tema de saúde mental. No entanto, discutir esse assunto na turma e explicitar o problema em uma disciplina muitas vezes considerada desnecessária na grade curricular do curso de medicina, por não ser conteudista como as demais, é de extrema importância. Ela considerou que isso pode desenvolver um senso crítico entre os estudantes sobre a temática e contribuir para a melhoria da saúde mental dos futuros médicos, algo que será essencial tanto para os próprios indivíduos quanto para a sociedade e os usuários do sistema de saúde que receberão os cuidados desses profissionais. Por fim, ela acrescentou um pós-escrito que contextualizou o que relatava: "Professora, se houver partes confusas nesse texto, peço desculpas. A cabeça do estudante está a mil em plena segunda-feira pela manhã."
Dando continuidade à memória das participações dos estudantes, Gabrielle mencionou que apreciou muito a dinâmica do "Bingo da Saúde Mental", pois foi um momento em que os colegas da turma puderam expor sua vulnerabilidade. Ela notou que a maioria dos participantes da dinâmica se sentiu inferior aos outros colegas. No entanto, Gabriele destacou a importância de ser justo consigo mesmo ao se comparar com os outros, reconhecendo que essa comparação pode ser uma forma de crescimento pessoal. Por outro lado, ela alertou sobre a necessidade de cuidado com quem as pessoas escolhem como referência, pois muitas delas não são autênticas. Ela mencionou que algumas pessoas abusam de fármacos psicoestimulantes ou vivem à base de energéticos, o que compromete sua saúde. Por isso, Gabriele enfatizou a importância de sabedoria e temperança. Seguindo com a participação de Kalynne, ela destacou que um ponto muito interessante abordado pelo grupo foi a saúde mental das pessoas idosas, uma questão que muitas vezes é tratada como tabu. Kalynne ressaltou que, em muitos casos, os sinais de problemas de saúde mental em idosos não são percebidos pelos familiares, que assumem que os idosos estão sempre bem.
Agora, registrando a participação de João Victor, que fez um paralelo entre atletas e profissionais de saúde: nos esportes, existe uma cultura que associa a saúde mental ou seus problemas à fraqueza. No passado, os atletas eram vistos como ídolos e heróis inabaláveis, mas, recentemente, no século XXI, surgiram relatos de atletas como Michael Phelps e Simone Biles, que mostraram que, por trás da imagem de heróis, eles também enfrentaram momentos de sofrimento psíquico. João também refletiu que as redes sociais podem agravar essa busca por perfeição, e que os médicos não estão imunes a isso, muitas vezes se automedicando e não buscando ajuda para sua saúde mental. Ele concluiu ressaltando que o sofrimento e a saúde mental devem ser abordados de forma holística, não se limitando apenas ao uso de medicamentos, pois essa é apenas uma solução temporária.
Continuando, as participações finais foram de Hugo, José Nathanael e Fernanda. Hugo comentou que a discussão em sala de aula foi muito relevante, pois o estigma em torno da saúde mental entre profissionais de saúde pode levar ao silêncio, ao não tratamento e ao esgotamento, impactando negativamente o bem-estar desses profissionais e a qualidade do atendimento prestado aos pacientes. Em seguida, José Nathanael destacou que o grupo apresentou a discussão de maneira muito criativa e dinâmica, trazendo um tema considerado pesado de forma descontraída. Ficou evidente que a abordagem deve ir além da sala de aula e ser aplicada no cuidado diário. A professora apontou que o grupo não abordou os transtornos e condições mentais propriamente ditos, mas apresentar as informações de forma mais acessível e geral pode facilitar sua aplicação em nossas vidas e contribuir para o desenvolvimento da alteridade.
Fernanda contribuiu dizendo que a saúde mental é o bem-estar psico-emocional e social de uma pessoa, essencial para o funcionamento geral e a qualidade de vida. Portanto, promover a saúde mental é necessário para aumentar a conscientização sobre a estigmatização dos problemas relacionados a ela, o que é crucial para a criação de um ambiente mais inclusivo e solidário.

Comentários da Moderadora
Voltando à frase final de Emilly, que vou destacar aqui, penso que expressa uma sensação comum entre estudantes de medicina, que frequentemente enfrentam altos níveis de estresse e pressão acadêmica. Ao analisar suas palavras, me ocorreu a seguinte reflexão: Ela admite que sua mente está "a mil", o que sugere uma sobrecarga mental, possivelmente causada por uma combinação de fatores, como estresse acadêmico, falta de sono, ansiedade com as responsabilidades e a intensidade do curso. Quando ela se antecipa e pede desculpas por possíveis confusões no texto, me pareceu um comportamento comum em ambientes de alta demanda, onde o medo de errar ou de não atingir as expectativas é frequente. A frase "em plena segunda-feira pela manhã" indica cansaço acumulado do fim de semana ou a dificuldade de retomar o ritmo acadêmico no início da semana, o que pode afetar a qualidade do trabalho e a clareza do pensamento. Me preocupou a ideia de que possa ter sido sido um pedido implícito de compreensão e apoio, o que estenderia à toda a turma. Essas palavras podem ser usadas como um ponto de partida para discutir a saúde mental dos estudantes de medicina, abordando temas como a gestão do estresse, a importância do equilíbrio entre vida pessoal e acadêmica, e a necessidade de um ambiente de aprendizado que leve em conta a saúde mental dos alunos, o que me inspirou a ideia de abordar essas questões tão importantes em futuros projetos.
A saúde mental dos profissionais de saúde e estudantes de medicina é um tema relevante e deve ser tratado com sensibilidade. Um estudo realizado no Brasil investigou o conceito de saúde mental para profissionais atuantes em diferentes serviços da rede pública. Os participantes da referida pesquisa associaram esse conceito com noções de bem-estar, integralidade do ser humano e determinação social do processo saúde-doença. Além disso, é crucial que os profissionais busquem equilíbrio emocional e, se necessário, procurem ajuda terapêutica (Gaino et al., 2017).
Este primeiro círculo de exposição e discussão, que enfocou diversidade e saúde mental, foi uma oportunidade para aprofundar o entendimento sobre a intersecção entre saúde mental e diversidade, destacando que os futuros médicos precisam se preparar para uma prática mais inclusiva e sensível às particularidades de seus pacientes, seja em uma fase do ciclo vital, seja em um contexto socioeconômico privado de recursos socieconômicos, seja um grupo profissional que tem sobrecarga e pressão psicológica, ou ainda um grupo de pessoas com deficiência.

Critérios de Avaliação
A avaliação do seminário foi baseada em três principais critérios:
1. Conteúdo e profundidade da pesquisa: A qualidade da pesquisa foi avaliada com base na relevância e profundidade das informações coletadas, assim como na capacidade de relacioná-las com a prática médica.
2. Análise crítica e soluções propostas: Os grupos foram avaliados pela capacidade de criticar de forma construtiva as práticas existentes e propor soluções inovadoras e viáveis para a inclusão da diversidade cultural na medicina.
3. Apresentação: A clareza e organização das apresentações, qualidade dos recursos audiovisuais, efetivo engajamento do público, comunicação eficaz, boa entonação, postura, e expressão.
4. Participação na discussão: Participação ativa e colaborativa dos componentes do grupo durante a discussão.

Considerações Finais
Para finalizar, gostaria de parabenizar o grupo pela abordagem de um tema tão relevante e sensível. A inclusão de dinâmicas interativas, como a aplicação do questionário sobre sinais de sofrimento psíquico e o "bingo saúde mental", foi uma estratégia muito eficaz. Essas atividades não só engajaram os participantes, como também reforçaram os conteúdos apresentados, tornando o aprendizado mais significativo.
Como os demais alunos comentaram, as dinâmicas realizadas tiveram um excelente engajamento da turma.
A exposição oral foi clara e bem estruturada, o que demonstrou o domínio do grupo sobre o tema. A conexão entre saúde mental e diversidade foi abordada de forma abrangente, destacando a importância de considerar as diferentes realidades e necessidades das pessoas. Foram apresentadas especificidades de como a diversidade pode impactar a saúde mental de grupos de pessoas.
No geral, foi uma apresentação excelente, que certamente contribuiu para aumentar a conscientização sobre a importância da saúde mental em contextos diversos. Continuem explorando essa criatividade nas metodologias e aprofundando o conteúdo nas próximas atividades.

Uma explicação da Moderadora
Pensei que havia solicitado uma exposição sobre transtornos mentais, com a expectativa era que vocês focassem em temas como preconceito, discriminação e estigmatização no atendimento à saúde de pessoas com transtornos mentais. Isso se baseava em experiências de semestres anteriores, onde os grupos discutiram principalmente como pessoas com doenças mentais enfrentam estigma e discriminação ao buscar cuidados de saúde. No entanto, para minha surpresa, o grupo optou por abordar a saúde mental sob uma perspectiva mais ampla, ao considerar como diferentes grupos sociais como idosos, mulheres no climatério, pessoas com deficiência, profissionais de saúde, e moradores de áreas periférica — enfrentam questões de saúde mental.

Referência do trabalho mencionado:
GAINO, L. V. et al. O conceito de saúde mental para profissionais de saúde: um estudo transversal e qualitativo. SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. (Ed. port.) [online]. 2018, vol.14, n.2, p.108-116. https://doi.org/10.11606/issn.1806-6976.smad.2018.149449.